terça-feira, 31 de julho de 2012

EM LONDRES, DESPLUGADO


Flávio.

Olímpica internet

Por Juca Kfouri

Ruy Castro vive, bem, e sobrevive, melhor ainda, sem telefone celular. Se não bastasse, ainda observa divertido e crítico a fissura dos portadores do aparelhinho, a imensa maioria da população mundial, ao, por exemplo, desembarcar de um simples voo entre o Rio e São Paulo.

Teria o mundo acabado naqueles 50, 60 minutos entre a derradeira ligação e aquela que se faz ainda de dentro do avião?

Pois se o Ruy está coberto de razão, assim como Marion Strecker ao se referir aos dependentes em tecnologia, peço a compaixão de ambos, e da rara leitora e do raro leitor, para o que passo a relatar, ainda angustiado, 48 horas depois.

O sábado em Londres estava ensolarado e generoso com o esporte brasileiro, um ouro e um bronze no judô logo no primeiro dia de competição, coisa inédita em nossa história olímpica. Eis que chega por e-mail a receita, que suspeito inútil, de um antibiótico, mas não custa tentar na farmácia da esquina.

A negativa da farmacêutica é simpática, solidária e firme, inabalável, acompanhada do endereço do posto de saúde mais perto, no Soho londrino, o SUS dos ingleses, o NHS, National Health Service.

Entendi, então, perfeitamente, a razão da menção às enfermeiras e doutores na festa de abertura dos Jogos: melhor impossível. Mas como tinha saído do hotel para ir até a esquina, deixei o celular, o tablet e o computador no quarto -porque não sou dependente, dona Marion, nem acho que preciso estar o tempo todo conectado, senhor Ruy.

Eis que no posto de saúde, na TV da sala da espera, vejo Thiago Pereira subir ao pódio para receber medalha de prata! Phelps, where, hein?, perguntaria Antonio Prata (não é parente da medalha, como diria Sandro Macedo).

Pois é. Não tinha Phelps, tinha a primeira medalha da natação brasileira em Londres, a terceira do sábado de ouro, prata (não é parente do Antonio) e bronze.

Este experiente contador de histórias também não tinha. Não tinha como contar, ou melhor, blogar, que dá quase no mesmo não fosse a aflição da necessidade imediata porque, mais tarde, ora, só não contaram pra você, pedro bó!

A atendente não entendeu o nervosismo, a enfermeira se desculpou pela demora que nem havia, e a médica, que acabou por fazer a prescrição, queria saber se a medalha era motivo de alegria ou tristeza, desconfiada de que eu pudesse estar frustrado pelo segundo lugar.

Depois, para justificar a nota com tanto atraso no blog, expliquei que não tocara no assunto para não parecer que estava enfiando o Corinthians até na Olimpíada...

Ah, sim, porque a internet também produz chatos, não só fissurados. Mas, como se pode perceber, também jornal não dá pra não ler.

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O corinthiano Juca aludiu a Phelps, recordista em medalhas de ouro em natação (ganhas em 2008), que andou, antes de iniciada a Olimpíada em curso, ironizando a performance de Thiago Pereira, que o superou na prova (Phelps ficou em 4º lugar).
Por aqui, já publicamos textos de Ruy Castro e de Marion Strecker sobre o universo digital, a que Juca também faz referência. O de Ruy está AQUI, o de Marion, AQUI.
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Em tempo: o citado Michael Phelps acaba de se tornar o maior ganhador de medalhas olímpicas (19) de todos os tempos. Um baita campeão.

OLIMPÍADAS: MODO DE VER (II)


Angel Boligán.

OLIMPÍADAS: MODO DE VER


Mario.

SARAH, NÓS E O OURO OLÍMPICO


Por que as medalhas de ouro não são de ouro?

Se as 302 medalhas olímpicas para os atletas fossem feitas somente de ouro, o custo para os organizadores seria de 40 milhões de dólares. Por representar um valor elevado implicaria um problema de segurança para os atletas vencedores: carregar um objeto com valor de mais de 100 mil dólares, fácil de ser roubado, pode despertar a cobiça dos ladrões.

Assim, o Comitê Olímpico estipulou que a medalha de ouro é na verdade de prata, já que 92,5% são deste elemento, 1,34% de Ouro e o restante de outro elemento. Isto significa seis gramas de ouro. Já a medalha de prata é feita de prata (92,5%) e cobre. A medalha de bronze é feita de cobre (97%), zinco (2,5%) e estanho (0,5%). De certa forma, é uma tradição dos jogos que as medalhas de ouro não sejam de ouro: desde 1912 isto não acontece mais. Como o costume de premiar com medalhas começou em 1904, poucos atletas realmente receberam medalha de ouro.

Os elementos são provenientes dos Estados Unidos e Mongólia (ouro e prata), Austrália (zinco) e Inglaterra (estanho). As medalhas foram produzidas na Espanha e em Gales. (...). (Fonte: aqui).

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O certo é que, para Sarah Menezes e seus conterrâneos piauienses/brasileiros, as medalhas de ouro são inteiramente de ouro!

CARTUM CLASSIFICADO


Orlandeli.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

CACHOEIRA INESGOTÁVEL

Berzé.

"Na quinta-feira, o juiz Alderico Rocha Santos comunicou ao Ministério Público Federal que Andressa o procurou em sua sala para pedir que revogasse a prisão de Cachoeira e o absolvesse. Segundo o juiz, nesse encontro Andressa teria noticiado a existência de um dossiê com informações contra ele, que seria publicado pela revista 'Veja'. Andressa teria dito que poderia evitar a publicação do dossiê caso o juiz absolvesse Cachoeira e permitisse sua liberdade."


(Trecho da matéria "MPF acredita que Andressa Mendonça é mensageira do grupo de Cachoeira", publicada pelo Uol nesta data.
Nenhuma surpresa - nem mesmo quanto à referência à notória revista Veja.
Em tempo: o Jornal Nacional noticiou há pouco o assunto, mas sem citar a Veja. Parceria virtuosa é isso aí).

OLIMPÍADAS: CONFRONTO BRUTAL


Amorim.

OLIMPÍADA: CERIMÔNIA DE PRIMEIRA


Cerimônia de abertura da Olimpíada irrita conservadores

Por Marcelo Justo, na CartaMaior

Cerimônia esquerdista, verdadeiro lixo multicultural, “pior que a de Beijing, capital de um estado comunista”. Com esses calorosos epítetos o deputado conservador Aidan Burley desqualificou em sua conta no twitter a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos tão elogiada em nível nacional e internacional, e provocou uma furiosa reação pública e política. O governo de David Cameron, que esperou a chegada dos Jogos como maná celestial em meio a recessão, procurou se distanciar rapidamente do deputado.

Aidan Burley não gostou da longa cena com crianças saltando em camas de hospital e enfermeiras dedicada ao Serviço Nacional de Saúde (NHS), a aparição de símbolos do CND, uma organização que promovia o desarmamento nuclear durante a guerra fria, e, a gota que fez o balde do conservador transbordar, foi tanto rap. “É estranho que ele (o cineasta Danny Boyle) tenha dado tanta importância ao rap. Pareceu-me uma tentativa de enfocar nossa história com o prisma moderno de nosso culturalismo”, insistiu Burley em uma entrevista de televisão. Disposto a bombardear a cerimônia cultural, o deputado assinalou que o final tampouco foi de seu agrado. “É também muito triste que Shami Chakrabarty, da organização de esquerda Liberty, tenha sido uma das pessoas escolhidas para carregar a bandeira dos jogos”, disse Burley.

Com um país orgulhoso por uma cerimônia que a imprensa britânica descreveu como “extraordinária” e “assombrosa”, Downing Street, o prefeito de Londres, Boris Jonson, e uma série de deputados conservadores se afastaram de seu colega conservador e elogiaram sem reservas a cerimônia inaugural. O trabalhismo aproveitou a ocasião. “David Cameron deveria mostrar um pouco de liderança e exigir um pedido de desculpas de Aidan Burley. Cameron disse que o Partido Conservador mudou, mas está claro que não mudou muito pelo que disse um de seus deputados”, assinalou o deputado trabalhista Michael Dugher. David Cameron assumiu a liderança dos conservadores em 2005 decidido a fazer o partido ocupar o centro do espectro político com uma imagem mais “branda” que a da era thatcherista, guinada com a qual a direita partidária nunca simpatizou.

As bestas negras dos conservadores
Aidan Burley é um dos mais excêntricos representantes dessa linha. No ano passado, foi obrigado a renunciar de seu cargo de assistente ministerial depois de participar de uma despedida de solteiros que tinha uma temática de disfarces nazistas. Grotescos erros desse tipo permitiram a Cameron isolar esse setor – ultranacionalistas e thatcheristas que reivindicam o império a ferro e fogo – mostrando-o como minoritário e marginal, mas não conseguiu eliminar a suspeita de que, na verdade, representa uma tendência profunda dos conservadores.

Em todo caso, está claro que Burley não está sozinho. Um deputado conservador, Karl McCartney, insinuou no twitter que mais gente está de acordo com suas opiniões. “Abertura de cerimônia agradável em sua maior parte, se ignorarmos as descaradas referências esquerdistas que muitos não ignoraram”, disse Mc Cartney no twitter. Em apoio a esta leitura política da abertura, apareceu uma mensagem do magnata multimídia Ruppert Murdoch, que ficou vinculado aos conservadores no escândalo das escutas telefônicas. “A inauguração foi surpreendentemente boa, embora muito politicamente correta”, assinalou Murdoch em seu twitter.

O multiculturalismo, o politicamente correto, o NHS, a BBC e o rap são típicas bestas negras dos conservadores que os responsabilizam por diferentes pecados, desde o terrorismo até a falta de patriotismo, a desintegração familiar e o aumento de crimes. O multiculturalismo, em particular, foi alvo de fortes debates desde os atentados de 7 julho de 2005 em Londres contra o transporte público que deixaram 54 mortos e mais de 700 feridos.

Segundo seus críticos a coexistência de distintas culturas no interior de uma sociedade (o multiculturalismo) não favoreceu a integração das distintas correntes imigratórias do pós-guerra no Reino Unido. A pior mostra desse fracasso seria o fato de que os quatro atacantes suicidas dos atentados eram de origem muçulmana. É claro que para a maioria dos britânicos vincular a cerimônia inaugural dos Jogos com um perverso “vício” multicultural é, no mínimo, uma hipérbole disparatada. (...).  (Para continuar a leitura, clique AQUI).

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A reação oonservadora ratifica - e reforça - a impressão de que a cerimônia foi, de fato, de primeira.

domingo, 29 de julho de 2012

ESQUINA DO MUNDO

O JULGAMENTO DO MENSALÃO


O julgamento jurídico do "mensalão"

Por Dalmo de Abreu Dallari

Com a previsão de que o Supremo Tribunal Federal julgará, nos próximos dias, o processo identificado como do “mensalão”, intensificaram-se as especulações com a publicação de opiniões de pessoas que a imprensa considera diretamente envolvidas ou interessadas, e também com manifestações da própria imprensa, nem sempre objetivas e imparciais.

Um dado fundamental, que não tem sido observado, é que o julgamento ocorrerá no Supremo Tribunal Federal, órgão de cúpula do sistema judiciário brasileiro, que deverá julgar segundo o direito, fundamentado na Constituição e nas leis aplicáveis ao caso, tendo por base os elementos de prova constantes dos autos.

Aqui está um ponto que deve merecer especial atenção: as provas dos autos. O que se sabe é que existe uma quantidade enorme de documentos compondo os autos do processo, com a indicação de fatos e o registro de dados que deverão ser levados em conta pelos julgadores, que, além do enorme desafio que é o exame cuidadoso de todo o fartíssimo material carreado para os autos, enfrentam ainda o desafio de avaliar a credibilidade das informações contidas nessa volumosa documentação.

Para facilitar a tarefa dos julgadores serão apresentados dois relatórios, um do relator e outro do revisor, que fizeram a leitura e o exame de todo o material ali reunido e que deverão procurar apresentar um resumo dos argumentos da acusação e da defesa, analisando as colocações teóricas e as alegações de caráter jurídico – tudo isso confrontado com os elementos de provas apresentados pela acusação e pela defesa.

Jurídico, político
Considerados todos esses aspectos, fica evidente que a manifestação antecipada de uma opinião sobre qual deverá ser o resultado do julgamento, sem ter conhecimento dos elementos de prova constantes dos autos, não tem qualquer consistência. Apesar disso, vários órgãos da imprensa já se manifestaram externando suas expectativas ou transmitindo a avaliação prévia do julgamento feita por políticos favoráveis ou contrários aos réus do “mensalão”.

Lamentavelmente, tanto de um lado quanto de outro se tem feito uma avaliação leviana e desrespeitosa do desempenho dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Assim, uma parte da grande imprensa refere-se ao julgamento como se fosse mera formalidade para confirmar uma decisão que consideram a única aceitável: os réus deverão ser condenados, pois está fartamente comprovada sua culpa.

Quem afirma isso não examinou o processo, não conhece o conjunto das provas e não teve como avaliar a confiabilidade dos elementos informativos apensados aos autos e, além disso, nem tem condições para a consideração de todos esses elementos sob o ângulo jurídico.

E levianamente afirmam que se os acusados forem absolvidos o julgamento terá sido político, e não jurídico. Com essa mesma irresponsabilidade têm sido externadas opiniões em sentido contrário, afirmando que se não houver a interferência de fatores políticos os réus deverão ser necessariamente absolvidos.

Decisão respeitada
Por uma série de circunstâncias o julgamento do “mensalão” adquiriu grande importância, despertando o interesse da opinião pública. Para isso pesou muito a exploração política das acusações, embora tenha havido sempre bastante dubiedade quanto ao relato dos fatos e comportamentos que caracterizariam uma ilegalidade e ao papel de cada um dos implicados.

Assim, é frequente encontrar-se na imprensa uma acusação ou insinuação com o verbo no condicional, dizendo-se que fulano “teria recebido”, que outro “seria o destinatário dos recursos” ou “estaria a par da negociata”. Dessa forma o órgão de imprensa que faz a divulgação procura fugir da responsabilidade, pois se for acionado dirá que não fez uma afirmação, mas apenas repercutiu um boato.

Em síntese, o que se pode concluir é que o caso “mensalão” não é exemplar e não terá qualquer influência para reduzir as práticas de corrupção política, administrativa, empresarial ou eleitoral. Seja qual for a decisão haverá exploração política do resultado, mas é indispensável que a decisão do Supremo Tribunal Federal, absolvendo ou condenando qualquer dos acusados, seja respeitada e que os interesses contrariados não se vinguem agredindo o Judiciário e estimulando o seu descrédito perante a opinião pública. (Fonte: aqui).

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Comentário: Acompanho a opinião externada pelo jurista, aduzindo:

1. o mérito inicial do julgamento é o de enterrar de vez o fantasma da prescrição, o pior desfecho imaginável;

2. quem mais tem a ganhar é a Justiça, o Direito, desde que o STF aja segundo a diretriz acenada pelo ministro Ayres Britto: nem faca nos dentes, nem ramalhetes nas mãos;

3. quem mais tem a perder são os opositores dos acusados, que, por exemplo, ao longo de anos vêm destinando a eles os epítetos (ou opróbrios?) de "réus do mensalão", "mensaleiros" etc, o que eventual absolvição derrubará . Daí o nervosismo de 'n' instâncias envolvidas.

OLD CARTUM


Dodó Macedo. Menção honrosa no 1º Salão de Humor do Piauí - maio de 1982.

OLIMPÍADAS: O BOM COMEÇO DO BRASIL

Sarah Menezes. Thiago Pereira. Felipe Kitadai.

Brasil já atinge 20% da meta de medalhas em Londres

Com um ouro, uma prata e um bronze no primeiro dia de disputas nos Jogos de Londres, o Brasil não só conseguiu neste sábado seu melhor início de Olimpíadas de todos os tempos, mas também já atingiu 20 por cento da meta de 15 medalhas estabelecidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

O ouro feminino inédito conquistado pela judoca Sarah Menezes no peso-ligeiro (até 48kg), a prata do nadador Thiago Pereira nos 400 metros medley e o bronze do também judoca Felipe Kitadai levaram o Brasil ao 4º lugar no quadro medalhas neste início de competição, ao lado da Coreia do Sul e atrás de China, Itália e Estados Unidos.

"Estamos melhorando a cada ano e a cada Jogos Olímpicos", disse Thiago Pereira, após receber sua primeira medalha em uma Olimpíada, ao ser perguntado se o Brasil estava mostrando sua força já para os próximos Jogos, que serão realizado no país.

A preparação dos atletas brasileiros para Londres, a última Olimpíada antes dos Jogos do Rio-2016, é a mais cara e completa já realizada pelo COB, mas ainda assim os dirigentes anunciaram uma meta de apenas repetir a conquista das 15 medalhas dos Jogos de Pequim-2008.

O grande salto de qualidade que o Brasil espera dar será daqui a quatro anos, com a expectativa de terminar pela primeira vez entre os 10 primeiros no quadro de medalhas. O governo federal vai apresentar um plano de apoio ao esporte de alto rendimento, com volume recorde de recursos, após o encerramento dos Jogos de Londres para se atingir esse patamar.

"O objetivo é que o quadro de medalhas na Olimpíada do Rio de Janeiro seja compatível com a nossa condição de país sede das Olimpíadas. Todos os países que sediaram Olimpíada tiveram um plano relacionado com os seus objetivos", disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, após assistir à medalha de ouro de Sarah Menezes.

Na capital britânica os atletas brasileiros recebem uma estrutura comparável à das potências olímpicas como EUA e Austrália, de forma que não haja "desculpas" dos competidores que não conseguirem os resultados esperados, de acordo com o superintendente-executivo de esporte do COB, Marcus Vinícius Freire.

O principal investimento in loco foi o aluguel do centro esportivo Crystal Palace, o quartel-general do Brasil em Londres, com locais de treinamento, alimentação e acomodação exclusivos para os brasileiros. Além disso, a maior parte da delegação brasileira conta com recursos do programa do governo federal Bolsa Atleta.

O valor do investimento feito pelo COB na preparação dos atletas não foi divulgado, mas o comitê garante que é o maior da história.

As 15 medalhas do Brasil em Pequim (3 de ouro, 4 de prata e 8 de bronze) foram em atletismo, natação, vôlei, vôlei de praia, vela, futebol e taekwondo. Em Londres, a expectativa de subir ao pódio é praticamente nas mesmas modalidades. (Fonte: aqui).

sábado, 28 de julho de 2012

O IMPAGÁVEL MR BEAN


A primeira medalha de ouro é de Mr Bean

Paulo Nogueira Batista

A abertura dos Jogos de Londres, obra do cineasta Danny Boyle, entrou instantaneamente para a história por causa sobretudo de um nome: Mr Bean.

Mr Bean é o comediante que mais se aproximou de Charles Chaplin. É feio, atrapalhado, pequeno. O antigalã. Com tudo isso, comove, faz pensar e sobretudo diverte — sem dizer uma só palavra. Não faz o humor sofisticado do Monty Phyton, mas é mais engraçado que todo o grupo junto.

Mr Bean é cada um de nós. Por isso o amamos. Admiramos James Bond, outra grande produção inglesa, mas sabemos que não somos ele. Por isso não o amamos, apenas lhe dedicamos admiração– misturada, é verdade, a uma certa dose de inveja.

Numa festa extraordinária, em que as pessoas que fizeram a Inglaterra ser o que é foram exaltadas sem um patriotismo estridente e tolo, em que o espetáculo foi movido muito mais pelo conteúdo do que pela embalagem, Mr Bean foi o instante supremo.

Ia dizer que a pataquada ficou por conta da bandeira brasileira nas mãos de Rodrigo Pessoa, cujo esporte, a equitação, não poderia ser mais distante do povo nacional. Por que não Marta? Ou mesmo Neymar? Pessoa com a bandeira foi uma piada — involuntária — do Comitê Olímpico Brasileiro. (Fonte: aqui - blog Diário do Centro do Mundo).

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A festa de abertura das Olimpíadas mereceu nota dez. Quanto à observação final, é pertinente o reparo: o Comitê Olímpico Brasileiro, como diria o outro, deu bandeira.
Clique aqui para ver a performance olímpica de Mr. Bean.

GOD SAVE THE SPORT


Paixão.

MENINA DE OURO


VALEU, SARAH!



Netto.

OLIMPÍADAS 2012: DADA A LARGADA


Arend Van Dam.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

OLD PHOTO


Misha, mascote das Olimpíadas de Moscou, na solenidade de abertura, 1980.

Dias depois, no encerramento, a surpreendente lágrima móvel.

ATITUDE NADA OLÍMPICA

"A mudança climática é uma farsa"
Cartum de Chappatte.

Fraudando o jogo climático

Por Paul Krugman

Duas semanas atrás o nordeste dos Estados Unidos estava passando por uma grave onda de calor. Quando escrevo este texto, porém, está fazendo friozinho em Nova Jersey, considerando que estamos no final de julho. O tempo é assim: muda sempre.

E essa observação banal pode ser o que nos condena à catástrofe climática, de duas maneiras. Por um lado, a variabilidade das temperaturas de dia a dia e de ano a ano torna fácil ignorar, deixar de perceber ou obscurecer a tendência de mais longo prazo de aquecimento. Por outro lado, mesmo uma alta bastante modesta nas temperaturas médias se traduz numa frequência muito maior de eventos extremos que causam danos maiores, como a seca devastadora que assola a região central dos EUA neste momento.

Com relação ao primeiro ponto: mesmo com a maior boa vontade do mundo, seria difícil para a maioria das pessoas permanecerem focadas no quadro mais amplo, diante de flutuações de curto prazo. Quando o termômetro assinala alta temperatura e as plantações estão ficando ressecadas, todo o mundo comenta o assunto, e algumas pessoas fazem a ligação com o aquecimento global. Mas basta os dias refrescarem um pouco e chover, e, inevitavelmente, a atenção das pessoas se volta a outras coisas.

O que agrava as coisas em muito, é claro, é o papel exercido por atores que não têm a maior boa vontade do mundo. A negação das mudanças climáticas é uma verdadeira "indústria" em grande escala financiada lautamente pela Exxon, os irmãos Koch e outros que têm interesse financeiro na continuidade da queima de combustíveis fósseis. E explorar a variabilidade é um dos truques básicos desse setor. Os exemplos disso vão desde o bordão constante da Fox News --"está fazendo frio lá fora! Al Gore estava enganado!"-- até as constantes alegações de que estamos passando por um esfriamento global, não um aquecimento, porque neste momento não está fazendo tanto calor quanto alguns anos atrás.

Como devemos enxergar a relação entre mudanças climáticas e nossa experiência cotidiana? Quase um quarto de século atrás, James Hansen, o cientista da Nasa que fez mais que qualquer outra pessoa para inserir as mudanças climáticas na pauta de discussão, sugeriu a analogia de dados manipulados (para uso em um jogo de dados). Imagine, sugeriram ele e seus colegas, representar as probabilidades de um verão quente, médio ou frio, segundo os padrões históricos, por um dado com dois lados vermelhos, dois brancos e dois azuis. Eles previram que no início no século 21 seria como se quatro dos lados do dado fossem vermelhos, um, azul, e um, branco. Os verões quentes teriam ficado muito mais frequentes, mas ainda ocorreriam verões frios de vez em quando.

E a tese deles está se comprovando. Conforme documentado em um novo artigo de Hansen e outros, ainda ocorrem verões frios pelos padrões históricos, mas raramente, enquanto os verões quentes ficaram duas vezes mais frequentes. E nove dos dez anos mais quentes na história registrada ocorreram desde 2000.

Mas não é só isso: temperaturas altas realmente extremas, o tipo de coisa que acontecia muito raramente no passado, tornaram-se bastante comuns. Pense nisso como se estivesse rolando dados e ocorressem duas sequências de seis, algo que acontece menos de 3% do tempo com dados normais, mas mais frequentemente quando os dados foram fraudados. E essa incidência crescente de eventos radicais, refletindo a mesma variabilidade de tempo que pode obscurecer a realidade das mudanças climáticas, significa que os custos das mudanças climáticas não são uma perspectiva distante décadas no futuro. Pelo contrário, eles já estão aqui, embora por enquanto as temperaturas globais estejam apenas cerca de um grau Fahrenheit acima das médias históricas --ou seja, uma pequena fração do que podem vir a subir se não tomarmos uma atitude.

A grande seca do meio-oeste americano é um caso em pauta. Esta seca já levou os preços do milho a alcançarem o nível mais alto da história. Se isso continuar, pode desencadear uma crise alimentar mundial, porque a região central dos Estados Unidos ainda é o celeiro do mundo. E a seca está ligada às mudanças climáticas, sim: fatos como esse já aconteceram antes, mas sua probabilidade é hoje muito maior do que era.

É possível que esta seca acabe em tempo de ser evitado o pior. Mas haverá mais eventos como este. Joseph Romm, influente blogueiro sobre questões climáticas, cunhou um termo para designar a perspectiva de períodos extensos de seca extrema em regiões agrícolas antes produtivas. Ele vem argumentando há algum tempo que esse fenômeno, com seus efeitos desastrosos sobre a segurança alimentar, deve representar o início dos danos provocados pelas mudanças climáticas, ocorrendo ao longo das próximas décadas; a submersão da Flórida pela elevação do mar, e tudo isso, se dará mais tarde.

E o fenômeno já está acontecendo.

A seca atual finalmente levará à adoção de medidas sérias com relação ao clima? A história não é encorajadora. Os negadores com certeza vão continuar a negar, especialmente porque admitir, no ponto em que estamos, que a ciência que eles vêm desancando estava certa desde o início equivaleria a reconhecer sua própria culpa no desastre que se avizinha. E o público tem grandes chances de perder interesse pelo assunto novamente na próxima vez em que o dado cair com o lado azul ou branco para cima.

Esperemos que desta vez seja diferente, porém. Pois os danos em grande escala resultantes das mudanças climáticas não são mais um desastre esperando para acontecer. São um desastre que está acontecendo agora. (Fonte: aqui).

CHARGE DO DIA OLÍMPICO


Tom Janssen.

CARTUM


Ares.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

LOAS ÀS ARMAS


Lute.

Romona

Por Luis Fernando Veríssimo

Para comprar armas no comércio tradicional um americano se submete a algumas formalidades, tão inócuas quanto hipócritas. Há várias maneiras de driblar as formalidades. Nas feiras de armas onde os fabricantes expõem seus produtos você pode sair com uma bazuca embaixo do braço sem nenhuma restrição. E – como mostrou o último maluco a entrar atirando – hoje não há material bélico que você não possa comprar pela internet, sem qualquer controle. Tanto o Barack Obama quanto o Mitt Romney se manifestaram, no passado, contra esta liberalidade insana mas agora se limitam a lamentar os mortos. Nenhuma palavra dos dois que pudesse contrariar o lóbi das armas, a poderosa National Rifle Association, seus membros e simpatizantes, ainda mais num ano eleitoral.

Os filmes que Hollywood deixa para lançar nas férias de verão da garotada são chamados de blockbusters, arrasa-quarteirões. São feitos para render o máximo na semana de estreia, o que garantirá ótima bilheteria no resto da temporada. Ainda não deu para saber como a chacina em Aurora afetará a renda do último Batman, que pode se tornar um filme maldito. Há muitos anos um filme chamado Romona (ou era Ramona?) ganhou notoriedade porque alegavam que ele dava azar. Um cinema tinha ruído numa projeção de Romona e logo se espalhou o boato de que outros cinemas que exibiam Romona também tinham caído, que qualquer cinema que exibisse Romona estava ameaçado de cair. Tornou-se comum bater na madeira toda vez que se mencionasse o título do filme. Não sei do que se tratava Romona. Não sou supersticioso, mas nunca entrei num cinema para ver.


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Parece não ter havido maiores danos à trajetória do filme. Os dirigentes, aliás, anunciaram que parte dos recursos auferidos será repassada às famílias das vítimas do massacre. Segue em frente, inabalável, o american way of life.

SEDENTARISMO OLÍMPICO


Frank.

BANKSTERS: PUNIÇÃO TARDIA


União Europeia quer prisão para manipuladores de juros mundiais

A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira que a manipulação de índices de referência para as taxas de juros, como o Euribor e o Libor, seja considerada crime, inclusive com pena de prisão.

Por trás do escândalo de manipulação do Libor --a taxa de juros interbancária, fixado em Londres-- está "uma falta absoluta de valores morais" por parte de alguns agentes financeiros, que não levam em consideração os cidadãos, as empresas e as autoridades públicas, disse em entrevista coletiva o comissário europeu de Serviços Financeiros, Michel Barnier.

"Este comportamento deve ser punido sem desculpa alguma, e para isso as autoridades supervisoras em todos os países da UE (União Europeia) devem poder identificar e diagnosticar as manipulações, e ao mesmo tempo os juízes devem dispor dos meios para puni-las, inclusive com prisão nos casos mais graves", opinou.

A Comissão Europeia não tipificou as sanções ou o grau de gravidade do delito que os países da UE devem incluir em seus códigos penais.

A proposta da Comissão pede que os Estados-membros incluam em seus respectivos códigos penais o delito sobre a manipulação direta dos índices de referência, a incitação e a participação nesta prática e a tentativa de alterar esses indicadores. Além disso, pedem o estabelecimento de punições efetivas.

"TOLERÂNCIA ZERO'
"Existirá tolerância zero para manipuladores", afirmou a comissária europeia de Justiça, Viviane Reding.

"O Libor e muitos outros índices similares desempenham um papel fundamental na gestão de riscos de nossa economia e o impacto [das taxas de juros interbancárias] se nota em quase todos os serviços financeiros e produtos do planeta", ressaltou.

Estas taxas influem nos custos que os cidadãos e as companhias pagam na hora de contratar um empréstimo, um crédito ou uma hipoteca, e manter o Libor ou o Euribor artificialmente alto ou baixo "é uma fraude", acusou.

'BANKSTERS'
Viviane recomendou que os banqueiros reflitam sobre seu comportamento, "porque alguns talvez sejam mais banksters" (trocadilho com palavra gângster) e atuam "como proprietários de cassinos corruptos que apostam com as economias de seus clientes", denunciou.

A funcionária foi igualmente dura com o Banco da Inglaterra, que atua como supervisor bancário, porque "recebeu anos antes advertências de que algo ia mal e não atuou" para evitar ou frear o escândalo da manipulação do Libor. (Fonte: Folha de São Paulo)

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A crise financeira que assola o mundo desde 2008 teve origem na desregulamentação do mercado, patrocinada pelo governo americano (processo que teve início ainda no governo Reagan e a partir de então se globalizou), investindo os banqueiros do poder de agir com total liberdade. Daí as milhões de operações lastreadas em hipotecas fajutas e os famosos derivativos, que multiplicaram os ganhos dos "banksters" e contaminaram países mundo afora. A SEC, espécie de Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, não tinha como coibir as falcatruas, visto que desprovida de poderes para enquadrar as instituições financeiras.
Quando os bancos implodiram, os governos injetaram recursos públicos para cobrir os rombos, face ao 'macabro risco sistêmico' (falência generalizada). Tudo azul para os bancos. Punição? Ninguém viu.
Essa pioneira iniciativa da Comissão Europeia, não obstante o baita atraso, é bastante positiva. Torçamos para que UE e EUA a aprovem.

SOLIDARIEDADE ET


Alexander Umyarov.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

PICLES DO BARÃO

Aparício Torelly, o Aporelly, Barão de Itararé (1895-1971), por André Guevara.
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Pobre só levanta a cabeça pra ver se vai chover.
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Quem vê cara não vê que horas são.
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Os calos podem ser produzidos por sapatos de qualquer cor.
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A estrela de Belém foi o primeiro anúncio luminoso.
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EUA: LIVRE MERCADO


Tom Janssen.

CRISE MUNDIAL: BANQUEIROS A SALVO


Oleksy Kustovsky. (Ucrânia).

BLOGS, REJEIÇÃO E DIVERSIONISMO


Zope.

Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, José Serra, candidato a prefeito de São Paulo, amarga rejeição de 37% (com viés de alta), percentual superior ao de intenções de voto (30%). A situação não é de tranquilidade, ainda mais se se considerar o fato de que a grande maioria do eleitorado deseja renovar inteiramente a cúpula do Executivo municipal, sendo que Kassab, atual prefeito e apoiador de Serra, detém a pior avaliação entre os prefeitos de seis das principais capitais.

A alternativa (ou uma delas) eleita pelo candidato foi a de acionar judicialmente dois dos principais blogs políticos do país - os dos jornalistas Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim -, acusados de desrespeitarem as instituições e fazerem oposição sistemática aos críticos do governo federal, à custa de anúncios de empresas estatais.

Desrespeito às instituições... Oposição sistemática... Diversionismo exacerbado. Vejamos o que diz o jornalista Luiz Carlos Azenha:

A crença nos superpoderes de blogueiros

Confesso que, de uns tempos para cá, minha tolerância com a hipocrisia é próxima de zero.

Acho perda de tempo participar de polêmicas cuja função essencial é mascarar a realidade, além de alimentar o desejo de alguns por circo.

Circo move tráfego na rede.

A ação do PSDB relativa aos blogueiros Paulo Henrique Amorim e Luís Nassif não busca debater o essencial, ou seja, o uso do dinheiro público em publicidade ou propaganda. Se buscasse, haveria de tratar do conjunto: quais são os gastos de governos federal, estaduais e municipais com propaganda? Quanto recebem a Globo, a Veja, a Folha e o Estadão proporcionalmente ao bolo? Os governos não poderiam reduzir estes custos investindo mais na internet, por exemplo, dada a crescente capacidade de disseminação de informações através das redes sociais? É viável fazer como o agora senador Roberto Requião, que quando governador do Paraná cortou todas as verbas publicitárias, a não ser as de campanhas de utilidade pública? Cabem políticas públicas para promover a pluralidade e a diversidade de opiniões?

Há outras questões, tão interessantes quanto. Deve um partido tentar definir a pauta de um blog eminentemente pessoal? Por que o anúncio de empresas públicas supostamente compra um blogueiro mas não compra um dono de jornal? Crítica é ataque às instituições? Ao criticar o Congresso, o governo federal ou o Judiciário os colunistas dos grandes jornais estariam ‘atacando as instituições’? Mas, se o financiamento dos jornais para os quais escrevem — ou das emissoras de rádio e TV nas quais trabalham — é feito parcialmente com dinheiro público, eles podem ‘atacar as instituições’ livremente e os blogueiros não? E a liberdade de expressão e o direito ao contraditório?

Trato destes temas com tranquilidade. O Viomundo, pelo menos por enquanto, é mantido com anúncios Google. O Leandro Guedes, que nos representa comercialmente, desenvolve ferramentas para que nosso financiamento seja proporcionado pelos próprios leitores. Desde que começou a fazer isso, há dois meses, não está autorizado nem a enviar os media kits (com dados de audiência, etc) a empresas públicas ou governos federal, estaduais ou municipais. Esperamos que a grande mídia siga nosso exemplo.

[Pausa para gargalhar]

Não sei o que moveu o PSDB. Provavelmente, pela escolha dos alvos, José Serra. Tenho comigo que algum mago, daqueles que cobram fortunas para fazer campanha, tenha concluído que existe uma relação entre a altíssima taxa de rejeição de Serra e a blogosfera/mídias sociais.

Não sei se o diagnóstico está certo ou errado, mas a cura é duvidosa. Parte do pressuposto de que blogueiros sejam capazes de mover legiões de internautas. A crença nisso é uma farsa, muitas vezes alimentada por quem está chegando agora ou está “investido” na blogosfera. Quem lida com os internautas no dia a dia e respeita a diversidade de opiniões descobre que este é um meio horizontal. Não é estruturado hierarquicamente. Não obedece a comandos. O valor das opiniões não está na autoridade, nem no currículo, nem no status do autor: deriva da qualidade, da lógica, da originalidade da argumentação. Deriva da capacidade de apontar algo que outros não notaram. De desvendar conexões encobertas. De colocar fatos em perspectiva histórica. De ajudar a concatenar e, portanto, fixar ideias que circulavam desconexas no “inconsciente coletivo digital”. Simplificando, quando a piada é boa ganha o mundo.

Aquela foto de Serra sobre o skate, na capa da Folha, pode ter sido feita num momento autêntico de descontração, mas cristalizou a imagem de um candidato tentando parecer o que não é: jovem. Se dezenas de milhares de pessoas perceberam isso ao mesmo tempo e puderam conversar sobre isso nas redes sociais — o que não poderiam ter feito no passado, quando dependiam de passar pelo crivo de um repórter, de um editor e do dono de um grande jornal e de escrever carta para a coluna do leitor – é culpa dos blogueiros?

Acreditar que dois blogueiros — ou duas dúzias — sejam capazes de mover a rede é subestimar a inteligência dos internautas. Ou alguém acredita que tem um comunista escondido embaixo de cada Curtir? Com ferramentas razoavelmente simples como o twitter e o Facebook, hoje cada leitor pode exercer como nunca seu direito de escolha, de interagir e de se fazer ouvir. É natural que quem vive no mundo das hierarquias rígidas estranhe, se sinta intimidado ou frustrado. O que está em curso nas redes sociais é o equivalente a uma segunda revolução do controle remoto.

Portanto, não estamos diante de uma tentativa do PSDB de defender as instituições ou de zelar pelo dinheiro público. Pode ser uma resposta exagerada ou míope diante de um fenômeno que o partido não consegue entender ou pretendia replicar e não consegue. Quem sabe exista um desejo subjacente de controle, de um ‘choque de ordem’ que preceda a privatização da crítica e do conhecimento intelectual, colocando ambos dentro de parâmetros aceitáveis pelo mercado (sobre isso, escreveu Slavoj Zizek). Ou é tentativa de intimidação, pura e simples. (Fonte: aqui).

terça-feira, 24 de julho de 2012

CHARGE ANTIGA


Gilmar.

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A charge foi publicada há algum tempo. Bela oportunidade para que se diferencie a charge do cartum: o cartum é permanente, ou quase. Cartum sobre vícios sociais, por exemplo. A charge tem vida breve: passado o fato, perde a 'atualidade'. A acima fala em 187 milhões de celulares (no Brasil), número que atualmente ultrapassa 250 milhões. Se bem que a psicose pelas redes sociais e a precariedade do serviço oferecido continuam as mesmas.

RICOS DO BRASIL: 4º LUGAR NOS PARAÍSOS DO MUNDO


Elites do Brasil enriqueceram (mais ainda) com paraísos fiscais

Um estudo inédito, que, pela primeira vez, chegou a valores depositados nas chamadas contas offshore (sobre as quais as autoridades tributárias dos países não têm como cobrar impostos), mostra que os super-ricos brasileiros somaram até 2010 cerca de US$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) em paraísos fiscais. Trata-se da quarta maior quantia do mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.

O documento The Price of Offshore Revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network, cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais para chegar a valores considerados pelo autor.

O relatório destaca o impacto sobre as economias dos 139 países mais desenvolvidos da movimentação de dinheiro enviado a paraísos fiscais. Henry estima que, desde os anos 1970 até 2010, os cidadãos mais ricos desses 139 países aumentaram de US$ $ 7,3 trilhões para US$ 9,3 trilhões a “riqueza offshore não registrada” para fins de tributação.

A riqueza privada offshore representa “um enorme buraco negro na economia mundial”, disse o autor do estudo. Na América Latina, chama a atenção o fato de, além do Brasil, países como o México, a Argentina e Venezuela aparecerem entre os 20 que mais enviaram recusos a paraísos fiscais.

John Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que combate os paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou ao jornal da BBC Brasil que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos, para enviarem seus recursos ao exterior. “Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço. Como o governo americano não compartilha informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar aos donos destas contas e taxar os recuros”, afirma.

Segundo o diretor da Tax Justice Network, além dos acionistas de empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo), os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais. “As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos”, observa Christensen. “No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo”.

Chistensen diz ainda que no caso do México, da Venezuela e Argentina, tratados bilaterais como o Nafta (tratado de livre comércio EUA-México) e a ação dos bancos americanos fizeram os valores escondidos no exterior subirem vertiginosamente desde os anos 70, embora “este seja um fenômeno de mais de meio século”. O diretor da Tax Justice Network destaca que há enormes recursos de países africanos em contas offshore. (Fonte: aqui).

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A britânica The Economist, como sempre puxando a brasa para o Estado Mínimo (a despeito do fracasso das fórmulas neoliberais), afirmou que a economia brasileira bombou porque movida a anabolizantes, e como um dos argumentos alinhou a expansão do crédito. Esqueceu a publicação que a estratégica e providencial atuação dos bancos estatais para o fortalecimento do Brasil resultou em que o montante global dos créditos passasse a pouco mais de 50% do PIB, percentual bem inferior aos de EUA, Japão, França e outros.
Aguarda-se matéria da revista sobre os verdadeiros anabolizantes, no caso os da banca mundial: ganhos decorrentes da manipulação de taxas (Libor; banco Barclays à frente), coonestação de balanços manipulados de países hoje em pandarecos (Grécia; Lehman Brothers) e o bem-bom dos ricos nos paraísos fiscais.

OLIMPÍADAS: AMARGO NONSENSE


Amorim.

OLIMPÍADAS: NOVIDADES NO FRONT


Duke.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

GONZAGÃO: HOMENAGEM PIAUIENSE


A cantata Gonzaguiana

Por Joca Oeiras

Nas homenagens mui justamente prestadas ao rei do Baião, Luiz Gonzaga, um evento tem-se destacado inclusive pelo ineditismo da proposta: o humorista João Cláudio Moreno, fã incondicional do Seu Lua e reconhecidamente, imitador, quase perfeito, da voz do Luiz Gonzaga, formou uma parceria com o maestro Aurelio Melo, regente da Orquestra Sinfônica de Teresina e ambos conceberam a Cantata Gonzaguiana onde João Cláudio canta músicas do repertório de Gonzagão (com arranjos eruditos a cargo do maestro) acompanhado pela OST. A Cantata tem feito enorme sucesso onde é apresentada. (Fonte: AQUI - onde você tem acesso a vídeo com a performance).

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Primorosa homenagem.

AMY WINEHOUSE, SEM THE END


Amy, em caricatura de letra, por Biratan Porto..


Amy, por Hermé.

TRIBUNAIS BOICOTAM LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (II)


Nani.

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Comentário do juiz federal Roberto Wanderley Nogueira, de Recife, divulgado no blog Interesse Público:

Tribunais sem noção! Aquilo que o povo paga aos Juízes é do direito do povo conhecer, sem dissimulações ou reservas, item por item, plena e integralmente. As distorções no sistema remuneratório público só existem nas trevas, não à luz. Essa resistência toda revela o estágio primitivo em que ainda hoje se situa o Judiciário brasileiro, que precisa mudar. Sou Juiz, e quero que o meu contracheque seja amplamente divulgado, sem medo e sem ódio!

JARDIM PORTÁTIL


Jaguar.

SOBRE O CARTUNISTA JAGUAR


Cartunista Jaguar revela em crônica que tem cirrose e câncer

O humorista e cartunista Jaguar, 80, revelou neste sábado (21) em sua coluna semanal no jornal "O Dia" que tem cirrose e câncer. Ele se internou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, no último dia 9, onde foi operado. Segundo o amigo e também cartunista Aroeira, o procedimento cirúrgico foi "inodoro, indolor e incolor" e Jaguar "se recupera bem da coluna" --um trocadilho com o texto publicado.

Ainda de acordo com o Aroeira, o humorista se recupera bem e não quer falar com a imprensa. Esta semana "ele já assistiu a um jogo de futebol com amigos num bar, mas sem beber", garantiu.

Com humor característico, Jaguar conta que nos últimos 62 anos bebeu "uma piscina olímpica", tendo consumido uns 5 litros de cerveja por dia.

"Para ficar só nas cervejas, sem falar nos vinhos e nos destilados: cachaça, underberg, bagaceira, grapa, tequila, steinhager, pisco, conhaque, rum, aquavit, gim, sakê, até absinto. E mil coquetéis, do Hi-Fi ao dry-martini", escreve.

Jaguar afirma que tem CHC (Carcinoma Hépato Celular) e que o médico que consultou disse que ele precisava operar imediatamente. E escreve: "E se não quiser operar, doutor?" perguntou ele. "Você vai ter entre 2 a 20 dias de vida, na melhor das hipóteses".

Ainda na coluna, escreve que antes de se internar almoçou com a mulher no restaurante Gero "com dry-martinis, vinho e underberg." E que ao chegar no hospital ficou surpreso, pois havia uma multidão de fotógrafos e cinegrafistas e ele não havia contado para ninguém.

"Ledo Ivo engano (licença, Sergio Porto). Estavam na porta do hospital para cobrir a saída de Pedro, filho do cantor sertanejo Leonardo. No meu tempo era cantor caipira, com chapéu de palha e botina. Agora é chapéu texano, muita joia e botas de grife."

E encerrou a coluna com a observação: "(continua)". (Fonte: aqui).

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Em maio de 1982, Jaguar esteve conosco para a abertura do 1º Salão de Humor do Piauí, ocasião em que "entornou todas" - expressão  utilizada por ele no O Pasquim. Jaguar é mesmo expert no assunto: incansável garimpador de estratégicos bares e botequins pelo Rio de Janeiro, escreveu regularmente sobre o assunto, inclusive para revistas (como Status), além de haver publicado um livro sobre suas peripécias: "Confesso Que Bebi".
Torcemos pela plena recuperação do Jaguar.

domingo, 22 de julho de 2012

OPERADORAS INOPERANTES


Cazo.

TRIBUNAIS BOICOTAM LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO


As Cortes regionais do Poder Judiciário insistem em descumprir a determinação legal sobre divulgação dos salários dos servidores, providência que STF, STJ e TST já adotaram.

A AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) se associou aos 'rebeldes', a exemplo do observado quando da tentativa (felizmente frustrada) de derrubada dos poderes do Conselho Nacional de Justiça.

Segundo o Estadão, entre os argumentos contrários ao cumprimento da Lei de Acesso à Informação, o presidente da AMB, Nelson Calandra, alinha o seguinte:

"Se colocam aqui outras situações, pessoas que ganham salários pequenos e que se sentem humilhadas quando se divulga. Qual a mulher que vai querer namorar uma pessoa que ganha mal?"

Pano rápido.

TRAGÉDIA AMERICANA


Humberto.


Lute.

sábado, 21 de julho de 2012

ESPANHA DESOLADA

Espanha: rumo à loja de penhores.
Por Paixão.

Fuga de capitais: Espanha agoniza

Os capitais ariscos saíram em massa da Espanha nesta 6ª feira; a fuga refletiu-se em vendas maciças de ações que derrubaram em quase 6% a Bolsa de Madrid, mas também no salto dos juros pagos pelos títulos públicos, que romperam a fronteira de 7% na tentativa suicida de equilibrar uma equação fiscal insustentável. A direita espanhola reduziu o Estado a um apêndice dos mercados trazendo uma crise que era dos bancos e do setor privado para o coração das finanças públicas. Criou-se um país à deriva: o setor público se anulou e a esfera privada encontra-se em depressão, encalacrada em dívidas de longa digestão. Mais de 100 mil pessoas ocuparam a praça do Sol, em Madrid, na noite desta 5ª feira. Protestos tomaram as ruas de outras 80 cidades do país. As centrais sindicais exigem um plebiscito para definir o futuro da sociedade e da economia. O governo conservador de Mariano Rajoy já não comanda; o Palácio de Moncloa está sob intervenção dos homens de negro de Bruxelas, centuriões dos credores. O que as ruas de Madrid estão dizendo é que os espanhóis querem o Estado de volta, para defendê-los contra a irracionalidade dos mercados; não como aguilhão para dilapidá-los. Eis uma agenda universal. (Fonte: Carta Maior).

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Enquanto isso, as conquistas sociais são reduzidas/extintas, e o governo espanhol acaba de proibir a veiculação, pela Internet, de mensagens sobre convocação de manifestações...

NOVIDADES PÓS-BOIMATE

A antológica matéria divulgada por Veja. Clique para ampliar.

Abaixo do tomate

Por Ruy Castro

A notícia foi destaque há dias na página de ciência de "O Globo". Li-a duas ou três vezes sem entender, embora fosse clara, concisa e objetiva. O problema era a informação em si.

Dizia que, segundo artigo na revista "Nature", baseado num estudo de nove anos por um consórcio de geneticistas de 14 países, o DNA do tomate é mais complexo que o do homem. Mais exatamente: o genoma do tomate contém 31.760 genes, enquanto o nosso tem reles 24 mil e quebrados.

É verdade que, quando se trata de notícias ligadas a tomate, é bom abrir o olho. Há 29 anos, uma revista cujo nome omitirei (darei só as iniciais: "Veja") caiu num 1º de abril promovido por uma revista inglesa, que anunciou a criação do "boimate" -um cruzamento entre a carne de boi e o tomate, que estaria sacudindo os círculos científicos internacionais. A "notícia" saiu a sério na "Veja" e, desde então, passamos a desconfiar de tudo que se refira a tomate, inclusive comerciais de ketchup.

Mas, dessa vez, não há por que duvidar. Depois de nove anos de pesquisa, cientistas de 14 países escreveram e assinaram embaixo: o DNA do tomate é mais sofisticado que o nosso.

Francamente, não sei quem fica pior nessa história. O homem, por se ver diminuído por um vegetal cujo destino é ser servido em rodelas nas saladas e, espremido, tornar-se um extrato enjoativo para acompanhar macarrão. Ou o tomate, por ostentar esse potencial tão superior ao do homem e ainda não tê-lo ultrapassado numa série de quesitos -não que isso exigisse tantos genes a mais.

A informação só parece provar que o importante não é a quantidade de genes, mas o que se faz deles. Apenas nos últimos dias, o homem, com muito menos genes, produziu "Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha", a novela "Avenida Brasil" e a "jesuscidência" da Rosane Collor. Supere isso, tomate.

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Ao que o pobre e acuado tomate ponderaria: "Pô, Ruy, assim não pode, assim não dá! Não basta a desfeita da Veja contra mim? Haveria um modo de eu superar os feitos citados: movido a uma overdose de agrotóxico. Mas eu sou organicamente correto!"

TELEFONIA IMÓVEL




Foto: autor desconhecido; charge com Neymar: Frank.

CARTUM


Tiago Recchia.

GRÃ-BRETANHA RESTRINGE PUBLICIDADE DAS IGREJAS


Igrejas estão proibidas de fazer anúncios dizendo "Deus pode curar você"

Jesus pode curar qualquer doença? A Bíblia diz que sim, mas a entidade reguladora da publicidade na Grã-Bretanha está impedindo anúncios que proclamam o poder de Deus. A Advertising Standards Authority, ou ASA, disse (que) a missão Healing on the Streets [Cura nas ruas] (HOTS) está fazendo alegações falsas sobre a capacidade de curar pessoas doentes pela fé. O ASA está forçando a HOTS a mudar seu slogan de “Deus pode curar você” para “Acreditamos que Deus pode curar você”.

“Nós pedimos que o HOTS não faça afirmações explícitas ou implícitas (de) que, ao receber uma oração de seus voluntários, as pessoas podem ser curadas”, explicou o ASA, em um comunicado. ”Também dissemos para eles não citarem em seus anúncios doenças que necessitam de supervisão médica… [os anúncios] poderiam estimular falsas esperanças. Eles foram irresponsáveis”.

A tentativa de impedir a propaganda da missão ocorreu após a inglesa Hayley Stevens fazer uma queixa formal no órgão.

“Fiquei bastante preocupada com as afirmações que eles fazem sobre doenças e problemas de saúde, que este grupo parecia querer resolver apenas com uma oração”, escreveu ela em seu blog.

O motivo seria um folheto distribuído pela missão que afirma: “Deus pode te curar de qualquer doença: úlceras, depressão, alergias, fibromialgia, asma, paralisia, fobias, distúrbios do sono”.

A missão HOTS planeja apelar (da) decisão. O grupo considera “estranho” que um órgão publicitário tente impedi-los de propagar a fé cristã.

As regras sobre publicidade do Reino Unido estão entre as mais duras do mundo. ”O ASA ainda exigiu que assinássemos um documento concordando em não afirmar o que cremos. Isso é inaceitável, pois seria absurdo eles pedirem a qualquer grupo (que) não fizesse declarações sobre suas crenças religiosas ou filosóficas”, disse um representante da HOTS. ”Reconhecemos algumas das preocupações da ASA, mas há certas coisas (com) que não podemos concordar, incluindo a proibição de expressarmos nossas crenças”.

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Uma característica comum aos anúncios é que o recado seja dado de forma peremptória, categórica, dogmática: "Faça isso; isso funciona!" Mas há casos singulares, assim como temas que não deveriam ser anunciados...
O texto acima informa que o órgão regulador impõe a ressalva "Acreditamos que" - embora tal ressalva esteja implícita, dado o 'substrato' do anúncio
Uma certeza: no Brasil, imbróglios da espécie dificilmente ocorreriam: a partidarização do assunto (melhor dizendo: o fanatismo religioso convenientemente acionado) cuidaria de afastar qualquer mortal comum de tamanha heresia. Basta lembrar a campanha política de 2010.