segunda-feira, 31 de agosto de 2009

JENIPAPO, 1823, A BATALHA DA INDEPENDÊNCIA



O jornalista e historiador Laurentino Gomes, autor de '1808', acerca da vinda de D. João VI ao Brasil, lançará em setembro de 2010 o livro '1822', sobre a Independência de nosso país, destacando a Batalha do Jenipapo como uma das mais importantes para sua consolidação.

A Coroa portuguesa pretendia manter sob seu domínio (via tropas comandadas pelo major João José da Cunha Fidié) as colônias do norte, formadas por Pará, Maranhão e Piauí.

Mas o espírito da Independência marcou presença: Parnaíba, sob a liderança de Simplício Dias da Silva, rebelou-se em 19.10.1822 (o berço da Independência no Piauí); Piracuruca aderiu em 22.01.1823; o 'Grito de Oeiras', capital da Província, aconteceu em 24.01.1823.

Em Parnaíba e Oeiras não houve confronto: os líderes rebeldes se refugiaram noutras paragens ou as tropas portuguesas estavam ausentes do local. Nas cercanias de Piracuruca aconteceu a 'Batalha do Jacaré' (10.03.1823), prelúdio do Jenipapo, em que se digladiaram comandados de Fidié e piauienses liderados por Leonardo Castelo Branco, resultando em um morto de cada lado.

A Batalha do (riacho) Jenipapo aconteceu em 13.03.1823, em Campo Maior-PI, 90 km ao norte de Teresina, quando as tropas portuguesas desciam de Parnaíba (foco inicial da revolta), passando por Piracuruca, com destino à capital Oeiras, onde em janeiro se dera o 'Grito'. Campo Maior fica como que no meio do caminho.

De um lado, Fidié e cerca de 1.100 comandados, com farta munição e armamento (inclusive artilharia), de outro, algo em torno de 2.000 camponeses (lavradores, vaqueiros), contingente em que se misturavam piauienses, maranhenses e cearenses, armados com espingardas, foices, facões, espadas e porretes.

Ao final, aproximadamente 400 rebeldes mortos. Os heróis do Jenipapo.

As tropas de Fidié, em decorrência das baixas sofridas e do alastramento da revolta, se viram compelidas a mudar de rumo, seguindo para Caxias, Maranhão, onde Fidié se rendeu em 31.07.1823.

Os heróis merecem destaque. Bom trabalho, meu caro Laurentino Gomes!

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(Fotos: acervo MeioNorte - Laurentino -; Alcilia Afonso - Kaki -; arquiteta; blog http://kakiafonso.blogspot.com/ : Monumento aos Heróis do Jenipapo; Campo Maior, BR 343, a 90 km de Teresina; projeto do arquiteto mineiro Raul de Lagos Cirne).

domingo, 30 de agosto de 2009

MADEIRA LUNAR?!


"Museu holandês afirma que pedra lunar recebida por astronautas da missão Apolo 11 não passa de madeira petrificada.
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A rocha lunar foi dada de presente em 9 de outubro de 1969 para o então primeiro ministro holandês Willem Drees. Em visita ao país, os próprios astronautas Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin entregaram a pedra, no mesmo ano que retornaram da missão à Lua.
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O Museu Nacional Rijksmuseum recebeu a pedra em 1988, após a morte de Drees. Durante anos, o objeto foi um dos itens mais exóticos e valiosos da coleção, chegando a ser avaliado em mais de 40 mil euros. No entanto, segundo comunicado divulgado no dia 26 de agosto, a pedra é uma fraude. Em nota, o museu afirma que especialistas analisaram a relíquia e, em menos de meia hora, constataram que não se tratava de nenhuma rocha lunar. (...)" (Abril Notícias).

Os adeptos da teoria da conspiração com certeza se sentiram premiados em razão de notícia tão apetitosa.

sábado, 29 de agosto de 2009

O FAMOSO 'SE'

Se o STF tivesse levado em conta a máxima consagrada (na área penal) do 'in dubio, pro societate', Antonio Palocci e Marcelo Amorim estariam fazendo companhia a Jorge Mattoso, em relação a quem foi aceita a denúncia do Ministério Público em torno da quebra do sigilo bancário do caseiro piauiense Francenildo dos Santos Costa.

Se o caseiro Francenildo contasse a história completa e exata dos, ao que consta, quarenta mil reais...

(O primeiro 'se' é deste mundo, mas um 'se' comum; o segundo reside no campo das vãs especulações, mas, que seria famoso caso viesse à baila, seria).

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

VAMOS TIRAR O CHAPÉU

Eurípedes Waldick Soriano, de Caitité-BA, maio 1933-setembro 2008, lavrador, garimpeiro, peão, motorista de caminhão, cantor. Influências: Durango Kid (o mocinho de roupa e chapéu pretos do cinema e dos quadrinhos), Anísio Silva, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino e, mui especialmente, o cubano Bienvenido Granda. 83 discos. O 1°: 'Quem és tu', 1960. Entre os inúmeros sucessos, 'Paixão de um homem', 'Eu não sou cachorro não' e a fenomenal 'Tortura de amor', composta em 1961, gravada no ano seguinte e censurada em 1974 pelo regime militar, que cismou com o termo inicial. Menosprezado desde o início (inclusive em Caitité, por um bom tempo), encarnava, não obstante, o verdadeiro artista popular. Nos anos setenta, visitando Luzilândia-PI (ou era Piracuruca a cidade?), 'derrubou' duas garrafas de cana, bebendo direto no gargalo - mas acho que os caras exageraram ao contar a história. Outro folclore dá conta de que passou três dias num quarto com uma dama de vermelho... Lenda é lenda. Vamos tirar o chapéu pro grande Waldick, que nos brinda com 'Tortura de amor'.


O PASSADO É O SENHOR DA REFLEXÃO


"A SORTE FOI TER UM PRESIDENTE INCOMPETENTE COM O MUNDO CRESCENDO. SE O CENÁRIO FOSSE DE RECESSÃO, ESTARÍAMOS EM CONVULSÃO SOCIAL".


(Jorge Bornhausen, político brasileiro, ex-presidente do 'ex'PFL; palavras proferidas em janeiro de 2006, em entrevista à revista VEJA. No último trimestre de 2008 irrompeu mastodôntica crise mundial, que o Brasil soube - e está sabendo - superar com a diversificação das parcerias comerciais, o estímulo ao consumo interno mediante o combate às desigualdades, via elevação do valor real do salário-mínimo e expansão de programas sociais, a ação incisiva dos bancos públicos - o que fez o crédito chegar à inédita marca de 45% do PIB - , as desonerações fiscais e uma ação 'keinesiana' na área de investimentos).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

VIVA BANDEIRA

"O livro mais precioso de minha biblioteca é um velho caderninho de folhas pautadas e capa vermelha, comprado na Livraria Francesa, Rua do Crespo, 9, Recife, e em cuja página de rosto se lê 'Livro de assentamento de despesas. Francelina R. de Souza Bandeira'. Era o nome da minha mãe." Mais adiante, diz: "Sinto meu avô materno nos meus cabelos, sinto-o em certos meus movimentos de cordura. (...) Minha mãe transmitiu-me traços de meu avô que, no entanto, não estavam nela. Que grande mistério que é a vida".

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886. Comemora 80 anos, em 1966, recebendo muitas homenagens. A Editora José Olympio realizou em sua sede uma festa de que participaram mais de mil pessoas e lançou os volumes Estrela da Vida Inteira.No dia 13 de outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, morre o poeta Manuel Bandeira, no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.

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O piauiense João de Deus Netto, o Netto de Campo Maior, reside em Curitiba, é ligado em humor e literatura - além de ser um baita caricaturista).

RIDES AGAIN


OS ESPECIALISTAS EM PLANTAS ARTIFICIAIS SÃO NÔMADES POR NÃO DAREM A MÍNIMA PRA ESSE NEGÓCIO DE FINCAR RAÍZES.


O sexo dos anjos está revelado na quadratura do círculo.


NO REINO DAS OBVIEDADES, UM É POUCO, DOIS É BOM, TRÊS É ÍMPAR.


Quem fala o que quer, ouve o que não quer (dependendo, claro, da acústica).


DA DISCUSSÃO NASCE A LUZ, DA FALTA, O CAPUZ.


Lema da grande mídia: todos são iguais perante a manipulação da informação.

RESUMO DA ÓPERA

Ante aos sombrios resultados de sua gestão, dona Lina Vieira achou que havia encontrado o bode expiatório: o ‘prejuízo’ decorrente da (legal e legítima) mudança de regime contábil a cargo da Petrobras, somado aos efeitos da crise financeira mundial. Deu no que deu. De cara no chão, procurou outro bode: o ‘encontro’ com a ministra Dilma Rousseff, em dia e hora incertos e não sabidos. Deu no que deu (embora a grande mídia e os preclaros estadistas da República garantam que tem de dar outra coisa).
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O fato é que Dona Lina e seus parceiros deram com os burros n’água (burros, e não bodes, que bodes, quem conhece a caatinga sabe, não combinam com água).

Mas, do saco em que hibernam a Ditabranda e a ficha DEOPS adulterada da ministra passa a constar o 'encontro', por mais incerto, não sabido, expiatório e fictício que seja. Vai ver, o propósito era esse.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

SOBRE GALOS, CANÁRIOS E MULHERES


O IBAMA, há cerca de dez dias, apreendeu, em uma rinha na zona rural de Teresina, 127 galos de briga. Aplicou multa e está processando criminalmente os algozes dos galos, digo, os donos, ao passo que os galos foram transferidos para unidade da EMBRAPA, onde serão tratados.

Ocorre que o IBAMA, logo após a apreensão, e antes da intervenção da EMBRAPA, andou ameaçando abater ditos galos, o que motivou protestos (justos) dos algozes, digo, criadores e da APIPA Associação Piauiense de Proteção e Amor aos Animais.

A edição de hoje do jornal Meio Norte, de Teresina, traz o texto 'Galos de briga', de Heitor Castelo Branco Filho, da Academia Piauiense de Letras, que se alia aos criadores e à APIPA, alinhando argumentos bem singulares. Alguns deles:

.'Na briga de galo, a luta termina quando um dos atletas abandona a luta. Ocasionalmente, em todas as modalidades de luta, já aconteceu a morte de um dos licitantes (sic)'; (acho que se quis dizer 'litigantes');

.'No caso particular do galo de briga (...) são animais que não têm condição de viverem por si sós. Somente sobrevivem com tratamento fidalgo, tomando vários banhos diariamente, sendo massageados com cremes especiais e com alimentação rigorosamente elaborada por médicos veterinários nutricionistas';

.'Como os lutadores em geral, estes galos defendem, nas rinhas, a sobrevivência de suas espécies. Sem combate não teriam aficionados que deles cuidassem e não poderiam sobreviver por conta própria. Sem essa assistência, eles simplesmente desapareceriam. Tal como os Canários Belgas que sobrevivem cantando e não prescindem de tratamento muito especial';

.'Para que se extinga o galo de briga, sob a alegação de que sofrem nas lutas, seria consentâneo também cremar os diversos lutadores de ringue, os cavalos que são açoitados e esporados nas corridas de hipódromos, os burros e jumentos de carga que são continuamente surrados (...), os jogadores de futebol que são impiedosamente pisoteados nos estádios, e por que não, as esposas diuturnamente espancadas, humilhadas e horripiladas por monstros humanos que, pela superioridade física, as submetem a torturas físicas e mentais'.

Tem mais. Paro por aqui.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O FUTURO É ADMINISTRÁVEL


Nouriel Roubini, o 'Senhor Catástrofe', alerta para a possibilidade do retorno do desastre financeiro mundial, configurando a teoria do W.

Quando Roubini fala, a terra treme. Afinal, o cara leciona economia na Universidade de Nova York.

Felizmente, há quem não ache as antevisões de Roubini tão nítidas. Um dos críticos dele é Stephen Kanitz, analista e administrador.

Kanitz se embasa na 'tática administrativa' de análise da conjuntura: os fatores levados em conta são mais amplos que os dos economistas.

Desde o início (setembro/dezembro 2008), Kanitz vem cantando a pedra e acertando todas, notadamente em relação ao Brasil.

Até o conceito de recessão, consagrado pelos economistas (dois trimestres consecutivos de resultado negativo no PIB), se revelou desmoralizado pelo Brasil, segundo Kanitz - e a realidade.

Vale a pena (inclusive para Roubini) acompanhar o blog 'O Brasil Que Dá Certo': http://brasil.melhores.com.br/.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SUPREMA LEX


Deu no UOL notícias: 'O STF (Supremo Tribunal Federal) negou nesta segunda-feira (24) liberdade ao médico Roger Abdelmassih, preso no último dia 17, acusado de 56 estupros contra pacientes. A decisão é da relatora do caso, ministra Ellen Gracie, que arquivou o habeas corpus apresentado pela defesa.

A ministra levou em conta a súmula 691 do Supremo, que impede que a Corte analise um habeas corpus quando o mesmo ainda não tenha sido decidido por uma instância inferior da Justiça, no caso, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), que também negou liminar ao médico, dono de uma das mais famosas clínicas de fertilidade do Brasil, em decisão do ministro Felix Fisher. Enquanto o mérito não for analisado pelo STJ, diz a ministra, o Supremo não pode se posicionar'.

A súmula 691, invocada pela ministra, foi solenemente ignorada pelo ministro Gilmar Mendes quando da concessão de dois habeas corpus a Daniel Dantas, do Opportunity (e da Operação Satiagraha) em 2008.

Menos mal que a ministra Ellen cumpriu sua parte relativamente ao primeiro dos meliantes.

GETÚLIO, 55



Getúlio Vargas, 19 de abril de 1882; 24 de agosto de 1954. Por Nássara, novembro 1910, dezembro 1996.

E Nássara, por ele mesmo.

OLHARES CÓSMICOS





Nas fotos: 'descobertas' recentes sobre o cosmos: Galáxia NGC 1097 (ou GALÁXIA OLHO), captada em julho pelo telescópio Spitzer, e Nebulosa OLHO DE GATO, fotografada há pouco pelo Hubble.

Na ilustração: Galileu Galilei, que há 400 anos deu luz ao telescópio. Autora: a titular do blog http://marianamassarani.blogspot.com/ , escritora e ilustradora, que, muito pertinentemente, lembra que 2009 é o ano internacional da astronomia.

domingo, 23 de agosto de 2009

O TEMPO, VEJA SÓ, O TEMPO...

Revista VEJA, nas bancas. Entrevistado: Carlos Augusto Montenegro, presidente do IBOPE.

Vaticínios: a) o PT caminha para a extinção; b) Lula não fará seu sucessor.

Revista VEJA, janeiro de 2006. Entrevistado: Jorge Bornhausen, presidente do PFL.

Vaticínios: a) 'a gente vai se ver livre dessa raça pelos próximos 30 anos'; b) Lula não se reelege em 2006.

John Kenneth Galbraith, economista e escritor canadense: 'Há dois tipos de pessoas que dirão o que irá acontecer no futuro: aqueles que não sabem e aqueles que não sabem que não sabem'.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ÁGUAS DE MARÇO


Tom Jobim, no Sítio Fundo (RJ), com as águas - talvez de março - e a natureza. Tempos depois, alguém iria bicar a Rosa Passos tocando e cantando Águas de Março. Supimpa, como diria o Tomzim, no dizer de Vinicius.

CENAS DE HOJE

No plenário, o cadafalso montado. Pedro Simon e Cristovam Buarque, exultantes, montados em suas plataformas políticas, aguardam a hora fatal.

À carta de Lula, porém, Mercadante não faz olhos de mercador, e arremata: 'Eu fico!'

Simon, perplexo, ferido, baqueado mas furibundo, retoma a ladainha. Yeda Crusius, ingrata, não dá as caras para consolá-lo. Será que aquele amigo do Otto Lara estava certo ao dizer que o gaúcho não é solidário em nenhuma ocasião?

Chega a vez de Cristovam. Virtuoso qual Simon, só que bem mais prendado, sai da sonolenta serenidade e vocifera: 'Mercadante atendeu a um chamado de Deus!'

Que, parece demonstrado, escreve certo por linhas tortas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

ESTADÃO E CENSURA TOGADA


O site do Estadão de hoje ostenta tarja preta (atualizada) com o registro: 'HÁ 20 DIAS SOB CENSURA'.

Publiquei dois posts sobre a questão Estadão X Fernando Sarney. O primeiro no dia 03, o segundo dia 13. Em ambos, sustento que o Código Civil prevê tal circunstância, e que a 'censura' não configura desrespeito à Constituição Federal.

Hoje deparei com texto do escritor Carlos Heitor Cony (prestes a completar 50 anos de jornalismo), do qual pincei o seguinte:

"(...). Uma pessoa ou entidade que processe um jornal ou um jornalista (...) tem o direito de recorrer à Justiça. Afinal, vivemos ou pretendemos viver num Estado de Direito. Temos os Códigos Penal e Civil, que regulam a matéria, sem necessidade de uma lei específica. Cabe à Justiça administrar este Estado de Direito, que inclui a prerrogativa de um cidadão recorrer toda vez que se sinta difamado, caluniado etc. É evidente que cabem recursos no trânsito da Justiça, uma corte superior por confirmar ou reformar a sentença anterior. Elementar. (...)"

Irretocável.

O Direito é o Direito. A lei deve ser observada - independentemente do juízo que se tenha dos Sarneys ou Malufs da vida.

A 'censura togada', de que fala o jornalista Alberto Dines, não está 'atropelando a CF', como equivocadamente reclama o jornalista Maurício Azedo.

Ao Estadão, claro, cabe recorrer, arguindo o que achar conveniente, exceto a inconstitucionalidade da medida. Ops, poderá, sim, argui-la. Afinal, o jus esperniandi faz parte do Estado Democrático de Direito.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

ABBEY ROAD, 40 (III)






Minha amiga Elizabeth, do Portal Luis Nassif, inseriu em comentário a post de minha autoria texto de Homero Ventura sobre Abbey Road e outras estradas dos Beatles. Em setembro próximo, o mais importante disco do grupo completa 40 anos (dia 8 passado foi o anivesário da foto). Eis o texto:

POR QUE NÃO VAMOS LÁ FORA E ATRAVESSAMOS A RUA?
disse ele a seus amigos.Essa pergunta, aparentemente bobinha e sem sentido, teria caído em esquecimento total e absoluto se fossem outros o lugar, os personagens envolvidos na cena, e o que aquele ato simples de atravessar a rua representaria para o mundo da música. O lugar: Estúdios da EMI, em Londres. O dia: 8 de agosto de 1969. Ele: Paul McCartney. Seus amigos: John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. O ato: atravessar em fila indiana a Abbey Road, ter o movimento registrado em fotografia, e ter a fotografia estampada na capa do último disco dos Beatles, na minha opinião, o melhor de todos eles, não sem motivo, o mais vendido de sua carreira.
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Estava a maior banda do mundo envolta em dúvidas sobre a capa e até mesmo sobre o nome do disco que estavam acabando de gravar. E era um disco especial, todos sabiam; John, nem tanto. Eles vinham de uma experiência que consideraram frustrada, o projeto Get Back, em que haviam embarcado numa ideia de volta às origens, e abandonado a batuta de George Martin, o grande produtor e mentor de seus discos até então. Só eles mesmos para ficarem frustrados com aquilo que viria a se tornar o último disco LANÇADO dos Beatles, que acabou levando o nome de Let It Be. Fiz questão de capitalizar o particípio qualificativo acima, para distingui-lo de GRAVADO, que é o que se aplica àquele disco sobre o qual pairava a dúvida, e sobre o qual, aliás, não vou falar aqui, deixo para falar à época do aniversário de 40 anos de seu lançamento, em setembro.
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Quem faz ‘estaniversário’ agora é a foto da capa, e é sobre ela que versa este pequeno ensaio. Estava praticamente combinado que eles voltariam a aparecer na capa, como somente haviam deixado de fazer no último LP de estúdio, o famoso The Beatles, conhecido como Álbum Branco pela total ausência de cor, inclusive no nome, que aparecia em alto relevo. Afora aquele álbum, todos os demais traziam a imagem deles na capa, fosse em foto ou desenho, e era bom para registrar as mudanças de visual do grupo: naquele verão de 1969, John, Ringo e George ostentavam grande cabeleira, e grossas barbas. Somente Paul, que nunca foi adepto do estilo cabelão, sempre optou por um visual mais comportado, estava de cara limpa, sem barba ou bigode. Aliás, até mesmo porque estava morto ... hehehe ... depois explico.Restava saber aonde tirar a foto. Por uns bons dias, pensou-se em chamar o álbum de Everest, muito devido a uma marca de cigarros fumados incessantemente pelo engenheiro de som Geoff Emerick (que ganharia o Grammy por seu magnífico trabalho naquele disco). E chegou-se a fazer planos para ir ao próprio Everest para tirar a foto, mas a produção seria muito complicada. Dinheiro não era problema, mas acabaria atrasando o cronograma de lançamento do disco. Pensando bem, até que o local seria bastante apropriado, pois era o topo do mundo, exatamente aonde os Beatles se encontravam: no topo do mundo do entretenimento, não havia ninguém mais poderoso que eles. Foi então que Paul, em sua genial simplicidade, fez a proposta título. De uma idéia que certamente custaria algumas milhares de libras foram a outra que custaria praticamente zero, mas que acabaria tendo efeito infinitamente maior.
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Proposta aceita, foi convocado o fotógrafo Iain Mcmillan, que estava de plantão, e saíram do estúdio. A produção teve alguma dificuldade para parar o trânsito, o fotógrafo subiu em uma pequena escada e tirou meia dúzia de fotos. Paul escolheu a que mais lhe agradou. Era a prerrogativa de quem dera a idéia. Estava decidida e ralizada mais uma capa Beatle. E o disco foi também nomeado Abbey Road, em homenagem à casa que os abrigara nos útlimos sete anos, palco de muitas revoluções musicais.
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Agora, uma digressão para explicar o que estava ‘por detrás’ daquela aparentemente simples foto de quatro cavalheiros atravessando uma rua. Havia uma história, um boato, que pairava no ar à época: a suspeita morte de Paul Mccartney, em um suposto acidente de moto em 1966, e sua substituição por um perfeito sósia. Tudo o que envolvia, ou fazia menção, ou simplesmente lembrava qualquer um dos quatro Beatles, na época, era motivo de especulações dos ensandencidos fãs. Imaginem um boato como este! Variadas evidências, que comprovariam a morte de Paul, foram encontradas em músicas, declarações, anúncios de jornal etc. Sei de algumas delas que só interessam aos mais fanáticos, e que não cabe aqui detalhar. Restrinjo-me aqui ao mais interessante conjunto delas: as estampadas na capa de Abbey Road. Bom, se tiver a curiosidade de checar, pegue o disco na sua discoteca, ou se ainda não tem, que vergonha, vá imediatamente comprar o CD, pois é impossível você não tê-lo em sua estante, e note: 1. Os 4 estão em fila indiana; 2. John segue à frente, de terno branco; 3. Ringo a seguir, de terno preto; 4. Paul, a seguir, com roupa informal chique, descalço; 5. George, finalizando o cortejo, todo em jeans; 6. Paul é o único com o pé direito à frente;Os demais têm o pé esquerdo à frente; 7. Paul carregava um cigarro na mão direita; 8. Há um fusca bege descompromissadamanete estacionado no lado esquerdo. Sua licença é LMW 2 8 I F. Não seria nada além de mais uma bela capa Beatle se os fãs não tivessem usado sua fértil imaginação para descobrir nada menos do que oito evidências irrefutáveis de que Paul estaria mesmo morto! Senão vejamos: 1. Os 4 estão em fila indiana, como todo bom cortejo fúnebre, e iam na direção de um cemitério nas imediações do estúdio; 2. John, que segue à frente, de terno branco, era o padre que lhe proporcionara a extrema-unção (ou o médico, segundo alguns); 3. Ringo a seguir, de terno preto, era o agente funerário que lhe proporcionaria o funeral digno (ou o padre, segundo aqueles mesmos alguns); 4. Paul, a seguir, com roupa normal, mas descalço como todo bom defunto,pronto para ser colocado num caixão; 5. George, finalizando, todo em jeans, um traje simples, como todo humilde coveiro,que o colocaria na cova; 6. Paul é o único com o pé direito à frente; os demais têm o pé esquerdo à frente. Sinal de que não está neste mundo; 7. Cigarro na mão direita? Prova de que não era Paul, sabidamente canhoto; 8. Há um fusca bege descompromissadamanete estacionado no lado esquerdo. Sua licença é LMW 2 8 I F, que naturalmente, quer dizer:"Linda McCartney Widower - Paul would be 28 years old, IF he were alive"
Pode?!!!!!Devemos relevar fato de o ‘I’ do ‘IF’ ser, na verdade, o número ‘1’, como toda boa licença naquela britânica ilha de miserable weather. Ou ainda, que Linda McCartney não poderia ser considerada viúva, já que, à época do acidente ‘fatal’, ela ainda nem conhecia Paul, muito menos havia casado com ele. Meros detalhes! Em 1995, Paul, muito vivo, ainda capitalizou em cima de sua fama de morto. Lançou um disco ao vivo com trechos de sua fantástica, e muitíssimo bem sucedida, excursão mundial. A capa do disco mostra a mesma rua, com um fusca similar àquele, estacionado no mesmo ponto mas com uma licença 54IS, e ele, Paul, sendo puxado por uma cadela da mesma raça de sua antiga cadela Martha, que ele tinha na época do Abbey Road. Deu ao disco o nome de "Paul is Live". O nome tem triplo sentido: 1. "Paul is Live", pois é um disco ao vivo, não gravado em estúdio; 2. "Paul is Live", pois ele não está morto, mas sim bem vivinho, apesar dos boatos; 3. "Paul is Live", pois, além de estar fisicamente vivo, está também artisticamente vivo, ainda fazendo turnês de grande sucesso e vendendo muitos discos, 25 anos depois de terminado o grupo. 4. Para completar, a licença do fusca é 54IS pois," .... now, Paul IS 54 years old! "
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A capa de Abbey Road ficou mundialmente famosa. O citado fusca bege ganhou notoriedade imediata e começou a passar de mão em mão de colecionadores. Chegou a valer dezenas de milhares de libras, e hoje está no museu da Volkswagen, na Alemanha. Desde o fim dos Beatles, todo santo dia, ao menos uma pessoa, às vezes dezenas, preferencialmente em grupos de quatro, repete a coreografia da capa, com pé trocado do 3º, que normalmente está descalço, e tudo o que tem direito. Entre elas, o bocó aqui! Estive lá pela primeira vez em 1992. Só que como eu estava sozinho, tive que esperar por outros três bocós para acompanhar-me na jornada e um 5º bocó para tirar a foto. E retornei algumas vezes: por menos tempo que eu tivesse, fosse apenas uma escala do vôo de ida ou de volta, eu pegava a Jubilee Line do metrô, descia na estação St. James Wood e repetia a coreografia.E deixava, sempre, minha mensagem no muro dos estúdios da EMI. Claro que nunca encontrava a mensagem anterior: aquele local virou ponto de registro do amor pelos Beatles. Cada centímetro quadrado de sua tinta branca é preenchido com declarações, poemas, citações de letras, Beatles 4ever, fulano esteve aqui, sicrano ama beltrana, e coisas do gênero. A velocidade de preenchimento é enorme: a cada três meses, o muro tem que ser pintado, para começar uma nova série de pichamentos, totalmente legais e autorizados! Quem tiver dúvidas sobre o fenômeno, pode ir ao site da EMI, e procurar a imagem: há uma câmara permanentemente ligada, registrando a movimentação aquela faixa de pedestres. Pode estar vazia agora, mas não demora muito e aparece alguém atravessando e fazendo pose.E se for a Londres, não deixe de pagar o seu mico!!!

MANIPULASSÃO

O manual (ou dicionário) de redação da Folha de São Paulo foi jogado às traças: certamente aturdidos ante à brutal dessintonia entre os números dos institutos Datafolha e Vox Populi atribuídos a José Serra e Dilma Rousseff, os escribas, em matéria divulgada no UOL às 10:02 h, incorreram no seguinte vacilo:

'(...) Lula pretende que Ciro concorra ao governo de São Paulo, mas o deputado exita'.

Já o Datafolha, pelo visto, não hesitou nem um pouco.

LÁ E CÁ


Lá, LINA Vieira, que, enrolada, afirma ter feito um belo e incisivo poema, mas que o esqueceu, e também diz não lembrar dia e ano em que o elaborou.

'Pô, poeta LINA Vieira, nem o título?!'

'Juro: nem o título. Mas fiz, sim, um belo e incisivo poema'. (Pano rápido).

Cá, Cora CoraLINA, poeta goiana, 1889/1985:


'(...)

Remove pedras e planta roseiras e faz doces.

Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte

vem a estas páginas

e não entraves seu uso

aos que têm sede'

(Cora CoraLINA, outubro 1981).

A Cora mata a cobra e mostra o poema!
('Mas, rebate a grande mídia: a Lina Vieira foi tão consistente! A atitude dela, firme, foi, antes de tudo, poética, merecedora do crédito que só as almas mais sensíveis são capazes de oferecer').

terça-feira, 18 de agosto de 2009

RAUL SEIXAS, 20


Raul Seixas, o Raulzito, morreu há vinte anos. Deixou sua marca na Jovem Guarda (especialmente com versões cantadas por Jerry Adriani) e no rock nacional (e baladas), com sucessos em parceria com Paulo Coelho.

Eu nasci há dez mil anos atrás, Tente outra vez, A maçã, Gita, Ouro de tolo, Trem das 7, Metamorfose ambulante, Novo aeon, Sociedade alternativa, Cowboy fora da lei, Coisas do coração... é sucesso pra encher um baú!

Pois do fundo do baú do produtor Marco Mazzola acaba de sair uma fita k7 contendo a música 'GOSPEL', de Raul e Paulo Coelho, proibida em 1974 pela censura do regime militar e até hoje inédita.

Parte substancial da letra de 'Gospel':


POR QUE É QUE O SOL NASCEU DE NOVO E NÃO AMANHECEU?

POR QUE É QUE O CRISTO NÃO DESCEU LÁ DO CÉU E O VENENO SÓ TEM GOSTO DE MEL?

POR QUE É QUE A ÁGUA NÃO MATOU A SEDE DE QUEM BEBEU?

POR QUE É QUE EU PASSO A VIDA INTEIRA COM MEDO DE MORRER?

POR QUE É QUE OS SONHOS FORAM FEITOS PRA GENTE NÃO VIVER?

POR QUE É QUE ESTA SALA FICA SEMPRE ARRUMADA SE ELA PASSA O DIA INTEIRO FECHADA?

POR QUE É QUE EU TENHO CANETA E NÃO CONSIGO ESCREVER?

POR QUE É QUE EXISTEM AS CANÇÕES E NINGUÉM QUER CANTAR?

POR QUE É QUE SEMPRE A SOLIDÃO VEM JUNTO COM O LUAR?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

FOLHAS CORRIDAS

Cobras e lagartos, poucas e boas, vitupérios, pecados veniais, pisadas no pescoço, delitos continuados, ilícitos passados e presentes...
A continuar nesse ritmo, é provável que ao final da guerra ora em curso se chegue à distorção de uma velha máxima:


"ENTRE MORTOS E FERIDOS, ESCAPARAM PODRES".

sábado, 15 de agosto de 2009

TERESINA, 157 (IV)


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

TERESINA, 157 (III)


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

CASA DA CULTURA, 15





A Casa da Cultura de Teresina, que ontem comemorou 15 anos, é uma estrutura que envolve museu, bibliotecas, pinacotecas, sala de vídeo etc, contemplando arte sacra, numismática, artes plásticas, fotografia, dança, teatro, balé e por aí vai.

Josy Brito tem motivos para sentir-se recompensada. Nós também. Mas a Josy e nós sabemos que muito mais será feito.

Afinal, tem tudo pra ser um show contínuo e crescente de animação cultural. Basta ver o lema da equipe: 'A CASA É SUA'.

Parabéns a todos os que fazem a Casa da Cultura de Teresina.

CASA DA CULTURA (II)


Delite Fonseca, José Elias A. Leão, escritor Manoel Paulo Nunes e Josy Brito, na festa dos 15 anos da Casa da Cultura.

CASA DA CULTURA (III)


Cineas Santos e Delite Fonseca. Eu falei: 'Pô, cara, tem que sorrir!'. Ele: 'Tá. Vou contar uma piada, um causo que aconteceu numa viagem que fizemos a Fortaleza. No final você bate a foto'.

Dito e feito.

CASA DA CULTURA, 15 (IV)





Entre as exposições, o destaque é Fernando Antonio da Silva Costa, nosso querido Fernando Costa, falecido em 1987. Um cara de talento ímpar, com um traço que espelhava à perfeição sensibilidade, amargura e perplexidade em face do mundo. Há um quadro de autoria dele na sala de minha casa. Grande Fernando Costa!

No alto, Fernando. Em seguida, autorretrato. E um desenho.

LEX EST LEX


A Associação Mundial de Jornais (que congrega 18.000 publicações) e o Fórum Mundial de Editores (15.000 sites) enviaram carta ao governo brasileiro manifestando indignação quanto à pretensa censura imposta ao jornal O Estado de São Paulo (e seu site) no que tange à 'Operação Faktor', ex 'Boi Barrica', que apura malfeitorias de Fernando Sarney e outros.

Ao determinar a censura, a Justiça levou em conta que as matérias veiculadas pelo Estadão configuravam vazamento de dados colhidos pela Polícia Federal (processo sob segredo de Justiça).

Ora, a Constituição Federal determina que "é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística" (§ 2° do artigo 220), mas essa mesma CF traz em seu art. 5°, X a garantia da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (independentemente do juízo que tenhamos formado sobre certas pessoas). São os chamados 'Direitos da Personalidade'.

Os direitos da personalidade estão alinhados nos artigos 11 a 21 do Código Civil.

Se é ilícito vazar informação constante de processo sob segredo de Justiça, tal prática não conta com a proteção da CF, pois as liberdades públicas não podem prestar-se à tutela de condutas ilícitas. Aplica-se, então, o que prevê o Código Civil (a proibição da veiculação, ou seja, a censura).

A CF é de 1988, o Código Civil, de 2002. O Código Civil, ao que consta, é constitucional, tanto que o Supremo Tribunal Federal, ao contrário das expectativas do Estadão e seus parceiros, não tornou sem efeito a decisão do desembargador Dácio Vieira. Foi pertinente a decisão do ministro Gilmar Mendes.

E agora? O Código Civil é inconstitucional por, na prática, prever censura?

Por que até o momento não se abordou explicitamente o assunto sob tal enfoque?

Enquanto isso, segue o Estadão posando de pobre e desprotegida vítima, contando com a veemente solidariedade de amplas instâncias, inclusive entidades de âmbito mundial. Quosque tandem?

TERESINA, 157 (II)





No alto, Praça da Constituição (Praça da Bandeira?), década de 1910. Acima, Praça da Bandeira, anos 30. Ao lado, Ponte Metálica, anos 60. (Acervo:IPHAN).

Parabéns, garotinha.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

SIM, MAS...


"PARECE AFINAL QUE NÃO TEREMOS UMA SEGUNDA GRANDE DEPRESSÃO".


(Paul Krugman, ganhador do Nobel 2008 em economia. A avaliação não causa tanto impacto, pois o 'senhor apocalipse' Nouriel Roubini há dias já afirmou algo nessa direção, e o próprio Banco Central dos EUA bateu o martelo ao dizer que 'o mundo não acabou, o que acabou foi o fim do mundo'. SIM, MAS... é bom lembrar que o pacote regulador dos bancos e suas aplicações financeiras, especialmente derivativos, permanece empacado no Congresso americano. Quase tudo, quanto a controle, está como antes: em ritmo de frouxidão. Enquanto isso, com a - ainda modesta - reação, os CEOs voltaram a faturar os tubos, o que alimenta a afoiteza. Ou seja, os que torcem pela 'pegação de fogo' do mundo - e, claro, pela desmoralização da marolinha - ainda têm motivos para cruzar os dedos).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O ÚLTIMO APARTE

O político estava há mais de uma hora na tribuna. Humildemente, pedira desculpas a seus pares e à opinião pública pelas deploráveis cenas de quase-pugilato patrocinadas em pleno plenário (beleza: pleno plenário) na semana passada.

Os apartes se sucediam:

'Diante de tal gesto, resta-me dizer: Vossa Excelência é um exemplo para este país!';

'O Brasil se orgulha de contar com um senador de tamanha estatura!';

'A humildade revelada por Vossa Excelência é a demonstração cabal e eloquente de seu caráter impoluto!';

'Vossa Excelência é o orgulho do Brasil! Verdadeiro Estadista!' (Assim, com maiúscula).

Foi então que alguém, no apagar das luzes, solicitou um aparte.

'Vossa Excelência é demais! Sumidade. Expert na arte de transformar limão em limonada. Fez aquele papelão todo e agora está aqui, colhendo elogios fantásticos; se fosse tudo proposital, não seria melhor!'

'Alto lá! Não admito insinuações. Engula o que disse!'

'Eu fiz um elogio a Vossa Excelência, e é essa a retribuição que recebo?!'

'Você me ofendeu, seu canalha!'

'Canalha é você, seu pústula! Desce daí, pra ver uma coisa!'

'Eu vou é lhe descer o braço, seu cretino!'

(A turma do deixa disso entra em ação. Pano rápido).

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

VANDO DO TROMBONE, 33





Quinta-feira passada, no Espaço Trilhos (agora Grupo Harém), comemoramos os trinta e três anos de Vando Barbosa, o Vando do Trombone, do Trombone e Cia.

Na foto ao alto, a família Vando: a mulher, Daiane, o filho Ewerton (há mais dois), a sobrinha Raíssa e dona Maria, mãe do trombonista.

Na segunda foto, Vando recebe a pajelança da galera. Entre outros, Fred (do Clube do Choro de Brasília), Poeta William Soares, Vilma Barbosa (irmã do homenageado) e Laurinha.

Na fotinha, Vando, emocionado, cercado por seus queridinhos. Ao fundo, o Trombone mandava bala com chorinhos, sambas e que-tais.

Eu e o velho amigo Poeta William caprichamos na cerveja, juntando nossas vozes à do povo, que desejou sucesso total para o grande Vando.

Parabéns, professor!

LEITURAS INFINITAS






Agosto 2009: há 400 anos, na torre de São Marcos, em Veneza, Galileu Galilei exibiu aos senadores o telescópio, um pequeno tubo com duas lentes nas extremidades. Surgia um mundo novo - se bem que desde há muito antevisto (Hiparco, Aristarco de Samos - e, 3000 anos antes deles, os babilônios -, Nicolau Copérnico e Giordano Bruno).

As lentes, de vidro, teriam sido feitas por um fabricante de óculos, o alemão Hans Lippershey, que as repassou a Galileu. Em 1668, o matemático e físico Isaac Newton substituiu as lentes por espelhos, eliminando as distorções que o vidro produzia. Os telescópios passam, assim, de refratores a refletores.

De 'viva vista' ou mediante hipóteses matemáticas, foram distinguidos: anéis de Saturno, fases de Vênus, manchas solares etc. Uma das primeiras imagens que Galileu viu com seu telescópio foi o 'Aglomerado da Colmeia', cintilando na constelação de Câncer.

A questão é que Galileu nasceu em 1564, um ano após o Concílio de Trento (1545 a 1563), que marcou a Reação da Igreja, a Contra-Reforma (reforma Protestante de 1517, de Martinho Lutero e suas 95 teses). A Igreja abominava, então(?), qualquer passo fora do quadrado: heliocentrismo (ao invés de geo), 'outros mundos'. Daí a Companhia de Jesus e o Tribunal do Santo Ofício. O certo é que o Galileu do 'EPPUR SI MUOVE' só alcançou a absolvição em 1999. (Frase do Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de estado do Vaticano, em 2008: '(Galileu Galilei foi) um homem de fé que viu a natureza como um livro escrito por Deus').

Tudo está deliberadamente embolado. O propósito único é o de mostrar o quanto é bom ler sobre cada um dos ingredientes dessa salada. Ciência, Religião, História, Direito (canônico), Economia (o 'egoísmo altruista' do Protestante Adam Smith e sua 'A Riqueza das Nações'). Fantástico mundo das leituras infinitas!

Voltemos aos telescópios. Os maiores do mundo: no espaço, o Hubble; o Gran Telescópio Canárias, na Espanha, e os 2 Heck, no Havaí. O Gran e os Heck têm espelho principal com resolução de 10,4 m e 10 m cada um, respectivamente. Em 2012 será iniciada a construção do Telescópio Gigante de Magalhães, Observatório Las Campanas, Chile. A conclusão está prevista para 2019; espelho principal: 24,5 m. Vai enxergar o inimaginável.

Por falar em inimaginável, convém anotar:

.os ganhadores do Prêmio Gruber de Cosmologia (Jeremy Mould, Wendy Freedman e Robert Kennicutt) determinaram, em 1999, a idade do Universo: 13,7 bilhões de anos;

.há, no Universo, 1 trilhão de galáxias (ou, quem sabe, 10 trilhões, ou...), e em cada galáxia até 500 bilhões de estrelas;

.a Via Láctea, galáxia onde está o Sistema Solar (da estrela Sol, de 'quinta grandeza', conforme se frisava no curso primário), tem 100.000 anos-luz de extensão;

.o Sistema Solar, onde está a Terra, fica a 26.000 anos-luz do centro da Via Láctea. É mais periférico do que central;

.em 1929, Edwin Hubble observou que o Universo está se expandindo; há dez anos, notou-se que a expansão está se acelerando. Como corpos no espaço têm massa, acreditava-se que a gravidade estivesse fazendo a expansão do Universo desacelerar. Daí a perplexidade. O motivo: uma força estranha e desconhecida, batizada de energia escura. Ela está fazendo tudo se afastar cada vez mais rápido. A energia escura representa 70% de tudo aquilo que existe no Universo, mas ninguém sabe dizer de onde ela vem.

Galileu, por aqui, certamente estaria exultante. Enigmas em série. É até possível que com ele ocorresse o que se passou com a astrônoma Aileen O'Donoghue, da Universidade de St. Lawrence, em Canton, Nova York, que ora auxilia o padre jesuíta Christopher J. Corbally, vice-diretor do Grupo de Pesquisa do Observatório do Vaticano, em Mount Graham, Arizona, Estados Unidos (há uma longa intimidade da Igreja com as estrelas...).

O'Donoghue, que foi criada no catolicismo, é autora de 'O Céu Não é um Teto: A Fé de um Astrônomo', onde descreve como perdeu e reencontrou Deus 'na vastidão, na estranheza, na abundância, na aparente falta de sentido, e até mesmo na violência deste incrível Universo'.

Eis aí mais um título para entrar no rol das 'leituras infinitas'. E viva Galileu.

DA SÉRIE CHARGES PREMONITÓRIAS

Doutor Tancredo, 1984.

TERESINA, 157 ANOS



Desenho de Mariana Massarani, ilustradora e escritora. Blog: http://marianamassarani.blogspot.com/ .

O sol da Mariana é pra quem sabe o que é o sol. E cajuína cristalina.

sábado, 8 de agosto de 2009

ABBEY ROAD, 40 (II)


Beatlemaníacos, à frente Richard Porter - autoridade em matéria de The Beatles (Porter é o à esquerda, acima) -, comemoram os 40 anos da foto de capa do mais importante disco dos rapazes de Liverpool: Abbey Road.

Perto do famoso ponto de travessia, fica o estúdio, onde também gravaram Glenn Miller, Pink Floyd, Oasis, U2.

A foto faz, hoje, 40 anos. O bolachão, porém, só saiu em setembro de 1969.

Em breve, esperamos retornar com o fantástico assunto.