terça-feira, 31 de maio de 2016

REFLETINDO SOBRE CENÁRIOS POSSÍVEIS


Xadrez dos vetores Lava Jato e Procurador Geral

Por Luis Nassif

O chanceler José Serra consegue transformar em feito diplomático até visita a Cabo Verde. E tira da geladeira até projetos tipo Alca, que já foram arquivados há tempos, inclusive nos Estados Unidos.
Ontem, em Paris, defendeu o chamado “semi presidencialismo”, colocando mais uma pedra que confirma nosso quebra-cabeças “Xadrez do PMDB jogado ao mar” (http://migre.me/tYGjw).
As discussões no post permitiram trazer mais clareza a um dos pontos nebulosos do nosso xadrez: as relações entre a Lava Jato e a Procuradoria Geral da República.
As três forças vetoriais da Lava Jato
Ao contrário da Polícia Federal – entregue às mãos inertes do então Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo – o Procurador Geral da República Rodrigo Janot seguiu à risca os ensinamentos do delegado Paulo Lacerda para não perder o controle sobre operações nacionais, tipo Lava Jato.
Foi Lacerda quem definiu o modelo de atuação, sincronizando ações em vários estados, envolvendo de delegados e investigadores a técnicos da Receita e procuradores.
Para impedir abusos, as operações eram planejadas em Brasília, com o superintendente estadual da PF sendo recebido pela direção da PF. Colocavam à sua disposição os melhores recursos e ajudava-se no planejamento da operação.
A condução dos trabalhos era do estado, mas sob supervisão e ajuda permanente da direção geral da PF. Nessa relação de confiança, a direção exercia a liderança e os filtros do processo.
Esse modelo foi aplicado por Janot na Lava Jato. Montou uma Força Tarefa incumbida de dar suporte à operação, inclusive na cooperação internacional. Ao mesmo tempo que garantia o sucesso da operação, a FT atuava como agente moderador de eventuais exageros e como agente indutor da orientação da cúpula.
Como bem colocou o leitor, que assinou Onkoto (http://migre.me/tYGEh):

"Acredito que o movimento dos jovens turcos do MPF em Curitiba seja movido por um messianismo/sebastianismo de querer limpar do quadro político nacional os maus políticos. E eles encontraram no PGR o mentor ideal. Me parece que os procuradores e o PGR, embora alinhados, tenham agendas distintas”.
 “Veja o caso do garoto propaganda dos procuradores. Seu discurso, atitudes e ações demostram um claro objetivo de limpeza ética, e mais, ele acredita estar fazendo a coisa certa. (...) Já o PGR deve ter encontrado nesta turma os agentes perfeitos para a sua agenda pessoal, mas não concorda plenamente com a extensão da limpeza.”. (...)
Por isso tudo, acredito em três vetores distintos, com agendas próprias, que se somam (vetorialmente) na operação LJ (os procuradores paranaenses, o juiz Sergio Moro e o PGR). Até quando estarão juntos? Boa pergunta. Veja que já aconteceram algumas rusgas entre eles três. O pessoal do PR, juiz e MP, sabem muito bem das falcatruas passadas dos outros partidos além do PT, e eu pollyanamente acredito que eles querem acabar com todos eles. E também acredito que o PGR assim deseja, mas até um certo limite que preserve parte do PSDB. Os outros? que sejam lançados ao mar.
O que se pode esperar? 1) qual o limite a ser imposto pelo PGR? Curitiba vai se contentar com esta limitação? até quando o grupo MPPR (eles não se destacam muito individualmente) vai suportar o ego do juiz? E a PFPR, com seus DPFs e mini-egos corporativos?“ 
(Nota deste blog: O comentário em questão foi convertido em post pelo Jornal GGN: "Narrativa quebrada de um golpe em andamento" - AQUI).
O Supremo Tribunal Federal
Também no Supremo há um conflito de forças, sufocado pela inibição de alguns magistrados referenciais com a virulência da campanha do impeachment.
Até algum tempo atrás, Gilmar Mendes reinava absoluto, influenciando seus pares com seu conhecimento e sua truculência. A truculência, aliás, foi refreada apenas quando encontrou pela frente uma virulência maior, em Joaquim Barbosa.
Ainda hoje, é nítida a influência de Gilmar sobre o decano Celso de Mello e sobre Dias Toffoli, um pouco menos sobre Luiz Fux. Como é nítido um certo temor que infunde nas Ministras Carmen Lúcia e Rosa Weber. Restava Marco Aurélio fazendo um contraponto individual; e Ricardo Lewandowski, preso ao ritual do cargo.
A influência passou a se diluir com a entrada de novos Ministros, especialmente Luís Roberto Barroso, expansivo, erudito, e Teori Zavascki, fechado e sólido, que fortaleceram o estilo de Lewandowski, com seu apego às normas e a discrição exigidas pelo cargo.
Parecia que o Supremo tinha encontrado seu equilíbrio. A retórica bufante de Gilmar passou a ecoar cada vez menos na casa.
Aí eclode a campanha do impeachment, impulsionada pela Lava Jato. O clima pesado, os ataques de blogs de direita, as campanhas opressivas dos veículos de mídia, e até as sessões de escracho, promoveram mudanças no comportamento dos Ministros.
Alguns deles – como Celso de Mello e Carmen Lúcia – pegaram a bandeira e saíram desfilando pela avenida, saudando as arquibancadas. Outros – como Luiz Facchin e Luis Roberto Barroso – se intimidaram com o clima de linchamento. Logo depois de um escracho na frente de sua casa, foram notadas mudanças no comportamento do próprio Teori. Restou Marco Aurélio e seu contraponto solitário.
Em particular, os Ministros reconheciam os abusos da Lava Jato. Em determinado momento, após o vazamento das conversas de Dilma com Lula, pintou até a possibilidade de uma reação contra os abusos, sendo conduzida por Lewandowski, Teori, Fachin, Barroso e Marco Aurélio, os juízes mais propensos a não se curvar ante o efeito-manada alimentado pela mídia. Mas, àquela altura, o golpe já tinha se tornado quase irreversível.
E aí o Supremo amarelou. Passou a se escudar cada vez mais numa falsa isenção, de não pretender judicializar temas políticos – mesmo quando os temas exigiam uma análise jurídica.
A tarefa de segurar as pontas da Lava Jato acabou sendo conferida a Gilmar Mendes, um Ministro que não se guia pelos limites de comportamento e de isenção que deveriam marcar um Ministro do Supremo.
Hoje em dia, a não ser a parcialidade ostensiva de Gilmar e Toffoli, o Supremo parece se guiar pela linha de menor desgaste. Por decisão da maioria, abdicou de qualquer protagonismo maior, encolhendo de uma maneira assustadora.
Os cenários possíveis
É nesse terreno fluido, tanto do lado do Ministério Público quanto do Supremo, que deverão acontecer os próximos episódios.
Conforme descrito ontem, a ideia do PSDB de Serra será aprofundar a aliança tácita com o Ministério Público, proceder a uma razia sobre o Congresso, deixando de pé apenas o que o Ministro da Defesa Raul Jungman classifica de “parcela regeneradora”; empurrar o tal do semipresidencialismo goela abaixo dos eleitores e contar com as Forças Armadas para conter resistências populares.
Resta saber como se resolverão os possíveis conflitos da Lava Jato com o PGR quando a operação avançar sobre o território tucano. E como se comportará o Supremo quando a Lava Jato e o PGR lançarem sua ofensiva final sobre a Câmara. (Fonte: aqui).

O PANORAMA VISTO DA OUTRA PONTE


Ivan Cabral.

REFLETINDO SOBRE A CONJUNTURA


"Estava refletindo sobre isso ontem. E, sinceramente, ainda não consigo entender como esse cara, o Temeroso, um político já calejado e, supostamente, de longa experiência neste meio, foi convencido a entrar numa "furada" destas. E ainda mais com um discurso hipócrita tipo: "Eu pretendo unir e pacificar o país!". Mas como? Através de Golpe de Estado? E ainda implementando aquele "troço horroroso", aquele programa retrógrado "Uma Ponte para o Precipício" sem qualquer diálogo com a sociedade? E que JAMAIS seria referendado nas urnas como admitiu o próprio indefectível Jucá num dos diálogos com o Machadão? Alguém em sã consciência, realmente, acreditou que aqueles que foram "golpeados" se calariam e ficariam conformados, e recolhidos no seu canto? Em pleno 2016? Com a internet e as redes sociais aí bombando? Com a informação quase instantânea via Whatsapp? 

Ontem mesmo, só para se ter uma breve ideia, num evento pouquíssimo divulgado, cerca 10 mil pessoas assistiram a Presidente Dilma na UnB, somente via Facebook, sem falar nas demais plataformas como a PostTV.org, ou mesmo a Mídia Ninja. Já a queda do Ministro "opaco" da Transparência repercutiu o dia inteiro no Twitter. Tem que ser MUITO "provinciano" e "tacanho" para ter se lançado, e lançado o país INTEIRO, numa "aventura irresponsável" como essa, e de consequências imprevisíveis. E aos olhos do mundo, e em um ano de Olimpíadas aqui? Para Tudo! Zero pra ele!

Chega a ser surpreendente que ainda não tenhamos constatado conflitos generalizados, quebra-quebras ou mortes, até o presente momento, pelo menos que eu saiba. Acabo tendo de acreditar que só mesmo o desespero da parte do Temer com a OLJ se aproximando dele, ou do "laranja" Michelzinho, o menino prodígio, O Riquinho, ou alguma "chantagem explícita" do Cunha, explicaria uma insanidade deste tamanho. É óbvio que os demais membros do consórcio do Golpe tem seus próprios interesses, mas ninguém com um pouquinho de juízo e com condições mínimas de análise de conjuntura apareceu e disse: "Larga disso gente! Isso vai dar merda!". 

Não creio, e seria apostar que nossa elite é mesmo mais obtusa que imaginávamos. Só pode ser! Parece um pesadelo sem fim. Não parece algo real. Toda hora me pergunto isso, me belisco, e quando "acordo" lá estão as manchetes a me dizer que está mesmo acontecendo. Imagine, então a cabeça daqueles que viveram na pele os horrores do Golpe Civil-Militar de 1964 como a Dilma? Essa mulher parece feita de uma espécie de "liga especial", seria adamantium dos X-Man, sei lá, para aguentar tanta porrada e traição. Vejam vocês, dar um Golpe de Estado em pleno século XXI? É simplesmente INACREDITÁVEL!"






(Do leitor Aluizio Silva, após haver lido o post "Delator, filho de Machado pode implodir todo o PMDB", publicado no site Brasil 247 - aqui.

O texto publicado é inteiriço. Para facilitar a leitura, fatiei-o - com o perdão da construção).

ALÉM DO PRÉ-SAL: O OLHO GRANDE PODE SER AMPLO, GERAL E IRRESTRITO


Golpe usa tática de provocação orquestrada? O que esperam os EUA desse conflito?

Por Romulus (Análise de 25 de maio, atualizada ontem, 30)

- Parece seguro afirmar que o consórcio golpista adotou deliberadamente uma tática de provocação visando à exacerbação da polarização e da radicalização na sociedade.
- Antes e durante a reverberação das “bombas” de fragmentação dos grampos – com detonações escalonadas e cronometradas – vemos claríssimas ações de provocação do governo e de seus apoiadores no Congresso.
- A prudência político-diplomática recomendaria que os americanos adiassem a troca de embaixadores - caso apenas espontânea e aleatória - de forma a evitar a leitura de que veem como possíveis desdobramentos a insurreição aberta e o endurecimento do regime com uma resposta repressiva.
- Caso buscassem a (imagem de) neutralidade diante do conflito político interno no Brasil - ainda em curso! - a prudência também recomendaria esperar. O envio de um novo embaixador e sua acreditação pelo governo - interino - brasileiro passam aos observadores a normalidade das relações diplomáticas entre os dois governos - e o reconhecimento tácito do governo do golpe.
- Tácito? Nesta semana chega ao Brasil Mari Carmen Aponte, a nova responsável pelas Américas. Trata-se da primeira autoridade americana a visitar o Brasil após o golpe.
* * *
O cenário futuro está totalmente em aberto e o presente é de tumulto. O governo do golpe, que chamo de “golperno”, nem completou duas semanas e já foi forçado a recuar em diversas iniciativas “controversas”, muitas delas já discutidas aqui no blog em posts anteriores.

Como se as ações administrativas polarizadoras do “golperno” e as reações da sociedade às mesmas não provocassem tensão já suficiente, a última semana tem sido pautada por novas “bombas” a cada dia, quando não a cada hora.
Desde segunda-feira o vazamento escalonado – e editadíssimo – de grampos envolvendo caciques do PMDB incendeia o noticiário político, as redes sociais e as ruas. Fora suspeitas mais ou menos críveis, ainda não se sabe com certeza de onde partiram esses vazamentos e nem qual o seu intuito.
Contudo, não sejamos parvos. Levemos em consideração os seguintes aspectos:
(i) O cronograma milimétrico
O primeiro vazamento, o de Romero Jucá, foi ao ar no site da Folha de São Paulo à 0:02 de segunda-feira, 23 de maio. De tão marcado o relógio, parece até hora convencionada para o início do horário de verão, não é mesmo?
Na sequência, ficamos sabendo que os cabeças do “golperno” já haviam sido devidamente informados da iminente publicação ainda no fim de semana.
Não parou por aí. O cronograma seguiu:
Na madrugada da terça-feira vai ao ar no mesmo site da Folha de São Paulo grampo em Renan Calheiros e à tarde em José Sarney.
Já discuti o conteúdo do grampo em Jucá fartamente no post “Saldo do grampo de Jucá: o haraquiri da PGR e do STF”. Os desta terça-feira trazem novos elementos que deixam ainda mais escancarada a conspiração do maio de 2016.
Sim, acostumemo-nos com a construção “maio de 16”. Reverberará na História, nas salas de aula e na sociedade tanto quanto “o abril de 64”. Gostem os golpistas disso ou não. A Rede Globo não controla a narrativa da História. Tanto é assim que os livros dessa disciplina não esperaram os mesmos 50 anos (!) que a Globo esperou para dizer que a “Revolução” de 64 foi na verdade um golpe – e não o “ressurgimento da democracia”, como ardilosamente falseava Roberto Marinho em editorial de então.
Golpistas: agarrem-se ao presente. Sei que ele já não é favorável, mas o olhar do futuro será ainda pior.
(ii) As ações de provocação
Após essa pequena advertência aos do golpe, volto aos tumultos da conjuntura.
Antes e durante a reverberação das “bombas” de fragmentação dos grampos – com detonações escalonadas e cronometradas – vemos claríssimas ações de provocação do “golperno” e de seus apoiadores no Congresso.
Vejamos alguns casos:
(a) Anúncio de cortes em programas sociais e em subsídios como os do Minha Casa Minha Vida destinados à menor faixa de renda.
Pelo seu baixíssimo impacto fiscal, trata-se evidentemente de medida que visa a alimentar um certo discurso político-ideológico – para fidelizar a base social conservadora – e antagonizar o polo oposto.
Vê-se que a “união nacional” e a “pacificação” ficaram apenas no discurso de posse do grão-mestre golpista. No campo das ações joga claramente pela polarização e pela radicalização ainda maiores na sociedade.
(b) Provocações diversas de deputados-pastores e deputados-da-bala aos artistas e ao segmento LGBT.
Seguindo o episódio da extinção do MinC, os discursos de ódio contra os artistas foram casados com ações administrativas e legislativas com vistas à anulação de modestos direitos conquistados pelos LGBTs nos últimos anos.
“Concertação”, “união” e pacificação”?
Sei... acredite quem quiser.
(c) Pensam que a provocação se restringe a ações e discursos dentro das nossas fronteiras? Acompanhem a (des)ventura de José Serra no Itamaraty e terão a resposta imediatamente.
Algo mais?
Há sim:
(d) Ainda agora a ridícula provocação do dia: o ocupante ilegítimo do Ministério da Educação, Mendonça Filho, recebe em audiência no MEC o ator (?) Alexandre Frota e o fundador/explorador comercial do grupo Revoltados Online, Marcelo Reis.
Para quê, certamente indagarão os leitores?
Bem, segundo os próprios, para que o Ministro acolhesse a pauta de Frota e de Reis para a Educação. Pelo menos, como se vê nas fotos, Alexandre Frota foi usando óculos de grau...
Melhor assim, não é?
Quem sabe não aproveitaram a oportunidade para inserir todas as realizações acadêmicas dos três pensadores na base de Currículos Lattes, do CNPq? Imaginem vocês que até agora o Sr. Ministro de Estado da Educação não tinha um!

Falta de tempo, certamente...
Mas tempo é o que não faltou para a tirada de selfies galhofeiras no gabinete do ministro e sua imediata postagem nas redes sociais. Tais postagens, com legendas “engrandecedoras”, são sem sombra de dúvida meros acessórios do principal: as riquíssimas contribuições da dupla para a política educacional brasileira (!). Como era de se esperar, a farra foi devidamente repercutida pela imprensa familiar e pela blogosfera, contribuindo para a notoriedade de uma “reunião de trabalho” que nem da agenda do Ministro constava até aquele momento.
                                   * * *
É engano meu ou observamos um padrão?
Não parece engano não. Para quem soma dois e dois, parece seguro afirmar que o consórcio golpista adotou deliberadamente uma tática de provocação visando à exacerbação da polarização e da radicalização na sociedade.
Haveria um propósito?
Apenas fidelizar o seu apoio – cadente – na base social conservadora? Ou há algo mais?
Hmmmm
Certamente nada na esfera de competência do redivivo GSI, entregue às mãos de chumbo do General Etchegoyen.
A propósito, por falar em general, gostaria de perguntar ao Senador Jucá – sem escuta clandestina da minha parte:
- Senador, pode esclarecer melhor a sua fala, sobre estarem comandantes militares monitorando movimentos sociais e sua disposição para garantir a “opção” Temer - ainda em março?
Todos – inclusive a imprensa estrangeira – ficamos muito curiosos.
* * *
Aliás, e esses grampos, hein?
Existem há meses e são vazados justo nestes dias?
Engraçado... não sei por que, mas me veio à mente episódio recente parecido. Coisa pouca que ocorreu alguns meses atrás...
Grampos em autoridades - um recém-empossado Ministro de Estado e nada menos que a Chefe do Estado – foram vazados, provocando na sequência convulsão social em grau elevado.
Hmmmm (2)
* * *
Dois e dois são...?
Observadores mais velhos, que já viram muita coisa, não hesitaram em me dizer que supõem somarem quatro mesmo.
Hmmmm (3)
Nos seus piores pesadelos, foram acordados por lembranças de palavras e nomes não tão distantes:
“Riocentro”, “Dona Lydia da OAB”, “Gasômetro do Rio de Janeiro”...
Tentaram dormir, mas outra palavra, esta menos distante ainda, não lhes permitia:
“Olimpíadas”.
* * *
Atualização - o que esperam os EUA do conflito?
Prefiro infinitamente ficar na foto como o paranoico que não descarta teorias da conspiração a ser o vaidoso que, por temer essa caracterização, silenciou e com isso não contribuiu para uma dissuasão.
Dessa forma, notem que o objetivo de escrever estas linhas é justamente estar depois errado.
Mas, ainda no figurino paranoia, acrescentemos o seguinte:

Ou seja, temos o seguinte quadro:
- Sai embaixadora presente em desestabilizações de governos de esquerda seguidas de posses de vices de direita;
- Chega outro com experiência em local de conflito e insurreição;
- Um governo fraco adota claramente ações de provocação;
- Tem a retaguarda de um general linha dura;
- Grampos editados causam alvoroço;
- Olimpíadas vêm aí.
Atualização 30/5/16:
Os Americanos por certo não ignoram que uma leitura relacionando os itens anteriores levasse à conclusão de que veem como possíveis desdobramentos a insurreição aberta e o endurecimento do regime com uma resposta repressiva. Espero que não ao ponto de considerarem possível um quadro de Estado falido, como o Afeganistão - país de onde vem o novo embaixador.
A prudência político-diplomática recomendaria que os americanos adiassem a troca de embaixadores - caso apenas espontânea e aleatória - de forma a evitar leituras desse tipo.
Ainda, caso se buscasse a (imagem de) neutralidade diante do conflito político interno no Brasil - ainda em curso! - a prudência recomendaria esperar. O envio de um novo embaixador e sua acreditação pelo governo - interino - brasileiro passam aos observadores a normalidade das relações diplomáticas entre os dois governos - e o reconhecimento tácito do governo do golpe.
Bem, nem tão tácito assim:
Nos últimos dias se noticia que o "Departamento de Estado dos EUA vem reconhecer terreno", ou seja, que nesta semana chega ao Brasil Mari Carmen Aponte, a nova responsável pelas Américas. Trata-se da primeira autoridade americana a visitar o Brasil após o golpe. Da sua agenda em Brasília, consta visita ao Ministério das Relações Exteriores.
Pergunta:
Ela dedicará o mesmo espaço na agenda e a mesma cobertura midiática a encontro equivalente com o staff da (ainda) Presidente Dilma Rousseff? Haverá encontro com Marco Aurélio Garcia, por exemplo?
Em tempo: o Departamento de Justiça norte-americano foi um colaborador precioso nas investigações da Lava Jato contra multinacionais brasileiras, ingrediente fundamental para a instabilidade política que levou à desestabilização do governo Dilma. (Fonte: aqui).

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Clique AQUI para ler "O OLHO GRANDE MIRA O PRÉ-SAL", publicado no dia 27. 

De fato, há indícios de que o olho grande vai muito além do pré-sal... 

Não obstante, confesso que tenho dado tratos à bola, procurando seguir todas as 'pistas' possíveis, mas... nada.

Se de um lado há a sombra da águia, à espreita, no outro até mesmo teses provindas de magos podem se tornar 'palatáveis', como a de Paulo Coelho, que vaticinou: Os golpistas vão se auto-exterminar a si mesmos. A não ser, digo eu, que tudo o que se está a ver não passe de encenação, como vislumbra Romulus.

INSTITUÍDO CONTROLE DE ARMAS NA CALIFÓRNIA


               "Finalmente, nossas armas estão dóceis e obedientes!"

Monte Wolverton. (EUA).

RADUAN NASSAR, PRÊMIO CAMÕES 2016

                              Raduan Nassar, escritor brasileiro (Pindorama, SP)

Raduan Nassar é o vencedor do Prémio Camões

Do Público.Pt (Portugal)

É o 28.º autor, e o 12.o brasileiro a receber aquele que é considerado o mais importante prêmio literário destinado a autores de língua portuguesa
O Prémio Camões 2016 foi esta segunda-feira atribuído por unanimidade ao escritor Raduan Nassar, de 80 anos, o 12.º brasileiro a receber aquele que é considerado o mais importante prémio literário destinado a autores de língua portuguesa. O júri sublinhou "a extraordinária qualidade da sua linguagem" e a "força poética da sua prosa".
Com apenas três livros publicados – os romances Lavoura Arcaica (1975) e Um Copo de Cólera (1978) e o livro de contos Menina a Caminho (1994) –, a exiguidade da obra não impede que Raduan Nassar seja há muito considerado pela crítica um dos grandes nomes da literatura brasileira, ao nível de um Guimarães Rosa ou de uma Clarice Lispector.
Se a singularidade de Nassar lhe garantiu desde cedo um círculo de admiradores fiéis, e se os seus romances alcançaram algum sucesso internacional já na primeira metade dos anos 80, quando foram traduzidos para francês e inglês, a popularidade da sua obra aumentou significativamente com a adaptação cinematográfica de Um Copo de Cólera, em 1999, numa realização de Aluizio Abranches, e de Lavoura Arcaica, em 2001, num filme de Luiz Fernando Carvalho.
Com um valor pecuniário de cem mil euros, o prémio foi anunciado ao fim da tarde no Hotel Tivoli pelo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, após a reunião do júri, que este ano incluiu a professora e ensaísta Paula Morão e o poeta e colunista Pedro Mexia, os professores universitários, críticos e escritores brasileiros Flora Süssekind e Sérgio Alcides do Amaral, e ainda o autor moçambicano Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de Maputo, e a ensaísta são-tomense Inocência Mata, actualmente radicada em Macau.
Instituído em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil, o prémio Camões é atribuído a “um autor de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”, diz o respectivo protocolo, na sua versão revista de 1999. O acordo obriga a que o prémio seja alternadamente atribuído em território português e brasileiro, e a sua história sugere que tem também prevalecido a intenção de equilibrar o número de vencedores portugueses e brasileiros, bem como a preocupação de fazer representar as várias literaturas africanas.
Antes do prémio agora atribuído a Nassar, Portugal e Brasil estavam empatados com 11 autores de cada país. Miguel Torga foi o primeiro escritor a receber o Camões, em 1989, e o prémio voltou a ficar em Portugal mais dez vezes: Vergílio Ferreira recebeu-o em 1992, José Saramago em 1995, Eduardo Lourenço em 1996, Sophia de Mello Breyner Andresen em 1999, Eugénio de Andrade em 2001, Maria Velho da Costa em 2002, Agustina Bessa-Luís em 2004, António Lobo Antunes em 2007, Manuel António Pina em 2011 e Hélia Correia em 2015.
A lista de premiados brasileiros começa com João Cabral de Melo Neto, em 1990, e inclui Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), António Cândido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles (2005), João Ubaldo Ribeiro (2008), Ferreira Gullar (2010), Dalton Trevisan (2012) e Alberto da Costa e Silva (2014).
O poeta moçambicano José Craveirinha foi o primeiro autor africano a receber o Camões, em 1991. Em 1997, Pepetela, então com 56 anos, tornava-se simultaneamente o primeiro angolano e o mais jovem autor de sempre – ainda o é – a ser galardoado com este prémio, que só voltaria à literatura africana em 2006 para reconhecer a obra do angolano Luandino Vieira, que recusou o galardão. Em 2009, venceu o poeta cabo-verdiano Arménio Vieira, e em 2013 o escolhido foi o romancista moçambicano Mia Couto. (Fonte: aqui).
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Parabéns ao escritor brasileiro Raduan Nassar pela premiação. A propósito, este blog publicou, em 21 de abril - AQUI -, o post abaixo, de autoria dele:

Judiciário estará acima da lei?
Ressalvadas exceções de ministros atuais respeitáveis, o STF – Supremo Tribunal Federal – está adormecido, dorminhoco, maculado por sinal pelo seu passado com o regime militar.
Tivesse o STF despertado da letargia, e o processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff não teria sido sequer instaurado, pela desqualificação de quem o conduz. E porque deveria sobretudo ter se detido no exame da tipificação do suposto crime de responsabilidade.
Uma pergunta: por que o mesmo tribunal não julgou até agora o presidente da Câmara dos Deputados? Está lá como réu desde janeiro do ano em curso… Daí que, ressalvadas as respeitáveis exceções, seria até o caso de se afirmar que o STF, que inclui alguns ministros apequenados, propiciou por “omissão” o golpe de domingo/17.04.2016, levado a cabo na Câmara, em grande parte, por uma quadrilha de cleptomaníacos.
Além disso, a Procuradoria Geral da República patrocina claramente pareceres partidarizados, dando cobertura inclusive às derrapagens de um judiciário de primeira instância. Arquivou quatro pedidos de investigação de um tucano, trazendo à lembrança o “engavetador geral da República” da era FHC.
Em maio próximo, assume a presidência do TSE – Tribunal Superior Eleitoral – o questionável e pedante ministro Gilmar Mendes… e, no próximo ano, o excelente Enrique Ricardo Lewandowski será substituído na presidência do STF pela global Cármem Lúcia…
Estamos bem arrumados!
De fato, como é costume alegarem, ninguém está acima da lei, segundo a Constituição. Mas é preciso que se diga com todas as letras: a magistratura também não está acima da Lei. (Aqui).

O GOLPE, A PIZZA E O FORNO


"Caro midiota.

Sinto muito, mas o governo interino, aquele que viria salvar o País da corrupção, acabou antes de começar.

A sucessão de vazamentos de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado coloca sob suspeição absolutamente todos os líderes do golpe que você chamou de impeachment.


Com a homologação da denúncia do executivo arrependido, cria-se uma situação jurídica e política que justificaria com mais assertividade a destituição do presidente provisório do que a circunstância usada como causa para o afastamento da presidente eleita, Dilma Rousseff.

O Brasil virou motivo de chacota internacional.

Internamente, há evidências de que muitos cidadãos estão se sentindo ludibriados pelo processo que levou ao afastamento da senhora Rousseff.

Mas você finge que é melhor assim.

Fica procurando qualidades que o enterino Temer não pode oferecer, e a sucessão de revelações começa a constranger até mesmo aquela comentarista da televisão que algumas línguas maledicentes chamam de “noiva cadáver”, tão baixa sua animação ao analisar o que não pode ser objeto de consideração.

Diante da inconsistência das manifestações do interino e da enxurrada de informações que dão conta da conspiração de delinquentes, os discursos, a empáfia e a postura farisaica do senhorzinho que ocupa o Planalto são como um tecido roto, no qual não cabem as costuras dos jornalistas pagos para justificar o golpe.

Preste atenção nas expressões do casal mais visto da TV, ou nos esgares daqueles comentaristas que se empenharam em pregar o golpe travestido de ação constitucional: acabou a animação e eles se veem na contingência de admitir que aquilo não passou de armação para “delimitar” o jato do tal Lava Jato.

Você ainda acredita naquelas caras e bocas?

Então procure se informar sobre o caso Banestado. Se tiver paciência, veja também os autos do processo originado na Operação Macuco da Polícia Federal.

Ali você vai descobrir que já houve outro movimento parecido para ocultar a corrupção de uns e expor os malfeitos de outros. O mesmo Sérgio Moro e os mesmos operadores de remessas ilegais de dinheiro para o Exterior aparecem nessa história.

Na CPI que se seguiu, grandes grupos de mídia foram beneficiados por manobras para reduzir o montante das grandes fortunas desviadas.

As mesmas empreiteiras citadas na Lava Jato estavam envolvidas.

Este escândalo que fez você sair de verde-amarelo por aí é uma versão requentada do caso Banestado, especialmente preparada para criar uma crise política e tirar do governo a presidente eleita, porque ela era um empecilho à nova tentativa de levar a pizza ao forno.

Essa é a versão que você não vai ver no Jornal Nacional."






(De Luciano Martins Costa, post intitulado "Manual do perfeito midiota 25", publicado no site Brasileiros - AQUI.

Luciano é jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade, além de autor de vários livros.

Clique aqui para ter uma ideia do que foi o emblemático Caso Banestado, a semente dos escândalos.

A propósito, convém lembrar que Dilma Rousseff, a presidente que fez fracassar a tentativa de levar a pizza ao forno, intentada por golpistas de variado colorido, foi quem sancionou duas das leis fundamentais para a eficácia do combate à corrupção - uma, autorizando, entre outros mecanismos, a colaboração/delação premiada de indivíduos corruptos, outra estabelecendo a possibilidade, até então inexistente na História do Brasil, de se proceder à PRISÃO DO CORRUPTOR -, além de reconduzir ao cargo, para revolta de muitos, o PGR Rodrigo Janot. A partir do que, caro leitor, tire as suas conclusões).