quinta-feira, 31 de julho de 2014

FACE TO FACE


Sinovaldo.

GAZA

                            (Charge produzida antes da manifestação de Navi Pillay).

J. Robson.

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Eis que, nesta data...

Alta comissária da ONU critica EUA por armar Israel e não contribuírem para paz

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta quinta-feira (31) os Estados Unidos por proporcionar armamento ao Exército israelense e não fazer o suficiente para deter a ofensiva contra a Faixa de Gaza.

"Os Estados Unidos têm influência sobre Israel e deveriam fazer mais para parar as mortes, para que as partes em conflito dialoguem", disse Pillay em entrevista coletiva, na qual falou da ajuda financeira e a entrega de armas dos EUA a Israel. (Para continuar, clique aqui).

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Enquanto isso, autoridades israelenses insinuam que o secretário de Estado norte-americano John Kerry, em articulações no Cairo, estaria tentando favorecer o 'outro lado'... (O que, convém deixar claro, não desfaz a contundência da denúncia feita pela alta comissária).

NA FLIP 2014, JAGUAR LOUVA MILLÔR E RELEMBRA OS TEMPOS D'O PASQUIM


"Abrindo as atividades da da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), dois discípulos e um amigo de Millôr Fernandes se reuniram para relembrar histórias sobre o homenageado do evento neste ano: os Cassetas Reinaldo e Hubert, que iniciaram suas carreiras com colaborações para o jornal satírico "O Pasquim", e o cartunista Jaguar, um dos criadores da publicação em que Millôr trabalhou por vários anos.

Jaguar não hesitou em contar histórias "cabeludas" do cartunista. Comentando a inimizade entre Millôr e Tarso de Castro, que era editor do "Pasquim", Jaguar contou sobre uma briga envolvendo Chico Buarque. "O Chico Buarque, que era muito amigo do Tarso de Castro, virou inimigo do Millôr por um tempo.  Uma vez, num bar no Leblon, ele perguntou: 'O que você tem contra mim?'. Millôr não respondeu. Chico deu uma cusparada nele. Millôr atirou tudo que tinha na mão na direção do Chico, mas não acertou nada. Contei essa história dizendo que o maior humorista brasileiro brigou com o maior compositor brasileiro. Me ligaram para perguntar se eu tinha brigado com o Martinho da Vila", relembrou, rindo.

Jaguar também desvendou outra das muitas polêmicas em torno da figura de Millôr: a história de que o cartunista não fora preso pela ditadura por ter "as costas quentes". "O Tarso de Castro [editor do 'Pasquim'] espalhava que o Millôr não foi preso porque tinha as costas quentes. Mas a verdade é que tudo no Brasil é esculhambado, inclusive a repressão política", afirmou, para risos da plateia.

"Uma vez, a polícia prendeu a turma do 'Pasquim' e o Ferreira Gullar. Quando iam pegar o Millor, o carro já estava cheio. Deixaram pra prender no dia seguinte. Ele soube e sumiu", relembrou, rindo.
Ainda sobre o período da ditadura, Jaguar contou sobre o período em que foi preso. "Em 69, todo mundo foi preso. Me escondi na casa do Flávio Cavalcanti, eu e a Leila Diniz. O Paulo Francis ligou: 'Eles falaram que só soltam a gente se você se entregar. A sua consciência responde', disse o Francis. Nem tive o gostinho de ser preso, resistir a prisão. Paguei um táxi pra ir pra prisão. Lá na Vila Militar. Foi uma nota preta".

"Quando cheguei na porta da Vila Militar, parei. Fui no bar. Tomei um porre. Depois me apresentei. Fiquei três meses preso. Dizem que estou fazendo piada, mas foi o melhor período da minha vida. Levei 'Guerra e Paz'. Onde você vai ler 'Guerra e Paz'?", brincou, afirmando também que não foi torturado.

"Foi um período maravilhoso. E com pinta de herói. Quando saímos, as moças ficaram maravilhadas. Ziraldo não gosta que eu conte essa história. Eu subornava os guardinhas e eles me traziam cachaça. O coronel, que chefiava, dizia: 'não sei o que vocês fizeram, mas vocês são ótimos'. Eu tapava a mão para falar com ele por causa do bafo de cachaça. Foi todo mundo solto. Eu saí direto pro baile de Réveillon. Me deram tanta cachaça que eu só acordei três dias depois", contou."



(Maurício Stycer, no Uol, texto intitulado "Na Flip, Jaguar conta sobre briga em que Chico Buarque cuspiu em Millôr").

A VIA LÁCTEA E AS SANDÁLIAS DA HUMILDADE CÓSMICA


Via Láctea, a galáxia modesta

Por Salvador Nogueira

(...) segundo dois grupos independentes de astrônomos britânicos, nossa galáxia é bem menos pujante do que antes se pensava. Na verdade, ela tem apenas metade da massa de nossa vizinha, Andrômeda.

Andrômeda (na foto), também chamada de M31, tem o dobro da massa da nossa pobre Via Láctea.

Os dois trabalhos, aceitos para publicação no periódico “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”, acabam de uma vez por todas com a discussão sobre quem é a maioral no chamado Grupo Local, conjunto de galáxias próximas à Via Láctea que orbitam em torno de um centro gravitacional comum. E, surpresa!, não somos nós.

“Sempre suspeitamos que [a galáxia de] Andrômeda fosse mais massiva que a Via Láctea, mas pesar ambas as galáxias simultaneamente se mostrou um desafio extremo”, disse Jorge Peñarrubia, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, líder de um dos trabalhos. Já o estudo paralelo foi conduzido por Jonathan Diaz e colegas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

Ambos usaram metodologias e números diferentes para calcular a proporção das massas das duas maiores galáxias do Grupo Local e chegaram à mesma conclusão: com confiança superior a 95%, a Via Láctea é a menorzinha, com metade da massa da outra.

A DANÇA DAS GALÁXIAS
O Grupo Local é composto por mais ou menos meia centena de galáxias, das quais há três em formato espiral: a Via Láctea, Andrômeda e a galáxia do Triângulo. Essa última é a menor de todas, mas havia dúvida sobre qual das duas outras era a predominante. Em 2009, pesquisadores do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica chegaram a anunciar cálculos de que elas tinham mais ou menos a mesma massa e o mesmo tamanho. Um empate técnico.

Os novos trabalhos agora divulgados levam a comunidade astronômica de volta a uma desconfiança que eles já tiveram antes: Andrômeda é de fato a mais massiva das galáxias. Os dois estudos independentes, a despeito das técnicas de cálculo diferentes, partiram do mesmo princípio: estudar o baile das galáxias do Grupo Local. Seu movimento, guiado pela gravidade, seria suficiente para criar uma escala de massas. Afinal, é a massa de um objeto o que dita a intensidade da força gravitacional que ele exerce sobre os demais.

As conclusões foram interessantes. Não só os cientistas verificaram que Andrômeda tem aproximadamente o dobro da massa da Via Láctea, como também puderam constatar que cerca de 90% do total de massa nas duas galáxias é composto por matéria escura — misteriosas partículas de natureza desconhecida que, apesar de não interagirem com a matéria convencional, exercem força gravitacional e, por isso, revelam sua existência de maneira indireta.

FUTURA COLISÃO
A despeito do resultado desfavorável à Via Láctea, essa picuinha de qual é a maior já tem data para terminar. Em cerca de 3 bilhões de anos, Andrômeda e a Via Láctea devem colidir. A essa futura galáxia resultante da fusão os astrônomos costumam dar o nome de Lactômeda. Contudo, a julgar pelos novos trabalhos, talvez devamos optar por outro nome: Androlacta. Afinal, não é Andrômeda que está vindo em nossa direção. Nós, da Via Láctea, é que estamos literalmente caindo na direção dela, atraídos por sua poderosa força gravitacional.

Talvez essa ideia de galáxias em choque soe escandalosa. Mas, de fato, não se trata de nada de novo no front. Esse processo de constante colisão e fusão galáctica tem ocorrido desde que as primeiras se formaram, antes que o Universo completasse 1 bilhão de anos de vida (hoje ele já é um senhor de 13,8 bilhões).

Neste exato momento, a Via Láctea está destroçando galáxias anãs em seus arredores, incorporando suas estrelas às suas fileiras. E o mesmo acontece nas cercanias de Andrômeda. É a dinâmica da evolução cósmica, que pouco nos deve incomodar, tanto psicológica quanto fisicamente — mesmo num encontro de galáxias a colisão entre estrelas é raríssima, de forma que nosso Sistema Solar deve passar incólume pela fusão intergaláctica.

Ressoa, contudo, a constatação de que a nossa Via Láctea é hoje uma galáxia de dimensões modestas. Ela não é especial nem mesmo no Grupo Local ao qual ela pertence. Apenas a segunda maior, com metade da massa da primeira colocada.

É mais um daqueles momentos em que a astronomia nos obriga a calçar as sandálias da humildade.
Sabemos atualmente que nosso sistema planetário é somente um, dos muitos que existem em torno de outras estrelas. Somente a pobre Via Láctea tem pelo menos 100 bilhões de estrelas. Andrômeda tem muitas mais. E agora temos 95% de certeza de que nem mesmo na mais pujante das galáxias do Grupo Local nós estamos, que por sua vez está longe de ser o mais impressionante dos arranjos galácticos espalhados pelo Universo. Não há absolutamente nenhuma justificativa para pensarmos que habitamos um recanto singular do cosmos.

Ainda assim, existe uma razão para nos orgulharmos: a despeito de nossa localização nada especial, somos capazes de olhar para as luzes do céu e compreender, pouco a pouco, descoberta a descoberta, a apaixonante narrativa que perfaz a história do Universo. (Fonte: aqui).

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GAZA: HAICAI DO DESESPERO


Amarildo.

DORMINDO OU ACORDADA
A CRIANÇA É TORTURADA
PELO BICHO PAPÃO

quarta-feira, 30 de julho de 2014

SOBRE O CASO SANTANDER

                            Crédito produtivo: amarrado; especulação: solta

Santander, o banco imperial

Por Paulo Moreira Leite

O senador Wellington Dias (PT-PI) acha que o Congresso precisa investigar o Santander depois que o banco foi flagrado em campanha contra o governo Dilma. Para o senador, que fez a vida profissional como funcionário da Caixa Econômica Federal, não custa lembrar:

“Um banco é uma concessão pública e não pode valer-se dessa situação para atuar numa eleição,” lembra Wellington.

A gravidade da questão reside aí.

A legislação eleitoral brasileira não impede que uma instituição financeira - ou qualquer outra empresa privada - retire uma parte de seus lucros para fazer uma contribuição a determinado partido político. Eu acho errado e condenável pois ajuda a criar eleitores que valem 1 voto e outros que valem 1 bilhão de reais. Mas a lei permite - e é por isso que a regra de financiamento de campanha precisa ser modificada.

Mas a orientação a seus gerentes voltados à clientela de renda mais alta tem outra natureza. Implica em usar o negócio – que deve obedecer a regras específicas do Banco Central – para pedir votos. E isso não é aceitável, explica o senador.

Da mesma forma que ninguém desautorizado pode sair por aí emprestando dinheiro sem correr o risco de ser acusado de agiotagem, nem comprar ou vender dólares sem ser chamado de doleiro, um banco não pode transformar-se num comitê eleitoral. Como qualquer outra empresa privada, tem sua função social a cumprir.

A lembrança de que, em 2002, tivemos a campanha do Lulômetro, estimulado por executivos do Goldman Sachs, um dos grandes bancos de investimento do mundo, não diminui a gravidade do que ocorre em 2014. Apenas confirma um mesmo fenômeno.

Há instituições que se colocam acima de qualquer dever com o futuro do país, o bem estar dos cidadãos e obrigações com o país que as acolhe.

É falta de respeito.

Pouco caso com o regime democrático.

É um comportamento ainda mais impressionante quando se recorda que os clientes brasileiros oferecem, ao Santander, uma bolada de 20% ou mais dos lucros que a instituição obtém em suas operações no mundo inteiro. É mais do que o dobro daquilo que o banco obtém no mercado da Espanha, seu país de origem. Pelo menos uma vez os lucros assegurados pela filial brasileira chegaram a 28% do total do banco.

O Santander deu um salto no Brasil - tornando-se um dos principais bancos europeus - depois que participou da privatização do Banespa, o maior entre os bancos estaduais.

Foi pela compra dessa carteira de clientes, que lhe dava acesso à folha de salários dos funcionários públicos do Estado mais rico da federação, que o Santander conseguiu um lugar entre as cinco maiores do país. A operação, que desfalcava São Paulo de um lastro respeitável para investimentos futuros, enfrentou a oposição do governador Mário Covas, e não custou pouco.

O Santander pagou R$ 7 bilhões pelo Banespa e essa quantia foi usada como argumento favorável à operação. O que pouco se divulgou é que o Santander teve direito a abater quase 3 bilhões a título de ágio contábil. Embora esse desconto fosse previsto por uma lei de 1997, o fato do deságio ser concedido a um grupo estrangeiro chamou a atenção de quem acompanhou a privatização de perto, encontrando grande resistência, por exemplo, quando o caso chegou à Receita.

A seu favor, o Santander poderia dizer em 2014 que o comunicado lamentável apenas deixou claro, em voz alta e letras de forma, aquilo que outras instituições reconhecem em voz faixa e sem assinar recibo.

A verdade é que os bancos privados tem praticado uma política sinuosa depois que, em função da crise de 2008, o governo Lula decidiu abrir os cofres dos bancos estatais para garantir o crédito e impedir o desmonte da economia.

A primeira reação da banca privada foi abandonar o mercado de crédito por anos seguidos, permitindo que os bancos estatais ganhassem terreno um ano após o outro – para chegar a 47% do mercado, um número recorde, em 2012.

Pressionado, o governo federal iniciou uma política de retirada do mercado, para abrir espaço para o retorno das instituições privadas. Mas isso não aconteceu. A marcha à ré de Brasília coincidiu com a alta nos juros, que permitiu ao sistema retornar ao conhecido universo rentista, de quem acumula fortunas bilionárias sem fazer força – pois o Tesouro paga a conta.

O crédito publico recuou e o privado não apareceu, situação que ajuda a entender – ao menos em parte – os números decepcionantes do crescimento recente, inferior à maioria das previsões. Os bancos seguem cobrando juros altíssimos, sem relação sequer com aumentos da Selic, sem serem incomodados pela concorrência dos bancos públicos.

Prevê-se, a partir de setembro, uma retomada do crédito nos bancos públicos. Será seguida, como se sabe, por um coralzinho contra a presença do estado na economia. E ninguém vai lembrar que um banco que já esteve ligado ao desenvolvimento de São Paulo agora é usado para fazer campanha presidencial junto a seus clientes. (Fonte: aqui).

INDEVIDAS PROPORÇÕES (II)


Amarildo.

VERGONHA UNIVERSAL

Enio.

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A ONU lança a exortação, que cai no vazio, e hoje o que se vê é isso:

Crianças foram mortas enquanto dormiam, diz ONU sobre ataque a escola em Gaza

O chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNWRA) classificou de "vergonha universal" o ataque israelense nesta quarta-feira (30) contra uma escola mantida pelo organismo no campo de refugiados Jabaliya, na faixa de Gaza, onde centenas de palestinos haviam se refugiado. Ao menos 19 morreram e 90 ficaram feridos no ataque.

"Ontem à noite, crianças foram mortas enquanto dormiam ao lado de seus pais no chão de uma sala de aula em um abrigo da ONU em Gaza. Crianças mortas enquanto dormiam; isso é uma afronta para todos nós, uma fonte de vergonha. Hoje o mundo está em desgraça", afirmou em nota Pierre Krähenbühl, comissário-geral da UNRWA. (Para continuar, clique aqui).

INDEVIDAS PROPORÇÕES


Petar Pismestrovic. (Áustria).

INSENSATOS ATOS, CERTAS PALAVRAS

Dodó Macedo.

Como Israel noticia os próprios crimes de guerra

Por Patrick Cockburn

Os porta-vozes israelenses já têm muito trabalho tentando explicar como os israelenses assassinaram mais de 1.000 palestinos em Gaza, a maioria dos quais civis, em comparação com apenas 3 civis mortos em Israel por foguetes e fogo de morteiro do Hamas. Mas pela televisão e pelo rádio e pelos jornais, porta-vozes do governo israelense hoje, como Mark Regev, parecem menos enroladores e menos agressivos que predecessores, que eram muito mais visivelmente indiferentes ao número de palestinos mortos.

Há pelo menos uma boa razão para esse ‘aprimoramento’ das capacidades de Relações Públicas dos porta-vozes de Israel. A julgar pelo que se os veem dizer, já estão trabalhando conforme um estudo feito por profissionais, bem pesquisado e confidencial, sobre como influenciar a mídia e a opinião pública nos EUA e na Europa.

Redigido pelo especialista em pesquisas e estrategista político dos Republicanos, Dr. Frank Luntz, aquele estudo foi encomendado há cinco anos por um grupo chamado “The Israel Project” [Projeto Israel], que mantém escritórios nos EUA e em Israel, para ser usado “por todos que estão na linha de frente da guerra midiática a favor de Israel”.

Cada uma das 112 páginas do folheto é marcada com “proibido distribuir ou publicar” [orig.“not for distribution or publication”], e é fácil entender por quê. O relatório Luntz – oficialmente intitulado “Dicionário de Linguagem Global do Projeto Israel 2009” [orig. “The Israel project’s 2009 Global Language Dictionary[1]] vazou quase imediatamente paraNewsweek Online, mas até hoje só muito raramente mereceu atenção, e sua verdadeira importância ainda mão foi devidamente considerada.

Deveria ser leitura obrigatória para todos, sobretudo para jornalistas interessados em conhecer a política de Israel, por causa da lista de “Faça/diga X” e “Nunca faça/diga Y” dirigida aos porta-vozes de Israel.

Aquelas duas listas são altamente iluminadoras para que se compreenda a distância imensa que separa o que funcionários e políticos israelenses pensam e creem, e o que eles dizem; o que eles dizem é modelado por pesquisa mantida ativa minuto a minuto, para detalhar o que os norte-americanos desejam ouvir. Com certeza, nenhum jornalista deveria arriscar-se a entrevistar qualquer porta-voz de Israel sem conhecer muito bem aquele manual e ter-se preparado para contra-perguntar sobre os muitos temas – e sempre com as mesmas palavras e frases – que se ouvem hoje da boca do Sr. Regev e seus colegas.

O panfleto é cheio de saborosos conselhos sobre como eles devem modelar suas respostas, para diferentes audiências. Por exemplo, o estudo diz que
“os norte-americanos aceitam que ‘Israel tem direito a ter fronteiras defensáveis’. Mas Israel não tem vantagem alguma em definir com precisão que fronteiras são essas. Evitem falar em fronteiras em termos de pré- ou pós-1967, porque isso só faz relembrar aos norte-americanos o passado militar de Israel. Essa expressão prejudica os israelenses, sobretudo no campo da esquerda. Por exemplo, o apoio da direita israelense a fronteiras defensáveis cai de 89% para menos de 60% sempre que vocês falam em termos de 1967.”

E quanto ao direito de retorno dos refugiados palestinos que foram expulsos ou fugiram em 1948 e nos anos seguintes, e que nunca mais puderam retornar às próprias casas e terras? Aqui, o Dr. Luntz é muito sutil nos conselhos que dá aos porta-vozes israelenses; diz que
“o direito de retorno é questão difícil para que os israelenses falem dela com eficácia, porque praticamente toda a linguagem israelense soa muito semelhante à fala de ‘separados, mas iguais’ dos racistas segregacionistas dos anos 1950s e dos defensores do Apartheid nos anos 1980s. De fato, os norte-americanos não gostam, não acreditam nisso e não aceitam o conceito de ‘separados, mas iguais’.”

Assim sendo, como devem os porta-vozes enfrentar questões que até o manual considera ‘difíceis’? Recomendam que a coisa seja chamada de “demanda” – porque os norte-americanos detestam gente que faz demandas.  O manual ensina:
“Digam portanto: ‘os palestinos não estão satisfeitos com o estado que têm. Agora, estão demandando mais territórios dentro de Israel.”

Outras sugestões para resposta israelense efetiva incluem dizer que o direito de retorno deve ser item de um acordo final “algum dia, no futuro”.

O Dr Luntz observa que os norte-americanos em geral temem qualquer imigração em massa para dentro dos EUA, "portanto falem sempre de 'imigração palestina em massa para dentro de Israel' –, e os norte-americanos sempre rejeitarão a ideia. Se mais nada funcionar, digam que a volta dos palestinos faria 'descarrilhar o esforço para alcançar a paz'”.

O relatório Luntz foi redigido logo depois da Operação Chumbo Derretido em dezembro de 2008 e janeiro de 2009, quando morreram 1.387 palestinos e nove israelenses. (Para continuar, clique aqui).

NOSSAS VÍTIMAS E AS OUTRAS


Cathy Wilcox. (EUA).

terça-feira, 29 de julho de 2014

COM A PALAVRA, MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES

              A economista Maria da Conceição Tavares.

Conceição: o fim do desenvolvimento e a democracia social

Por Luis Nassif

No apartamento em Cosme Velho (RJ), mestra Maria da Conceição Tavares se isolou um pouco dos amigos, mas não do mundo e do Brasil. Com pouca mobilidade, não deixou de lado nem o cigarro, nem a leitura nem a visão de país.

A mais importante economista da linha dita desenvolvimentista aderiu ao gradualismo. Não se trata de acomodamento trazido pela idade, mas pela própria dinâmica do crescimento brasileiro que acabou definindo um novo modelo - o da democracia social - que ela considera irreversível.

No final dos anos 60, ao lado de Ignácio Rangel Conceição foi o primeiro grande nome da economia a perceber que, após o esgotamento do ciclo de substituição das importações, haveria o ciclo do capitalismo financeiro.

Agora, o ciclo da criação do novo mercado de consumo baseado em políticas de renda impõe uma nova realidade na qual - segundo a mestra - não cabem mais os conceitos históricos de desenvolvimentismo e de industrialização.

O pêndulo do pensamento econômico
Historicamente, o pensamento econômico brasileiro oscilou entre a ortodoxia econômica e o desenvolvimentismo. Em ambos os casos, salários e renda eram variáveis secundárias do modelo.

Na ortodoxia, utilizavam-se de políticas monetária e fiscal para liberar o orçamento público para o pagamento de juros e para a acumulação de riqueza em mãos dos investidores. No desenvolvimentismo, a compressão dos salários era central para a competitividade das indústrias.
Ambos os movimentos foram fundamentalmente concentradores de renda.

Com o avanço da democracia social, Conceição constata que não há mais espaço para a compressão dos salários ou para maxidesvalorizações cambiais ou para políticas protecionistas - pontos que marcaram o pensamento desenvolvimentista.

Não há maneira de recuperar o espaço da indústria brasileira no mundo nem na economia brasileira, porque externamente nenhum avanço permitirá competir com os asiáticos e o crescimento interno dos serviços faz parte da própria dinâmica capitalista, diz ela.

Considera a desindustrialização como inevitável. Houve um período de maturação industrial  no 2o PND (Plano Nacional do Desenvolvimento). Agora, estamos chegando a outro corte, diz ela.

Como em toda economia industrial madura, o único espaço para crescer é o dos serviços. Se aumentou os serviços, foi à custa de outro setor. Se não foi do agrobusiness e do investimento público, foi a partir da indústria. "Este é o padrão normal de desenvolvimento histórico do capitalismo", sentencia ela.

Crescimento acelerado? Dificilmente se repetirá, diz ela.  O "milagre econômico" ocorreu em um período de instalação da indústria. Depois de instalada, esses saltos econômicos não se repetem.

Também não defende mudanças de modelo econômico. Alguns setores desenvolvimentistas propõem choques de câmbio para devolver competitividade ao país, enquanto se ajusta o custo Brasil. Os impactos sobre a inflação não recomendariam.

O mercado interno e o ajuste ortodoxo
A ideia de abandonar a política do salário mínimo para aumentar a competitividade da indústria não a atrai. A divisão internacional de trabalho mudou. No caso brasileiro, é mais favorável ao agrobusiness que à indústria. Ninguém conseguirá concorrer com a manufatura da Ásia.

Daí por que mais que nunca é necessário preservar o salário mínimo para manter o mercado interno robusto.

É o mercado interno que não permite alarmismo com a economia. Não existe depressão à vista. O que existe é um terrorismo da imprensa mudando as expectativas empresariais, diz ela.

A falta de competitividade internacional é mais um argumento para não baixar o salário mínimo. Sem competitividade externa e sem mercado de consumo interno, a economia desabaria.

É só comparar com América Latina e Europa. Só o fato de não haver desemprego é um enorme sucesso. No Porto (Portugal) amigos de Conceição assistirão famílias de classe média morando na rua. (Maria da Conceição Tavares, 84 anos, no Brasil desde 1954, é portuguesa naturalizada brasileira).

É ridículo estar pessimista com o Brasil, comparando com a situação internacional, diz ela.

Se não resistir nas políticas sociais, não teremos mais modelo nenhum.

A busca do crescimento
O investimento em bens de consumo de massa funcionou, garantiu um mercado interno robusto.

Dá para manter alto o consumo, mas não mais como efeito acelerador de crescimento.

O caminho proposto por Conceição é o seguinte:
  1. Destravar o regime de concessões.
  2. Deslanchar os investimentos em petróleo.
  3. Reverter as expectativas do setor privado.
Destravando os dois primeiros itens, o setor privado irá atrás e nós saímos do gargalo atual. Mas para destravar as expectativas empresariais não se pode deixar a economia afundar. E afundaria na hipótese de arrocho salarial e de um choque fiscal.

O momento não recomenda nenhuma política fiscal contracionista. Os gastos públicos são incomprimíveis. O único gasto comprimível são os juros da dívida pública.

O problema é que o modelo fiscal brasileiro é todo alicerçado em impostos ad valorem diretamente influenciados pelo PIB. Praticamente não existe imposto patrimonial. Nos anos 80 tentou-se um imposto sobre grandes fortunas moderadíssimo, proposto pelo então senador Fernando Henrique Cardoso. Não passou.

Justamente por isso, Conceição defende a flexibilização da política monetária (reduzindo o peso dos juros no orçamento) e a neutralidade da política fiscal, mantendo o que está sendo investido e agregando financiamento novo e concessões.

Revertendo as expectativas, mantém-se a trajetória de distribuição de renda com políticas sociais, e destrava-se o pacote da infraestrutura.

Sobre políticas industriais
Conceição não é a favor de grandes revoluções na política industrial, inserção das empresas brasileiras nas grandes cadeias globais e por aí afora. Considera que a siderurgia, cerveja e carnes conseguiram se inserir nessas cadeias. As demais, dificilmente conseguirão.

O caminho daqui para frente é consertar o que pode ser consertado e aprimorar o que deve ser aprimorado.

"Não estamos mais discutindo modelos, mas o que fazer com setores débeis", diz ela.

Um dos caminhos são as políticas de encadeamento (atuando sobre as cadeias produtivas) e progressos técnicos. Defende políticas moderadas e corretas na direção certa. Aí a economia reage.

Os gargalos na remessa de dólares
Persiste o nó externo, e, segundo Conceição, por erros que se acumularam desde o governo FHC:
"Fernando Henrique Cardoso tirou a tributação de 17% sobre remessas de capital, deixando (Francisco) Dornelles (ex-Secretário da Receita) indignadíssimo", diz ela. "Em quatro anos ele fez um estrago que Margareth Tachther levou 14 anos para fazer."

Não existe nenhum país do mundo que não discrimine as empresas estrangeiras, concedendo o mesmo tratamento das nacionais, diz ela. Por aqui se dá isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carro importado.

Quando se trata de remessa para pagamento de tecnologia, alíquota zero de Imposto de Renda. A multinacional contrata uma assistência técnica lá fora, dizendo que está internalizando ativo. Esse pagamento é dedutível do Imposto de Renda por ser despesa. Por ser tecnologia, tributação zero.

Depois exporta e se credita porque supostamente estaria exportando conhecimento e gerando tecnologia no país.

É uma enorme brecha, diz ela. O déficit tecnológico brasileiro saltou de US$ 1 bi/ano em 2000 para US$ 9 bi. Tornou-se remessa de lucros disfarçada.

A situação das contas externas preocupa, mas Conceição não se atreveria a propor controles de capital e imposto patrimonial por serem propostas politicamente irrealistas. (Fonte: aqui).

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Certamente há quem discorde das posições manifestadas pela Professora Conceição, mas que ela se mantém coerente e certeira, não dá pra questionar. Exemplo: em dezembro de 2012, quando pipocavam na imprensa externa (notadamente a inglesa) críticas contra os rumos da economia do Brasil, Conceição, em texto publicado no Terra Magazine, observou:

"...Não acredito nessa geração espontânea (de críticas e ironias contra o Brasil) nas páginas da Economist, por mais que isso combine com o seu conservadorismo. Não acredito que a motivação seja econômica e não acredito que o alvo seja o Mantega.

Pela afinação do coro vejo mais como algo plantado daqui para lá; o alvo é 2014 e o objetivo é fortalecer o mineiro. (Quem seria o mineiro?!...).

A mim não me enganam. Ah, quer dizer então que o Brasil vive uma crise de confiança, por isso os empresários não investem? Sei…

O investimento está retraído no planeta Terra, nos dois hemisférios do globo. Bem, a isso se dá o nome de crise sistêmica. É disso que se trata. Hoje e desde 2008; e, infelizmente, por mais um tempo o qual ninguém sabe até quando irá, mas não é coisa para amanhã ou depois, isso é certo. Então não existe horizonte sistêmico de longo prazo e sem isso o dinheiro foge de compromissos que o imobilizem. Fica ancorado em liquidez e segurança, em papéis de governos ricos.

Não é fácil você compensar em um país aquilo que o neoliberalismo esfarelou e pisoteou nos quatro cantos do globo. Por isso não se investe nem aqui, nem na China ou nos EUA do Obama. E porque também mitos setores estão com capacidade ociosa –no mundo, repito, no mundo.

A política monetária sozinha não compensa isso, da mesma forma que o consumo não alarga o horizonte a ponto de estender o longo prazo requerido pelo capital. Então do que essa gente está falando? (...)."

SMART MANIA


Jota A.

ECOS DA SABATINA


"Relevado o fato de que a presidenta Dilma Rousseff fala aos arranquinhos, e não há fonoaudiólogo que dê jeito nisso, talvez por precisar encenar um papel diante das câmeras que quem a conhece não a poderia imaginar mais diferente do que é de fato, no cotidiano, sua entrevista nesta segunda-feira ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo foi ilustrativa para que o eleitor pudesse perscrutar a candidata do PT à reeleição, em uma de suas raras aparições. Além das minguadas conversas com jornalistas, para a chefa de Estado de um país do tamanho do Brasil, Dilma somente falou até hoje para os veículos da conhecida mídia conservadora, formada por veículos de comunicação ligados ao capital internacional, como a Folha e o portal UOL, do mesmo dono; o canal de TV SBT, do empresário Silvio Santos, integrante da ultradireita brasileira; e a rádio Jovem Pan, que segue no mesmo bojo. Isso sem considerar as demais, que se contam nos dedos, para a revista semanal de ultradireita Veja, da qual foi capa no início deste mandato; para as emissoras e demais empresas das Organizações Globo, que apoiou a ditadura militar e deve perto de R$ 1 bilhão em impostos ao fisco; e outros satélites menos cotados, mas igualmente letais para produzir um coro como aquele no Estádio do Itaquerão, durante a abertura da Copa do Mundo. Poupo os leitores do refrão.

Submete-se a mandatária até à grosseria de uma pergunta sobre os R$ 150 mil que guarda escondidos em um cofre, dentro de algum armário ou atrás de um quadro, sabe-se lá – e não é da conta de ninguém – o que faz como mania, coisa própria de quem é “de outra geração”, como admite, ou por viver em sobressaltos com uma possível quartelada, tipo relâmpago em céu aberto, coisa típica da cultura golpista que os patrões de seus entrevistadores cultivam, desde sempre. Parece até uma relação sadomasoquista na qual ela, a presidenta eleita pela maioria dos brasileiros, apanha de mão aberta, diariamente, nos meios de comunicação para os quais escolhe falar, em caráter exclusivo, e ainda lhes destina bilhões de reais do Erário em forma de publicidade, sem contar os mimos de “meus queridos” pra lá e sorrisos pra cá.

Inocente, parece que não enxerga a intenção dos interlocutores de interrompê-la, se a resposta é positiva para o perfil da estadista que é, na dissertação sobre o Programa Mais Médicos, por exemplo, ou até estourar o horário do programa, se for preciso, ao perceberem que patinou nos reais que guarda no colchão. As perguntas dos jornalistas, que deveriam ser destinadas a ajudar na elucidação dos problemas brasileiros, mais parecem ‘pegadinhas’ nas quais apostam se a ‘vítima’ conseguirá sair ilesa ou “cairá na esparrela”, como costuma dizer a economista Maria da Conceição Tavares sobre as tentativas do governo de atender aos ditames de seus algozes. Vide a recomendação do banco espanhol Santander aos clientes da Classe A, de trabalhar para a derrota da candidata petista sob pena de o Brasil falir, ou coisa parecida.

Entrevista como esta que Dilma concedeu à mídia capitalista, na tarde desta segunda-feira, equivale a contribuir para sua desmoralização muito mais do que para mostrar a pessoa que passou os melhores anos da juventude na luta por um ideal. Significa impedir que mostre ao país que governa o modelo de sociedade, mais justo e fraterno, pela qual empenhou-se a ponto de ser presa e torturada, sem que lhe mostrem um pingo de respeito por isso. Ao contrário, chegaram a sugerir que ela possa estar planejando uma fuga do país, na qual levaria os R$ 150 mil na mala, em cash.

Se Dilma pretendia gastar sal grosso no pequeno retalho podre da sociedade paulistana, que lhe vaia e xinga, a ponto de originar a reflexão de um dos inquisidores sobre o nível “radical” de enfrentamento nas ruas, entre ricos e pobres, então acertou em cheio. Embora tenha conseguido driblar a maioria das armadilhas à qual se submeteu, nessa inquisição, o esforço não parece que tenha valido a pena. A repercussão da entrevista de mais de uma hora, no elegante salão do Palácio do Planalto, aos borra-botas do capitalismo tupiniquim, será inversamente proporcional ao seu sucesso.
Mas ela insiste."



(De Gilberto de Souza,  jornalista, editor-chefe do jornal Correio do Brasil - aqui.
Divirjo do analista. É do jogo democrático a concessão de entrevistas a quaisquer interlocutores, mesmo em se tratando de ardilosos opositores, mesmo tendo-se presente que armadilhas serão acionadas e que os entrevistadores cuidarão de ressaltar, posteriormente, eventuais deslizes da entrevistada, como fez, por exemplo, o Uol. 
Seria interessante que a presidente concedesse mais e mais entrevistas, inclusive para os Blogs Progressistas).

DILMA: SOBRE UMA PARTE DA SABATINA

              À esquerda, a manchete da Folha em 12 de junho.

Para Dilma, pessimismo com economia é igual à Copa: mídia ajudou a criar

A presidente Dilma Rousseff (PT) comparou o pessimismo disseminado em relação à política econômica de seu governo ao que aconteceu no período pré-Copa do Mundo no Brasil. Na visão da petista, mais do que análises de especialistas, endossou o sentimento negativista a cobertura encampada pelos grandes grupos de comunicação.

A avaliação de Dilma foi feita a jornalistas da Folha de S. Paulo, UOL, Joven Pan e SBT, durante sabatina promovida no Palácio do Planalto na tarde dessa segunda-feira (28). A candidata a reeleição chegou a citar, pedindo desculpas pela saia-justa, uma reportagem da Folha, na qual o jornal sugere que o mundial de futebol teria mais condições de ter sucesso dentro de campo que fora dele.

“Há no Brasil um jogo de pessimismo inadmissível, veja por quê: vamos discutir a Copa entre nós. Eu lembro, e me desculpa dizer isso aqui, que no dia que começou a Copa, vocês botaram assim no jornal, que a Copa está resolvida nos gramados, e não está resolvida de forma alguma fora dos gramados.

Houve quem dissesse que não teríamos aeroportos, organização, que estávamos aquém de tudo, que deveríamos ter vergonha do país. Não teríamos estádios, aeroporto decentes, estrutura de comunicação. Que seria um desastre. Que além de todo o caos, teria uma epidemia de dengue. Isso é uma conspiração contra o país. Isso é muito grave”, disse a presidente, se dirigindo, em parte, ao jornalista da Folha, Ricardo Balthazar, editor do caderno Poder. “Está havendo o mesmo pessimismo que ocorreu com a Copa, com a economia brasileira”, pontuou.

Durante todo o primeiro bloco da sabatina, Dilma foi questionada sobre os motivos pelos quais a economia brasileira não tem crescido conforme o esperado. Na maior parte das perguntas, pautas utilizadas pelos adversários políticos da petista foram colocadas à mesa, como inflação perto do teto da meta, aumento do desemprego nos setores que servem à indústria, risco de colapso na área energética, possibilidade de uma crise cambial, entre outros pontos.

Crise internacional
Os jornalistas também questionaram se Dilma mudou de discurso e usa a crise internacional de 2008 para minimizar a puxada de freio no crescimento econômico nacional. A presidente rebateu as questões afirmando que quando o assunto é a política econômica de seu governo, há “dois pesos e duas medidas”. “A inflação não está descontrolada. Ela está no centro da banda, no teto. Nós vamos ficar nesse teto. O Brasil só ficou quatro anos no centro da meta”, comentou, após comparar o índice atual à inflação deixada para Lula em 2003, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de 12,5%.

Para a chefe do Executivo, deveria receber destaque que “estamos enfrentando de forma corajosa a maior e mais grave crise econômica que o mundo enfrenta desde 2008.” Para ela, o presidente Lula não poderia prever os impactos futuros desse fenômeno quando afirmava que a crise era, para o Brasil, há alguns anos, uma “marolinha”.

“Todos nós erramos porque ninguém tinha noção ou controle de como ficaria o sistema financeiro internacional. Nós todos tivemos um trabalho danado para sair da crise. E a nossa política não foi de desempregar, arrochar salário e fazer com que população pagasse o pato. Nós impedimos isso. Nos minimizamos esses efeitos”, observou Dilma.

Auto-crítica
Incitada a responder quais correções faria na economia, após, claro, ser lembrada de que até Lula disse que mudanças são necessárias, Dilma evitou fazer uma auto-crítica, e tangenciou o apontamento do ex-presidente dando exemplos de que nem sempre “correções de rota” significa admitir equívocos.
Ela citou o Bolsa Família como um projeto do governo Lula que passou por transformações nos últimos anos, para que mais “22 milhões de pessoas pudessem sair da miséria. (...) Isso é uma mudança, não uma auto-crítica do passado”. O segundo exemplo foi a revisão do regime de concessão de rodovias.

Santander
A presidente também foi questionada sobre o último episódio envolvendo o Banco Santander. A companhia enviou carta a clientes de alta renda alegando que caso Dilma seja reeleita em outubro próximo, a economia nacional teria motivos para definhar. A repercussão da investida do Santander contra Dilma resultou na demissão dos envolvidos e no envio de um pedido de desculpas ao Planalto.

"Vou responder de modo geral: economia é expectativa. É característica de vários segmentos especular em processos eleitorais. Sempre especularam e não se deram bem. A conjuntura política passa e eles sofrem penalidades. Aconteceu com Lula em 2002."

Para Dilma, "a pessoa que escreveu a mensagem fez isso [tentou sobrepor opiniões institucionais aos interesses da democracia garantidos pelo processo eleitoral] e é lamentável e inadmíssivel para qualquer candidato, seja eu ou qualquer outro." 

Ela afirmou que terá uma conversa com o alto escalão do banco antes de decidir se levará o caso à Justiça. (Fonte: aqui).

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...“estamos enfrentando de forma corajosa a maior e mais grave crise econômica que o mundo enfrenta desde 2008.”, disse a presidente Dilma. Parece-me que ela pensou em dizer "mais grave crise econômica que o mundo enfrenta desde 1929". Trata-se do ano que deu início à chamada Grande Depressão, que dispensa comentários.

Quando, em 2008, o presidente Lula falou em 'marolinha', não podia, claro, antever a dimensão que a crise alcançaria, mas o Brasil reagiu de forma singular ao desastre financeiro global: remando contra a corrente, expandiu a oferta de crédito via bancos estatais, ampliou as parcerias comerciais do país mundo afora, manteve o perfil dos investimentos e preservou os programas sociais (os quais, associados ao salário mínimo com ajustes reais, contribuíram para o surgimento de novos mercados internos, dando ensejo à ampliação da renda e do emprego).

Presentemente, constata-se que a crise mundial mantém e até mesmo acentua seus perniciosos efeitos, e o Brasil, como ator nesse cenário, não poderia apresentar a mesma performance ascendente observada até pouco tempo atrás, visto que os parceiros comerciais, por exemplo, às voltas com desemprego e demais mazelas decorrentes da política de austeridade imposta pelos gestores mundiais, reduziram as encomendas em geral, afetando nossas exportações.

Em minha leiga opinião, 2015 certamente marcará a remodelação da política econômica brasileira, mas especialmente em função do mercado interno. A tese do apoio da economia no consumo, por exemplo, terá forçosamente de ser repensada... Afinal, como diz Stephen Kanitz, as coisas podem dar errado lá na frente, mas só se nada for feito até lá. 

PROFETAS DO CAOS MONOPOLIZAM CICLOS DE PALESTRAS


Thiago.

FAIXA DE GAZA: REAÇÃO PROPORCIONAL


Sete vencedores do Nobel da Paz pedem embargos contra Israel

Um manifesto publicado no The Guardian e assinado por 64 pensadores, políticos e outras figuras públicas pede um embargo a Israel por conta do conflito na Faixa de Gaza.

O texto diz que Israel se beneficia de acordos de cooperação militar e ajuda dos EUA e da União Europeia e afirma que tal poder de fogo conquistado está sendo usado para uma guerra contra a Palestina.

Assim, eles pedem ao mundo um embargo militar, semelhante ao imposto ao governo sul-africano nos anos de Apartheid.

Na lista, estão assinaturas de sete pessoas que já ganharam o Prêmio Nobel da Paz, entre elas o Arcebispo sul-africano Desmond Tutu.

Também assinam o manifesto pensadores de esquerda conhecidos, como o linguista Noam Chomsky, o músico Brian Eno, o ex-Pink Floyd Roger Waters, o cineasta Ken Loach e o pensador Slavoj Zizek.

Um nome brasileiro assinou o manifesto: Frei Betto, teólogo da libertação, da ala da Igreja Católica mais envolvida nos movimentos populares de esquerda. (Para ler o manifesto, clique aqui).

segunda-feira, 28 de julho de 2014

GAZA


Polo.

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Indagação lançada aos quatro ventos: Se a ONU ocupou Timor Leste, se a ONU ocupou o Haiti, por que não ocupou ainda área tão desesperadoramente conflagrada?

GERAÇÃO CORCUNDA


Alpino.

O CASO EDIFICANTE DO EX-CATADOR


Pegava livros no lixo: ex-catador conta como virou médico

Do Uol Educação

O dia seis de junho de 2014 é uma data muito importante para Cícero Pereira Batista, 33. É data da sua formatura, quando ele fez o "Juramento de Hipócrates" e jurou fidelidade à medicina. O diploma na tão sonhada carreira foi um investimento de quase oito anos da vida do ex-catador.

Natural de Taguatinga, cidade satélite a 22,8 km de Brasília, Cícero nasceu em família pobre e precisou de muita perseverança para alcançar a formação em uma das carreiras mais concorridas nos vestibulares. Ele só começou a fazer a graduação aos 26 anos.

"Minha família era muito pobre. Já passei fome e pegava comida e livros do lixo. Para ganhar algum dinheiro eu vigiava carro, vendia latinha. Foi tudo muito difícil pra mim, mas chegar até aqui é uma sensação incrível de alívio. Eu conseguir superar todas as minhas dificuldades. A sensação é de que posso tudo! A educação mudou minha vida, me tirou da miséria extrema", conta Cícero.

O histórico familiar de Cícero é complicado: órfão de pai desde os três anos e com mãe alcoólatra, o médico tinha dez irmãos. Dois dos irmãos foram assassinados.

Quando tinha 5 anos, o menino pegava o que podia ser útil no lixo. Inclusive livros, apesar de não saber ler. Com o tempo, conta o ex-catador, eles foram servindo de inspiração. Ficava mais feliz quando encontrava títulos de biologia, ciências. Certa vez encontrou alguns volumes da Enciclopédia Barsa e "descobriu Pedro Álvares Cabral, a literatura, a geografia".

Cícero é o único da família que concluiu o ensino médio e a graduação. Para ele, a educação era a única saída: "Diante da minha situação social eu não tinha escolha. Era estudar ou estudar para conseguir sair da miséria extrema". Ele terminou o ensino fundamental na escola pública em 1997 -- na época as séries iam do 1º ao 8º ano. Entre 1998 e 2001, fez o ensino médio integrado com curso técnico em enfermagem.

Ajuda dos professores e colegas

"Quando eu fazia o ensino médio técnico eu morava em Taguatinga e estudava na Ceilândia. Não tinha dinheiro para o transporte e nem para a comida. Andava uns 20 km, 30 km a pé. Muitas vezes eu desmaiava de fome na sala de aula", explica.

Ao perceber as dificuldades do rapaz, professores e colegas começaram a organizar doações para Cícero de dinheiro, vale-transporte e mesmo comida. "Eu era orgulhoso e nem sempre queria aceitar, mas, devido à situação, não tinha jeito. Eu tinha muita vergonha, mas nunca deixei de estudar", conta.

Na época da faculdade, Cícero também recebeu abrigo de um amigo quando passou em medicina numa instituição particular em 2006 em Araguari (MG), a 391 km de Brasília. "Frequentava as aulas durante a semana em Minas e aos finais de semana vinha para Brasília para trabalhar. Era bem corrido", diz. Ele conseguiu segurar as contas por um ano e meio. "Eu ganhava cerca de RS 1.300 e pagava RS 1.400 [de mensalidade]. Até cheguei a pedir o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] por seis meses, mas no fim as contas foram apertando ainda mais e parei".

Ao voltar para Brasília decidiu fazer Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para conseguir uma bolsa do Prouni (Programa Universidade para Todos). Estudou por conta própria, fez a prova no final de 2007 e conseguiu uma bolsa integral em uma universidade particular de Paracatu (MG), a 237,7 km de Brasília. Foram mais seis meses -- e Cicero voltou a Brasília mais uma vez.

No ano seguinte, fez o Enem mais uma vez. Ele queria estudar mais perto de casa por causa do trabalho -- ele era técnico de enfermagem concursado -- e da família. Com sua nova nota do Enem, ele conseguiu uma vaga com bolsa integral na Faciplac (Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central), na unidade localizada na cidade satélite Gama, 34,6 km de Brasília.

"Tive que começar tudo zero novamente. Tive vontade de desistir na época. Poxa, já tinha feito um total de dois anos do curso de medicina, mas não consegui reaproveitar nenhuma matéria. Mas no fim deu certo", conta o médico que enfrentou os anos da faculdade também com a ajuda dos livros do projeto Açougue Cultural, uma iniciativa que empresta livros gratuitamente nas paradas de ônibus de Brasília.

Atualmente, Cícero é diretor clínico de um hospital municipal e trabalha em outros dois. O momento para ele agora é o de "capitalizar" [ganhar dinheiro] para melhorar de vida e ajudar a família. Cursar um doutorado fora do Brasil também está entre seus planos.

"Não há desculpa para não seguir os sonhos. É preciso focar naquilo que se quer. Não é uma questão de inteligência e sim de persistência. A educação mudou a minha vida e pode mudar a de qualquer pessoa", conclui. (Fonte: aqui).

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Bom começar a semana com um post assim!

GENTE INTRANSIGENTE


Arnaldo Branco.

SOBRE O ALGOZ DE GAZA E QUEM O CRITICA


De cegos e anões

Por Mauro Santayana

Se não me engano, creio que foi em uma aldeia da Galícia que escutei, na década de 70, de camponês de baixíssima estatura, a história do cego e do anão que foram lançados, por um rei, dentro de um labirinto escuro e pejado de monstros. Apavorado, o cego, que não podia avançar sem a ajuda do outro, prometia-lhe toda sua fortuna, caso ficasse com ele, e, desesperado, começou a cantar árias para distraí-lo.

O outro, ao ver que o barulho feito pelo cego iria atrair inevitavelmente os monstros, e que o cego, ao cantar cada vez mais alto, se negava a ouvi-lo, escalou, com ajuda das mãos pequenas e das fortes pernas, uma parede, e, caminhando por cima dos muros, chegou, com a  ajuda da luz da Lua, ao limite do labirinto, de onde saltou para  densa floresta, enquanto o cego, ao sentir que ele havia partido, o amaldiçoava em altos brados, sendo, por isso, rapidamente localizado e devorado pelos monstros que espreitavam do escuro.

Ao final do relato, na taberna galega, meu interlocutor virou-se para mim, tomou um gole de vinho e, depois de limpar a boca com o braço do casaco, pontificou, sorrindo, referindo-se à sua altura: como ve usted, compañero... com o perdão de Deus e dos cegos, ainda prefiro, mil vezes, ser anão...

Lembrei-me do episódio — e da história — ao ler sobre a convocação do embaixador brasileiro em Telaviv para consultas, devido ao massacre em Gaza, e da resposta do governo israelense, qualificando o Brasil como irrelevante, do ponto de vista geopolítico, e acusando o nosso país de ser um “anão diplomático".

Chamar o Brasil de anão diplomático, no momento em que nosso país acaba de receber a imensa maioria dos chefes de Estado da América Latina, e os líderes de três das maiores potências espaciais e atômicas do planeta, além do presidente do país mais avançado da África, país com o qual Israel cooperava intimamente na época do Apartheid, mostra o grau de cegueira e de ignorância a que chegou Telaviv.

O governo israelense não consegue mais enxergar além do próprio umbigo, que confunde com o microcosmo geopolítico que o cerca, impelido e dirigido pelo papel executado, como obediente cão de caça dos EUA no Oriente Médio.

O que o impede de reconhecer a importância geopolítica brasileira, como fizeram milhões de pessoas, em todo o mundo, nos últimos dias, no contexto da criação do Banco do BRICS e do Fundo de reservas do grupo, como primeiras instituições a se colocarem como alternativa ao FMI e ao Banco Mundial, é a mesma cegueira que não lhe permite ver o labirinto de morte e destruição em que se meteu Israel, no Oriente Médio, nas últimas décadas.

Se quisessem sair do labirinto, os sionistas aprenderiam com o Brasil, país que tem profundos laços com os países árabes e uma das maiores colônias hebraicas do mundo, como se constrói a paz na diversidade, e o valor da busca pacífica da prosperidade na superação dos desafios, e da adversidade.
O Brasil coordena, na América do Sul e na América Latina, numerosas instituições multilaterais. E coopera com os estados vizinhos — com os quais não tem conflitos  políticos ou territoriais — em áreas como a infraestrutura, a saúde, o combate à pobreza.

No máximo, em nossa condição de “anões irrelevantes”, o que poderíamos aprender com o governo israelense, no campo da diplomacia, é como nos isolarmos de todos os povos da nossa região e engordar, cegos pela raiva e pelo preconceito, o ódio visceral de nossos vizinhos — destruindo e ocupando suas casas, bombardeando e ferindo seus pais e avós, matando e mutilando as suas mães e esposas, explodindo a cabeça de seus filhos.

Antes de criticar a diplomacia brasileira, o porta-voz da Chancelaria israelense, Yigal Palmir, deveria ler os livros de história para constatar que, se o Brasil fosse um país irrelevante, do ponto de vista diplomático, sua nação não existiria, já que o Brasil não apenas apoiou e coordenou como também presidiu, nas Nações Unidas, com Osvaldo Aranha, a criação do Estado de Israel.

Talvez, assim, ele também descobrisse por quais razões o país que disse ser irrelevante foi o único da América Latina a enviar milhares de soldados à Europa para combater os genocidas   nazistas; comanda órgãos como a OMC e a FAO;  abre, todos os anos, com o discurso de seu máximo representante, a Assembleia Geral da ONU; e porque — como lembrou o ministro Luiz Alberto Figueiredo, em sua réplica — somos uma das únicas 11 nações do mundo que possuem relações diplomáticas, sem exceção,  com todos os membros da Organização das Nações Unidas. (Fonte: aqui).

OLD CARTUM


Quino. (Argentina. Década de 1970).

domingo, 27 de julho de 2014

CIENTISTAS TENTAM ENTENDER ONDE FOI PARAR O PLÁSTICO DOS OCEANOS


Cientistas tentam entender o motivo de 99% do plástico dos oceanos terem sumido

Na semana passada, notícias estranhas surgiram na internet: muito do plástico que cientistas esperavam encontrar na superfície do oceano sumiu, e ninguém sabe exatamente para onde ele foi. Agora, os cientistas por trás dessa pesquisa compartilharam um mapa inédito do plástico no oceano na National Geographic – e ele pode ser a chave para solucionar esse mistério.

Como o estudo publicado na The Proceedings of the National Academy of Sciences na semana explica, deveria ter mais plástico flutuando na superfície do oceano do que há atualmente. Mas a equipe liderada por Andres Cozar Cabañas navegou pelo mundo por nove meses coletando dados da superfície de todo o globo, e encontrou muito menos plástico do que esperava. E isso não é uma notícia boa.

Isso é muito preocupante. Não é como se o plástico jogado no oceano sumisse sozinho. Em vez disso, é provável que ele esteja se quebrando em pedaços cada vez menores e tenha virado comida para os peixes. Isso significa que, graças à mágica da cadeia alimentar, nós também estamos comendo plástico – na verdade, existe um novo ecossistema baseado nesse plástico, chamado Platisfera. (...).

Um campo completamente novo de estudo está emergindo a partir do lixo jogado no nosso oceano – incluindo dentro dele as pesquisas para entender como isso funciona. “Se não sabemos onde ele está ou como está impactando organismos,” disse Kara Lavender Law, da Associação de Educação do Mar à NatGeo, “não podemos dizer às pessoas nas ruas quão grande é o problema.”

Com esse mapa, eles procuram uma forma de conseguir explicar a questão do plástico no oceano de uma maneira completamente diferente. A questão é se seremos espertos o suficiente para ouvir o que eles têm a dizer – e agir para solucionar isso. [National Geographic]. (Fonte: aqui).

AMERICAN CARTOON


Sam Gross. (EUA).

A PARTIÇÃO PALESTINA


General Marshall era contra o reconhecimento do Estado de Israel

Por Motta Araújo

O Secretário de Estado do Presidente Truman, o lendário General George Marshall, o grande estrategista aliado da Segunda Guerra, autor do Plano Marshall - que reconstruiu a Europa devastada -, era terminantemente contra a criação do Estado de Israel e lutou tenazmente contra a decisão do Presidente Truman de aprovar o reconhecimento em 29 de novembro de 1947, atendendo a uma máxima pressão do lobby de 26 Senadores pró-Israel no Senado americano.

A decisão do reconhecimento da partição do mandato britânico da Palestina seria, segundo Marshall, um imenso erro político traria um conflito permanente no Oriente Médio. A partição entregou 56% da Palestina a 650.000 habitantes judeus e 44% para 1.300.000 árabes palestinos, dos quais mais de 30% eram cristãos.

Contra a decisão do reconhecimento não estava apenas o General Marshall. mas também todos aqueles que conheciam o Oriente Médio, a nata da diplomacia americana: Robert Lovett, Dean Acheson, Charles Bohlen, George Kennan,  eram a cúpula do Departamento de Estado, nºs 1, 2, 3 e 4, todos se reuniram com Truman em 10 de novembro de 1945 para debater sobre o tema.

David Ben Gurion, primeiro mandatário de Israel, aceitou a partilha contra a vontade, como manobra tática, pois sua intenção era ter toda a Palestina para os judeus, não somente 56%, mas preferiu aceitar na ONU a proposta na mesa, por razões táticas, segundo disse a seu circulo íntimo, detalhes no link abaixo.

Às 0 horas de 15 de maio de 1948, o Exército Britânico se retirou da Palestina e um minuto depois começaram as hostilidades entre árabes e judeus.

O registro completo dessas discussões, negociações, demarches está nas memórias do grande advogado, conterrâneo de Truman em Saint Louis,  Clark Clifford, que veio para Washington junto com Truman assim que este assumiu a Presidência, sendo nomeado muito depois por Truman Secretário da Defesa. Clifford publicou suas memórias, em parceria com Richard Holbrooke, o principal diplomata americano para o Oriente Médio no pós-guerra, memórias que foram publicadas na revista New Yorker em 25 de março de 1991.

Cifford tinha 37 anos quando chegou a Washington, viveu muito e suas memórias são um relato preciso de como se deu a criação do Estado de Israel pelas mãos de Truman, declaradamente por causa do lobby judaico na política americana.

Ao ser interpelado pelos diplomatas, com Marshall à frente, por que iria cometer esse erro, Truman declarou: "Porque eu preciso dos votos dos eleitores judeus e aqui nos EUA não tem eleitores árabes".

Quem quiser maiores detalhes, leia o relato abaixo (em inglês):
http://www.informationclearinghouse.info/article4077.htm

Fonte: aqui.

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O fato é que Israel está lá, como Estado soberano, e toda a Palestina também (embora esta ainda esteja a lutar para converter-se em Estado Pleno), e ambos têm de ser reconhecidos e tratados como tal por todos os Estados do mundo - inclusive, claro, eles próprios reciprocamente.

Pra finalizar: Estado algum deveria ter a prerrogativa de situar-se acima da ONU, a ponto de alguns, como Israel, simplesmente desconhecerem as resoluções dela emanadas (arsenal nuclear, implantação de assentamentos em território palestino...).

OLD PHOTO


Tarzan, o Rei das Selvas, e sua família, no filme O Tesouro de Tarzan (1941), estrelado por Johnny Weissmuller (Tarzan), Maureen O'Sullivan (Jane) e Johnny Sheffield (Boy) e o chimpanzé Chita, que ficou famoso devido à capacidade de levantar os ombros, ficando ereto e caminhando serelepemente.

Tarzan, criação do escritor estadunidense Edgar Rice Burroughs, animou, em meados dos anos 1960, a infância de uma turma da fuzarca em Piracuruca, interior do Piauí. Era a Sessão Vesperal, do legendário Cine Roxy, na Praça Irmãos Dantas, onde brilharam aventuras imortais hollywoodianas e clássicos brasileiros do cangaço e da chanchada.

CERTAS EXPRESSÕES

            Miguel.

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...Ao que o eleitor responde:

- Já, só que o pesquisador, inserido no contexto, usava um tablet!

(A expressão inserido no contexto, em voga nos anos 70, significava 'atual', 'moderno', 'enturmado'. A bem da verdade, a expressão é até hoje utilizada, ao menos por mim e meus parceiros de geração). 

SOBRE A FUNÇÃO DO STF


Juristas discutem função do STF na sociedade

Cerca de 95% dos processos que chegam para ser julgados no Supremo Tribunal Federal são recursos, ou seja, pedidos para o STF reexaminar decisões já tomadas pelos tribunais abaixo de sua instância.
 
Na última década assistimos o aumento da visibilidade do Supremo Tribunal Federal ao julgar casos importantes que poderiam ser decididos no Congresso Nacional, dentre os quais a delimitação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, a liberação de aborto de fetos anencefálicos, o reconhecimento da união homoafetiva e a constitucionalidade das cotas raciais em universidades.
  
Mas por trás desse cenário se esconde a verdadeira função do STF hoje na sociedade brasileira: o julgamento de processos que poderiam ser concluídos em instâncias inferiores a sua. Segundo o professor da FGV Direito Rio, Ivar Hartmann, que coordena o Projeto Supremo em Números, os recursos representam 95% dos processos julgados pelo Supremo. O lado negativo desse cenário é que, ao invés de se ater apenas na análise de questões que ferem a Constituição Federal, o STF perde todos os anos energia analisando milhares de casos, sobretudo ligados ao direito do consumidor ou as causas trabalhistas.

Hartmann, que participou do programa de debates Brasilianas.org, na TV Brasil, destacou que os processos pelo direito do consumidor são os que mais têm crescido, desde 2006, “principalmente contra as grandes empresas de telefonia e bancos, envolvendo pessoas físicas por conta de cobranças indevidas”, explicou.

Como filtrar isso? A saída para alguns estudiosos seria o Brasil copiar o modelo judiciário norte-americano. A Suprema Corte Americana chega a analisar 200 casos por ano, em contrapartida “alguns ministros do supremo tem orgulho de dizer que têm 11 ou 20 mil processos para resolver. Só que esses processos são repetitivos e não deveriam chegar ao STF”, criticou o desembargador-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, também convidado do programa Brasilianas.org.

Segundo Nalini, a judicialização no Brasil se transformou em algo convencional e tradicional. “Ele [o Supremo Tribunal] é a quarta instância de todo o tipo de processos, quando deveríamos fazer com que se resumisse a uma corte constitucional”, ponderou. Por outro lado, Nalini admitiu que a Constituição atual admite muitas interpretações, dificultando o acordo entre os Ministros do Supremo do que pode ser considerado constitucional ou não.

Assim, o desembargador compreende que a primeira mudança importante do sistema judiciário brasileiro deveria vir da cabeça dos juízes, no sentido de aceitarem mais abertamente debates que discutam o verdadeiro papel de cada instância e a implantação de medidas inovadoras.

O presidente do TJ-SP lembra que o primeiro sistema judiciário do país foi implantado em 1827, copiando o modelo de Coimbra (Portugal) que já tinha cerca de mil anos. No Brasil, o poder judiciário foi o último a aderir à máquina de escrever e ao computador. Nalini conta que a primeira sentença datilografada foi anulada porque não foi manuscrita, o mesmo ocorreu com a primeira sentença digitada (por não ter sido datilografada).

“A cultura é o principal empecilho. Em seguida é o excesso de carreiras jurídicas. Que país tem milhares de faculdades de direito – mais do que a soma de todas as faculdades de direito no mundo? Que tem um milhão de advogados, 17 mil magistrados, 15 mil promotores, 6 mil defensores? O Brasil”, responde Nalini. Para ele o volume de instituições e pessoas no poder judiciário não facilita, mas sim prejudica, elevando o grau de “judicialização da vida”. O resultado disso, continua, é a criação de uma sociedade cada vez mais infantilizada, incapaz de conversar e produzir consensos.

“Embora o processualista eufemisticamente chame a parte de sujeito processual, ela é objeto da vontade do estado do juiz. Ele [o sujeito processual] conta uma vez para o advogado e o que acontece a partir dali é destinado à vontade da cabeça do juiz”, conclui Nalini.

O STF e a Ditadura Militar
Durante a ditadura militar brasileira, de 1964 a 1985, o Supremo Tribunal Federal foi acusado de trabalhar a serviço do governo, fugindo a responsabilidade de observar os direitos democráticos. Mas, para Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público e professor da Direito FGV de São Paulo, essa crítica é falha.

“É importante lembrarmos que o regime militar aposentou compulsoriamente ministros, que habeas corpus foram dados contra as decisões arbitrárias do regime. Evidentemente que, com o passar dos anos, ministros foram nomeados pelo regime militar e o Supremo se adaptou ao ambiente legislativo da época e de uma constituição muito mais autoritária do que a atual”, explicou.

Sudfeld analisou que o papel que o STF assumiu hoje, mais posicionado ao foco midiático, se deu pelo aumento da mobilização das pessoas, preparadas para chegar ao Supremo, e também aumento de demandas promovidas por partidos políticos e Ministério Público, acionando mais esse poder através de mecanismos permitidos pela nova Constituição, como as ações diretas de inconstitucionalidade. (Fonte: aqui).