quarta-feira, 31 de julho de 2013

PAPO DESCONEXO


- A Abril se encolhe a olhos vistos.

- Veja bem...

- Inevitável conclusão: imprensa impressa se converteu em algo quase anacrônico.

- Estou voando.

- A Abril, veja a foto do prédio...

- Agora essa!

- ...observe o formato. Lembra um isqueiro!

- Isqueiro?! Cuide-se, você está vendo coisas.

- Não, não, atente bem: lembra um isqueiro, aquele troço anacrônico que se usava pra acender cigarro.

- Como se usava? Ainda se usa!

- Refiro-me àquele modelo antigão, abastecido a fluido.

- Aonde você pretende chegar com essa cortina de fumaça?

MAIS MÉDICOS: JURAMENTO AO LARGO

Kayser.

Boicote maciço? Os médicos estão orgulhosos?

Por Paulo Henrique Amorim

Dos 18.500 médicos que se inscreveram no "Mais Médicos", 4.600 validaram a inscrição.

Concluíram a entrega de documentos.

Sexta-feira da semana passada, 8.307 inscritos forneceram  número do CRM inválido.

Pouco mais de mil inscritos corrigiram o número do CRM.

Portanto, 7 mil CRMs inválidos não foram corrigidos.

Será tudo isso um boicote ?

Não é possível !

Os médicos brasileiros seriam incapazes de trair o “juramento de Hipócrates:

Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário.”

Jamais !

Há uma outra informação intrigante: dos 1.270 médicos residentes que se inscreveram na primeira fase, apenas 31 confirmaram.

Estranho, não, Hipócrates ?

Boicote ? Inscrever-se por inscrever-se para melar o sistema ?

Jamais, Hipócrates !

Muitos desses residentes devem, quem sabe ?, ter recebido um convite da tia para clinicar na Suécia.

Isso é muito comum, como se sabe.

E, aí, desistiram do "Mais Médicos".

Boicote, Hipócrates ?

Improvável.

De qualquer forma, a Polícia Federal do zé – aquela que descobriu a corrida a banco sem origem – esclarecerá a dúvida de forma indiscutível !

O saldo é que 4 mil médicos aderiram, de fato, ao programa, até agora.

Entre eles, 766 estrangeiros.

O programa, nesta primeira leva, está na fase de cruzar as três escolhas dos candidatos com os municípios que pretendem recebê-los.

Por causa desse sucesso, os médicos continuam a fazer “parede”, “greve”.

Em defesa dos altos e legítimos interesses da classe que em Hipócrates se inspira.

O interessante é que a grande maioria para de trabalhar no SUS.

Não há notícia de médico que faça greve no próprio consultório. (Fonte: aqui).

RAL, POETA DA VILA


"Se sou poeta não é pelos versos que faço, mas pela vida que levo."


(Raimundo Alves de Lima, o Ral, jornalista, cronista, poeta, carnavalesco, parceiro da Vila Operária, amante de Teresina, que hoje estaria fazendo 57 anos. Descanse em paz, velho amigo).

JIMMY CARTER OPINA SOBRE O AMERICAN WAY


Carter apoia Snowden: "EUA não tem uma democracia que funcione"

Durante (recente) discurso em um evento de portas fechadas da associação Atlantik-Brücke, em Atlanta (EUA), Jimmy Carter criticou o serviço de inteligência dos Estados Unidos e disse que o fato de os cidadãos americanos tomarem conhecimento do programa de espionagem interna da Agência de Segurança Nacional (NSA) é algo “benéfico” para eles.

“Na atualidade, os Estados Unidos não tem uma democracia que funcione”, diz a revista alemã Der Spiegel citando o ex-presidente dos EUA.

Segundo a Der Spiegel, Carter também expressou um pessimismo geral para com a situação global. “Não há nenhuma razão para ser otimista”, disse Carter referindo-se à situação no Egito. Ele também lamentou a crescente dissidência política nos EUA, a influência excessiva do dinheiro nas campanhas eleitorais dos EUA e as confusas regras eleitorais americanas.

Carter destacou o triunfo da tecnologia moderna, que “ajudou as revoluções em alguns dos países da Primavera Árabe, levando-os a um progresso democrático”, mas ressaltou que, devido à atividade da NSA, plataformas como o Google e o Facebook perderam credibilidade em todo o mundo.

Não é a primeira vez que Jimmy Carter critica abertamente a atividade da NSA. "Eu acho que a invasão de privacidade já foi longe demais", disse Carter à CNN em outra ocasião. "E eu acho que o segredo em torno dele [o programa de espionagem] foi excessivo".

No ano passado, ele escreveu um artigo para o The New York Times alegando que os Estados Unidos "perderão a sua autoridade moral" se continuarem a privar seus cidadãos de seus direitos civis. "Numa altura em que as revoluções populares estão varrendo o mundo, os Estados Unidos devem fortalecer, e não enfraquecer, as regras básicas do direito e os princípios da justiça, enumerados na Declaração Universal dos Direitos Humanos", escreveu Carter. "Mas, em vez de tornar o mundo mais seguro, a violação dos direitos humanos nos Estados Unidos encoraja nossos inimigos e aliena os nossos amigos." (Fonte: aqui).

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Enquanto isso, os republicanos, apoiados por parcela ponderável da chamada 'inteligentsia wasp', e até mesmo por certos democratas, levam Jimmy Carter na base da galhofa, isso quando deixam de fazer o usual, que é simplesmente ignorá-lo. É que, além de sustentar opiniões como as acima expostas, Carter é, por exemplo, francamente favorável à criação de um Estado Palestino Pleno - o que é coast to coast considerado um baita sacrilégio.

SAX BIRD


Roger Blachon.

O SAXOFONISTA DE HAMELIN


Samson.

terça-feira, 30 de julho de 2013

PING PONG DOS BANCOS


PING

Bancos privados demitem 5.000

As empresas privadas do ramo financeiro fecharam quase cinco mil postos de trabalho no primeiro semestre do ano. Os bancos com carteira comercial contrataram 15.173 bancários no primeiro semestre e desligaram 20.230. Ou seja, deixaram de repor 4.890 profissionais, segundo informações da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). (Continua aqui).

PONG

Itaú ganha R$ 7,1 bi no semestre, segundo maior lucro na história dos bancos

O Itaú Unibanco teve lucro líquido de R$ 7,055 bilhões no primeiro semestre, uma alta de 4,83% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro do banco é maior do que toda a economia de 33 países.

Com isso, o maior banco privado do país registra o segundo maior lucro da história dos bancos brasileiros, só atrás do próprio recorde do Itaú Unibanco em 2011, segundo dados da consultoria Economatica. (Continua aqui).

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A propósito, são do Itaú Unibanco os analistas campeões em previsões sinistras para a economia brasileira: para eles, a inflação vai subir, o PIB vai cair, a confiança na economia está em frangalhos, o Brasil é inviável... Enquanto isso, vão enxugando seu quadro e/ou promovendo a rotatividade (os novatos que entram no sistema financeiro recebem remuneração 36% inferior à dos que saem) e auferindo ganhos de tesouraria (títulos públicos), encargos de empréstimos pra lá de cautelosos e tarifas até mesmo sobre o ar que a clientela respira.

CHARGE INFILTRADA


Jarbas.

Em meio às dezenas de charges diariamente produzidas Brasil afora, eis que, após ingentes esforços, consegui pinçar esse desenho de Jarbas, em que a espetacular evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal brasileiro (post abaixo) recebe tratamento positivo. É certo que falta muito, mas...

ONU LOUVA EVOLUÇÃO DO IDHM DO BRASIL


Em 1991, era acachapante a supremacia dos municípios com IDH muito baixo, os quais recebem a cor vermelha.

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal: ONU vê progresso "impressionante" no Brasil

Da Agência Brasil

Nas últimas duas décadas, o Brasil quase dobrou o seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), passando de 0,493, em 1991 - considerado muito baixo – para 0,727, em 2010, o que representa alto desenvolvimento humano, conforme o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013. No período, país registrou crescimento de 47,8% no IDHM.

Em 1991, 85,5% das cidades brasileiras tinham IDHM considerado muito baixo. Em 2010, o percentual passou para 0,6% dos municípios. De acordo com o levantamento, em 2010, o índice de municípios com IDHM considerado alto e médio chegou a 74%, enquanto em 1991, não havia nenhuma cidade brasileira com IDHM considerado alto e 0,8% apresentavam índice médio. Pela escala do estudo, é considerado muito baixo o IDHM entre 0 e 0,49, baixo entre 0,5 e 0,59; médio de 0,6 e 0,69, alto 0,7 e 0,79 e muito alto entre 0,8 e 1,0.

O IDHM é o resultado da análise de mais de 180 indicadores socioeconômicos dos censos do IBGE de 1991, 2000 e 2010. O estudo é dividido em três dimensões do desenvolvimento humano: a oportunidade de viver uma vida longa e saudável [longevidade], ter acesso a conhecimento [educação] e ter um padrão de vida que garanta as necessidades básicas [renda]. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.

De acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, o Brasil conseguiu reduzir as desigualdades, principalmente, pelo crescimento acentuado dos municípios menos desenvolvidos das regiões Norte e Nordeste.

"A fotografia do Brasil era muito desigual. Houve uma redução, no entanto, o Brasil tem uma desigualdade amazônica, gigantesca, que está caindo. O Brasil era um dos países mais desiguais do mundo, continua sendo, mas houve uma melhora. Podemos antecipar um futuro melhor", frisou o presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri.

Principal responsável pelo crescimento do índice absoluto brasileiro, o IDHM Longevidade acumulou alta de 23,2%, entre 1991 e 2010. O índice ficou em 0,816, em 2010. Com o crescimento, a expectativa de vida do brasileiro aumentou em 9,2 anos, passando de 64,7 anos, em 1991, para 73,9 ano, 2010.

"A melhoria da expectativa de vida é muito significativa. Um brasileiro que nasce hoje tem expectativa de vida nove anos maior o que era há 20 anos, principalmente por uma queda na mortalidade infantil", explicou o representante PNUD no Brasil Jorge Chediek.

Os municípios catarinenses de Blumenau, Brusque, Balneário Camboriú e Rio do Sul registraram o maior IDHM Longevidade, com 0,894, e expectativa de vida de 78,6 anos. As cidades de Cacimbas (PB) e Roteiro (AL) tiveram o menor índice (0,672) e expectativa de 65,3 anos.

O levantamento aponta ainda que a renda per capita mensal do brasileiro cresceu R$ 346 nas últimas duas décadas, tendo como base agosto de 2010. Entre 1991 e 2010, o IDHM Renda evoluiu 14,2%, contudo, 90% dos 5.565 municípios brasileiros aparecem na categoria de baixo e médio desenvolvimento neste índice.

Apesar do crescimento, a desigualdade fica clara quando comparados os extremos do indicador. O município de São Caetano do Sul (SP), primeiro colocado no IDHM Renda, registrou renda per capita mensal de R$ 2.043, o último colocado, Marajá do Sena (MA), obteve R$ 96,25. Uma diferença de 20 vezes.

O IDHM Educação, apesar registrar a menor contribuição para o IDHM absoluto do país, passou de 0,278, em 1991, para 0,637, em 2010. O crescimento foi impulsionado, segundo o atlas, pelo aumento de 156% no fluxo escolar da população jovem no período.

Impressionante
Os dados apresentados (ontem, 29) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) mostram “melhora significativa” nos indicadores brasileiros, segundo o coordenador do sistema Nações Unidas (ONU) no Brasil e representante do Pnud no país, Jorge Chediek.

Na comparação entre os dados de 1991 e 2010, o IDHM no Brasil subiu de 0,493 para 0,727, avanço de 47,5% em duas décadas. O índice considera indicadores de longevidade, renda e educação e varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento do município.

Na avaliação do representante na ONU, nos últimos 20 anos, o país registrou “progresso impressionante” na redução das desigualdades e melhoria do desenvolvimento humano. “Olhamos o Brasil como exemplo de país que tinha passivos históricos de desigualdade econômica, regional e racial. O relatório mostra que, com uma ação clara e forte compromisso da política pública, é possível atacar desigualdades históricas em pouco tempo”, avaliou. (Grifo deste blog).

O IDHM faz parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, ferramenta online de consulta do índice municipal e de mais 180 indicadores, construídos com base nos Censos de 1991, 2000 e 2010. O atlas foi produzido pelo Pnud em parceria com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro.

Depois de mapear indicadores do 5.565 municípios, a próxima etapa do levantamento, segundo Chediek, será agrupar com maior nível de detalhamento dados das 14 maiores regiões metropolitanas do país. Além disso, o Pnud deverá lançar um relatório com análise qualitativa das informações – e não apenas quantitativa – com sugestões para elaboração de políticas públicas.

“Os atlas podem e devem ser usados com instrumentos para o planejamento. O documento dá dicas do que precisa ser feito. Gostaríamos que virasse um instrumento para construção de um país melhor, baseado em informações fortes”, sugeriu o representante da ONU.

O ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Néri, disse que o IDHM é um indicador de muita relevância para a população, por fornecer informações sobre o local onde elas vivem e por agrupar todas etapas do ciclo da vida na composição do índice. “O IDHM é só um começo. O trabalho tem pelo menos mais 770 outros indicadores que vão permitir captar e entender outras dimensões”, disse, em referência a outros dados disponíveis no atlas. (fonte: aqui).

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É reconfortante deparar com matérias como a acima. Muito há, ainda, a ser feito, pois persistem carências e mazelas, mas o Brasil segue bom caminho, e isso nos anima.

OLD CARTUM

 A ARCA. Dezembro de 1968. (Em julho do ano seguinte, Armstrong pisaria na Lua).

SamPaulo.

OLD CARTUM

Charge de julho de 1968, após a Igreja haver condenado a pílula anticoncepcional.

SamPaulo. (Paulo Brasil Gomes de Sampaio, cartunista gaúcho. Uruguaiana, 1931 - Porto Alegre, 1999).

Para conhecer o blog dedicado ao excelente SamPaulo, clique aqui.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

VISITA DO PAPA: ECOS FINAIS

Flávio Farias.

Francisco propõe erradicação da pobreza, mas mídia omite

Por Carlos do Maranhão

Em discurso que pouco repercutiu junto à mídia, talvez abafado pela  entrevista coletiva ao "Fantástico" (aqui), o Papa Francisco disse que "o futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir".

A referência foi feita durante o encontro com a sociedade civil no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na manhã de sábado. No pronunciamento Francisco disse que "Todos aqueles que possuem um papel de responsabilidade em uma Nação são chamados a enfrentar o futuro com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade", como dizia o pensador brasileiro Alceu Amoroso Lima ["Nosso tempo", in: A vida sobrenatural e o mundo moderno (Rio de Janeiro 1956), 106].

As questões relativas à humanização da economia e à erradicação da pobreza foram abordados no segundo dos três aspectos desse "olhar calmo, sereno e sábio":  "Queria considerar três aspectos deste olhar calmo, sereno e sábio: primeiro, a originalidade de uma tradição cultural; segundo, a responsabilidade solidária para construir o futuro; e terceiro, o diálogo construtivo para encarar o presente".

A Folha abordou assim:"Papa cobra 'reabilitação política' e pede diálogo contra protestos e tensões" (http://bit.ly/16f6K0n )

O Globo: 'Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo', diz Francisco.

O trecho completo, no entanto, é: "2. O segundo elemento que queria tocar é a responsabilidade social. Esta exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política. Somos responsáveis pela formação de novas gerações, capacitadas na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir. Já no tempo do profeta Amós era muito forte a advertência de Deus: «Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível» (Am 2, 6-7). Os gritos por justiça continuam ainda hoje".

(integra do discurso em http://bit.ly/1ch0tE5). (Fonte: aqui).

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Conclusão óbvia, clara, transparente, objetiva: certamente não será por intermédio de um modelo neoliberal, do império do Livre Mercado, do laissez-faire, do Estado mínimo, que se irá alcançar ou ao menos se lutar para que as aspirações franciscanas, das quais compartilhamos, sejam alcançadas!

BOA NOVA BRASIL


Brasil atinge menor nível de desigualdade da história, diz Ipea

Da BBC Brasil

O economista Marcelo Neri, novo presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), informou (...) que "o Brasil está hoje no menor nível de desigualdade da história documentada".

De acordo com Neri, em 2011, o índice de Gini, que mede a desigualdade, foi de 0,527, o menor desde 1960. (Nota do blog: quanto menor o índice, melhor).

Na avaliação do Ipea, os resultados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) no ano passado indicam grande diminuição da desigualdade e redução da pobreza.

Neri afirma que, entre 2001 e 2011, houve crescimento real de 91,2% na renda dos 10% mais pobres. No caso dos 10% mais ricos, o aumento foi 16,6%.

Segundo o economista, o aumento da renda na base da pirâmide relativiza o fraco desempenho do PIB (Produto Interno Bruto). (fonte: aqui).

O PEREGRINO


Seyran Caferli. (Azerbaijão).

domingo, 28 de julho de 2013

A JORNADA CHEGA A BOM TERMO

Paixão.

Do ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho:


."O País ganhou um presente" com a Jornada Mundial da Juventude;

."A avaliação é que o evento ficou muito acima do esperado. Houve problemas de infraestrutura, de logística, a cidade passa por um estresse. Mas foi o maior evento do Rio e a cidade passa no teste. A orla estava linda hoje à tarde. Acho que foi mais forte e bonito ter sido em Copacabana."

."O papa deu uma enorme lição a nós, políticos, e também à Igreja. Quando ele vai ao encontro do povo e diz que o pastor tem que estar com cheiro de ovelha, ele mostra que é importante descermos do pedestal e estarmos próximos do povo."

.O discurso do papa sobre a corrupção "vai na linha da reforma política que precisamos fazer no País. Não é a reforma da Dilma ou de quem for. É a reforma da política que o País precisa, provocando e abrindo a participação popular para o diálogo."

."Nós estávamos num clima de baixo astral com os protestos, que é bom e necessário, mas a jornada completa as manifestações no sentido do valor de fraternidade e construção da solidariedade."

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Gilberto Carvalho afirmou, antes da chegada do Papa Francisco ao Brasil, quando grande era a apreensão quanto à segurança papal: "A grande segurança do papa será feita pelo povo brasileiro e pela juventude do mundo inteiro que vem." 

Falou e disse.

PICA-FACE


J  Bosco.

METRÔ: ESCÂNDALO UNDERGROUND

(AQUI).

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NOTA

Sobre a máxima consagrada por Millôr Fernandes, onde se lê "Imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados", leia-se "Imprensa é oposição à corrupção, independentemente de quem a pratique, o resto é armazém de secos e molhados".

(Elio Gaspari, Ferreira Gullar, Ricardo Fiuza, Reinaldo Azevedo, Boris Casoy, Ricardo Boechat, Chico Caruso, Sponholz, Nani, Amorim, Arnaldo Jabor, José Nêumanne Pinto, Clovis Rossi, Merval Pereira etc, etc, etc, etc). 

OLD CARTUM



Quino, 'pai' da Mafalda, anos 70.

O PING PONG DA DESIGUALDADE


PING

O que disse o papa Francisco na favela da Varginha, no Rio de Janeiro:

"Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, que não tem outra coisa senão a sua pobreza!"

PONG

O que publicou o Estadão (aqui):

"Papa critica 'pacificação de favelas e desigualdade e dá apoio a manifestantes

Jamil Chade - O Estado de S. Paulo

RIO - O papa Francisco atacou a estratégia de 'pacificação' das favelas no Rio de Janeiro, alertando que, enquanto a desigualdade social não for resolvida, 'não há paz duradoura'. (...)."

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Haja distorção! O papa Francisco louva o combate à fome e à miséria, e o jornalão vem com versão inteiramente desconforme!

Quem conhece os esforços traduzidos no Bolsa Família, nos aumentos reais do valor do salário mínimo e nos demais programas sociais tem ciência dos méritos do governo federal no citado combate. 

Um adendo: dá até pra especular que o papa Francisco, embora saiba de onde partem os maiores esforços, tenha assumido a estratégia de omitir 'o titular'. É como se a CNBB alertasse: "Não faça alusão... se o fizermos, estaremos desagradando a certas instâncias... Convém deixar nas entrelinhas...". Por aí.

sábado, 27 de julho de 2013

HABEMUS HOSPITALIDADE


Paixão.

PARTIU CANDEEIRO, O ÚLTIMO PARCEIRO DE LAMPIÃO, REI DO CANGAÇO

Genildo.

Morre Candeeiro, último cangaceiro de Lampião

Morreu nesta quarta-feira o último cangaceiro do bando de Lampião, Manoel Dantas Loiola, de 97 anos, mais conhecido como Candeeiro. Ele faleceu na madrugada de hoje no Hospital Memorial de Arcoverde, onde estava internado desde a semana passada, após sofrer um derrame. O sepultamento está marcado para as 16h, no cemitério da cidade de Buíque.

Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), Manoel ingressou no bando de Lampião em 1937, mas afirmava que foi por acidente. Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados ao famoso bandido chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para não ser morto.

No final da vida, atuava como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal. Atendia pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: seu Né. No primeiro combate com os "macacos", quando era chamado de Candeeiro, foi ferido na coxa. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.

Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano. "Lampião não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. (...). Quando soube que eu era de Buíque, comentou (...):  'Sua cidade me deu um homem valente, Jararaca'".

Candeeiro dizia que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido. Ele destacou que teve acesso direto ao chefe, chegando a despertar ciúme de Maria Bonita. Em Angicos, comentou que o local não era seguro. Lampião, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham armamento pesado.

No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio. "Desci atirando, foi bala como o diabo". Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco. Dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipoia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costumava dizer que foi "história de sofrimento".  (Fonte: Jornal Diário de Pernambuco, aqui; comentários: aqui).

CAMINHANDO E BARGANHANDO


Leslie Ricciardi. (Uruguai).

POCHMANN ANALISA A CONJUNTURA


Ex-presidente do Ipea acusa a mídia de terrorismo econômico

Entrevista concedida pelo economista Marcio Pochmann ao Blog da Cidadania:

Doutor Marcio Pochmann, na quarta-feira foram divulgados os dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do IBGE, referentes a junho último e, em relação a junho de 2012, o desemprego subiu de 5,8% para 6%, correto?

O IBGE realiza essa pesquisa em seis regiões metropolitanas, que representam um terço do Brasil, sobre o mercado de Trabalho. Mas, ainda assim, resume-se a regiões metropolitanas.

A informação relativa ao desemprego, em termos nacionais, é oferecida pelo IBGE apenas uma vez ao ano, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que é realizada no mês de setembro e divulgada sempre com um ano de defasagem.

Essa informação da PME de junho revela uma oscilação no mercado de trabalho que é sazonal, tendo em vista que no primeiro semestre de cada ano o desemprego é, em geral, superior ao do segundo semestre, quando a atividade econômica é mais acelerada.

Quem estuda o mercado de trabalho sabe, portanto, que esse resultado a que você se refere é sazonal e não apresenta nenhuma novidade.

No contexto em que o nível de crescimento do PIB ou a inflação vêm sendo tratados pelo noticiário econômico como sinais de que a economia está afundando, a impressão que se tem é a de que, agora, o desemprego pode se juntar a esses outros “cavalos-de-batalha”.

Ontem (25.7), editorial da Folha de São Paulo intitulado “Mudança de sinal” diz que essa “alta” constitui “Mais um sinal de esgotamento da política econômica do governo Dilma”. O senhor acha que é cabível uma conclusão como essa por conta de uma alta de 0,2% no desemprego de junho deste ano em relação a junho do ano passado?


A prática de terrorismo midiático não é uma novidade no Brasil. Se nós voltássemos no tempo e tivéssemos a oportunidade de analisar as manchetes de jornal de 1953, 1954 ou de 1963, 1964, possivelmente encontraríamos similitudes em relação às notícias econômicas de hoje.

Não há, a meu modo de ver, nada que possa apontar para um sinal – seja da inflação, seja do desemprego – comparável à crítica situação que vive os Estados Unidos, que vive a Europa, os quais têm, inclusive, adotado políticas econômicas que o Brasil adotou nos anos 1990 com resultados extremamente desfavoráveis ao conjunto da população.

Essa prática de terrorismo vem sendo usada, recorrentemente, desde a virada do ano passado para este ano. O “descontrole inflacionário” no Brasil foi apresentado como uma verdade absoluta.

De fato tivemos uma oscilação que acelerou a inflação por causa da safra agrícola e, como se vê, esse fenômeno vai sendo dissipado. Neste momento, há queda da taxa de inflação e, possivelmente, o Brasil vai fechar este ano – como aconteceu nos últimos dez anos – com ela dentro da meta estabelecida pelo Banco Central.

Se tomássemos como referência o que ocorreu nos anos de 2000, 2001, 2002, perceberíamos que, naqueles três anos, em nenhum deles a inflação ficou dentro da meta do Banco Central e não houve, no meu modo de ver, nenhuma manifestação midiática comparável ao que estamos vendo hoje.

Então há, de certa maneira, um terrorismo. Como hoje a inflação não se apresenta em uma trajetória de aceleração e, sim, de queda, então a nova temática passa a ser o desemprego.

O Brasil não vai crescer tanto quanto deveria, mas vai crescer mais do que no ano passado e, portanto, é muito difícil entender que nós tenhamos neste ano de 2013 um desempenho pior do que em 2012, pois se a economia vai crescer mais, ampliam-se os postos de trabalho.

E o nível de emprego crescerá em cima de um patamar alto. A economia brasileira gira hoje em torno de cinco trilhões de reais. Não é isso, doutor Marcio?

É isso mesmo. A economia brasileira encontra-se hoje entre as sete maiores economias do mundo. E o ritmo de expansão que o Brasil está conseguindo ter está ocorrendo em meio a um cenário internacional muito desfavorável.

Perceba que a China, que crescia 10, 11 por cento ao ano, está crescendo 6, 7 por cento ao ano. A Índia, a Rússia, os chamados “países-baleia”, também diminuíram o ritmo de crescimento.

Não é, portanto, um problema de ordem nacional, interna, mas uma decorrência da realidade internacional em que os países ricos estão acirrando a competição internacional e tornando difícil o manejo da atividade econômica.

Há algumas semanas houve a necessidade de se fazer um alinhamento na política monetária justamente porque o Banco Central dos Estados Unidos, sem consultar ninguém, decidiu encerrar a sua política monetária frouxa, o que indica uma subida de juros e, contiguamente, uma fuga de dólares de todas as partes do mundo rumo àquele país.

Dessa forma, o Brasil, como todos os países mais importantes do mundo, tiveram que fazer um realinhamento em suas políticas monetárias. Então, o contexto internacional termina impondo decisões de política econômica que não são aquelas mais favoráveis à expansão econômica.

Todavia, não há dúvida de que o Brasil tem um quadro muito diferente do que hoje nós estamos observando em países ricos que estão convivendo com aumento da pobreza, aumento do desemprego, aumento da desigualdade.

O Brasil está crescendo o que é possível crescer, mas com redução do desemprego, da pobreza e da desigualdade.

E aí, nesse momento, a gente lê um editorial no maior jornal do país em que a primeira frase é a seguinte: “São consistentes os sinais de deterioração da economia brasileira”. O editorial se intitula “Mudança de sinal” e foi publicado na Folha de São Paulo de 25 de julho de 2013.

Doutor Marcio: são consistentes os sinais de deterioração da econômica brasileira?


Interpretações sempre dependem de quem as define. Eu, particularmente, não vejo sinais nessa direção. Infelizmente vamos ter um ano de crescimento menor do que imaginávamos, mas nada que signifique mudança da trajetória dos últimos dez anos, que tem sido uma trajetória de crescimento e distribuição de renda.

Não vai haver nada de trágico – a menos que surja uma hecatombe, e estamos longe disso no mundo. Deveremos concluir este ano com o controle da inflação, com crescimento econômico melhor do que no ano passado e com indicadores sociais seguindo a trajetória comprovada dos últimos dez anos.

O senhor acredita que essa previsão de um segundo semestre melhor do que o primeiro possa sofrer influência de fatores políticos como a promoção de protestos violentos nas ruas, como os que vimos em junho, ou o senhor acha que a economia brasileira não corre o risco de ser afetada por essa questão?

Não percebo que a economia possa dar curso a um problema político de maior dimensão. Agora, o contrário, que a política – ou a radicalização das manifestações – pode ter um impacto na economia como um todo, evidentemente que isso é possível. Mas exigiria um grau de movimentação que não me parece observável.

O que nós tivemos em junho foi um fenômeno importante que revela um processo decorrente das próprias transformações que nós observamos nos últimos dez anos. As pessoas foram à rua não para defender a volta de um modelo econômico ultrapassado; as pessoas foram à rua para reafirmar mais direitos. Não estão satisfeitas com o que estão obtendo e querem avançar mais.

Portanto, vejo nessas manifestações um combustível para o Brasil fazer mudanças mais significativas. Não me parece que possamos chegar a uma conturbação econômica derivada das manifestações políticas.

Fala-se também, doutor Marcio, em problema cambial. A conta corrente externa brasileira estaria correndo risco de retornar ao desequilíbrio de outrora – leia-se durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Então, minha pergunta é se essa questão cambial pode gerar algum problema maior ou se também nessa questão há exagero.

Entendo que a política macroeconômica precisa, sim, de ajustes e eles estão sendo feitos nos últimos dois anos. Essa questão das contas externas, a questão dos importados, os gastos de brasileiros com turismo no exterior, tudo isso coloca uma situação que precisamos olhar com muito cuidado.

Mas é bom lembrar, também, que o Brasil tem – e não tinha no passado – um colchão de proteção que são as reservas externas, o melhor remédio para essa situação desconfortável das contas externas.

Com essa desvalorização que tem sido observada da nossa moeda, o Brasil pode ter melhores condições competitivas nas exportações. É claro que isso não é uma resposta imediata, mas espera-se, também, que a economia mundial reaja e, assim, melhore as condições do comércio internacional. Por fim, o país está fazendo um investimento em infraestrutura que em algum momento irá abrir um ciclo de expansão na economia de longa duração.

Evidentemente, haverá que fazer ajustes pontuais…

Que ajustes, doutor Marcio?

Entendo que, assim como a China foi capaz de construir uma rede produtiva com os países do seu entorno, precisaríamos avançar nesse sentido. A economia sul-americana tem no Brasil a sua principal fonte de dinamismo. Haveria que explorar melhor essa situação.

Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social precisaria funcionar como uma espécie de Eximbank brasileiro [Nota do Editor: estrutura dedicada exclusivamente a financiar exportações e a produção destinada ao mercado exterior] e o Fundo Soberano [Nota do Editor: fundo formado com recursos das reservas brasileiras para ser usado em investimentos] deveria ser usado de uma forma mais agressiva, permitindo ao Brasil ter maior presença em compra de empresas estrangeiras que estão com o valor de suas ações muito baixo, assim como têm feito a China, a Índia, a Suécia. Há oportunidades lá fora que o Brasil poderia aproveitar melhor tendo tantas reservas.

Mudando um pouco de assunto. Por que o senhor acha que a grande imprensa brasileira está tão pessimista e difunde tanto esse seu pessimismo. Ela está equivocada ou sabe que exagera, mas tem algum outro objetivo?

Entendo que há um aspecto estrutural em relação ao comportamento da mídia em geral. Isso porque nos últimos dez anos nós tivemos uma ascensão econômica com o surgimento de novos consumidores, mas isso praticamente em nada impactou em consumo de mídia.

Os jornais, ou perderam ou não aumentaram o número de assinantes. Nós não tivemos, portanto, um aumento significativo desses meios de comunicação em relação à sua penetração. Isso gerou uma decisão desses meios de comunicação de fazer uma espécie de “jornalismo militante”.

Lembra-me o tipo de jornalismo que se fazia na antiga esquerda, da União Soviética. Você tinha o Pravda, onde sempre tinha que haver alguma matéria contra o capitalismo porque estava-se escrevendo para militantes. E a impressão que eu tenho é que a imprensa optou por assegurar ou fidelizar os seus militantes leitores e escreve aquilo que eles querem ler.

Só não sei até que ponto essa opção é exitosa, pois, se de fato a população tivesse sua opinião formada pela mídia tradicional, não teria havido vitória do presidente Lula e da presidenta Dilma.

O que a imprensa brasileira diz do Brasil, aliás, é muito diferente do que diz a imprensa estrangeira. Então, esse paradoxo está associado a interesses econômicos de nossa imprensa que estão sendo afetados pelo conjunto da política econômica do governo.

Os principais financiadores privados da mídia privada são os bancos, o sistema financeiro, enfim, o rentismo. E certamente o rentismo não está nada feliz com o Brasil de hoje, em que se praticam taxas de juro, em termos reais, muito rebaixadas.

O setor financeiro deixou de auferir, ano passado, alguma coisa em torno de 100 milhões de reais somente com a queda da taxa de juros. Então, obviamente que a imprensa reage a políticas que prejudicam aqueles que a financiam…

Mas doutor Marcio, estamos falando em perda de poder da mídia enquanto o alvo dessa campanha dela de convencimento da população contra a política econômica e quem a impõe, que é a presidente Dilma, perdeu popularidade em uma proporção cataclísmica.

Não lhe parece que estamos em um momento novo? Até há poucos meses, a mídia martelava, martelava o governo e sua política econômica e chegava a pesquisa seguinte e o Lula estava cada vez mais forte, a Dilma estava cada vez mais forte. De repente, tudo isso mudou.

A pesquisa CNI-Ibope, recém divulgada, mostra nova queda da popularidade da presidente Dilma. Em entrevista que fiz na semana passada com o diretor do instituto Vox Populi, doutor Marcos Coimbra, ele disse que vê uma certa ressonância que começa a surgir dos ataques da mídia ao governo entre a sociedade.


Não estou querendo menosprezar o resultado das pesquisas, mas, no meu modo de ver, a perda de popularidade não é exclusiva do governo federal. Houve queda generalizada. Há um descrédito à política brasileira. Há efeitos no Poder Executivo, no Poder Legislativo, no Poder Judiciário e nas esferas federal, estadual e municipal…

Um momentinho, doutor Marcio. Uma informação para ajudar a sua análise. A presidente Dilma foi quem mais caiu. E houve até ganhos entre seus adversários. Políticos como Marina Silva ganharam muito na disputa da Presidência, no último período. Aécio Neves, como candidato, não perdeu nada. Dilma perdeu muito como candidata.

O problema é que Dilma exerce o governo. Então, é verdade que o governo perdeu apoio, mas também é verdade que outros níveis de governo também perderam apoio. Então isso também abre oportunidade para o PT, que não é governo em muitos Estados, disputar eleição neles em melhores condições.

Em São Paulo, por exemplo, Alckmin perdeu muito apoio. Então há um descrédito generalizado. E também é bom lembrar que as eleições em 2002, 2006 e 2010 foram sempre muito difíceis para o PT, que sempre venceu só no segundo turno. Não houve nenhuma eleição fácil para Lula ou para Dilma.

O senhor está otimista. É bom ver otimismo, mas só lembrando que Alckmin perdeu 16 pontos – ele que mandou a Polícia cometer aquela violência toda contra manifestantes – e Dilma perdeu quase 30 pontos.

Mas é bom ver otimismo em alguém com o seu nível de conhecimento da economia do país – e eu sempre digo que foi uma tragédia o senhor não ter vencido a eleição em Campinas, ano passado, porque seria um luxo para a cidade tê-lo como prefeito.

Quero agradecer muito, portanto, doutor Marcio, a atenção que o senhor me deu e, contando com a sua anuência, pretendo procurá-lo outras vezes para obter novas excelentes análises como essa que o senhor deu aos leitores do Blog da Cidadania.


Eu é que agradeço a oportunidade. E o parabenizo pelo seu trabalho, um trabalho corajoso, um trabalho de buscar a verdade, que é o que nos liberta. (Fonte: aqui).

sexta-feira, 26 de julho de 2013

RENDENDO-SE À MODERNIDADE


Nani.

A VISITA DO PAPA E OS ETERNOS CAÇADORES DE PORÉNS


O papa e o complexo de vira-lata

Por Altamiro Borges

A visita do papa Francisco é reveladora do complexo de vira-lata da mídia nativa. Além da overdose na exposição do evento – que transformou a programação das tevês numa espécie de missa pública e colocou em dúvida se o Brasil é realmente um país laico –, ainda há os que só veem defeitos na recepção ao líder católico. Tudo deu errado e a culpa, lógico, é da presidente Dilma e da incompetência brasileira. Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” da Folha, não perde oportunidade para desferir as suas bicadas tucanas:

“Na chegada, o carro do papa Francisco espremido entre táxis e ônibus, num baita engarrafamento na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio, enquanto na larga pista ao lado, interditada, não se via uma única bicicleta. Um vexame inexplicável. Logo mais, no Palácio Guanabara, a presidente Dilma, em vez de um singelo discurso de boas-vindas ao papa, puxou e leu um discurso maior do que o da grande estrela do evento. Faltou ‘semancol’. Na mesma noite, enquanto o mundo queria saber a quantas andava o papa no Brasil, o que se via era uma guerra campal entre policiais, vândalos e infiltrados de toda ordem. Uma violência vergonhosa”.

A colunista chega a insinuar que o governo foi culpado pelo alagamento do campo de Guaratiba, previsto para o encerramento da maratona papal. “A culpa é só da chuva?”, fustiga. Ela nem sequer informa os seus leitores que a decisão de realizar a atividade no local foi da cúpula da igreja católica e não do governo. Para Cantanhêde, que até hoje morre de saudades do reinado neoliberal de FHC, todos estes incidentes comprovam a incapacidade dos brasileiros. “Competência zero”, esbraveja.

O complexo de vira-lata fica explícito quando a própria jornalista reforça as críticas maldosas de alguns veículos internacionais, como o New York Times e o Chicago Sun-Times. Este último jornal reflete a mágoa da cidade em que é editado, que perdeu a disputa dos Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro. “Perdemos para isso”, questiona, ressentido. Na sua visão colonizada, a jornalista da “massa cheirosa” dá destaque para a frase preconceituosa do jornal ianque contra o Brasil. Que deprimente!

(Para continuar, clique aqui).

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Entreouvido: "Os críticos andam tão furibundos, azedos e radicais, tipo a Cantanhêde, que, depois de nos impingirem o complexo de vira-latas, querem que aceitemos tudo passivamente, impedindo-nos até mesmo de recorrer à lei de proteção aos animais!"

LAICISMO, DOCE LAICISMO


Simanca.

MAIS MÉDICOS: RESPONSABILIDADE SOCIAL


"Parafraseando* o que disse Campos Sales(1841-1913), presidente da República no quadriênio 1898 a 1902: o governo não pode obrigar ninguém a ser patriota ou ter responsabilidade social. Mas pode apelar para outros recursos visando cumprir sua responsabilidade com a saúde da população.

Interessante; depois que o governo resolveu 'importar' médicos para suprir as lacunas Brasil afora passaram a pipocar em todos as mídias do país, incluindo as redes sociais, artigos, panfletos, análises, detonando todo o sistema de saúde, em especial as carência na estrutura e as deficiências do SUS.

Por aí se tira o caráter corporativista, portanto insensível, das reações contra o programa. Com essas inscrições fica mais patente ainda isso.

*Instituiu o Imposto do Selo, muito contestado à época. Ao receber uma comissão de empresários para protestar contra a medida, exclamou: 'Não posso obrigar ninguém a ser patriota. Mas posso obrigar a cumprir a Lei'."

As palavras acima, de JB Costa, aqui, expressam apropriadamente o que gira em torno do programa Mais Médicos. A propósito, até a noite de ontem, 3.333 municípios brasileiros manifestaram interesse em participar da iniciativa, e 18.545 médicos se inscreveram no programa, sendo que 3.102 deles  já entregaram a documentação exigida e podem começar a trabalhar imediatamente.

Diante do exposto, conclui-se: as entidades representativas dos profissionais médicos deveriam, sim, empreender negociações civilizadas com as autoridades governamentais, pois, com a adesão observada, o Mais Médicos está legitimado e fortalecido.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

DAS PRIORIDADES MUNDIAIS

- O quê? Agora?!

Paul Combs.

JÔ ENLEVADO, MENINAS COMOVIDAS

Jô Soares por Wilson Caju (de São Mateus do Maranhão).

O cantor e compositor Djavan diz, numa de suas canções, que "hoje não ligo a TV nem mesmo pra ver o Jô". Não cheguei a tanto. Sou ligadão em TV. Mas desde 2009, 2010, por aí, abri mão das performances 'joais'. Há alternativas mais atraentes: ler, por exemplo. Lendo um comentário acerca de um post sobre o "novo Brasil que se descortina após a onda de protestos colossais" , tomei ciência de que as joviais meninas do Jô continuam dando a cada semana o ar de sua graça naquele espaço que lhes é tão acolhedor. Tomo a liberdade de compartilhar dito comentário:

"JÔ E AS SANDÁLIAS DE OURO DA HUMILDADE

Por Carlos Henrique M. Freitas

Emocionante mesmo ontem, naquela eucaristia dos puros de alma, foi ver o cristão Jô, que coleciona e gosta de exibir seus carros de luxo importados a peso de ouro, tocado com a simplicidade do carro do Papa; que desapego mais franciscano esse do Jô. Se bobear, barrou até o outro franciscano puro, Pedro Simon. As beatas do Jô, mais histriônicas do que nunca, quase foram às lágrimas.

O incômodo que Lula causa a Jô Soares é alguma coisa sem classificação. O camarada fala de Lula e dana a fazer caretas, tiques e trecos de desconforto e quase cai da cadeira num trimilique que se contorce todo. Isso é uma doença de alma, e pelo jeito não tem cura.

Inflação em queda, 123,8 mil empregos com carteira assinada foram criados no país em junho; recorde para o mês desde 2011; em 12 meses, Brasil criou mais de 1 milhão de vagas. Sem poder cometer suicídio em rede nacional, meninas do Jô atacam de 'Irmãs Cajazeiras' e só falam da visita do Papa. (...)."

................
Ora, ora, caro comentarista, nada mais natural. É compreensível que os críticos tergiversem acerca dos méritos de seus oponentes. Já os pecados, reais, inventados ou distorcidos, esses necessitam ser levados aos quatro cantos do país. Quanto aos 'furos' dos parceiros, compadres e patrões, a exemplo de privatarias, tucanodutos e sonegações fiscais em série, esses devem ser ignorados. Sobre isso, aliás, cartunistas consagrados estão dando um show Brasil afora.

ESQUADRÃO DE OURO


Tiago Recchia.

DA SÉRIE CARTUNS QUE SUGEREM COMENTÁRIOS... (II)


Gilson.

(A inflação está caindo, mas cartunista que se preza arruma a 'alternativa salvadora': bota fé na inflação futura! O que importa é que o dragão jamais se recolha à toca. Conclusão: foi pertinente o comentário feito pelo pivete, no post abaixo, rs. Como diria a turma d'O Pasquim: "Cáspite!").

DA SÉRIE CARTUNS QUE SUGEREM COMENTÁRIOS NATURAIS OU SURREAIS


Luscar.

(Ao que o pivete: "Nada disso, mãe! O dragão da inflação não foi embora! A inflação está caindo mês a mês, e a queda agora em julho é bastante expressiva, mas os cartunistas continuam a dar força total ao dragão, como se a inflação estivesse nas alturas, fora de controle. Por falar em cartunistas, mãe, a senhora notou que eles omitem qualquer crítica ao outro lado? Por exemplo, o escabroso escândalo do propinoduto tucano é solenemente ignorado, o mesmo acontecendo com as sonegações fiscais em série da Globo, e olha, mãe, que muito antes de eu nascer aconteceu uma tal privataria e... Bateu o sono, mãe, amanhã a gente continua nosso papo...").

quarta-feira, 24 de julho de 2013

TOPS DO TIJOLAÇO


"(...) Mas, em matéria de forçadas de barra da Folha, as famosas folhices, é muito melhor a que o jornal publica sobre um suposto encontro da presidenta com Jeferson Monteiro, autor do perfil Dilma Bolada, uma deliciosa sátira que ele personifica no Facebook, com 450 mil seguidores.
A nota diz que 'assessores palacianos estão procurando uma brecha na agenda' presidencial e que Jeferson 'ainda não foi procurado' pelo cerimonial da Presidência.
Tem toda a pinta de cascata.
Mas é uma ótima ideia. Dilma Bolada, em matéria de comunicação, vale umas 200 Helena Chagas. A presidente podia cancelar a agenda com a chefe da Secom e passar o horário para o Jefferson."



(De Fernando Brito, do blog Tijolaço, no post "Barbosa não deixou Dilma bolada..." - aqui -, em que é abordado o não cumprimento à presidenta Dilma por parte do ministro Joaquim Barbosa, quando da sessão de boas vindas ao papa Francisco. Uma vez que as idiossincrasias do ministro não causam mais tanta estranheza, o trecho acima destacado é, ao fim e ao cabo, mais relevante, além de constituir novidade. A propósito, um outro post - aqui - do mesmo Tijolaço mostra fotos/projeções de cômodos feitas por computador mostrando apartamentos decorados no condomínio em Miami, Flórida, onde o ministro Barbosa adquiriu uma unidade por intermédio de uma empresa deliberadamente constituída para tal propósito, artifício proporcionador de isenções fiscais. Belíssimas projeções, frise-se.
Dilma Bolada está aqui: https://www.facebook.com/DilmaBolada?fref=ts).

ARRASTA-PÉ E JOGÃO DE BOLA


Fausto.

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Gonzagão e Dominguinhos puxando o fole. No jogão de bola, o mestre Djalma Santos (1929-2013), campeão mundial de futebol em 1958 e 1962, maior lateral direito de todos os tempos. Baita encontro. Aplausos calorosos para esses mestres!

ENCONTRO PAPAL


Jota A (o papa Salões mundo afora).

(A judoca Sarah Menezes, piauiense, papou, entre outras, medalhas de ouro nas últimas Olimpíadas e recentemente, no campeonato mundial).

ONU DIZ SIM AO PROGRAMA MAIS MÉDICOS


ONU atesta coerência do Programa Mais Médicos

Segundo comunicado da Organização Pan-Americana da Saúde da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), no Brasil, o Programa Mais Médicos, do governo federal, está em conformidade com as recomendações da organização em questões de saúde para a população. No texto, a informação de que a OPAS/OMS acompanha os debates e “vê com entusiasmo o recente pronunciamento do governo brasileiro sobre o Programa ‘Mais Médicos’”, lembrando que a média nacional de médico/habitantes está muito abaixo do ideal. O comunicado termina com a afirmação de que “em longo prazo, a prática dos graduandos em medicina, por dois anos, no sistema público de saúde, deve garantir, juntamente com o crescimento do sistema e outras medidas, maior equidade no SUS”.

(Para ler o comunicado, clique aqui).

................
A recusa da classe médica (à frente suas entidades representativas) em estabelecer diálogo com o governo federal sobre o programa Mais Médicos é simplesmente incompreensível, absurda e inaceitável. Não há argumento capaz de justificar a persistência do desamparo às populações das periferias das cidades de grande e médio porte e dos 700 pequenos municípios há décadas entregues à própria sorte (ou morte) Brasil afora. 

ENFIM, OS ARGUMENTOS MÉDICOS


Autor: (também indecifrável).

terça-feira, 23 de julho de 2013

ABAIXO, O DESEMPREGO


É fato que a geração de empregos formais no 1º semestre - 826.000 - foi a menor desde 2009, mas é certo que a geração de empregos formais em junho último  (123.836) foi superior à observada em junho do ano passado (120.440), o que configura indicador positivo.

Na situação de (quase) pleno emprego em que se encontra o Brasil, vagas deixam de ser preenchidas em face da carência de qualificação profissional, consequência da falta de investimento adequado em educação ao longo do tempo. Fora da educação não há salvação.

SEGURANÇA PAPAL


Vasqs.


Duke.

PAPO CARTUNÍSTICO


- Cartunista é dotado de senso crítico apurado.

- Sem dúvida, amigo. Eles estão atentos a tudo. Nada escapa à sua visão crítica.

- Pode crer. Qualquer escândalo, já viu, né?

- Até quando não é o caso, eles 'castigam', como no tocante à inflação, fenômeno puramente sazonal que, mesmo depois de superado, continua rendendo: o dragãozinho da inflação continua firme nas charges!

- Tem de ser, tem de ser. O negócio é manter os caras acuados!

- E tem mais: os cartunistas estão afiando a caneta pra entrar de sola nesse escândalo denunciado pela IstoÉ: o propinoduto do tucanato paulista! Vão escancarar em charges contundentes!

- Tomara, parceiro, tomara! Torço também para que venha chumbo grosso quanto a uma outra denúncia: a da sonegação fiscal perpetrada pela Globo. Grana alta, empresa fantasma, lavagem de dinheiro, tudo quanto é tramoia!

- Com certeza, estavam pensando que esses golpes iriam passar em branco. Enganam-se redondamente! Os bravos e ferinos cartunistas saberão agir! No dicionário cartunístico não constam omissão e vista grossa!!

- Falou bonito, amigo. Vamos que vamos!!

PESCADOR DE OVNIS


Aytoslu.

PIPA EM RISTE


Aytoslu.

RELIGIÃO: ESTATÍSTICA HERÉTICA


Ô da Folha, cadê os muçulmanos, os judeus, os mórmons, os ateus?

Por Carlos Orsi

O jornal Folha de S. Paulo publica, neste domingo, um caderno sobre o catolicismo no Brasil. Uma das principais atrações é o resultado de uma pesquisa (divulgada também pelo irmão popular do grupo, o Agora) indicando queda na proporção de brasileiros que se declaram católicos -- não exatamente uma novidade, mas algo bom de lembrar nestes tempos de oba-oba vaticanício. Há, no entanto, algo curioso no gráfico: ele aponta "católicos", "evangélicos pentecostais", "evangélicos não pentecostais" e "espíritas kardecistas".

Por alguma mágica do Datafolha, sumiram do Brasil os judeus, os muçulmanos, os budistas, as pessoas sem filiação religiosa definida e, claro, os agnósticos e ateus.

Ora, ora. Deixe de ser implicante, seu ateu pentelho. Esses grupos não aparecem porque "dão traço" na população, como, por exemplo, faz a audiência dos canais de TV católicos. São irrelevantes demais para serem contados.

O problema com essa explicação, em tese perfeitamente razoável, é que ela é falsa. Os próprios números do Datafolha mostram isso: somando-se os valores apresentados -- 57%, 19%, 9%, 3% -- o total é de 88%. Oitenta e oito por cento. Se 12% da população, uma parcela quatro vezes maior que a de kardecistas e três pontos superior à de evangélicos não-pentecostais é "traço", alguém precisa rever seus conceitos, para citar uma frase popular. Ou esses 12% desapareceram do mapa. Milagre do papa Chico? Mas, espere um pouco, eu ainda estou aqui. No mapa. Então, não deve ser.

Ah, sim: é importante notar que a tabela publicada pela Folha (e pelo Agora) tem como título "Evolução da Religião entre os Brasileiros". Não "Evolução da Religião Entre os Cristãos Brasileiros", ou "Evolução do Cristianismo no Brasil", mas "da Religião", assim, em geral. Da onde se depreende que, para o editor do caderno, só cristianismo conta como religião, ou só os cristãos -- parte deles, na verdade -- contam como brasileiros.

Felizmente, há outras fontes de dados, menos viciadas, como o Censo 2010 do IBGE e o Pew Forum on Religion and Public Life, que durante a semana publicou uma análise honesta da evolução da religiosidade no Brasil. De acordo com o Pew, em 2010 eram cerca de 8% os brasileiros "sem religião" e 5% os de "outras religiões", incluindo-se aí os espíritas. Sendo que, na parcela mais jovem da população -- de 15 a 29 anos -- 10% já se declaram sem religião.

Os números do IBGE são bem mais detalhados. O instituto registra 8% da população em geral, ou mais de 15 milhões de brasileiros, como sendo "sem religião", grupo formado, em sua maioria, por pessoas sem filiação religiosa (mais de 14 milhões) ateus (615 mil) e agnósticos (124 mil). Para pôr essas miudezas em perspectiva, o total de ateus é 17 vezes maior que o de muçulmanos, mais de duas vezes maior que o de budistas, seis vezes maior que o de judeus, o triplo do de mórmons e ainda cerca de 20% maior que o de praticantes da umbanda e do candomblé somados.

Agora, mesmo se o uso da frase  "Evolução da Religião entre os Brasileiros" tenha sido apenas um lapso -- quando, na verdade, o que se pretendia medir era a "evolução do cristianismo" -- dois problemas: um, o de que a ausência de, pelo menos, uma categoria "outros" torna a leitura deficiente, já que o pobre leitor que quiser saber qual a proporção de cristãos que pulou do barco terá de ler o caderno com uma calculadora do lado. Outro, a categoria "evangélicos não pentecostais", que está longe de ser clara.

O texto diz que ele se refere a "igrejas protestantes com séculos de existência". Mas onde essa categorização -- "evangélicos pentecostais" ou "não pentecostais" -- deixa as testemunhas de Jeová e os mórmons? Há mais de 1 milhão de testemunhas de Jeová no Brasil, afinal. E os católicos ortodoxos, que são poucos mas estão aí, entram exatamente aonde?

Seria curioso saber quantos desses 12% apagados da realidade nacional pela Folha são leitores do jornal. De acordo com o Pew Forum, 16% dos brasileiros com, pelo menos, ensino médio completo pertencem às categorias "outras religiões" ou "sem religião". É de se supor que leiam jornais -- ou que leriam, se fossem respeitados. #Ficaadica. (Fonte: aqui).

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Sobre a visita do papa Francisco ao Brasil, leia AQUI acerca de pedido de habeas corpus preventivo formulado por ateus e negado pela Justiça.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

E VEM O BEBÊ


Chappatte.


Amarildo.

E VEM O PAPA


Paixão.

O PAPA E O PORÉM


Pelicano.

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O porém é o seguinte: o papa Francisco certamente está informado das carências e mazelas do Brasil, mas muito provavelmente tem ciência de que aqui, ao contrário do observado em outras plagas, constata-se, pode-se dizer, o pleno emprego (desemprego no país: 5,8%; desemprego na Espanha e Grécia: 27%), o salário mínimo apresenta ganhos reais nos últimos anos e os programas sociais, Bolsa Família à frente, estão sendo preservados/ampliados.

Mesmo assim,  tomara que o papa da ruptura - no dizer de Leonardo Boff - inste o Brasil a robustecer mais e mais os programas de assistência (para desagrado das elites, que abominam o 'desperdício' do dinheiro público com camadas situadas abaixo ou na fronteira da linha de pobreza, marcadas pela 'indolência' e 'falta de iniciativa').