quarta-feira, 31 de agosto de 2011

LENHADOR DE SI


Por Taxam Chuntraskawvong. Tailândia.

PERSPECTIVAS


VENTO CONTRA

Antonio Delfim Netto

O futuro é opaco e se nega a ser decifrado. Mesmo quando explorado pelas melhores inteligências apoiadas nos mais recentes modelos e torturado com as mais recentes técnicas econométricas, ele se recusa a confessar qual o caminho que tomará. Essa realidade e a prudência levam a comportamentos defensivos.

As autoridades responsáveis pela política econômica devem pesar cuidadosamente os riscos alternativos sem deixar-se imobilizar, mesmo porque não há caminho de custo zero. Os analistas, para preservar a credibilidade, procurarão acertar (ou errar!) juntos.

Estamos num momento grave. Com a conivência dos governos, construíram-se "inovações" financeiras cujas consequências foram ignoradas. Alguns economistas foram ridicularizados pelos que detinham o poder político porque apontaram, inadvertidamente, os perigos que as "inovações" embutiam.

O resultado dessa aventura explodiu quando a miopia dos bancos centrais dos EUA (o Fed), da Inglaterra e da Comunidade Econômica Europeia, permitiu a liquidação desordenada do Lehman Brothers.

Ignoraram a rede construída pelas "inovações" e seus abusos. De fato, como confessou Alan Greenspan -que durante 18 anos foi "el maestro" e agora é demonizado-, "ninguém sabia o que estava acontecendo".

A chamada "grande moderação" (alto crescimento e baixa inflação), na qual surfaram os bancos centrais, nada tinha a ver com eles. O mundo vive o rescaldo da crise financeira que ainda não terminou.

O grave é que os instrumentos disponíveis (a política fiscal e a monetária) esgotaram os seus efeitos no mundo desenvolvido sem restabelecer o "circuito econômico", cujo funcionamento depende da confiança dos trabalhadores, dos empresários e do sistema financeiro.

Paradoxalmente, o mundo precisa agora do ritmo de crescimento dos países emergentes. As notícias não são boas.

Vencidos dois terços de 2011, a perspectiva de crescimento no ano dos países desenvolvidos é da ordem de 1,4% (contra 2,6% em 2010) e dos emergentes da ordem de 5,4% (contra 7,3% em 2010), o que sugere um crescimento global da ordem de 2,5%, com viés de baixa (contra 3,9% em 2010).

Mesmo a China e a Índia começam a dar sinais de fadiga.

Toda essa tragédia sugere que o vento de cauda que ajudou o crescimento do Brasil com o modelo exportador agromineral induzido pela China, está terminando.

Se quisermos crescer à taxa de 4,5% a 5% nos próximos anos, devemos complementá-lo e dar especial atenção ao nosso mercado com um programa que fortaleça a poupança e a competitividade internas e dê inteligente proteção externa, como luta para realizar o governo Dilma.

REPRESSÃO SÍRIA



Ali Ferzat (fotos), cartunista sírio, foi agredido pela polícia de Bashar al Assad, de quem é crítico contundente.

No desenho, Ferzat mostra Assad pegando carona com Kadafi.

Que Ferzat possa voltar inteiraço às lides.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

CARTUM DE LUKAS


Marcos César Lukaszewigz, o Lukas, titular do blog Casa do Noca. Lukas faleceu ontem.

O BRASIL E A AMÉRICA LATINA


Livro reflete ignorância brasileira sobre a América Latina

Por Sylvia Colombo, in Folha.com

Brasileiros, em geral, têm uma visão estereotipada e mal-informada sobre a América Latina. A raiz disso está no preconceito que nossa elite do século 19 tinha de tudo o que acontecia para além de nossas fronteiras.

País que não conheceu a guerra para se tornar independente e que teve fronteiras estabelecidas desde cedo, o Brasil nunca se sentiu parte daquilo que o rodeia.

Por conta de sua relativa posição confortável, teve dificuldades para entender que essas nações, ao saírem de lutas sangrentas, tiveram de definir fronteiras e sistemas de governo, além de levantar economias. Um caminho mais complexo que o nosso, e que levava a novos embates.

Aos olhos do Brasil, o que acontecia do lado de lá sempre pareceu algo incompreensível e folclórico, caudilhos selvagens que não se entendiam e anarquia popular constante. Parecia que esses povos "não davam certo" por serem incompetentes, desconsiderando suas dificuldades, presentes desde o primeiro dia de seus estados nacionais.

O desconhecimento da história, desde então, provocou distanciamento e, em muitos casos, puro preconceito.

Um exemplo deste último caso é o "Guia Politicamente Incorreto da América Latina", dos jornalistas Leandro Narloch e Duda Teixeira, que presta um desserviço ao conhecimento regional, ao reforçar essa mistura de presunção e desdém pela história latino-americana.

O livro diz querer atingir o "falso herói latino-americano". Seus alvos são Che Guevara, Simón Bolívar, Juan Domingo Perón, Pancho Villa, Salvador Allende, os povos pré-colombianos e os revolucionários do Haiti.

Os autores reforçam traços que consideram extravagantes desses personagens e dizem que, por seus caprichos ou sua estupidez, esses ditos falsos heróis acabaram com as chances de seus respectivos países de passarem a integrar um suposto mundo evoluído.

Em todos os casos, ignoram a história e o contexto social que deram origem a essas figuras.
Por exemplo, no capítulo dedicado a Perón, parte-se de uma premissa simplista e equivocada. Para os autores, a Argentina, nos anos 1940, tinha "tudo para decolar", mas foi "só Perón aparecer" que o país passou a "apontar para baixo".

Em primeiro lugar, não é certo que tudo estava tão bem. O processo de independência argentino foi conflituoso e demorou para se consolidar. Entre 1816, quando foi declarada a emancipação, até 1862, quando Bartolomé Mitre assumiu como presidente do país unificado, houve muitos embates entre Buenos Aires e as províncias. Embates estes que estão presentes até hoje, basta analisar o conflito entre Cristina Kirchner e o campo argentino, em 2008.

Narloch e Teixeira dizem que a partir da Constituição de 1853, o país se organizou e começou a prosperar. Errado. Nesse momento, só para se ter uma ideia, Buenos Aires, a principal província, se recusava a integrar a então chamada Confederação Argentina.

A chegada dos imigrantes europeus é apresentada como um fator altamente positivo, mas os autores passam por alto pelo fato de que sua incorporação à sociedade também gerou muitos conflitos. Só para se ter uma ideia, durante a epidemia de febre amarela que atingiu Buenos Aires em 1871, os italianos foram responsabilizados pela população e hostilizados. O presidente Domingo Faustino Sarmiento (1868-1874) diversas vezes se impacientou com a falta de compromisso dos europeus com a sociedade, acusando-os de virem ao país apenas atrás de lucro fácil.

É certo que o país estava bem economicamente quando Perón assumiu o poder. Mas é equivocado dizer que ele estragou tudo sozinho. Um presidente é fruto de um contexto. Perón teve amplo apoio popular e de parte da elite. Se o peronismo faz bem ou mal ao país, é uma outra discussão, o que não se pode é considerar o general um extraterrestre caprichoso e autoritário que pousou em Buenos Aires e acabou com a prosperidade argentina.

Em alguns casos, a dupla de autores fala como se tivesse descoberto a roda. Dizer, a essa altura do século 21, que Che Guevara era um personagem violento como se fosse uma novidade é chover no molhado. Não só já foi feita a revisão desse personagem, como até no cinema ela foi parar, no filme "Che" (2008), de Steven Soderbergh. Cuba é hoje uma ditadura e com a economia em frangalhos, só esquerdistas muito radicais ainda a defendem como modelo.

No capítulo sobre Simon Bolívar, fica claro que a intenção não é entender o personagem, mas atacar Hugo Chávez. Tampouco aqui dizem algo novo. Que Bolívar era um aristocrata criollo e nada socialista, está em quase todas as suas biografias.

Isso não diminui sua importância no processo de emancipação. Foram em geral esses criollos que sentiram o vazio deixado pela queda da coroa espanhola em mãos francesas, queriam liberdade de comércio, liam os livros com as ideias iluministas, etc.

Os autores deitam e rolam em cima de uma frase que Bolívar efetivamente escreveu: "A melhor coisa a fazer na América é ir embora". Mas não explicam que ela foi dita pouco antes de sua morte, com o líder adoecido e decepcionado.

Mas o encerramento desse capítulo entrega o verdadeiro objetivo dos autores. Dizem que o pensamento de Bolívar está vivo "a julgar pela ditadura que a Venezuela se transformou nos últimos dez anos". Cabe lembrar que a Venezuela não é uma ditadura, como Cuba hoje ou o Chile sob Pinochet. Pode-se considerar Chávez um mau governante, populista, amigo de líderes indefensáveis, mas foi eleito pelo povo venezuelano.

No capítulo que trata dos índios, os autores sugerem que a conquista não foi tão violenta assim e que índios também eram sanguinários.

É sabido que astecas e incas dominavam outros povos e que mantinham seus impérios na base da força. Igualmente que os astecas faziam sacrifícios humanos para suas divindades, o que sem dúvida é um horror.

Porém, os autores escorregam quando sugerem que os espanhóis foram melhores porque fizeram a autocrítica de seus atos violentos, enquanto os índios não.

Para exemplificar, contam rapidamente a história do frei Bartolomé de las Casas (1474-1566), que efetivamente levou à coroa espanhola reclamações sobre o modo como os indígenas eram tratados.

O que Narloch e Teixeira não contam é que Las Casas foi uma voz praticamente isolada em seu tempo, e que teve muitos problemas para ser ouvido até ser levado em consideração. Não é possível sugerir que a partir dele os espanhóis ficaram completamente bonzinhos.

A repulsa que os autores sentem pelas culturas latino-americanas é notória e se faz notar em pequenos detalhes. Dizem, por exemplo, que mexicanos são exóticos porque celebram o Dia dos Mortos saindo às ruas para se divertir com esqueletos. Alguma explicação sobre como surgiu essa tradição, qual o tamanho da festa e o que ela significa para o povo mexicano? Nada. É coisa de quem provavelmente sai muito pouco do próprio bairro.

Os estereótipos não param de chover, sem qualquer curiosidade para interpretá-los e com o único objetivo de ridicularizar tudo.

Em sua "receita para se preparar um bom latino-americano", dizem que é "um requisito moral usar ponchos e saias coloridas --ou pelo menos desfilar com um colar de artesanato indígena." Me pergunto se os autores dessa frase andaram nos últimos tempos pelas ruas das grandes cidades latino-americanas, como Buenos Aires, Santiago, Bogotá ou Montevidéu. É realmente assim que imaginam que as pessoas andem pelas ruas? Se acham isso é porque faltou então um mínimo de pesquisa de campo.

Não se trata de ser contra revisões da história. Mas que sejam feitas tentando entender a história, não folclorizando seus personagens e lendo tudo o que foi dito antes como obra de historiadores marxistas ideologicamente comprometidos.

Com seu "Guia Politicamente Incorreto da América Latina", Narloch e Teixeira colocam mais um tijolinho no muro de ignorância e soberba que separam o Brasil do resto do continente.

CORRUPÇÃO: CRIME HEDIONDO


No Portal do Senado Federal há enquete (no topo da página inicial, lado direito) sobre a inclusão de atos de corrupção na Lei dos Crimes Hediondos, que prevê punição mais severa aos condenados.

Para manifestar sua opinião, clique AQUI.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

SILÊNCIO OBSEQUIOSO


Juca Kfouri, no Linha de Passe (ESPN Brasil) em curso, informa que em 7 estádios foram registradas, na rodada do campeonato brasileiro do final de semana, manifestações das torcidas contra o presidente da CBF.

E dá conta de que, segundo assessores da CBF, Ricardo Teixeira teria ficado satisfeito com o silêncio do  Jornal Nacional desta segunda-feira quanto ao assunto.

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Envolvida em atos de antijornalismo, a revista Veja também ficou satisfeita com o silêncio do JN.

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Charge de Kayser.

MPB E UFC EM CARTUM DE REINALDO


Reinaldo.

OS ANOS NEOLIBERAIS


O mal-estar dos nossos dias

Luiz Carlos Bresser-Pereira

VIVEMOS UM tempo de crise, um tempo de mal-estar. A selvagem revolta no Reino Unido mostrou com clareza; foi uma reedição agravada das revoltas da França de 2005.

Essas, como as manifestações mais moderadas e mais objetivas na Grécia, na Espanha, e na própria Inglaterra contra as políticas de austeridade impostas pelos credores ou então autoimpostas pelo próprio governo conservador, demonstram que não vivemos dias felizes.

A miséria material continua a identificar países pobres e explorados da periferia, mas a miséria humana, a sensação de insegurança e falta de perspectivas e a frustração generalizada estão em toda parte. Especialmente no mundo rico.

Os EUA, que no pós-guerra eram uma sociedade coesa e vigorosa, hoje são uma sociedade dividida e desorientada. Na Europa a crise provocada pelo euro sugere para todos a estagnação senão a decadência econômica.

Como explicar o que está acontecendo? É o capitalismo que fracassou, é o Estado social que foi destruído, como afirma um crítico tão radical como brilhante como é Slavoj Zizek? Não aceito esse tipo de diagnóstico.

Os 30 anos neoliberais do capitalismo foram um tempo de retrocesso social e político, de aumento brutal das desigualdades e da instabilidade financeira e de diminuição das taxas de crescimento econômico. Mas o Estado social europeu sobreviveu porque foi defendido em eleições democráticas.

Foi então porque o mundo moderno perdeu seus parâmetros morais, como pretendem os conservadores? Não vale a pena perder tempo com esse tipo de não-explicação. As revoltas nem sempre são racionais, e muitas vezes não são sequer razoáveis, mas são sempre morais.
Mostram sempre indignação moral contra a injustiça, o privilégio e a corrupção dos ricos. Os revoltosos de Londres agiram em alguns momentos como criminosos, mas não subestimemos sua indignação.

Houve, sim, decadência moral no nosso tempo. Mas a perda de parâmetros morais decorreu da aliança contraditória e malsã do conservadorismo com o neoliberalismo - com uma ideologia ferozmente individualista, que nega de forma militante solidariedade e interesse público.

Os progressistas não têm o monopólio da moral, já que os conservadores foram sempre guardiões da moralidade, embora a confundindo com a ordem estabelecida. O conservador apenas não estava disposto, como estão o progressista e o revolucionário, a arriscar a ordem em nome da justiça social.

Quando, entretanto, nos 30 anos neoliberais, o conservadorismo foi capturado pelo neoliberalismo, tornou-se uma fonte de desorganização social e de retrocesso moral.

O mal-estar do nosso tempo só será superado quando o mundo rico redescobrir o futuro. Mas essa redescoberta só pode ser feita quando fizer a crítica ao neoliberalismo.

Os anos neoliberais do capitalismo terminaram com a crise financeira de 2008, que os desmoralizou, como desmoralizou a teoria econômica neoclássica que os justificava.

Mas nem as elites conservadoras nem os intelectuais progressistas foram capazes de fazer a crítica necessária do que aconteceu. Nem de reafirmar sua confiança na ideia do progresso ou do desenvolvimento.  (Fonte: Conteúdo Livre).

PRIORIDADES


Cartum de Biratan Porto.

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Imagine que o livro é de auto-ajuda...

domingo, 28 de agosto de 2011

VEJA (II)


Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal Folha de São Paulo, escreveu em 24.07.2011: "Como sabem os milhões que leem jornal, a News Corp., de Rupert Murdoch, está envolvida num escândalo sobre escutas telefônicas que já levou ao fechamento de um tabloide sensacionalista britânico e custou ao menos US$ 1 bilhão ao empresário de mídia.

Os métodos criminosos usados por jornalistas a soldo dele para obter notícias evidenciam o que a imprensa pode ter de pior, é certo. Mas foram revelados sem impedimento nem censura por dois jornais sérios -"Guardian" e "New York Times"-, que fizeram jornalismo de verdade.

É esse mecanismo de autodepuração, de autorretificação que mantém os jornais vivos e faz da liberdade de imprensa um bem vital."

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Ao constatar o obsequioso silêncio do jornal dirigido por Dávila relativamente aos atos praticados pela revista Veja contra José Dirceu, concluímos que a tal autodepuração, na imprensa brasileira, é coisa pra inglês (e americano) ler. Papo para lá de furado.

A MÚSICA DO PIAUÍ


Não faz muito tempo que o eixo Rio - São Paulo e algumas cidades como Recife, Porto Alegre, Salvador, eram o caminho inevitável para quem intencionasse registrar em Disco/CD suas produções.

Pelo menos aqui no Piauí o cenário aos poucos está mudando com a criação da Cooperativa dos Profissionais da Música do Piauí – CAPIVARA, que integra compositores, músicos, intérpretes e produtores num trabalho coletivo que resultou em um CD Duplo, com 34 faixas e um livreto com fotos apresentando os artistas participantes. (...)

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Para ler o artigo completo da pesquisadora Laura Macedo e ouvir canções do CD em referência, clique AQUI.

NEW LYBIA


Charge de João Montanaro.

LIBIA: HORA DO LANCHE

MOSTRA SAUL STEINBERG


Pinacoteca-SP expõe "Saul Steinberg - As aventuras da linha"

Depois de uma temporada carioca, a exposição "Saul Steinberg - As aventuras da linha" estará na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), a partir de 3 de setembro, estendendo-se até 6 de novembro. Com cerca de 110 desenhos do mestre Steinberg (1914-1999), que ainda influencia novas gerações de cartunistas e desenhistas, a mostra apresenta obras dos anos 1940 e 1950 e tem a curadoria da historiadora Roberta Saraiva.

2011 virou um ano steinberguiano no Brasil. Além da restrospectiva, o IMS lançou um catálogo e o livro de memórias "Reflexos e sombras", nascido de conversas com o escritor e amigo italiano Aldo Buzzi.

"Saul Steinberg ficou conhecido por, usando às vezes uma única linha, questionar em seus desenhos o papel das rotinas, a vida que levamos. A exposição revela ainda um pouco da lógica do trabalho do artista: o aspecto 'serial' de sua criação", diz a apresentação da mostra.

Não é a primeira vez que as obras do artista romeno, naturalizado americano, vêm ao Brasil. A amizade com a arquiteta Lina Bo Bardi possibilitou uma individual no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1952, com parte dos trabalhos expostos, meses antes, nas galerias Sidney Janis e Betty Parsons, em Nova Iorque. Desenhos do périplo brasileiro de Steinberg poderão ser vistos na Pinacoteca.

VEJA


José Dirceu discutindo política?! José Dirceu, influente líder petista, trocando ideias com parceiros?! José Dirceu recebendo visitas em apartamento de hotel?! José Dirceu, processado em face do mensalão (sendo irrelevante saber se o caso transitou ou não em julgado), confabulando até mesmo com ministro?!

Ao que consta (não li a matéria; li sobre ela), as indagações acima estão entre as principais invocadas pela revista Veja. Para averiguar a fundo o escândalo, Veja teve acesso a imagens gravadas em circuito interno (do próprio hotel, supõe-se), mas foi desgraçadamente rechaçada por uma camareira, que, desprovida de qualquer lampejo de civismo, se negou a abrir a porta do apartamento de Dirceu.

A camareira certamente não aplaude a denúncia de Veja. Há quem alimente dúvida quanto a dona Judith Brito, da Associação Nacional de Jornais. 

sábado, 27 de agosto de 2011

DONALD PAGOU O PATO


De pato a marreca

Por Ruy Castro

Os atores sabem: não se deve contracenar com crianças e animais. Eles roubam a cena. E não importa quem você -ou o animal- seja. Vide, na antiga Hollywood, o cavalo Trigger, o chimpanzé Chita e o mulo Francis. O próprio James Stewart perdeu para um coelho invisível em "Meu Amigo Harvey" (1950). O único empate até hoje foi entre Ronald Reagan e o macaco Bonzo, em "Bonzo no Colégio" (1951).

Esta semana fiz minha estreia (e simultânea despedida) como ator de cinema. Vou aparecer em "Agamenon - O Filme", a cinebiografia do jornalista Agamenon Mendes Pedreira, uma espécie de Chateaubriand moderno, só que corrupto. É uma produção do "Casseta & Planeta", o que explica minha presença no elenco ao lado de profissionais como Luana Piovani e Fernanda Montenegro. Faço o "biógrafo não autorizado" de Agamenon.

Por artes do enredo, há uma cena em que contraceno com um pato. Um pato de verdade chamado Vítor, já com razoável experiência em cinema. Nas várias vezes em que errei e tivemos de repetir, Vitor foi tolerante comigo. Além de me roubar a cena take após take.

De repente, um choque. Patrícia, veterinária responsável por Vítor, me confidenciou que ele não é bem um pato, mas um marreco. E o que costumamos ver no cinema como patos, por causa do pato Donald, são quase sempre marrecos -a começar pelo próprio Donald! (Patos de verdade têm uma membrana vermelha no bico; Donald, não.) Outro choque: não será surpresa se Donald, além de marreco, for... fêmea! Só os marrecos-fêmeas têm aquele rabicho proeminente e sacolejante, como o que Donald exibe em seus desenhos animados.

O criador de Donald para Walt Disney foi o grande Carl Barks. O qual, como tantos empregados da Disney, odiava Walt. Se foi de propósito que Barks fez de Donald uma marreca, que sublime vingança.

OLD PHOTO


EUA. Fevereiro de 1964. Cassius Clay/Muhammad Ali nocauteia The Beatles.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

DA SÉRIE 'LIÇÕES DOS ILUMINADOS'


Eles não se veem no espelho

Por Brizola Neto

(...) Pedro Malan, André Lara Resende, Gustavo Franco e outros expoentes da “Congregação da Roda Presa” se reuniram (no Instituto FHC)  para, do alto da estagnação econômica que impuseram ao país, pontificar conselhos ao Brasil e ao mundo.

Dizem, basicamente, que os gastos públicos – leia-se investimentos e políticas sociais – estão impedindo o Brasil de – creiam, eles disseram mesmo – de reduzir sua dívida e baixar os juros.

Inacreditável que os mesmos economistas que quase triplicaram a dívida pública – que só foi se reduzir no Governo Lula – e praticaram (veja o gráfico ao alto - clique para ampliar) juros públicos reais (acima da inflação) de até 50% – hoje, são 6,8% e, sim, são muito altos – possam vir falar, com a maior cara dura, este tipo de coisa.

E como são de uma pretensão de padrões mundiais, ainda querem ensinar que a política de bem estar social (...) foi a responsável pela crise da dívida europeia, sem abrir o bico para dizer que, em 2008, os estados europeus abriram os cofres públicos para socorrer a banca privada.

Como é que essa gente, depois do fracasso que foi, ainda fica pretendendo deitar cátedra ao mundo?

Só há uma explicação: este tipo de seres não é capaz de se ver refletido no espelho. Só aparecem mesmo na mídia. (Fonte: blog Tijolaço).

EVOLUÇÃO



ABC do Humor.

OS RICOS DA FRANÇA


Enquanto o Tea Party e o Partido Republicano impõem cortes nas verbas sociais e mantêm intocados os bilhões dos miliardários americanos, eis que "o governo da França vai introduzir um imposto extra de 3% para rendas anuais acima de 500 mil euros (mais de R$ 1 milhão)."

E como nasceu tal imposto? Simples: o imposto decorre "do pedido de algumas das pessoas mais ricas da França, para que o governo diminuísse o deficit aumentando os impostos sobre as maiores rendas."

Dezesseis executivos, incluindo a mulher mais rica da França, a herdeira da L'Oreal Liliane Bettencourt (foto), afirmaram em uma carta aberta que pagariam uma contribuição especial, seguindo um espírito de solidariedade.
 
O bilionário americano Warren Buffett manifestou, há poucos dias, discordância quanto à atitude do Tea Party/Republicanos, acenando com a conveniência de os ricos pagarem uma taxa de sacrifício, mas o assunto foi ignorado e/ou levado na galhofa.

VEM AÍ

CHÁ INDIGESTO


EUA: PIB do segundo trimestre retificado: de 1,3 para 1%. Desemprego crônico. Cortes no orçamento. Perspectivas sombrias - eis o cenário que alimenta o fogo do Tea Party, movimento ultraconservador que já domina o Partido Republicano e patrocina impasses macroeconômicos, como o recente imbróglio do teto de endividamento. Mas o chá faz bem aos superricos: enquanto França e Itália elevam/criam novos impostos para a classe, os nababos americanos continuam degustando seu precioso e saudável chá.

O CARTUNISTA DAS REVOLUÇÕES



A Líbia na visão de Carlos Latuff

Desde janeiro, os desenhos na prancheta do carioca Carlos Latuff acompanham os avanços da primavera árabe. Depois do sucesso de suas charges no Egito, adotadas nos protestos nas ruas, o cartunista vem atendendo aos pedidos vindos da Líbia, com desenhos que antecipam a queda de Khadafi e imaginam o futuro do país após a mudança.

O envolvimento de Latuff com o conflito na Líbia começou a partir da demanda dos próprios manifestantes, que o procuraram através da internet assim como os organizadores dos protestos em outros países imersos na chamada primavera árabe.

"Faço desenhos a pedido dos manifestantes e coloco na internet", resume Latuff, que tem 42 anos. "É um trabalho autoral, mas não se trata da minha opinião. É preciso que seja útil para os manifestantes, e que eles possam usar aquilo como uma ferramenta."

Latuff disponibiliza as imagens em seu perfil no twitpic (http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff), onde as charges podem ser baixadas e reproduzidas ao bel-prazer dos manifestantes.

"A partir do momento em que coloco na internet, as charges deixam de ser minhas. Faço esse trabalho para que seja compartilhado. O importante é a mensagem", diz.

Nesta semana, o cartunista fez charges que mostram Khadafi erguendo uma bandeira branca e o Tio Sam, símbolo dos EUA, chegando para cobrar a conta dos rebeldes líbios.

Dando a derrocada do líder líbio como certa, Latuff já se prepara para uma nova leva de charges, enfocando problemas que poderão aparecer no país depois, com a transição para um novo governo.
"Na minha opinião, o processo se encerrou, o Khadafi já caiu, não tem mais volta. Mas em breve haverá um novo governo e isso pode gerar novos problemas. Vamos ver o que vem por aí", afirma ele, crítico da intervenção das forças da Otan, dos Estados Unidos e da União Europeia.

Protesto à distância

O cartunista descobriu que poderia "participar" dos protestos árabes à distância em janeiro. Depois de fazer algumas charges para manifestantes na Tunísia, foi procurado por organizadores do primeiro grande protesto que aconteceria no Cairo, na Praça Tahrir, em 25 de janeiro.

Ao ver fotos dos manifestantes erguendo cartazes com suas charges, Latuff percebeu o potencial de seu trabalho – e a eficácia da estratégia de produzir e disponibilizar charges para manifestantes rapidamente, atendendo aos pedidos que chegam pelo Twitter e liberando-as para uso gratuitamente.

Após o sucesso no Egito, chegaram encomendas da Argélia, Líbia, Bahrein, Iêmen, Síria. Mas a maior repercussão de seu trabalho foi mesmo no Egito, onde os manifestantes exibiram seus desenhos diariamente, do primeiro protesto até a derrocada de Hosni Mubarak.

Como resultado, Latuff, acabou virando uma espécie de herói no país.

"O feedback que tenho de lá é incomparável. Sou mais conhecido no Egito do que aqui. Ninguém é profeta na própria terra", diz ele, que nunca pisou no país norte-africano.

Em junho, Latuff voltou a ser procurado por egípcios que queriam denunciar abusos cometidos pelo governo provisório, liderado por um conselho militar das Forças Armadas.

"Depois de derrubar tiranos, a primavera árabe passa por uma fase menos espetacular, de transição, e sai dos holofotes. Mas a situação é muito grave e é preciso continuar acompanhando", diz.

A última charge de Latuff feita a pedido de manifestantes egípcios, nesta semana, fez sucesso estrondoso na internet e na imprensa mundial. O cartunista transformou em Homem-Aranha o egípcio Ahmed al-Shahat, que no último sábado escalou os 13 andares do prédio da Embaixada de Israel no Cairo para substituir a bandeira israelense por uma egípcia, queimando a primeira.

Dois dias depois de ter sido postado na internet, o desenho já virou camiseta no Cairo. Al-Shahat participava de protesto pela morte de cinco militares egípcios em um conflito entre israelenses e palestinos na fronteira com o Egito, semana passada.

Seguidores

No Twitter, Latuff calcula ter mais seguidores árabes do que brasileiros. Os amigos que faz na internet o ajudam a traduzir os recados de suas charges para o árabe.

Latuff se mobiliza por outras causas. É militante da causa palestina, tema de muitas de suas charges, e vive atento para conflitos em outras partes do mundo – neste mês, fez trabalhos sobre os protestos em Londres e sobre a fome na Somália, por exemplo.

Problemas brasileiros como a violência policial e conflitos no campo também são temas de suas obras.

Paralelamente ao trabalho de militância na internet, como define sua ocupação, Latuff ganha a vida desde os 22 anos fazendo charges para publicações de sindicatos de esquerda, como associações de professores, de servidores públicos e da Justiça Federal.

Nos países árabes, ele sabe que parte importante de seu trabalho se deve justamente ao fato de estar afastado e poder dar voz a anseios que a própria população não pode verbalizar. Latuff diz ter ficado emocionado ao ver os egípcios empunhando a primeira charge que fez para os protestos na Praça Tahrir, que mostra Mubarak levando uma sapatada.

"É um grito que está na garganta do egípcio, que passou 30 anos sem poder se expressar assim. Os artistas de lá também não podiam dizer isso, mas as pessoas se sentiram à vontade para levantar a mensagem. Isso não tem preço", diz.

O cartunista acredita que seus pontos de vista tenham apelo pelo fato de ter se sensibilizado pela causa mesmo estando distante.

"As pessoas hoje perderam o senso de solidariedade. Quando alguém apoia uma causa que não é dela, muitos logo desconfiam. O meu princípio é o do internacionalismo, como defendia o Che Guevara. Acredito na solidariedade entre os povos." (Fonte: BBC Brasil).

OLD CARTUM


Peter Neugebauer. Natural de Hamburgo, Alemanha - 1929.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

TAXA DE DESEMPREGO


A taxa de desemprego em julho, de 6%, inferior à observada em julho de 2010, é a demonstração da força do mercado interno brasileiro. Melhor seria dizer mercados internos, uma vez que novos mercados surgiram por força da elevação real do salário mínimo e da expansão dos programas sociais a partir de 2003, política que persistiu mesmo após a eclosão da crise financeira mundial de 2008/9.

Mas há 'n' distorções a afligir o Brasil. A classe médica, por exemplo, amarga condições praticamente insalubres, com profissionais assoberbados, tendo de manter até 5 empregos, auferindo migalhas em cada um.

Os professores de Minas Gerais estão em greve desde junho, reivindicando o piso nacional. Agora, não obstante o STF tenha batido o martelo e determinado a sua observância, o governo mineiro reluta. No Ceará, o governador Cid Gomes, irritado com o movimento grevista da categoria, afirmou que os grevistas são abomináveis, algo assim, e que quem se dedica a lecionar deve fazê-lo por amor, sujeitando-se a sacrifícios.  Sem comentários.

CORRUPTO CIOSO


Charge de Duke.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

UM RELATO DE GARCÍA MÁRQUEZ


Em palestra proferida há tempos, Gabriel García Márquez, abordando o ato de escrever, diz que o livro nasce do pressentimento, e que o autor, ao escrever, copia a si próprio, visto que todo o enredo já foi por ele pensado. E relata o seguinte:


Alguma coisa muito grave vai acontecer neste povoado

Imaginem um povoado muito pequeno, onde existe uma senhora velha que tem dois filhos, um de dezessete e uma filha menor, de catorze…

A senhora está servindo o café da manhã para os filhos, e nota-se nela uma expressão de muita preocupação. Os filhos perguntam o que ela tem, ela responde: “Não sei, mas amanheci com o pensamento de que alguma coisa muito grave vai acontecer neste povoado.”

Os dois riem dela, dizem que são pressentimentos de velha e coisas desse tipo. O filho resolve ir jogar bilhar, e no momento em que vai fazer uma carambola simplissima, o adversário diz a ele: “Aposto um peso como você não consegue”.

Todos riem, ele ri, mas tenta e de fato não consegue. Paga um peso e ouve a pergunta: “O que será que aconteceu, se era uma carambola tão simples?”

Diz: “É verdade, mas fiquei preocupado com o que minha mãe me disse esta manhã, sobre alguma coisa grave que vai acontecer neste povoado.”

Todos riem dele, e o que ganhou o peso volta para casa, onde está sua mãe com uma prima. Feliz com seu peso, diz: “Ganhei esse peso de Fulano, e da maneira mais simples, porque ele é um bobão.”
“Bobão por quê?”

Responde: “Ora, porque não conseguiu fazer uma carambola simplissima, estorvado de preocupação porque a mãe dele amanheceu hoje com a ideia de que alguma coisa muito grave vai acontecer neste povoado.”

A mãe diz a ele: “Não deboche dos pressentimentos dos velhos, porque às vezes acontecem.”

A prima ouve tudo isso e sai para comprar carne. Ela diz ao açougueiro: “Quero meio quilo de carne", e no momento em que ele está cortando, ela acrescenta: “Ou melhor, me dê logo um quilo, porque estão dizendo por aí que alguma coisa grave vai acontecer, e é melhor estar preparada.”

O açougueiro entrega a carne e quando chega outra senhora para comprar meio quilo, diz a ela:”É melhor levar um quilo porque o pessoal está dizendo que alguma coisa grave vai acontecer, e está todo mundo se preparando, comprando coisas.”

A velha então compra dois quilos de carne, e meia hora depois o açougueiro vendeu todo seu estoque de carne. E o rumor de que “alguma coisa muito grave vai acontecer” foi se espalhando.

Até que chega o momento em que todo mundo no povoado está esperando que alguma coisa aconteça. Às duas da tarde faz o calor de sempre. Alguém diz: “Vocês estão percebendo o calor que está fazendo?”

“Mas aqui sempre fez muito calor.”

“Mesmo assim” – diz alguém – “Nunca fez tanto calor a esta hora.”

Na praça deserta, baixa de repente um passarinho, e alguém comenta: “Tem um passarinho na praça.”
E todo mundo vai, espantado, ver o passarinho.

“Mas, meus senhores, sempre houve passarinhos que pousam na praça.”

“Pois é, mas nunca a essa hora.”

Chega um momento de tamanha tensão para os habitantes do povoado, que todos estão desesperados para ir embora, mas ninguém tem coragem.

“Eu sim, sou muito macho”, grita um deles, e vai embora. Pega seus móveis, seus filhos, seus animais, mete tudo numa carreta e atravessa a rua principal.

Dezenas de pessoas reagem da mesma maneira: “Se ele se atreve a ir embora, nós também vamos”, e começam a desmontar o povoado.

Um dos últimos a abandonar o povoado diz: “Que não venha uma desgraça cair sobre o que sobra da nossa casa”, e então incendeia a casa, e outros fazem o mesmo.

E o pânico se instala no povoado. No meio dele, vai a senhora que teve o presságio, gritando: “Eu falei que alguma coisa muito grave ia acontecer e disseram que eu estava louca.”

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Em tempo: no texto acima, o autor fala em "carambola simplíssima". Carambola: jogada com a qual, nos jogos de bilhar francês, a bola tacada toca as outras duas bolas da mesa.

BACK TO BLACK NO TOPO


Por conta do recente incremento nas vendas, efeito da comoção mundial provocada pela morte de Amy Winehouse (1983 - 2011), o disco Back to Black (2006) se tornou o álbum mais vendido do Reino Unido neste século 21. De acordo com dados revelados pela empresa Official Chart Company, o álbum de Amy já vendeu somente no Reino Unido 3,25 milhões de cópias, superando os 3,24 milhões de cópias do disco que até então era o campeão da lista, Back to Bedlam (2004), álbum de estreia do cantor e compositor britânico James Blunt, alavancado pela canção You're Beautiful. Back to Black já vendeu mais de 15 milhões de cópias no mundo. (Fonte: NotasMusicais).

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É, de fato, um CD antológico.

NO FRONT LÍBIO (III)


Charge de Latuff.

NO FRONT LÍBIO... (II)

NO FRONT LÍBIO...


Charge de Latuff.

SOBRE A GUERRA SANTA MUNDIAL


Depois da Guerra Fria, a Guerra Santa

Por Alberto Dines

A questão religiosa está nas manchetes, capas, telinhas e monitores da mídia mundial. Há mais tempo, com mais destaque e mais espaço do que a crise econômica mundial (formalmente iniciada em setembro de 2008) e os conflitos bélicos propriamente ditos.

O mapa-múndi contemporâneo é na realidade um registro cartográfico das fogueiras acesas depois da queda do Muro de Berlim. O fogo sagrado inviabiliza o Afeganistão (Ásia Central), divide a dividida Indonésia, inflama o Irã, sangra o Iraque e todo o Oriente Médio (Israel inclusive), espalha-se pelo Magreb, vai ao centro da África, cruza o Mediterrâneo, volta a se aninhar no habitat natural da Península Ibérica, infiltra-se em quase toda a Europa, Países-Baixos, Escandinávia (o Massacre de Oslo foi um pogrom religioso), atravessa o Atlântico e instala-se no sistema linfático dos Estados Unidos. A América Latina não escapa da grande conflagração embora os adversários (católicos e protestantes) identifiquem-se como soldados de Cristo.

Esclarecimento, ponderação

Não se trata de um enfrentamento litúrgico ou teológico, Deus não está em discussão, nem a conquista territorial dos Estados conflagrados como aconteceu na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). O objetivo das cruzadas do século 21 é a conquista dos corações e mentes (mais aqueles do que estas) dentro desses Estados.

O que estamos testemunhando sem perceber não é o “choque de civilizações” como o previu Samuel P. Huntington, mas uma tentativa de paralisar o processo civilizacional que marca a humanidade há alguns milênios. Gigantesca guerrilha política, a primeira no gênero, verdadeiramente global, disfarçada em conflito confessional com o objetivo de trocar o ser humano pleno, soberano, em mero adorador de imagens e rituais.

A consagração da sinistra Michele Bachman, a verdadeira feiticeira de Salem, como líder do Tea Party (ou Hate Party, dá no mesmo) liquida o conservadorismo político americano e obriga os republicanos – todos os republicanos – a se aproximarem de uma forma ou de outra da arcaica Ku-Klux-Klan.

Em Madri, o papa Bento 16 diante da maior concentração religiosa na história do país adverte energicamente aos jovens que foram ouvi-lo na Jornada Mundial da Juventude que só existem duas opções de vida: casar-se ou ingressar em conventos. Sua Santidade não explicou o que devem fazer aqueles que não querem ou não podem se casar e os que recusam encarcerar-se numa ordem religiosa. Suicidar-se ou cair na gandaia?

As Organizações Globo declaram-se laicas em seus Princípios Editoriais, mas não conseguiram cobrir – de forma isenta ou engajada – o que se passou na Espanha antes, durante e depois da visita do papa. Apenas a Folha de S.Paulo, nos minguados espaços entre colunas assinadas e anúncios de imóveis, ofereceu uma pálida idéia das manifestações em defesa do Estado secular na Espanha.

Laicismo não é sinônimo de omissão. Jornalismo laico é obrigatoriamente esclarecedor, ponderado, ajuizado. Sobretudo tolerante. Defender o Estado secular não significa investir contra as religiões ou crenças, queimar templos, livros sagrados ou desrespeitar devoções. Significa apenas defender o Estado de Direito democrático e isonômico.

Mais luz

O mundo maometano fragmenta-se irremediavelmente: a divisão entre xiitas e sunitas ultrapassou a rivalidade entre seitas e dinastias que conflitam há 1.500 anos. Gerou um processo incontrolável de disputas e fragmentações menores que, longe de pacificar o Islã para fortalecê-lo, sangra-o em batalhas fratricidas perenes. O Islã surgiu como um processo conciliador – isso precisa ser mostrado ao leitor, ouvinte, telespectador.

O Estado de Israel foi criado a despeito da oposição da maioria dos religiosos ortodoxos que só admitiam a Redenção pelas mãos do Messias. O fundamentalismo religioso judaico está corroendo não apenas os fundamentos da democracia israelense como os do próprio sionismo. Nas comunidades judaicas da Diáspora o apoio aos governos de Israel deixou de ser automático, natural. Isto é bom para revitalizar os fundamentos éticos e culturais do judaísmo. E quem O Globo designa para opinar sobre o Oriente Médio na sua nobre página de opinião? O cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro, religioso, declaradamente de direita.

Os movimentos desta Guerra Santa Mundial precisam ser detectados e explicados, senão nas apressadas edições diárias, pelo menos nos fins de semana. O jornalismo impresso entrou em decadência porque voluntariamente abriu mãos das suas vantagens intrínsecas.

Um jornalismo laico como o preconizado nas diretrizes das Organizações Globo pede mais luzes, mesmo que hoje o Iluminismo seja confundido com uma marca de lâmpadas.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

FLAGRANTE DA VIDA REAL

O DRIVE THRU DA ORAÇÃO



Rodando por São Paulo, o jornalista Luis Nassif se deparou com a inusitada visão acima. Seu relato:

Confesso que não entendi direito, quando vi a placa, na igreja da avenida Jabaquara. Foi o motorista de táxi que me explicou: a pessoa entra com o carro por um lado, passa pelo caixa, deixa a contribuição e sai pelo outro: "Como no McDonalds", explicou ele. (Fonte: blog Luis Nassif).

REHAB REVISITADA


Charge de Mariosam.

MELHOR É IMPOSSÍVEL


MELHOR É IMPOSSÍVEL

Se James L. Brooks tivesse apenas produzido Os Simpsons, ele já teria garantido seu lugar na história da televisão mundial. Mas, ele fez muito mais do que isso. No cinema, em uma carreira de poucos filmes, Brooks estabeleceu um padrão: filmes com roteiros bem escritos e voltados para o trabalho dos atores. E não é diferente em Melhor É Impossível. A personagem principal da trama, Melvin Udall, é vivida por Jack Nicholson. Trata-se de um obsessivo-compulsivo que escreve livros para mulheres, cheio de preconceitos e atitudes politicamente incorretas. Uma figura que se fosse interpretada por qualquer outro ator correria o risco de ser odiada já a partir da primeira cena. Como Jack Nicholson é um grande ator e, além disso, carrega uma extensa bagagem cinematográfica, fica difícil odiá-lo. Ele vai todos os dias almoçar no mesmo restaurante e só gosta de ser atendido pela mesma garçonete, Carol, papel de Helen Hunt. Ele tem como vizinho um pintor gay, Simon (Greg Kinnear), com quem não se entende. Uma série de circunstâncias faz com os três realizem uma viagem juntos. Os filmes de James L. Brooks costumam ser assim. Apoiados em excelentes diálogos e com atuações surpreendentes de todo o elenco em histórias que costumam fugir sempre do lugar comum. E tem uma das melhores declarações de amor de todos os tempos. Em uma cena, durante um jantar, Carol pede a Melvin que lhe diga algo bonito. Ele conta uma história aparentemente sem sentido algum e no final a resume com a frase: "você me faz querer ser um homem melhor". Jack Nicholson e Helen Hunt ganharam, merecidamente, quase todos os prêmios de atuação por este filme. Em tempo: preste atenção na ponta feita por dois roteiristas-diretores Lawrence Kasdan (o médico de Melvin) e Harold Ramis (o médico do filho de Carol). Além disso, temos a participação de Yeardley Smith, atriz que dubla a Lisa Simpson e que faz a secretária de Simon.

MELHOR É IMPOSSÍVEL (As Good As It Gets - EUA 1997). Direção: James L. Brooks. Elenco: Jack Nicholson, Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr., Skeet Ulrich, Shirley Knight e Yeardley Smith. Duração: 139 minutos. Distribuição: Sony.

Marden Machado - in CINEMARDEN

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Trata-se de filme para ser visto de tempos em tempos. Avaliação sucinta e óbvia: melhor, impossível.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

OLD CHARGE


Brasil, abril de 1989: começava a surgir o "fenômeno Collor".

NORDESTE, O EPICENTRO (II)


Nordeste, o laboratório da nova economia

Por Luis Nassif

A emergência do Brasil no mundo, a recuperação da autoestima nacional inspirou em algumas mentes brilhantes a utopia da Amazônia. Ou seja, utilizar a região como laboratório para um novo Brasil, fundado na sustentabilidade, na exploração da biodiversidade, na mudança do padrão da exploração agrícola. A grande revolução brasileira, o novo modelo de desenvolvimento, terá no nordeste seu grande laboratório.

***.

Historicamente o nordeste padeceu de alguns males: excesso de pobreza, ausência de cidadania, sufocada por um modelo político anacrônico e opressivo.

Isso não impediu que, na cultura popular nordestina, sobressaíssem qualidades extraordinárias, que o modelo econômico anterior impedia que fossem economicamente exploradas. A música, as festas, o artesanato, o modo de ser afetivo, características hoje que são centrais na imagem que o Brasil projeta no mundo. Há uma imensa legião de artesãos, músicos, artistas, pequenos empreendedores com potencial para gerar riqueza.

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A partir dos anos 90, começou a gradativa exploração econômica de algumas dessas características. As festas populares se profissionalizaram, começando pelo carnaval de Salvador, indo para o carnaval de Recife-Olinda, as festas juninas, os carnavais fora da época. O turismo ganha grande impulso com a construção de rodovias costeiras permitindo investimentos pesados em hotelaria. A Europa descobre o nordeste, às vezes por razões abjetas, como o turismo sexual, mas gradativamente convergindo para as belezas naturais, os festejos, a musicalidade, a alegria do povo nordestino. O artesanato nordestino começa a conquistar grandes centros brasileiros e, depois, internacionais.

No início da década de 2000, uma pesquisa do Sebrae Nacional - conduzida pelo italiano Domenico Di Masi - identificou a "cara do Brasil" no exterior. Dentre as maiores marcas, festas populares (carnaval do Rio e festejos nordestinos), a música brasileira, o artesanato nordestino e as novelas da Globo.

Ainda hoje existe imensa exploração dos artesãos da região. Há diferenças de preços que podem chegar a vinte vezes entre o que se paga ao artesão e o que se cobra na boutique.

Mas o desenvolvimento da região tem permitido o aparecimento de formas eficientes de organização, como cooperativas de artesanato. Há experiências bem sucedidas até de exportação, como do mel de abelha do sul do Piauí, exportado para a Europa. Essas experiências estão se espalhando na região, sendo compartilhadas.

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Em cima dessa realidade existe a nova realidade econômica do nordeste, principal beneficiário da emergência das novas classes sociais, graças ao Bolsa Família e ao aumento do salário mínimo. O nordeste profundo passa a se inserir cada vez mais no mercado

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A região passará a abrigar grandes empresas e suas respectivas cadeias produtivas.

Mas o laboratório a ser explorado é a construção de redes de pequenos empreendedores, seja através de cooperativas ou outras formas de organização. O modelo do sudeste - fundado preferencialmente nas grandes empresas e suas cadeias produtivas - poderá ser complementado pelo modelo do nordeste, focado no empreendedorismo em bases sólidas, inovador, criativo.

ENTREOUVIDO EM TRÍPOLI


"Nem os ditadores ferrenhos conseguem resistir à correnteza - notadamente quando ela é embalada a petróleo."

O PODER DA BLOGOSFERA


O poder da blogosfera cresce e preocupa

Na sessão desta sexta-feira do Tribunal Superior Eleitoral, a ministra Carmem Lúcia mostrou-se preocupada com o crescimento das redes sociais no país. Ela chegou a afirmar que a internet é “uma praça virtual que pode depor governos”. Vice-presidente do TSE, ela garantiu que o acompanhamento das redes sociais será um dos principais desafios do órgão nas eleições municipais de 2012.

O pronunciamento da ministra, que presidirá o TSE no próximo ano, confirma que a internet passou a incomodar as estruturas de poder. Alguns setores inclusive já pregam maiores restrições à liberdade na rede. O deputado tucano Eduardo Azeredo é autor de um projeto que aumenta o controle e a vigilância na internet – já batizado de AI-5 Digital. Na sua fala, a ministra do TSE enfatizou que nenhuma medida nesta área pode “comprometer a liberdade de expressão”. Mesmo assim, é bom ficar esperto!
 
Os sinais do aumento da influência da internet no Brasil são patentes. Nesta semana, foram divulgados os números da sondagem CNT/Sensus sobre a popularidade do governo. Pela primeira vez, a pesquisa apurou também o peso da blogosfera como fonte de informação. Dos entrevistados, 16% disseram recorrer “sempre” aos blogs de notícias – cerca de 21 milhões de brasileiros; e 12% disseram recorrer “às vezes” – cerca de 16 milhões. Outros 19% disseram que pretendem ter acesso à internet em até 12 meses.
 
“Os números são muito expressivos... A blogosfera tem sido crescentemente uma fonte de informação. Vinte milhões de eleitores usando a internet para se informar sempre é muita coisa”, garantiu ao sítio Carta Maior o diretor da Sensus, Ricardo Guedes. “Eu, por exemplo, aposentei o jornal escrito”.
 
A pesquisa também apurou a penetração das três redes sociais mais populares no país. Entre os consultados, 27% declararam que têm Orkut; 15%, que têm Facebook; e 8%, Twitter. Ainda de acordo com a pesquisa, 25% dos brasileiros (33 milhões de eleitores) dizem usar a internet “diariamente”, enquanto 10% utilizam “alguns dias por semana”.  (Fonte: ContextoLivre).

PORTA-VOZES DO TEA PARTY

domingo, 21 de agosto de 2011

CARLITOS, DIGO, CARLITO


"A GENTE NÃO PRECISA DE MUITOS, SÓ UNS DOS OUTROS."


(Atribuído a Carlos Maia de Souza, o Carlito Maia, publicitário brasileiro. 1924-2002).

O CORDEL RESISTE


Literatura de cordel ganha espaço em São Paulo

Com a maior concentração no país de nordestinos fora da região de origem, a cidade de São Paulo terá dois grandes movimentos culturais que querem preservar uma das maiores tradições brasileiras: a literatura de cordel. Até o dia 6 de outubro, ocorre o 1º Festival de Cordel, no Centro de Tradições Nordestinas (CTN), com oficinas, saraus, cinema e palestras, além de um concurso para premiar os 20 melhores trabalhos.

No próximo dia 27, o Movimento Caravana do Cordel vai reunir especialistas para debater o tema no 1º Fórum do Cordel em São Paulo, no auditório da Ação Educativa, no bairro de Vila Buarque, na região central. Mais do que levar cultura e entretenimento, os coordenadores desses dois eventos querem que eles sirvam para chamar a atenção dos educadores sobre a importância do ensino desse gênero literário nas escolas de ensino fundamental e médio.

Ao pé da letra, cordel significa corda pequena. Seu uso para a classificação da literatura vem do costume, introduzido no Brasil pelos portugueses, de pendurar as cartilhas com os escritos em barbantes nos locais onde as obras eram colocadas à venda. Comumente impressos em papéis rústicos, os exemplares ganharam ilustrações em xilogravura entre o final do século 19 e o começo do século 20.

Curador do 1º Festival de Cordel de São Paulo, o jornalista e estudioso da cultura popular Assis Ângelo informou que a ideia de levar o tema para as salas de aula já se tornou realidade no Ceará e no Piauí, e, agora começa a se espalhar pelo estado do Pernambuco.

Ângelo lembra que, antes de chegar ao Brasil, o dramaturgo português Gil Vicente (1465-1536) tornou-se uma referência do cordel. Entre os primeiros nomes de poetas brasileiros consta o do paraibano Leandro Gomes de Barros, que morreu em 1918. Ele inspirou Ariano Suassuna a escrever a peça O Auto da Compadecida. Além de ser publicada em livro, a obra foi para as telas do cinema e da televisão.

Segundo o especialista, a estrofe mais comum do cordel é a de seis versos, cada um deles com sete a 11 sílabas. As rimas não podem faltar. Para Ângelo, é preciso acabar com o preconceito que ainda existe em torno dessa tradição. “Muitos pensam que é uma atividade de analfabetos quando ela inclui, por exemplo, pelo lado erudito, Castro Alves e, pelo lado popular, Patativa do Assaré, que se estivesse vivo estaria hoje com 102 anos”, observou ele. (Fonte: DiretoDaRedação).

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O Cordel resiste, e por méritos próprios. É cultura genuína.
O curador Assis Ângelo dá conta de que o tema Cordel "para as salas de aula já se tornou realidade no Ceará e no Piauí". Para mim, singular novidade. Seria interessante contar com detalhes a respeito do assunto. 

ENQUANTO ISSO, NA EUROPA...


Por Plantu (cartunista francês).

PRECIOSA RELÍQUIA


O FALCÃO MALTÊS

Antes de mais nada é preciso esclarecer que quando foi lançado nos cinemas no início dos anos 1940, este primeiro filme dirigido por John Huston recebeu no Brasil o nome de Relíquia Macabra. Somente a partir dos anos 1980, quando foi lançado em VHS, é que ele passou a ser chamado de O Falcão Maltês, tradução literal do título original, The Maltese Falcon. Com roteiro do próprio diretor, baseado na obra de Dashiell Hammett, o filme conta mais um caso de investigação do detetive Sam Spade (Humphrey Bogart), que é contratado por uma linda e misteriosa mulher que pede a ele que resgate uma estátua aparentemente sem valor. Como o pagamento é bem acima da média, Spade aceita o caso e termina se envolvendo em uma trama cheia de mistérios e mortes. É considerada a obra precursora do film noir, um gênero variante do policial, muito comum nos anos 1940 e 1950 e que tinha como uma de suas características retratar o submundo e seus anti-heróis. Huston define aqui as regras e encontra em Bogart o ator ideal para dar vida a Spade. O elenco de apoio também não fica atrás, com destaque especial para Peter Lorre e Mary Astor. O Falcão Maltês é um filme marcante e fundamental na história do cinema.

O FALCÃO MALTÊS (The Maltese Falcon - EUA 1941). Direção: John Huston. Elenco: Humphrey Bogart, Mary Astor, Gladys George, Peter Lorre, Barton MacLane, Lee Patrick, Ward Bond, Sydney Greenstreet e Elisha Cook Jr. Duração: 100 minutos. Distribuição: Warner.

Marden Machado, in CINEMARDEN.

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Chiste sem mistério: Huston estava iluminado ao fazer esse noir.

CARTUM DE NANI

sábado, 20 de agosto de 2011

KRUGMAN E A ALTERNATIVA ALIEN


“Se nós descobríssemos que aliens vindos do espaço estariam planejando um ataque e nós precisássemos de uma infraestrutura para conter a ameaça (...), esta queda (crise) teria um fim em 18 meses.”


(Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia, levando o seu espírito “keynesianista” ao extremo, durante o programa "Fareed Zakaria GPS", da CNN: uma “invasão alien” poderia ajudar a resolver a crise econômica em 18 meses, visto que o governo americano se veria compelido a realizar substanciais investimentos em infraestrutura (com ênfase em armamentos). “Pense sobre a 2ª Guerra Mundial, ok? Havia, na verdade, um gasto social negativo, e ainda assim nos tirou de lá (da depressão)”. Os gastos do governo americano cresceram 37% em 1941, 132% em 1942 e 110% em 1943. 
Para formular a alternativa, Krugman inspirou-se num episódio do famoso e antigo programa televisivo "The Outer Limits". No capítulo lembrado por Krugman, "The Arhechitects of Fear" (1963), o mundo havia entrado em um tipo de guerra fria na qual um holocausto parecia iminente. Na esperança de evitar um confronto apocalíptico entre os países, um grupo de cientistas planeja lançar uma falsa invasão alienígena da Terra, como um esforço de unir a humanidade contra o inimigo em comum.
“E, se então descobrirmos, ops, foi um erro, não há aliens, sairíamos dessa melhor”, arrematou Krugman).
(Texto adaptado. Fonte: Revista Exame).

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Lá pelos anos oitenta, Ronald Reagan, então presidente dos EUA, aventou a hipótese da invasão extraterrestre como forma de se alcançar a paz mundial - mas certamente não passou por sua neoliberal cabeça a elevação dos investimentos públicos. Reagan, ator veterano, certamente assistira ao episódio apresentado em 1963 no "The Outer Limits", quando Krugman tinha dez anos de idade.
Voltando ao recente programa da CNN: Krugman conclui dizendo que "sairíamos dessa melhor" se restasse evidenciado que a invasão alien não ocorreria, pois tudo não passara de um equívoco. Ao que ficamos a matutar: e se a invasão se concretizasse?!!