sábado, 17 de fevereiro de 2018

PARAÍSO DO TUIUTI E O ENREDO QUE GANHOU O BRASIL


O samba-enredo da vice-campeã do Carnaval do Rio de Janeiro 2018, Paraíso do Tuiuti, levou para a avenida crítica social e uma reflexão sobre os 130 anos da Lei Áurea, que não libertou o escravo, o trabalhador brasileiro.
Enredo: "Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?" 
Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o valor? Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz
Eu fui mandinga, cambinda, haussá
Fui um rei egbá preso na corrente
Sofri nos braços de um capataz
Morri nos canaviais onde se planta gente
Ê calunga! Ê ê calunga!
Preto Velho me contou, Preto Velho me contou
Onde mora a sengora liberdade
Não tem ferro, nem feitor
Amparo do rosário ao negro Benedito
Um grito feito pele de tambor
Deu no noticiário, com lágrimas escrito
Um rito, uma luta, um homem de cor 
E assim, quando a lei foi assinada
Uma lua atordoada assistiu fogos no céu
Áurea feito o ouro da bandeira
Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel
Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social
Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação
(Compositores: Claudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e Aníbal).

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