sexta-feira, 1 de julho de 2016

O SACO DE BONDADES (E A FACA EM PERSPECTIVA)


Com 'cheque especial' do déficit de R$ 170 bi, Temer finge ser bonzinho com Bolsa Família

Por Fernando Brito

Pronto.
Michel Temer mostrou que é “amigo dos pobres” e autorizou, a partir de julho, um reajuste de 12,5% no Bolsa-Família, superior aos 9% com que Dilma havia se comprometido em maio.
Dilma não tinha Orçamento para dar mais que isso, porque a previsão de déficit – lembram do desastre das contas públicas? – era inferior a R$ 100 bilhões.
Agora, Temer recebeu, sem discussão, praticamente, um aumento no limite do “cheque especial”, para R$ 170,5 bilhões. Que vai custar caro, porque o déficit é coberto com as emissões de títulos públicos, a juros sempre altíssimos.
Mas se engana quem acha que os pobres são prioridade nestes gastos.
O custo mensal do reajuste está, segundo a Folha, estimado em R$ 270 milhões.
Como será pago de julho para diante, são R$ 1,62 bilhão.
Como “o reajuste  dos servidores do Poder Judiciário custará R$ 1,697 bilhão em 2016 e o dos servidores do Ministério Público da União mais R$ 295,8 milhões”, segundo diz o ministro interino do Planejamento, Dyogo de Oliveira em O Globo é fácil ver que o que se está dando a mais para dezenas de milhões de pessoas pobres é menos do que vai se dar a algo como 250 mil servidores da Justiça e, sobretudo, aos senhores juízes que vão se beneficiar do aumento do teto remuneratório.
Ficou fácil com o “cheque especial” do déficit de R$ 170 bilhões,  cujo “saldo negativo” vai para emissões recordes de dívida pública.
Asim, fica-se de “bonzinho” até garantir o mandato.
Depois, na medida do possível, “faca”.
Ninguém mais fala em “equilíbrio fiscal”
Em “tripé macroeconômico”.
Em “governo fazer o dever de casa”.
Agora é só “confiança na recuperação”, com base em um “teto para despesas” que, ano após ano, vai fazer minguar os serviços públicos.
Mas será que os nossos “jornalistas de mercado”, tão severos antes, não estão vendo isso?
Estão, e volta e meia até murmuram, baixinho.
O nome disso é cumplicidade.  (Aqui).
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A armação do inchaço do déficit público mostra a que veio. O gerente Meirelles deixa uma vez mais patente a sua competência: entrega o bolo conforme a encomenda, independentemente de quaisquer contradições. A prova definitiva do engenho e arte do conceituado gerente: os aplausos, sejam quais forem os senões, partem de todas as instâncias midiáticas, parlamentares e empresariais. 
Ué, ponderam, mas o senhor gerente serviu ao governo Lula, e nenhuma reclamação foi feita à época! Exatamente, contrapõem, a especialidade do gerente é entregar o bolo conforme a encomenda.
Em tempo: O reajuste dos benefícios do Bolsa Família foi apenas o aperitivo do Pacote Social que o governo interino promete lançar no decorrer deste mês de julho. A preocupação e o zelo quanto ao social, podem crer, sempre foi a prioridade absoluta dos provisórios...

...o que não impede Fernando Brito de perguntar, aqui: Mas, afinal, "A finalidade do déficit é comprar apoio ou 'é a economia, estúpido!'?".

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