quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PEDRA NO SAPATO (III)

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O ministro Gilmar Mendes afirmou há pouco que seu propósito de pedir vista do processo (ADI 4.467) sobre apresentação de documentos para habilitação ao voto foi anunciado ainda na segunda-feira passada. (Bela maneira de descartar qualquer 'leitura' ao contato telefônico de ontem com o candidato José Serra).

Disse também que a análise do assunto foi feita por ele de ontem para hoje, e que parecer mais substancioso será elaborado por ocasião da análise do mérito da matéria.

Pergunta-se: por que o ministro não cuidou de elaborar seu (preliminar) parecer a partir de segunda-feira, de modo a evitar o pedido de vista e o consequente adiamento do julgamento? Se o tempo era escasso, por que restringi-lo ainda mais? Qual a verdadeira intenção por trás do pedido de vista? Mais um episódio nebuloso...

No frigir dos ovos o STF, por oito votos contra dois, decidiu: o eleitor estará habilitado para votar se apresentar documento oficial de identificação com foto (carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira de habilitação etc). 

PEDRA NO SAPATO (II)

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Segundo o jornal Folha de São Paulo, o pedido de vista feito pelo ministro Gilmar Mendes teria muito a ver com contato telefônico mantido com o candidato José Serra momentos antes.

O Supremo Tribunal Federal está na obrigação de tirar isso a limpo.

Duas baitas pedras no sapato... da honradez.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PEDRA NO SAPATO

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O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento de ação contra a obrigatoriedade de apresentação de dois documentos para votar no dia da eleição. É que houve pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.

Torce-se agora para que a matéria seja solucionada na sessão de amanhã, 30.

A obrigatoriedade era contestada pelo PT. A suspensão do julgamento aconteceu quando já havia maioria pela derrubada da exigência. O placar era de 7 a 0 (em dez votos possíveis).

Baita pedra no sapato do bom senso. O que, ao fim e ao cabo, não constitui surpresa.

TROMBONE FERA


Em breve, festança de lançamento do CD do Trombone & Cia, Ô VARADA!, patrocinado pelo Projeto Pixinguinha, da Funarte.

Acima, Vando Barbosa, o virtuose do trombone, sob o olhar de Raniel Santos, bamba do sax, na praça Pedro II, em 2008, no Salão de Humor do Piauí.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

OS PREFERIDOS DA GRANDE IMPRENSA

Nas campanhas presidenciais norte-americanas, é normal que grandes publicações informem expressamente o candidato de sua preferência.

O jornal O Estado de São Paulo publicou no último domingo editorial em que dá conta de sua predileção por José Serra. Iniciativa não pioneira, diga-se, visto que a revista CartaCapital já a adotara ao optar por Dilma Rousseff.

Certamente, há pessoas se perguntando por que outros órgãos de imprensa não fizeram o mesmo.

No caso do jornal Folha de São Paulo, dois motivos parecem se impor. Primeiro, a desnecessidade (caso idêntico ao do Estadão), segundo, o singelo fato de a Folha ser dona do instituto Datafolha, particularidade que deixaria sua pretensa isenção mais ainda exposta a intempéries...

PROMESSAS

LEMBRANÇAS OUTONAIS

Enquanto aguardamos o domingo 3 de outubro para tirar a limpo a questão eleitoral, constatando o grau de pertinência ou de manipulação de institutos de pesquisa e órgãos de imprensa, curtamos o texto abaixo, do notável Ivan Themudo Lessa, brasileiro há décadas radicado na Inglaterra, que evoca, entre outros, dupla marcante da Jovem Guarda:

Outono, umas coisas puxam outras

Ivan Lessa
Colunista da BBC Brasil

Outono e, além de seu longos violinos, como queria o poeta gaulês, outros lugares-comuns vão caindo docemente ao chão após se lançarem das árvores que, na primavera e no verão, lhes deram vida e vigor, as folhas.

Por falar em lugar-comum… Passou perto de mim, eu fuzilo. Fui ao pódio pegar medalha dos anos 65 a 73 na modalidade essa, a do lugar-comum. Depois veio o depois, sucedendo-se como as estações do ano – dos trens, do metrô -, e eu fui envelhecendo e perdendo a forma.

Hoje, sou uma sombra do que fui. Uma pálida sombra, como só ela sabe. Dou a quem me lê o conselho que dou aos poucos que ainda têm paciência para ouvir minha lenga-lenga no pub e nos cafés pseudo-italianos que proliferam nesta Londres cada vez mais… mais pseuda, ora!

Na verdade, eu ia escrever sobre a dupla Leno e Lilian, que tanto sucesso fez nos anos 60. A vida nos reserva certas surpresas. Nem todas desagradáveis. Leno e Lilian eram uma lembrança agradável. Fui ao YouTube, vi e ouvi os dois.

Aquela versão do Something Stupid, Coisinha Estúpida, que na gravação original do Sinatra com sua filha Nancy era um convite à exegese – vá lá que seja, não exageremos – um convite à in-ter-pre-ta-ção freudiana, deixava a quem a ouvia um travo amargo no ouvido, se tal coisa é possível. Era, e não meço palavras, incesto puro, sejamos francos. Ao passo que na interpretação de Leno e Lilian o simpático fox ganha uma tonalidade agradabilíssima ao paladar (com a mesma ressalva: se tonalidade puder ser agradável ao paladar…).

Depois consultei a Wikipédia, um hábito recente, para saber que fins levaram os dois. Ao que parece, Lilian, cujo sobrenome era e é Knapp, continua a atuar nos meios artísticos com o nome de Lil Knapp. Nada de seu no sítio vídeo-musical, mas creio que só pode ser coisa boa. Não me cairia no cocoruto esta outonal folha do passado se nela não também não eivasse uma boa parte daquilo que se foi, e se volta faz, é em sítio da internet, que, digam o que disserem, tem suas vantagens.

Uma coisa puxa outra e eu comecei a cantarolar mentalmente (não devo chatear os colegas que labutam na mesma sala onde bato no aparelho minhas sandices) Banho de Lua. Celly (née Célia) Campello, sim, senhor.

Seu grande sucesso virou, no Brasil, nome de cachaça. Sei-o e peiteio-o e mamo-o também, porque o juiz Ramayana de Chevalier, responsável pela geração já pouco espontânea, de um grande amigo meu, o lendário Ronald Chevalier, vulgo (embora nada de vulgar houvesse na figurinha dificílima) “Roniquito”, uma brilhante granada sem pino que rolou pela Zona Sul do Rio durante algumas décadas, o juiz Ramayana, dos anos 50 anos 80, deixou tudo, inclusive a casa com mulher e 3 ou 4 filhos e foi para o Pará tentar a sorte grande com a cachaça a que deu o nome – como eu ia dizendo antes de me estender como sempre – de Banho de Lua.

Quebrou a cara. Voltou, no entanto, com a cabeça e a inda mais o queixo erguido, o que sempre foi característica do clã Chevalier. “O Brasil e o mundo não estão preparados para a minha extraordinária poção. Por toda parte reina a aleivosia.” Cito de memória. Mas os Chevalier falavam assim. “Aleivosia” era o de menos. Saudades deles também. Ao menos, o bom Ramayana não deu o nome do outro grande sucesso de Celly, também uma versão, Estúpido Cupido, à sua iniciação nas artes da destilaria.

Uma coisa puxa outra. Puxa! Como puxa! Principalmente quando se chega aos – não, não direi o número de outonos que enfrentei e me enfrentaram ao longo da vida. Sobrou pouco. Um pouco, no entanto, que me satisfaz, eu que passo os dias a sentar.

E será pouco mesmo se, quando menos espero, surgem-me, principalmente nesta estação, no arquivo rotulado “Memórias”, do modesto computador que se esconde em minha mente, esplêndidas pessoas como Leno, Lilian, Celly Campello, Roniquito, Ramayana?

Tenho a absoluta certeza que não. Viver é divagar, é tergiversar. Divaguemos, pois. Tergiversemos, então. Vive-se apenas uma vez, para traduzir do inglês outro lugar-comum e encerrar os trabalhos de hoje com fecho, se não de ouro, ao menos de alumínio.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PICLES INDECISOS (OU NÃO) - II



O INDECISO É, ANTES DE TUDO, UM DÚBIO.


Quando dois indecisos se dão as mãos, a hesitação e a incerteza cantam vitória.


DA INDECISÃO NASCE O LUSCO-FUSCO.


Indecisos do mundo, colai-vos! 

PICLES INDECISOS (OU NÃO)



A PLENA CERTEZA DOS INDECISOS É ABSOLUTA, NÃO OBSTANTE AS CONTROVÉRSIAS.


O futuro, para os indecisos, é um movediço porvir.


LEMA DO INDECISO: PONDERO, LOGO HESITO.

OS TAIS INDICADORES

Certo analista político, inconformado com o rumo apontado pela corrida eleitoral, dispara petardos contra tudo o que considera aético em matéria de argumentos alinhados pela candidata que lidera as pesquisas.

Petardo especial é disparado contra "os tais indicadores".

Ora, mas qual seria um bom critério de avaliação que não a comparação dos indicadores observados em 2003 em relação aos recentemente apurados pelo IBGE?

Emprego (e desemprego), salário mínimo, níveis de pobreza, ascensão social etc etc etc.

Pois "os tais indicadores" é que irão definir a disputa.

Ao que tudo indica.

VEXAME SUPREMO (III)


O julgamento da Lei da Ficha Limpa foi uma 'bola fora' do Supremo Tribunal Federal, isto é certo. 

Mas sempre há uma ou mais lições a recolher, sejam quais forem as circunstâncias.

Contundente lição eu pincei do pronunciamento do ministro Ayres Britto, relator da matéria. 

Discorrendo sobre cautelas e salvaguardas que devem permear o Direito, o ministro acentuou que "QUANDO SE PENSAR EM CERCAR OS CARNEIROS, CONVÉM LEMBRAR QUE É PRECISO GRADEAR OS LOBOS". 

VEXAME SUPREMO (II)

Está prevista para quarta-feira próxima a retomada do julgamento da Lei da Ficha Limpa, pelo STF.

Curiosamente, ter-se-á a inusitada situação em que inexiste o chamado objeto da ação, visto que Joaquim Roriz, reclamante, não é mais candidato. E agora?

Aguardemos.

Torcemos para que se jogue alguma água na fogueira das vaidades...

VEXAME SUPREMO


Lendo calmamente os artigos 97 e 121 §3º da Constituição Federal, chega-se a uma conclusão inevitável: a Lei da Ficha Limpa é constitucional.

Como agravante, o fato de que, no malfadado encontro supremo, ambos os artigos mereceram alusão - pelo relator, ministro Ayres Britto, e pelo ministro e presidente do TSE Ricardo Lewandowski -, mas foram desdenhosamente repelidos pelo presidente do STF, ministro Cezar Peluso.

Pelo que se viu posteriormente, os advogados de Joaquim Roriz preferiram não seguir o caminho indicado por Peluso. 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CRIST: CLARK KENT EM APUROS

FICHA LIMPA: O IMPASSE CONTINUA


Mais de dez horas de deliberação no STF não foram suficientes para a definição sobre a aplicação imediata da LC 135, a lei da Ficha Limpa.

O placar ficou em 5 a 5. Na próxima segunda-feira o STF tentará chegar à solução do impasse.

Enquanto isso, políticos de plagas as mais diversas, à frente Joaquim Roriz, candidato ao governo do Distrito Federal, permanecem sub judice, sendo possível que venham a prevalecer as decisões tomadas pelo TSE.

Abstraídas as lições constitucionais ministradas, todas de bom proveito, restou explicitado o porquê de o Judiciário ter a morosidade como uma de suas principais marcas. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

DE CINEMA


Trabalho ecológico de Waldez, cartunista paraense, em exibição no 3° Salão Internacional de Humor da Amazônia, Belém-PA.

O cartum foi agraciado com menção honrosa. Merecia mais.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

FICHA LIMPA: O PULO DOS PULOS


O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Cezar Peluso, afirmou nesta data que há um vício formal na Lei da Ficha Limpa, o que a derrubaria em sua origem. É que o texto original foi alterado pelo Senado e não retornou à Câmara, violando o processo constitucional legislativo (artigo 65, parágrafo único da Constituição Federal, e regimento legislativo).

Provocando a reação dos colegas, Peluso afirmou que se trata de um “caso de arremedo de lei” e que a “inconstitucionalidade formal” impede que a lei sequer seja analisada pela Corte em seu mérito. A questão é a mudança de um tempo verbal inserido por uma emenda do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que estabeleceu que a proibição só valerá para sentenças proferidas após a promulgação da lei.

Ricardo Lewandowski (que preside o Tribunal Superior Eleitoral) contestou, afirmando que a particularidade não foi questionada no Supremo. Cármen Lúcia disse achar difícil que o Supremo inaugure agora, de ofício (por conta própria), o julgamento do tema. Ayres Britto afirmou que Peluso tenta dar um "salto triplo carpado hermenêutico".

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Reproduzo trecho de nossa postagem 'A Ficha Limpa e os Pulos', de 20 de maio, publicada neste blog:

"Depois de sancionada pelo Presidente da República, a lei da ficha limpa suscitará as seguintes questões:

(...)

4. E mais: sutilmente, mudou-se (no Senado) o texto da lei, substituindo-se o trecho "os que tenham sido condenados" (passado) para "os que forem condenados" (clara alusão a futuro, atrelado ao início da vigência da lei). Trata-se do pulo dos pulos... "
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Amanhã saberemos se o pulo dos pulos prosperou...

SALÃO DA AMAZÔNIA DENUNCIA SELVA DE PEDRA


Cartum Árvore Suicida, de Vilanova, cartunista gaúcho, vencedor do 3° Salão Internacional de Humor da Amazônia, categoria ecologia.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O QUE É BOM...


Acima, a americana Sarah Shourd, recém libertada após 14 meses presa no Irã por suspeita de espionagem. Sarah foi à Missão Brasileira na ONU agradecer pessoalmente ao chanceler Celso Amorim o empenho do governo brasileiro por sua libertação.

“Vim agradecer o interesse e o envolvimento do Brasil, mas não posso comentar mais nada”, disse a americana (é que Joshua Fattal e outro americano continuam  presos no Irã).

O irmão de Joshua, Alex Fattal, também fez questão de expressar seu agradecimento ao governo brasileiro: “Todo mundo está ajudando e estamos muito agradecidos pela ajuda do Brasil, do presidente Lula, do ministro Amorim. Esperamos que o Brasil continue constantemente falando com os iranianos para que eles façam um gesto humanitário. Sabemos que o Brasil teve uma grande influência na decisão de libertar Sarah.”
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Revisitando a máxima de Juracy Magalhães, o que é bom para Sarah Shourd e seus familiares e amigos é bom para os EUA, para o Brasil, para o mundo todo.

PATATIVA DO ASSARÉ


Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, sob o crivo de João de Deus Netto.

Antônio Gonçalves da Silva nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural do município de Assaré, sul do Ceará. As penas plúmbeas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram o poeta, que passou a ser conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré. Analfabeto, "sem saber as letra onde mora", como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil se iniciou na década de 1950, a partir da regravação de Triste Partida, toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga.

Sua verve poética serviu para denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino, que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir a condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:

"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará."

Cantando para seu povo, brincou poeticamente com o fato de estar sendo gravado em disco na abertura de A Dor Gravada:

"Gravador que está gravando
Aqui no nosso ambiente
Tu gravas a minha voz
O meu verso e o meu repente
Mas gravador tu não gravas
A dor que meu peito sente".

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Nota: Patativa morreu em 8 de julho de 2002.
(Fonte:Facom;
http://picinezblog.blogspot.com/ ).

PROMESSAS AOS BORBOTÕES


"Eu vou criar o 13º Bolsa Família. Se todo mundo tem, se assalariado tem, se aposentado tem, por que quem recebe Bolsa Família não pode ter?"

(Candidato José Serra, durante debate promovido ontem pelo SBT Nordeste, em Recife-PE).
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DIÁLOGO TRANSCENDENTAL

- Mas, espere um pouco, se os oponentes do Bolsa passaram anos esculachando o programa, como é que o candidato agora vem com uma dessas?!

- Você não entende de sutileza, rapaz. E se, de repente, o candidato se deu conta dos méritos do programa e resolveu oferecer singela homenagem ao PT, cujo número é 13?!

(Pano rápido).

ENTREOUVIDO NA REDAÇÃO


"POIS EU, MERO ESPECTADOR, JULGO RAZOÁVEL PONDERAR: NEM TANTO AO BOSQUE, NEM TANTO À ÁRVORE - DA ABRIL -, NEM TANTO AO GALHO, NEM TANTO À FOLHA!"

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

DEGRADAÇÃO MIDIÁTICA


Jornal do México pede orientação a traficantes em editorial

O principal jornal de Ciudad Juarez, cidade no norte do México, publicou um editorial em que se dirige diretamente aos traficantes que atuam na região, perguntando a eles o que pode ou não ser publicado sobre o conflito entre eles e o governo mexicano sem que a publicação resulte em violência.

O texto, intitulado O que vocês querem de nós?, diz que os jornalistas de El Diario são “comunicadores, não adivinhos”, e pede explicações dos criminosos para que o jornal pare de “pagar tributo com a vida” de seus profissionais. (...)
................................

Deplorável, sob todos os aspectos, a situação em que um ou mais órgãos de imprensa se vejam compelidos a seguir diretrizes de quem quer que seja...

STEINBERG: AUTODESENHO, 1948

STEINBERG VAI AO COQUETEL



domingo, 19 de setembro de 2010

CARAS RELÍQUIAS


Revista Shalom, maio de 1980.

Saul Steinberg. Cartunista romeno radicado nos EUA. 15 de junho de 1914 - 12 de maio de 1999.

PICLES



O PIOR DA RECICLAGEM É A POSSIBILIDADE DE AS FIGURAS DESPACHADAS  PARA O LIXO DA HISTÓRIA VOLTAREM À VIDA PÚBLICA.


O dono da eternidade, sim, não perde por esperar.


TÃO MEGALÔMANO QUE SE SENTIU OFENDIDO AO SER PROCLAMADO REI DO PEDAÇO.


Algumas pessoas têm o sentimento do mundo. Outras são só ressentimento.

UM CLÁSSICO DO CINEMA


QUANTO MAIS QUENTE MELHOR

Por Marden Machado

O austríaco Billy Wilder talvez tenha sido o mais versátil dos diretores da velha Hollywood. Ele migrou para os Estados Unidos nos anos 1930 e começou a carreira como roteirista. Entre 1942 e 1964 ele escreveu e dirigiu 20 filmes, todos muito bons e bem variados. Wilder gostava de "brincar" com os gêneros cinematográficos e Quanto Mais Quente Melhor, de 1959, é o exemplo mais bem acabado dessa "brincadeira". O filme conta a história de dois músicos, vividos pelos atores Jack Lemmon e Tony Curtis, que presenciam um crime. Para não serem mortos, os dois se vestem de mulher e entram para uma banda de música composta só por mulheres. Lemmon se transforma em Daphne e Curtis em Josephine. A brincadeira com gêneros, tão cara à carreira de Wilder, chega agora, literalmente, ao gênero humano. Para complicar mais as coisas, uma das colegas de banda dos rapazes é ninguém menos que Marilyn Monroe, a Sugar Kane, que já havia trabalhado com Wilder em outro grande filme, O Pecado Mora ao Lado (aquele da clássica cena do vestido que sobe). Tudo em Quanto Mais Quente Melhor funciona à perfeição. Direção precisa, roteiro criativo e elenco mais que afinado. A sequência final do filme é um caso à parte. Para mim, Quanto Mais Quente Melhor tem o melhor diálogo que eu já escutei em um encerramento de filme. Uma conversa entre as personagens de Daphne e Osgood (Joe E. Brown) que é a maior prova que eu já vi de um amor incondicional.

QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (Some Like it Hot - EUA 1959). Direção: Billy Wilder. Elenco: Jack Lemmon, Tony Curtis, Marilyn Monroe e Joe E. Brown. Duração: 121 minutos.
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http://cinemarden.blogspot.com/

sábado, 18 de setembro de 2010

REINALDO VÊ AS NOITES DE AUTÓGRAFOS (IV): SALMAN RUSHDIE E OSAMA BIN LADEN

CONTRIBUIÇÕES MIDIÁTICAS


O comovente empenho da mídia em alcançar seu intento eleitoral desperta reações as mais diversas, que vão da indiferença à indignação, passando pelo aplauso de alguns. 

Abstraindo-se qualquer juízo de valor, convém ressaltar que vêm sendo oferecidas contribuições significativas para os apreciadores da língua portuguesa. 

Exemplos iniciais de contribuições:

.Rubnei Quícoli, prestigiado acusador, ostenta um prontuário que contempla crimes diversos e pena de reclusão, conforme processos judiciais tramitados em Juízo e acessíveis via internet. Não obstante, o perfil nitidamente maculado do Sr. Quícoli mereceu da mídia o tratamento especial de passado meramente 'nebuloso';

.os qualificativos 'meliante', 'biltre' e 'escroque', comumente citados na blogosfera em se tratando do referido senhor, foram todos concentrados pela mídia numa singela palavra: 'consultor'.

Espera-se que não apareça por aí uma tal associação de consultores pleiteando reparação por danos morais. Afinal, é imperioso prestigiar os que se esmeram em contribuir para o aperfeiçoamento do vernáculo.   

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

OLD PHOTO


The Beatles. Grosvenor House Hotel, Londres, 02 de dezembro de 1963.

PAPO MINEIRO


- Baita barriga, hein, cumpádi?

- Baita barriga do ano, cumpádi.

- Por que cê faz questão de dizer baita barriga do ano, cumpádi?

- Baita barriga em 2010, cumpádi. Em 2011 pode não ser...

- É mermo, cumpádi! Êh êh!

TÁTICA DE CONVENCIMENTO (II)


A credibilidade é a maior credencial de qualquer profissional.

Os assassinos de reputação, cônscios da importância de tal requisito, estão dando tratos à bola para chegar lá.

Mas a missão é espinhosa: onde encontrar a inspiração?

São muitas as alternativas. Há correntes vislumbrando Al Capone, outras que se encantaram com a postura cordata de Rubnei Quícoli (mesmo sem taco de beisebol - veja postagem abaixo).

Mas não causará espanto se, ao fim e ao cabo, prevalecer como fonte inspiradora a saga de João Acácio Costa, o Bandido da Luz Vermelha.

TÁTICA DE CONVENCIMENTO



O primeiro, Rubnei Quícoli, ostenta 'tão-somente' dois anos de reclusão por receptação de produtos roubados, falsificação de dinheiro e coação de testemunhas.

O segundo, Alphonsus Gabriel Capone, o Al Capone, foi o maior gângster de todos os tempos, responsável por uma penca de ilícitos, como venda de bebida falsificada, sonegação e assassinatos em série.

Entretanto, Capone passava mais credibilidade.

Por quê?

Elementar: o taco de beisebol. Quem se recusasse a dar crédito a Capone, recebia uma tacada fatal.

Taí a dica pro Rubnei Quícoli: roube, urgentemente, um taco de beisebol.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ARTE PERMANENTE


Wesley Duke Lee. São Paulo, 21.12.1931 - 12.09.2010.

Revista Status n° 1, agosto de 1974.

J.BOSCO ILUSTRA LE MONDE


O cartunista paraense J.Bosco ilustra matéria do suplemento 'Brésil, un géant s'impose' publicado na França por Le Monde. Clique sobre a imagem acima para ver, no canto inferior esquerdo, o desenho - focado na burocracia, flagelo que ainda grassa.

J.Bosco é titular do blog Lápis de Memória, que pode ser acessado no rol ao lado (link JBosco).

Parabéns por mais esse feito, caro J.Bosco!
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Aproveito para reproduzir texto hoje publicado no blog do jornalista Luis Nassif sobre o tema:

Com o título "O gigante se impõe", jornal francês Le Monde fala da reta final da campanha eleitoral no Brasil e faz um balanço das transformaçoes alcançadas em 25 anos de democracia.

A publicação especial do Le Monde começa com um perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. São seis páginas com sua trajetória política e frases marcantes. A de maior destaque : "Nenhum integrante foi excluído da sociedade: eis a minha maior herança".
Ao apresentar os três principais candidatos à sucessão de Lula, o jornal chama José Serra de "eterno opositor", Marina Silva de "ex-discípula de Lula" e Dilma Roussef de "a eleita" pelo presidente.
Para explicar ao povo francês o que chamou de ascensão incrível do Brasil, Le Monde dividiu a série em três capítulos. No primeiro, faz um balanço dos 25 anos da democracia do país. Em diferentes artigos, cita as relações diplomáticas, a prática viciada dos parlamentares de Brasília, o risco do superaquecimento da economia e as descobertas das imensas reservas de petróleo do pré-sal.
O jonal chega à conclusão de que, se do ponto de vista econômico o Brasil virou um ator indispensável, no cenário internacional ainda busca seu lugar ao sol. Le Monde também destaca que as amizades inconvenientes, como a do Irã, podem comprometer a candidatura do país a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Em outros dois capítulos chamados de "Viagem em um país-continental" e "Uma terra de inovações", o diário francês propõe várias leituras de um país cheio de contrastes. O luxo e a miséria de São Paulo, o utopismo de Brasília e os desafios de indígenas da Amazônia diante da modernização. O fenômeno dos evangélicos, um perfil de jovens das favelas, festas populares e os artistas contemporâneos também foram temas de artigos.
Para finalizar a publicação especial, Le Monde fez uma coletânea de documentos históricos. Ali estão trechos da carta de Pero Vaz de Caminha e de obras de Gilberto Freyre, Claude Levy-Strauss e Stefan Zweigg, autor do livro: "Brasil, o país do futuro".

STANISLAW NO MAU SENTIDO


Inconformado com o fato de a candidata Dilma Rousseff, a despeito de todo o orquestrado 'trabalho' da grande imprensa, haver passado de 50 para 51% no Datafolha hoje divulgado, enquanto Serra continua estacionado em 27%, o jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, extrapolou, ao referir-se aos eleitores de Dilma:

"A bugrada não escuta. Quem ouve não presta atenção. Quem se interessa acha que nada tem a ver com o seu café com leite".

O termo bugrada evoca o "plebe rude e ignara", do impagável Stanislaw Ponte Preta.

Só que o velho Stan, folgazão, não era dado a desesperos. 

REINALDO VÊ AS NOITES DE AUTÓGRAFOS (III): MILLÔR E CRUMB

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

REINALDO VÊ AS NOITES DE AUTÓGRAFOS (II)


O dramaturgo irlandês Samuel Beckett num momento de extrema angústia, sem saber até quando ficaria Esperando Godot.

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(Veja post abaixo, sobre o novo livro de Reinaldo).

REINALDO VÊ AS NOITES DE AUTÓGRAFOS


(Mary Shelley autografa 'Frankenstein' para o próprio).
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NOITES DE AUTÓGRAFOS

Autor: Reinaldo Figueiredo

Editora: Desiderata; 120 páginas

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Segundo Marco Rodrigo Almeida, da Folha de São Paulo, a ideia surgiu no ano passado, quando Reinaldo chegou muito antes dos outros convidados à noite de autógrafo do cartunista Adão Iturrusgarai: para quebrar o gelo causado pelo vazio, o humorista do "Casseta e Planeta" brincou com o amigo, dizendo que talvez o homem invisível também já estivesse ali e ninguém percebera ainda.

A piada originou um desenho em que Adão conversava com o tal homem invisível, e deu início a uma série de cartuns (mais de 60), reunindo autores como Cervantes, Flaubert, Clarice Lispector e Kafka. 

Os mais difíceis de desenhar foram Mário Quintana e João Cabral de Mello Neto, ambos muito "comuns". "É mais fácil quando a pessoa tem uma característica mais extravagante, como o Beckett."

Vários dos desenhos trazem escritores angustiados à espera do público. "Para um escritor, essa é uma situação muito complicada. Nunca se sabe se alguém vai aparecer ou não. Não é fácil".

Por via das dúvidas, Reinaldo lançará o livro em uma movimentada livraria de Ipanema, no Rio.

"Lá sempre circula muita gente. Acho que vazia a sessão não vai ficar", ri.

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Reinaldo - do O Pasquim e do Planeta Diário -, além de genial cartunista, integra (como baixista) a Companhia Estadual de Jazz, com exibições até no Canadá. Outros livros do autor: 'Escândalos Ilustrados' (1984) e 'Desenhos de Humor' (2007).

terça-feira, 14 de setembro de 2010

GEBÉ E O HOTEL DO SOL

CAI A FOME


Fome no mundo diminui pela primeira vez em 15 anos, diz FAO

Pela primeira vez em 15 anos, o número de pessoas com fome no mundo caiu, segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), apresentado nesta terça-feira (14/9) em Roma. O número de famintos no mundo, que no ano passado alcançou a cifra de 1,023 milhão, diminuiu 9,6% em 2010, caindo para 925 milhões. Apesar da diminuição, a entidade afirma que o número continua "inadmissível".
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Enquanto isso, a FAO louva o Bolsa Família, que por sua vez é destacado no site do Le Monde em razão de ser o maior programa de combate à fome no mundo (12 milhões de famílias).

A fome cai, mas 1 bilhão de pessoas ainda caem de fome no planeta.

TAXA DE REJEIÇÃO


Os analistas políticos dizem que o candidato detentor de 40% ou mais de rejeição está em maus lençóis, sem chance de chegar lá.

Hoje foi divulgada nova pesquisa CNT/Sensus, e os índices de rejeição são os seguintes: Dilma Rousseff: 29,4%, José Serra: 41,3%, Marina Silva: 45%.

As taxas de rejeição de Serra e Marina estão elevadíssimas, e com viés de alta.

Se o parâmetro estabelecido pelos analistas estiver correto, pode-se afirmar que os candidatos citados estão exercitando o desenvolvimento insustentável.

3° SALÃO INTERNACIONAL DE HUMOR DA AMAZÔNIA


Ilustradores de 32 países participam, a partir do dia 17, do 3º Salão Internacional de Humor da Amazônia, que ocorrerá em Belém, no Pará, até o dia 27. O evento tem temática de fundo ambiental desde sua primeira edição e premia os melhores trabalhos de ilustradores que retratam assuntos como o aquecimento global, a biodiversidade e o desmatamento.

De acordo com Ubiratan Nazareno Borges Porto, ilustrador e responsável pela organização do evento neste ano, tem crescido o número de profissionais do ramo que se ocupam com temas ambientais.

"Vivemos na Amazônia, temos que marcar esse evento com muito humor ecológico. No mundo inteiro, já existem diversos salões de humor com temática ecológica", diz. Os assuntos amibentais dos desenhos são variados, mas quando se trata de Amazônia, o tema mais recorrente é o desmatamento, segundo Porto.

Representantes de 32 paísem participam do salão em 2010. "Teremos trabalhos de China, Bulgária, Estados Unidos, Irá, Itália e França, por exemplo", diz o ilustrador. Segundo ele, o evento recebeu cerca de 560 inscrições. No total, 69 foram selecionadas para concorrer ao prêmio de melhor trabalho com temática ecológica, 42 no tema livre e 36 na categoria de caricaturas.

A divulgação dos escolhidos ocorre no dia 17 à noite e os prêmios variam de R$ 1 mil a R$ 4 mil. Informações sobre localização estão disponíveis no site do evento e a visitação ocorre entre os dias 18 e 27 deste mês, das 9h às 19h.
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Lucas Frasão, Globo Amazônia, SP.
Desenho acima: Karry, do Peru.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ÀS FAVAS COM OS FUROS


O denunciante apontado pela revista Veja como dono da empresa envolvida em malfeitos não é dono da empresa e nem sequer chegou a ser sócio algum dia. E daí?

O denunciante, mediante nota, desmentiu as declarações que a revista Veja lhe atribuiu. Irrelevante.

Não restou comprovado pagamento de taxa de sucesso, ao contrário do que afirmou a revista. Desimportante.

Às favas com os furos.

O que importa é que, além do bafafá estabelecido, caiu no vazio a denúncia da revista CartaCapital sobre quebra de sigilo de dados fiscais de cerca de 60 milhões de pessoas, lá pelo ano 2001, por empresa integrada pela irmã do ex-banqueiro Daniel Dantas e pela filha do candidato da oposição.

Mes compliments au chef!, exultaria Machiavelli.

PICLE DE HAWKING


QUEM NÃO NASCEU PARA HAWKING JAMAIS NADARÁ DE BRAÇADA RUMO AO NADA ABSOLUTO.

CARTINHA PARA A REDAÇÃO


Deparei, num blog amigo, com nota sobre uma cartinha para a redação do jornal O Globo, em que leitora, por vias transversas, questiona as pesquisas eleitorais, com certeza em razão de os números não lhe parecerem, digamos, simpáticos. Eis a mensagem:

"Não consigo entender como se procede a pesquisa de intenção de voto. Nunca eu, ou alguém do meu relacionamento, fomos entrevistados. Amigos meus de São Paulo também não. Então pergunto: em quais bairros acontecem as pesquisas? Como dizem que cada povo tem o governo que merece, não preciso dizer mais nada. (...)" - Déborah Maria Barros B. Gonçalves - Rio de Janeiro-RJ

Déborah ah ah...

O consolo de certos embaraços vida afora é que somos experts na arte de arrumar lenitivos...  

OLD DIVAS


Leila Diniz, professora e atriz. Revista Fairplay, junho de 1968.

domingo, 12 de setembro de 2010

OBJETO VOADOR IDENTIFICADO


Por Nildão.

UM CLÁSSICO DO CINEMA


A FELICIDADE NÃO SE COMPRA

Por Marden Machado

O diretor Frank Capra e o ator James Stewart já haviam trabalhado juntos em dois filmes no final dos anos 1930: Do Mundo Nada Se Leva e A Mulher Faz o Homem. A carreira de ambos foi interrompida no início dos anos 1940 por conta da 2ª Guerra Mundial, Capra atuou como documentarista e Stewart como oficial. Quando o conflito acabou, em 1945, o diretor decidiu realizar um filme que exaltasse a vida e a esperança e convidou o amigo ator para estrelá-lo. Capra desenvolveu o roteiro de A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life) baseado no conto O Maior dos Presentes, de Philip Van Doren Stern. O filme conta a história de George Bailey, um jovem da pequena Bedford Falls que sonha em ir embora da cidade, se tornar um grande arquiteto e ganhar o mundo. Porém, uma série de imprevistos vai fazendo com que George nunca consiga sair de lá, até o ponto em que ele, graças a uma ação atrapalhada de seu tio, se desespera completamente e pensa em cometer suicídio por achar que nem deveria ter nascido. Neste ponto, um anjo aparece e mostra a George como seria Bedford Falls se ele não existisse. Quando foi lançado, em 1946, o filme fracassou nas bilheterias. A redenção aconteceu anos depois, graças à televisão, que passou a exibi-lo como filme de Natal. A partir daí, o culto começou. Seria muito simplista classificar A Felicidade Não Se Compra somente como um "filme de Natal". Trata-se de um forte drama que sintetiza a visão de mundo e o cinema de Frank Capra, um diretor que sempre acreditou que um indivíduo puro de coração pode enfrentar o mundo e suas dificuldades e fazer a diferença. É aquele tipo raro de filme que consegue nos fazer acreditar, com o perdão do trocadilho com o título original, que a vida é realmente maravilhosa.


A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (It's a Wonderful Life - EUA 1946). Direção: Frank Capra. Elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell e Harry Travers. Duração: 130 minutos. Distribuição: Versátil e Paramount.

sábado, 11 de setembro de 2010

CARAS RELÍQUIAS


A ETERNIDADE, cartum 'realista-fantástico' do francês Gourmelin, publicado na revista PLANETA, anos 1970.

DIÁLOGOS TRANSCENDENTAIS


- Eu gostaria de saber por que fui posta para escanteio assim, sem mais nem menos.

- Senhora Quebra de Sigilo, não foi sem mais nem menos.

- Como não?

- A senhora foi posta para escanteio por um motivo bastante simples: sua taxa de sucesso foi zero.

- Mas eu...

- A senhora teve os seus quinze minutos de fama. Passe bem.

- Mas eu...

- VEJA bem, senhora Quebra de Sigilo: a fila anda!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

HAICAI ELEITORAL PÓS-DATAFOLHA


MALDITOS PERCENTUAIS
DEPOIS DE NÚMEROS ASSIM
NÃO BRINCO MAIS

CRIST

O BRASIL E A CRISE MUNDIAL


O italiano Pier Carlo Padoan, secretário-geral adjunto e economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), vê o Brasil como uma “história de sucesso” no contexto da crise financeira global porque soube encontrar um novo equilíbrio entre o livre mercado e a intervenção do Estado na economia.

Principais trechos de entrevista concedida por Padoan à BBC Brasil:

BBC Brasil - Por que o Brasil atravessou melhor a crise do que as economias ricas da OCDE?

Pier Carlo Padoan - Acho que o Brasil, como outros países emergentes, mostrou uma grande capacidade para reagir à crise atual. Isso é o resultado do aprendizado com crises passadas. Eu me lembro muito bem da transformação efetuada pelo Brasil na primeira metade dos anos 2000 porque trabalhava no Fundo Monetário Internacional naquela época. Agora, a performance do Brasil é muito favorável. No início de 2000, a taxa de crescimento da economia brasileira era muito baixa e atualmente é muito forte. Isso não é algo que possa ser obtido sem transformações importantes.

BBC Brasil - Quais foram as mudanças no Brasil nesse período?

Padoan - O Brasil é uma história de sucesso porque o país encontrou um novo equilíbrio entre a livre concorrência dos mercados e a intervenção do Estado na economia. É um caso muito interessante de sucesso, que é certamente permanente porque é o resultado de uma transformação estrutural da relação entre os setores público e privado na economia.

BBC Brasil - O senhor pode dar um exemplo dessa transformação estrutural?

Padoan - A questão fiscal e as relações entre o governo central e os dos Estados, discutida há alguns anos, é um elemento importante. O problema foi resolvido com uma solução nacional e é também uma lição para outros países que têm uma estrutura federal, como o Canadá, a Índia, a Suíça e também a Itália. Menciono também a vitalidade da indústria brasileira, sua capacidade para ter posições competitivas importantes em setores avançados, como a aeronáutica.

BBC Brasil - O que mais pode ser destacado nessa relação entre os setores público e privado no Brasil ?

Padoan - O Brasil encontrou um equilíbrio importante entre o crescimento econômico e as questões sociais. O país encontrou mecanismos de transferência de renda à população. É impossível encontrar soluções que sirvam a todos os países. Cada país deve refletir em função de sua história, de suas instituições e de sua cultura para encontrar soluções para os problemas estruturais.

BBC Brasil - O papel regulador do Estado é hoje maior na Europa?

Padoan - O Estado tem muitos papéis. Claro que há o papel de apoio macro-econômico, que vai diminuir porque é preciso reduzir a dívida pública. O papel regulatório do Estado também é muito importante. O papel do Estado é o de definir regras e é também necessário ter instrumentos para aplicá-las. O exemplo mais evidente hoje é o da reforma do sistema financeiro, que deve ser, ao mesmo tempo, uma tarefa nacional, mas também internacional. O G20 deve ter um papel importante nessa questão.

BBC Brasil - Podemos dizer que há uma mudança na Europa após a crise? A presença do Estado em termos de regulação se tornou maior?

Padoan - A crise mostrou que há falta de regras e também de fiscalização. É preciso ter regras adequadas e colocá-las em prática. O Estado precisa ser reforçado em termos de novas regras, é isso o que representa a reforma financeira. Mas é necessário ter também instrumentos de fiscalização em relação às operações bancárias e dos mercados financeiros. A crise reforçou o papel das instituições internacionais, como o FMI, o Banco Mundial. Desse ponto de vista, podemos dizer que há mais presença, mas não quero dizer do Estado, prefiro utilizar a palavra governança.

 BBC Brasil - Quais são as lições que o setor privado pode tirar com a crise?

Padoan - O setor financeiro aprendeu que ter uma perspectiva de curtíssimo prazo, segundo a qual os lucros a curto prazo são o único fator importante, não é boa. O setor privado não financeiro aprendeu que é preciso ter regras e instituições mais eficazes para orientar os recursos com uma visão de longo prazo. O espírito empresarial deve ser reforçado. É uma lição para o setor privado, mas também para o setor público.

BBC Brasil - O senhor elogiou bastante o Brasil. Quais são os principais aspectos que o país precisa melhorar?

Padoan - O Brasil é um grande país com uma taxa de crescimento forte, que demonstrou sua capacidade para enfrentar uma grande crise melhor do muitos outros países. Há várias ações que podem ser feitas para melhorar a situação e aumentar a capacidade de crescimento. A OCDE divulgou um estudo chamado “Para o Crescimento”, que analisa os desafios estruturais dos países membros da organização e de outros não-membros, como o Brasil. No caso do Brasil, identificamos margens de crescimento potencial associadas à melhoria do sistema educacional, ou seja, do capital humano, e também ligadas à inovação do país. O Brasil pode melhorar seu sistema fiscal. Há margens para o Estado melhorar sua arrecadação e também ser mais eficaz na utilização dos recursos. Se houver progressos nessas áreas, haverá um crescimento forte a longo prazo.

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Duas observações: 1) deve-se enfatizar o fato de que as políticas sociais adotadas pelo Brasil, além de seus benefícios diretos, deram ensejo à formação de novos mercados, que realimentaram/fortaleceram o sistema econômico;  2) o papel macro-econômico do Estado foi afetado na Europa em razão das robustas injeções de recursos públicos em empresas privadas (bancos, empresas automobilísticas etc), que implicaram substancial elevação da dívida estatal.

BLOCO DO EU SOZINHO


Dizem que política e religião formam a mais indigesta das misturas. Mas diante do que vem aprontando o pastor tresloucado Terry Jones pode-se concluir que o fanatismo religioso é bastante para, por si só, contaminar a política, a sociologia, a psicologia, a diplomacia e o que mais se puder imaginar.

É que, na verdade, tudo - solteiro ou misturado - é fervido no caldeirão da ideologia...