quarta-feira, 19 de agosto de 2009

ABBEY ROAD, 40 (III)






Minha amiga Elizabeth, do Portal Luis Nassif, inseriu em comentário a post de minha autoria texto de Homero Ventura sobre Abbey Road e outras estradas dos Beatles. Em setembro próximo, o mais importante disco do grupo completa 40 anos (dia 8 passado foi o anivesário da foto). Eis o texto:

POR QUE NÃO VAMOS LÁ FORA E ATRAVESSAMOS A RUA?
disse ele a seus amigos.Essa pergunta, aparentemente bobinha e sem sentido, teria caído em esquecimento total e absoluto se fossem outros o lugar, os personagens envolvidos na cena, e o que aquele ato simples de atravessar a rua representaria para o mundo da música. O lugar: Estúdios da EMI, em Londres. O dia: 8 de agosto de 1969. Ele: Paul McCartney. Seus amigos: John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. O ato: atravessar em fila indiana a Abbey Road, ter o movimento registrado em fotografia, e ter a fotografia estampada na capa do último disco dos Beatles, na minha opinião, o melhor de todos eles, não sem motivo, o mais vendido de sua carreira.
.
Estava a maior banda do mundo envolta em dúvidas sobre a capa e até mesmo sobre o nome do disco que estavam acabando de gravar. E era um disco especial, todos sabiam; John, nem tanto. Eles vinham de uma experiência que consideraram frustrada, o projeto Get Back, em que haviam embarcado numa ideia de volta às origens, e abandonado a batuta de George Martin, o grande produtor e mentor de seus discos até então. Só eles mesmos para ficarem frustrados com aquilo que viria a se tornar o último disco LANÇADO dos Beatles, que acabou levando o nome de Let It Be. Fiz questão de capitalizar o particípio qualificativo acima, para distingui-lo de GRAVADO, que é o que se aplica àquele disco sobre o qual pairava a dúvida, e sobre o qual, aliás, não vou falar aqui, deixo para falar à época do aniversário de 40 anos de seu lançamento, em setembro.
.
Quem faz ‘estaniversário’ agora é a foto da capa, e é sobre ela que versa este pequeno ensaio. Estava praticamente combinado que eles voltariam a aparecer na capa, como somente haviam deixado de fazer no último LP de estúdio, o famoso The Beatles, conhecido como Álbum Branco pela total ausência de cor, inclusive no nome, que aparecia em alto relevo. Afora aquele álbum, todos os demais traziam a imagem deles na capa, fosse em foto ou desenho, e era bom para registrar as mudanças de visual do grupo: naquele verão de 1969, John, Ringo e George ostentavam grande cabeleira, e grossas barbas. Somente Paul, que nunca foi adepto do estilo cabelão, sempre optou por um visual mais comportado, estava de cara limpa, sem barba ou bigode. Aliás, até mesmo porque estava morto ... hehehe ... depois explico.Restava saber aonde tirar a foto. Por uns bons dias, pensou-se em chamar o álbum de Everest, muito devido a uma marca de cigarros fumados incessantemente pelo engenheiro de som Geoff Emerick (que ganharia o Grammy por seu magnífico trabalho naquele disco). E chegou-se a fazer planos para ir ao próprio Everest para tirar a foto, mas a produção seria muito complicada. Dinheiro não era problema, mas acabaria atrasando o cronograma de lançamento do disco. Pensando bem, até que o local seria bastante apropriado, pois era o topo do mundo, exatamente aonde os Beatles se encontravam: no topo do mundo do entretenimento, não havia ninguém mais poderoso que eles. Foi então que Paul, em sua genial simplicidade, fez a proposta título. De uma idéia que certamente custaria algumas milhares de libras foram a outra que custaria praticamente zero, mas que acabaria tendo efeito infinitamente maior.
.
Proposta aceita, foi convocado o fotógrafo Iain Mcmillan, que estava de plantão, e saíram do estúdio. A produção teve alguma dificuldade para parar o trânsito, o fotógrafo subiu em uma pequena escada e tirou meia dúzia de fotos. Paul escolheu a que mais lhe agradou. Era a prerrogativa de quem dera a idéia. Estava decidida e ralizada mais uma capa Beatle. E o disco foi também nomeado Abbey Road, em homenagem à casa que os abrigara nos útlimos sete anos, palco de muitas revoluções musicais.
.
Agora, uma digressão para explicar o que estava ‘por detrás’ daquela aparentemente simples foto de quatro cavalheiros atravessando uma rua. Havia uma história, um boato, que pairava no ar à época: a suspeita morte de Paul Mccartney, em um suposto acidente de moto em 1966, e sua substituição por um perfeito sósia. Tudo o que envolvia, ou fazia menção, ou simplesmente lembrava qualquer um dos quatro Beatles, na época, era motivo de especulações dos ensandencidos fãs. Imaginem um boato como este! Variadas evidências, que comprovariam a morte de Paul, foram encontradas em músicas, declarações, anúncios de jornal etc. Sei de algumas delas que só interessam aos mais fanáticos, e que não cabe aqui detalhar. Restrinjo-me aqui ao mais interessante conjunto delas: as estampadas na capa de Abbey Road. Bom, se tiver a curiosidade de checar, pegue o disco na sua discoteca, ou se ainda não tem, que vergonha, vá imediatamente comprar o CD, pois é impossível você não tê-lo em sua estante, e note: 1. Os 4 estão em fila indiana; 2. John segue à frente, de terno branco; 3. Ringo a seguir, de terno preto; 4. Paul, a seguir, com roupa informal chique, descalço; 5. George, finalizando o cortejo, todo em jeans; 6. Paul é o único com o pé direito à frente;Os demais têm o pé esquerdo à frente; 7. Paul carregava um cigarro na mão direita; 8. Há um fusca bege descompromissadamanete estacionado no lado esquerdo. Sua licença é LMW 2 8 I F. Não seria nada além de mais uma bela capa Beatle se os fãs não tivessem usado sua fértil imaginação para descobrir nada menos do que oito evidências irrefutáveis de que Paul estaria mesmo morto! Senão vejamos: 1. Os 4 estão em fila indiana, como todo bom cortejo fúnebre, e iam na direção de um cemitério nas imediações do estúdio; 2. John, que segue à frente, de terno branco, era o padre que lhe proporcionara a extrema-unção (ou o médico, segundo alguns); 3. Ringo a seguir, de terno preto, era o agente funerário que lhe proporcionaria o funeral digno (ou o padre, segundo aqueles mesmos alguns); 4. Paul, a seguir, com roupa normal, mas descalço como todo bom defunto,pronto para ser colocado num caixão; 5. George, finalizando, todo em jeans, um traje simples, como todo humilde coveiro,que o colocaria na cova; 6. Paul é o único com o pé direito à frente; os demais têm o pé esquerdo à frente. Sinal de que não está neste mundo; 7. Cigarro na mão direita? Prova de que não era Paul, sabidamente canhoto; 8. Há um fusca bege descompromissadamanete estacionado no lado esquerdo. Sua licença é LMW 2 8 I F, que naturalmente, quer dizer:"Linda McCartney Widower - Paul would be 28 years old, IF he were alive"
Pode?!!!!!Devemos relevar fato de o ‘I’ do ‘IF’ ser, na verdade, o número ‘1’, como toda boa licença naquela britânica ilha de miserable weather. Ou ainda, que Linda McCartney não poderia ser considerada viúva, já que, à época do acidente ‘fatal’, ela ainda nem conhecia Paul, muito menos havia casado com ele. Meros detalhes! Em 1995, Paul, muito vivo, ainda capitalizou em cima de sua fama de morto. Lançou um disco ao vivo com trechos de sua fantástica, e muitíssimo bem sucedida, excursão mundial. A capa do disco mostra a mesma rua, com um fusca similar àquele, estacionado no mesmo ponto mas com uma licença 54IS, e ele, Paul, sendo puxado por uma cadela da mesma raça de sua antiga cadela Martha, que ele tinha na época do Abbey Road. Deu ao disco o nome de "Paul is Live". O nome tem triplo sentido: 1. "Paul is Live", pois é um disco ao vivo, não gravado em estúdio; 2. "Paul is Live", pois ele não está morto, mas sim bem vivinho, apesar dos boatos; 3. "Paul is Live", pois, além de estar fisicamente vivo, está também artisticamente vivo, ainda fazendo turnês de grande sucesso e vendendo muitos discos, 25 anos depois de terminado o grupo. 4. Para completar, a licença do fusca é 54IS pois," .... now, Paul IS 54 years old! "
.
A capa de Abbey Road ficou mundialmente famosa. O citado fusca bege ganhou notoriedade imediata e começou a passar de mão em mão de colecionadores. Chegou a valer dezenas de milhares de libras, e hoje está no museu da Volkswagen, na Alemanha. Desde o fim dos Beatles, todo santo dia, ao menos uma pessoa, às vezes dezenas, preferencialmente em grupos de quatro, repete a coreografia da capa, com pé trocado do 3º, que normalmente está descalço, e tudo o que tem direito. Entre elas, o bocó aqui! Estive lá pela primeira vez em 1992. Só que como eu estava sozinho, tive que esperar por outros três bocós para acompanhar-me na jornada e um 5º bocó para tirar a foto. E retornei algumas vezes: por menos tempo que eu tivesse, fosse apenas uma escala do vôo de ida ou de volta, eu pegava a Jubilee Line do metrô, descia na estação St. James Wood e repetia a coreografia.E deixava, sempre, minha mensagem no muro dos estúdios da EMI. Claro que nunca encontrava a mensagem anterior: aquele local virou ponto de registro do amor pelos Beatles. Cada centímetro quadrado de sua tinta branca é preenchido com declarações, poemas, citações de letras, Beatles 4ever, fulano esteve aqui, sicrano ama beltrana, e coisas do gênero. A velocidade de preenchimento é enorme: a cada três meses, o muro tem que ser pintado, para começar uma nova série de pichamentos, totalmente legais e autorizados! Quem tiver dúvidas sobre o fenômeno, pode ir ao site da EMI, e procurar a imagem: há uma câmara permanentemente ligada, registrando a movimentação aquela faixa de pedestres. Pode estar vazia agora, mas não demora muito e aparece alguém atravessando e fazendo pose.E se for a Londres, não deixe de pagar o seu mico!!!

2 comentários:

Don Suelda disse...

Dodó;

Nós, aqui em Curitiba, na década de 70, eu e Manoel Carlos Karam, escritor e grande amigo, chamávamos eles de Os The Beatles.
Mande bala!

The Fab Four forever!

Solda

Dodó Macedo disse...

Yeah, friend!
And now i'm going to read the Solda's blog.
Que língua. Cáspite.
Abração.
Dodó.