quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

TACLA DURÁN E O RUGIDO DO LEÃO


Tacla Durán e o "Rugido do Leão"

Por Rubens Rodrigues Francisco (Para o Duplo Expresso)

A Bíblia, no Livro de Pedro 5:8, refere-se a Satanás como o “leão que ruge, e que procura a quem devorar”. Trata-se de um dos livros mais antigos com registro sobre o efeito do rugido do leão no imaginário da mente humana. É o registro da exclusiva habilidade vocal deste animal, de fazer ouvir-se a quilômetros de distância. O rugido do leão é considerado um dos mais impressionantes sons naturais na noite da selva. Para humanos, o rugido do leão tem um efeito de medo paralisante.

Não é novidade que o medo exala um odor característico, que no reino animal, onde o olfato é o principal sentido, serve como um sininho: “o jantar está servido”! Muitos programas de TV sobre o mundo animal mostram que o comportamento perante ameaça iminente de predadores é crucial para evitar um resultado fatal. Em todos os casos, agir ou demonstrar medo não é recomendado, caso se queira sair vivo da situação. Em toda guerra, o primeiro ataque é contra a comunicação, com o corte em relação ao mundo exterior, evitando pedidos de socorro às nações amigas. O Duplo Expresso tem sido o “drone” que oferece um ângulo de visão fora desta bolha midiática que envolveu o Brasil desde o Golpe iniciado em 2013. Mais que isso, em razão da farsa da Lava Jato basear-se em suposto apoio internacional (como com a Suíça), Wellington e Romulus, dedicados à liberdade de expressão e na qualidade de brasileiros nacionalistas vivendo nas Suécia e Suíça, não tardaram a iniciar um cruzamento de informações. Com isso, verificaram gritantes inconsistências entre os alardeios no Brasil e os fatos no exterior, e desta investigação surgiu o nome de Rodrigo Tacla Durán.

Foi o início do fim da Farsa-a-Jato na República de Curitiba, com o Duplo Expresso fornecendo elementos jurídicos tanto para o Congresso Nacional – na CPI da JBS – como diretamente no pseudoprocesso do Triplex contra Lula – perante o TRF 4. Ficou claro que o objetivo era a produção artificial da “ficha suja” para legitimar a eliminação de Lula do cenário politico, de forma a sepultar a última esperança da Reconstrução Nacional. No dia 27 de fevereiro de 2018, o Duplo Expresso veiculou na rede mundial de computadores um documento oriundo do Ministério da Justiça brasileiro, cujo teor desmente cabalmente o Juiz Sérgio Moro, em suas esquálidas e quase cínicas explicações para não ouvir Rodrigo Tacla Durán nos pseudoprocessos sulistas. (...)
(Para continuar, clique AQUI).
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Trata-se de história longa, mas, fazendo um corte no tempo, podemos dizer que tudo começou com o depoimento do advogado Tacla Durán à CPMI da JBS, no dia 30 de novembro. Naquela oportunidade, Tacla, que conta com dupla nacionalidade e se encontrava em uma delas, a Espanha, alinhou, por videoconferência, acusações gravíssimas contra representantes da Lava Jato (tema abordado por vários blogs, a exemplo deste AQUI, do dia seguinte ao depoimento). Estranhamente, o relatório final da Comissão nem sequer tocou no assunto Tacla Durán, o que, para muitos, soa sintomático...
O certo é que, posteriormente, o advogado Durán, que colabora com países diversos na apuração do caso Odebrecht e também conheceria particularidades sobre outros casos, teria manifestado a disposição de atuar como testemunha de defesa do ex-presidente Lula na questão concernente ao tríplex do Guarujá/OAS. A partir daí, a defesa apresentou quatro pedidos seguidos ao juiz Sergio Moro, que a todos negou atendimento, sob alegações diversas, a mais presente a de que era desconhecido o endereço do advogado na Espanha, alegação inteiramente improcedente, até porque a legislação espanhola determina que a carteira de identidade contenha o endereço do identificado (caso de Durán) e, mais importante, quem tem de saber o tal endereço é a Justiça espanhola (e ela sabia e sabe), que é a destinatária de carta rogatória - o que, aliás, foi feito pela equipe da Lava Jato, conforme se vê de documento (de 14 de setembro de 2017) exibido na matéria acima e que vem causando singular agitação no meio jurídico. A grande mídia silencia a respeito, mas o caso bem que mereceria alguma abordagem por parte dos senhores da imprensa. Enquanto isso, o risco de responsabilização por cerceamento de defesa parece vir despertando a prática de artimanhas diversas, como a de, agora, tentar-se aparentar, digamos, certo desconhecimento do endereço de Tacla Durán,
(Tweet de Tacla Durán, colhido aqui).

INGENUOUS CARTOON


Vladimir Nenashenko. (Rússia).

UM POUCO DA HISTÓRIA DA MPB: MONSUETO E SUAS CANÇÕES

                 (Monsueto Menezes, cantor, compositor, pintor, ator / 1924-1973)

Trabalho, um tantão assim, dinheiro, um tiquinho assim

Por Carlos Motta

Em 1956, Marlene lançava a música "O Lamento da Lavadeira", de Monsueto Menezes, João Violão e Nilo Chagas, que foi posteriormente gravada por vários intérpretes, entre eles Pery Ribeiro, Elza Soares, Martinho da Vila, Dudu Nobre e Marisa Monte.

Os versos da composição falam do trabalho cotidiano extenuante das lavadeiras que eram empregadas das mulheres da "alta sociedade" - outra leitura é que a música aborda as condições em que determinadas escravas eram obrigadas a trabalhar.

Seja como for, a degradante realidade exposta em "O Lamento da Lavadeira", por incrível que pareça, permanece atual no Brasil, seis décadas depois de a obra se tornar pública.
O mais conhecido de seus autores, Monsueto, falecido em 1973, deixou várias composições que são ainda cantadas pelos mais importantes artistas da música popular brasileira, como “Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo”, “Me Deixa em Paz”, “Mora na Filosofia” e a “A Fonte Secou”. 
Monsueto também trabalhou em cinema, tendo participado de dez filmes brasileiros, três argentinos e um italiano, e na televisão, em quadros de programas humorísticos. Fora isso, ainda se virava pintando quadros na linha dos artistas "primitivos", mesmo estilo que consagrou Heitor dos Prazeres, um dos pioneiros do samba.
Outro dos autores desse clássico da MPB, Nilo Chagas, foi parceiro de Herivelto Martins na dupla Preto e Branco, que se tornou posteriormente o Trio de Ouro, com o ingresso de Dalva de Oliveira. 
"Trabalho, um tantão assim/Cansaço, é bastante, sim/A roupa, um montão assim/Dinheiro, um tiquinho assim": impressionante, nada muda neste país! 
Sabão, um pedacinho assim
A água, um pinguinho assim
O tanque, um tanquinho assim
A roupa, um montão assim
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá
Quintal, um quintalzinho assim
A corda, uma cordinha assim
O sol, um solzinho assim
A roupa, um montão assim
Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá
A sala, uma salinha assim
A mesa, uma mesinha assim
O ferro, um ferrinho assim
A roupa, um montão assim
Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá
Trabalho, um tantão assim
Cansaço, é bastante, sim
A roupa, um montão assim
Dinheiro, um tiquinho assim
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá
.(Fonte: Aqui).

DE COMO PHILIP MARLOWE VOLTOU À AÇÃO (CAPÍTULO 11)

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Para ler os capítulos anteriores, clique AQUI.
Sebastião Nunes, autor da série, é natural de Bocaiuva, MG, escritor, editor, artista gráfico e poeta. É também titular de um blog no Portal Luis Nassif OnLine.


O país dos canalhas - Capítulo 11 - Quem é quem na política brasileira
Por Sebastião Nunes

Um dia antes de me reunir novamente com os líderes da quadrilha que assaltaria o Banco Central, liguei para o gabinete do meu velho amigo Jules Maigret, da Polícia Judiciária francesa:

– Olá, caro Maigret, como tem passado?

– Assim, assim, prezado Marlowe. Se não fosse esse inverno interminável, Paris seria uma festa. O que está mandando?
Claro que eu não ligaria para saber do tempo. Ele também só ligava quando tinha assuntos sérios a tratar. Então fui direto:
– Preciso conversar um pouco com você. Estou no Brasil, mais especificamente em Brasília, envolvido com uma quadrilha de canalhas.
– Estou sabendo, e não queria estar na sua pele.
– Agora que me envolvi não tenho saída. Mas estou lendo uma de suas aventuras antigas, e um trecho especialmente me chamou a atenção. Posso ler para você?
– Claro.
– Então lá vai: “Não é o ambiente político que é defeituoso, mas o ambiente no qual, queiram ou não, vivem os políticos”.
– Lembro bem. Está em “Maigret e o ministro”, publicado em 1954, lá se vão 63 anos. É uma história envolvendo políticos. Se não fosse minha boa memória...
– Essa mesmo. Continua assim: “Todos se veem todos os dias, apertam-se as mãos como velhos amigos. Depois de algumas semanas de sessões, estão se tratando com intimidade e prestando pequenos favores uns aos outros”.
Imaginei que, em sua sala às margens do Sena, Maigret acendia um cachimbo.

O COMISSÁRIO NÃO SE IRRITA
Não queria tomar tempo demais de meu amigo, mas o tema era espinhoso.
– Diga, Maigret, você não está ocupado demais?
– Nem um pouco. Você até me alivia da papelada rotineira por alguns minutos.
De modo que, tranquilizado, continuei:
– O que eu gostaria, Maigret, é que você me ajudasse a compreender a diferença entre “ambiente político” e “ambiente em que vivem os políticos”.
Imaginei que, do outro lado, Maigret refletia. Por fim respondeu:
– Até onde sei, o problema do Brasil, como o de todo país emergente atual, é praticamente insolúvel – disse Maigret, depois de um minuto. – Me diga uma coisa: quantos são os brasileiros envolvidos diretamente com o poder?
– Andei pesquisando sobre isso – expliquei, abrindo minha pasta. – E creio que tenho a resposta para a maioria das situações.
– Você pode me passar os dados?
– Pois não. Nas últimas eleições, 64.024 políticos se elegeram. Do total, 56.810 são vereadores, divididos entre 5.568 câmaras. Também foram eleitos 11.113 prefeitos e vice-prefeitos. E ainda 1.024 deputados estaduais. Os governadores e vice-governadores somam 54. Temos também 513 deputados federais e 81 senadores.
– Sabe quantos candidatos disputaram esses cargos?
– Você está querendo demais, meu caro Maigret.
– Nem tanto, prezado Marlowe. Apenas quantificando para depois qualificar.

PERFIL DO CANALHA CLÁSSICO
– Como assim? – indaguei curioso. – O que quer dizer com quantificando para qualificar?
– Muito simples, Marlowe. Digamos que, para cada vereador eleito existissem 20 candidatos. Para cada deputado federal ou estadual, 5 aspirantes. Para cada prefeito e vice-prefeito, outros 5, em média. A mesma coisa para governador e senador.
– Começo a entender – disse eu, uma pulga me picando furiosamente a orelha.
– Ainda não é tudo. E os que gostariam de se candidatar, mas, por este ou aquele motivo, não o fizeram? Como exemplo, oposição dos cônjuges, da família, falta de vaga (principalmente), carência de recursos mínimos para a campanha etc.
– Certamente o número de candidatos a candidato cresceria muito, de modo a constituir boa parcela da população nacional.
– Isso mesmo, Marlowe – disse Maigret.  – Era aí que eu pretendia chegar. E qual é o objetivo principal de um candidato a político no Brasil?
– Até onde compreendi, Maigret, durante minha ainda curta vivência no país, os objetivos principais são dois: grana e poder, com raríssimas exceções.
– Entende agora por que o ambiente em que vivem os políticos é defeituoso? De todos os aspirantes a candidato – que são milhões – só se tornam candidatos poucas centenas de milhares. E quais são as principais características desses milhares?
– Não posso dizer que inteligência seja uma delas – disse eu, entendendo afinal a merda em que o país estava mergulhado. – Talvez esperteza, ganância, agressividade, vontade de mandar, alguma coisa do tipo. Quem sabe, todas juntas.
– Você está certo, Marlowe – disse Maigret, depois de breve silêncio para encher um cachimbo. – Se um país está podre desde a origem, se um razoável senso ético não permeia as relações entre as pessoas, se por meio de educação e cultura não se preparou essa gente para pensar coletivamente, não há esperanças.
– Então você acha que o Brasil não tem futuro, meu caro Maigret? Ou, em outras palavras, chegando ao poder só por milagre se escapa?
– Você é que está dizendo, Marlowe. Mas, pelo que sei, a imensa maioria dos eleitos não aparenta qualquer preocupação ética. Nesse caso, ou o compromisso ético passa a ser obrigatório como condição essencial para a candidatura, ou tudo continuará com está, com pequenos avanços e recuos vergonhosos. Principalmente no Brasil, nos Estados Unidos e outros países em que quase todo político é canalha.
Suspirei, botei o rabo entre as pernas, e me despedi de meu amigo Maigret.
(Fonte: Aqui.  -  Continua)

MÁXIMA DO INTERVENTOR NO RIO: A REPERCUSSÃO


Alex Ponciano.

IMPOSTO, AINDA NÃO. SÓ TAXA DE SACRIFÍCIO


Thiago.

A SAGA DE HILDEGARD


"Catito Peres me pede que escreva sobre a minha trajetória como colunista até o advento do novo Jornal do Brasil. Sou uma Benjamin Button* do jornalismo brasileiro. Comecei, aos meus 18 anos, uma senhora conservadora, contida, assustada, fazendo um colunismo cor-de-rosa, vendo um mundo sob a lente do encantamento, totalmente vedada à minha realidade pessoal, que evitava encarar de frente, tal sofrimento me causaria.
E assim fui caminhando, com meus sapatinhos de Perla Sigaud, saltitando sobre minhas perdas familiares dolorosas e trágicas. Consegui seguir adiante, ultrapassando a dura fase brasileira, ao olhar desconfiado de muitos, que se arvoravam o direito, não sei advindo de que entidade divina, de julgar esta sobrevivente, que hoje aqui está, não digo inteira, mas viva, liberta e coerente, buscando honrar a memória dos meus com todas as minhas possibilidades.
Rompi o bloqueio que me paralisava e, ao passar do tempo, fui me enriquecendo de informações, valores, consciente do verdadeiro serviço, que, como jornalista, posso prestar à sociedade. Tive a chance de expressar opiniões, sem medo, indo contra a maioria das pessoas do meu círculo social, sem me preocupar em ser contestada. Logo eu, que sempre tive como maior prazer e preocupação ser agradável a todos! Hilde Benjamin Button, na medida em que amadurecia, estava rejuvenescendo. Passava a ser uma formadora de opinião de fato.
Tive alguns reconhecimentos que foram satisfações. Quando fui a primeira na imprensa a noticiar o namoro de Carla Bruni e o presidente da França, Sakozy, antecipando inclusive seu casamento, repercuti na mídia internacional. Havia furado inclusive meus companheiros franceses! E os italianos do Corriere della Sera me chamaram de Rainha das colunas.
Quando criei a Sociedade Emergente, o impacto superou qualquer expectativa. Perdi a conta dos jornais estrangeiros que a comentaram e me pediam para eu teorizar sobre o assunto, como o britânico The Economist e o Miami Herald. O New York Times fez menção. No Brasil, o feito me valeu capa da Vejinha. Emergente virou verbete de dicionário com a conotação dada por mim. Isso sim foi um gol do colunismo social.
Aos 24 anos, fui passar uma temporada em Nova York, hospedada com uma amiga de minha mãe, que se tornou amiga, orientadora e referência em todos os aspectos da minha vida, pessoal e profissional. Foi minha madrinha de casamento. Eleanor Lambert. Chamada pela mídia dos EUA de “Czarina da moda”. Eu estava na Última Hora e precisava de uma máquina de escrever para redigir minhas colunas diárias, que enviaria Via Varig. Eleanor emprestou-me a de seu marido, jornalista já falecido, Samuel Berkson: uma Remington toda folheada a ouro, troféu que ele recebeu com o Prêmio Pulitzer. Foi uma emoção muito forte. Minha primeira coluna de Nova York teve o título: “Escrevo numa máquina de ouro”. Houve quem duvidasse...
Muito do que aprendi de moda, de gente, beautiful people, elegância e de lutar por uma posição através do trabalho, e só do trabalho, aprendi com duas mulheres exemplares: minha mãe e Eleanor Lambert.
Eleanor criou a “Eleição dos Mais Bem-vestidos do Mundo”, cujos direitos cedeu antes de morrer para a revista Vanity Fair. O resultado final era decidido por um Conselho de alto nível, do qual tive a honra de participar em casa de Eleanor, com monstros sagrados da elegância como Nan Kempner, Oscar De La Renta e Jeromy Zipkin.
Entrevistei todos, mas todos os grandes nomes da moda americana, a Sétima Avenida abriu-se para mim. Entrevistei a maior colunista social do mundo, e quando eventualmente a encontrava em alguma festa nos Estados Unidos ou na Europa ela logo me cumprimentava ardorosa: “Hildegard Angel from Brazil!”. Chamava-se Aileen Mehle, a Suzy Knickerbocker do New York Post, posteriormente simplesmente Suzy, da W. Eleanor era o “Abre-te Sésamo”.
Régine Choukron, a das boates Régine’s, foi outra pessoa que me descortinou um mundo de gente interessante. A começar pela princesa Grace Kelly, com quem passei boas horas, a ponto de preencher  página inteira de jornal com entrevista exclusiva. E comemorou meus 30 anos com festa para 300 no seu Crystal Room, em Nova York, quando sua boate de Park Avenue era o must dos musts. Os brasileiros foram daqui muitos deles e, de lá, os com maior expressão no exterior estavam: Ivo Pitanguy, Pelé e Marcia Kubitscheck com o marido primeiro bailarino do American Ballet Theatre, Fernando Bujones. E as celebs amigas de Régine, como Stevie Wonder. Consultem as colunas da época.
Duas viagens me marcaram para a vida inteira. Ao Equador, em 1980, e à China, em 1979, no início de seu processo de abertura para o capitalismo. Uma China ainda tosca, com riquixás e poucos carros, remanescentes do que havia no período pré-comunismo, uma China com civis uniformizados (de verde) e militares (de azul). E todos de boné com estrelinha vermelha.
Uma China pobre, sem luxo, sem tecnologia, com higiene discutível, porém, sem miséria. Este último item particularmente me encantou. Falavam que a China era uma Democracia. Mas todos vigiavam todos.
Da China, trouxe material para seis páginas de reportagens, publicadas seriadas. E um furo que valeu primeira página: “O Globo é o primeiro jornal do Ocidente a figurar num Dazibao chinês”. Dazibaos eram os chamados Muros da Democracia onde o povo chinês colava seus comentários e reclamações. Com a ajuda de minhas amigas colamos várias páginas minhas no Dazibao. Colunas com as “dondocas” e os “dondocos” no capricho. Longos, smokings, chapéus. E os chineses, naquela sua simplicidade, riam às gargalhadas, como se assistissem a um espetáculo de humor. Considerei as risadas, aplausos.
Minha entrevista com Imelda Marcos foi, esta sim, um grande lance de humor. Quando entrei em sua townhouse das ruas 80’s, próxima ao Central Park, jamais imaginei encontrar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima florida, em tamanho natural, encarando uma imagem, numa redoma, de Buda gordo sentado, também em tamanho natural, todo de jade, com uma linguinha que se mexia, com um imenso rubi sobre ela. Show!
Pedi a madame Marcos para ver sua famosa coleção de sapatos. Ela me levou para conhecer sua coleção de processos a que respondia. Numa imensa biblioteca, as paredes eram todas cobertas por estantes, todas ocupadas por processos devidamente encadernados em couro pirografado com letras douradas. Fiz a foto e publiquei.
Mergulhar no universo de Darwin, as Ilhas Galápagos, foi experiência única. Descobrir, in loco, a evolução das espécies de acordo com cada habitat. Conferir a dança do acasalamento do albatroz, pássaro monogâmico. E as praias de decomposição de coral rosa ou de coral branco? Experiências acompanhadas da consciência de ser uma sul americana, e não aquela coisa brasileira enclausurada em um Brasil narcisista, com cultura, valores, idioma, culinária, enfim, um conjunto de fatores que mais nos diferencia do que aproxima de nossos vizinhos.
Lá no Equador, na década dos meus 20 anos, pude pela primeira vez me perceber continental, e passear pela Quito Antiga, em cujas igrejas, frutas, flores e astros celestes se misturam a símbolos sacros cristãos, num sincretismo de religiões e costumes dos povos espanhol e indígena equatoriano. Assim como lembro a adoração de todos por Simon Bolivar, o conquistador, e a guia do ônibus de turismo narrava seus feitos com entusiasmo patriótico como nunca vi aqui falarem dos nossos heróis.
A festa de aniversário de Frank Sinatra no Caesar Palace, em Las Vegas. Toda a Hollywood presente. Apenas os amigos dele. Do Brasil, as amizades feitas no Rio de Janeiro, em 1980, convites de Barbara Sinatra: Josias e Heralda Cordeiro e... eu!  Usei um vestido amarelo coberto de paetês bordado a mão pelo Michel. Sinatra cantou no palco com os amigos Sammy Davis e Dean Martin. O que mais eu poderia desejar? E eu fotografando enlouquecida. Tudo devidamente publicado.
Vieram os anos de Brasília, levada pelos amigos Rai e Said Farhat, nomeado Secretário de Comunicação Social, status de ministro, de João Figueiredo, por influência de seu irmão, Guilherme Figueiredo, grande escritor e dramaturgo consagrado.
Said era um liberal de centro, em sua casa faziam pouso todos os jornalistas políticos de prestígio, a começar por Carlos Castelo Branco. Foi Said quem escreveu o discurso de posse do presidente, quando Figueiredo proclamou “Juro que hei de fazer deste país uma democracia”. E como falou (o que estava escrito), estava falado. Não era homem de voltar atrás em suas palavras. Foi mesmo o governo da abertura. Os militares da linha dura do governo e de fora dele não engoliam o Said por isso.
Em Brasília, eu me hospedava com os Farhat. Havia um grande carinho entre nós. Rai levava a foto de meu irmão em sua carteira. Era uma mulher especial. Quando voltei da China, precisava estar em lugar sossegado para escrever minha longa reportagem, fui pra casa deles no Lago Sul, onde não só escrevi o texto, como diagramei todas as páginas, distribuindo as fotos no chão, sentada sobre o piso acarpetado do quarto de hóspedes.
Numa determinada manhã, acordei e encontrei a casa alvoroçada, “secretas” entravam e saíam. Rai, madrugadora como sempre, no café da manhã recebera um pacote, um livro. Como de hábito, ela o abriu de trás para a frente. O “livro” explodiu em suas mãos. Se ela o tivesse folheado do modo convencional, da frente para trás, a bomba teria feito enorme estrago. Sem saber, Rai desativou o petardo. Mesmo assim saiu machucada.
Foi um aviso. Farhat estava desagradando àqueles que desejavam endurecer e, mesmo, perpetuar a ditadura. Ele foi defenestrado antes do fim do governo.
A solenidade do anúncio da eleição de Tancredo Neves foi realizada numa sala do Congresso, apenas para um grupo reduzido. A família de Tancredo convidou-me a assistir, como única jornalista presente entre eles. E me deram lugar na primeira fila. Sempre amáveis comigo.
No governo Collor, tudo era motivo para festas. Os voos seguiam para a Capital Federal cheios de cariocas e paulistas, levando os sacos de smokings e vestidos longos. A festa começava a bordo. Itamar não recebeu para nada. Fernando Henrique Cardoso e dona Ruth reabriram a temporada das recepções no Itamaraty, e elas foram muitas.
No governo Lula, não fosse o traquejo mineiro e a generosidade pessoal de Marisa e José Alencar Gomes da Silva, o vice-presidente, ninguém do poder travaria novas relações. Ficaria todo mundo girando em torno do mesmo círculo. Às suas próprias custas, o segundo casal abriu o Jaburu para eventos diversos de confraternização, de modo descontraído e discreto, jamais ostentando.
Foi assim, graças a Marisa e José Alencar, que, quando voltei a cobrir Brasília, encontrei uma capital diferente. Passei a ouvir outras preocupações. Fui convidada por eles para a posse no Planalto. Na véspera, houve aquele réveillon íntimo dos Alencar, em que Lula apareceu e fez um discurso, de mãos dadas com o vice-presidente, prometendo vida melhor para os pobres, comida na mesa dos miseráveis. Cumpriu.
Até que veio o Mentirão, como eu chamei, e ainda chamo, o Mensalão, com salvo conduto para tal concedido por um dos membros da corte suprema ao dizer a frase: “Não tenho provas, mas vou condenar porque a literatura jurídica me permite”. Com essa permissão literária, cravei a alcunha, lançada em meu discurso na ABI, de defesa do réu José Dirceu, depois reproduzido em minha coluna e muitas outras.
E por que fiz defesa tão ardorosa? Porque desde o início intuí, naquele julgamento das capas pretas voadoras, um objetivo muito mais amplo: o de demolir a aura heroica dos jovens de 68 como um todo. Aqueles bravos, que deram suas vidas pela nossa democracia nos porões dos torturadores. Satanizando os sobreviventes, destruiriam todas aquelas louváveis biografias e tornariam palatável qualquer forma de ditadura. Esperneei o que pude. Obtive grande leitura, mas não grande resultado. O fake Batman tornou-se pop.
E foi o que se viu. Não bastou prenderem Dirceu, Genoíno, Vaccari, Pizzolato. Queriam mais. Eles foram os aperitivos. Queriam também Dilma e, por conseguinte, a cereja do bolo, o mote principal: queriam Lula.  Vieram as manifestações de 2013 por causa de 20 centavos de aumento de passagens de ônibus. E vieram as ofensas graves a Dilma em estádio de futebol. E veio o Pixuleco. E a grande mídia, em uníssono, rotulada de PIG (Partido da Imprensa Golpista), repercutindo e estimulando, de seu jeito torto, as insatisfações; omitindo as conquistas inúmeras dos governos daqueles períodos. Era o golpe já a galope. Vieram as manifestações verde/amarelas e, enfim, o Impeachment.
O ciclo não estava completo. Saiu Dilma, faltava Lula. Impedi-lo de se candidatar a presidente. Como massa de bolo sovado, quanto mais o juiz Sergio Moro o condenava, e mais a mídia lhe batia, mais crescia a pontuação de Lula nas pesquisas do eleitorado.
As sovas no bolo de Lula eram e são diretamente desproporcionais aos tapinhas de leve nas costas de políticos da situação flagrados com a mão no pote de dinheiro. O que, para nós, que sempre confiamos na Justiça, só traz desalento e desesperança.
Hildezinha Benjamin Button, fato, na medida em que fica mais velha na idade, perde a noção do perigo, torna-se desafiadora e intrépida adolescente, pronta a revelar sua alma, a falar o que acredita ser o certo e justo.
Num processo de regressão fantástica, torno-me criança inconveniente, agindo como se na democracia estivesse, quando esta não passa de leve sombra, remoto conto de alta magia, uma pedra filosofal que se perde, pronta a se dissipar ou a ser surrupiada pelo bruxo das trevas, o nosso Lord Voldemort, que pretenderia se tornar imortal, subjugar as pessoas e destruí-las, especialmente o Lula, ops, digo, o Harry Potter.
Eu não disse que virei criança?"



(De Hildegard Angel, crônica intitulada "Assim como o Benjamin Button do cinema, com o passar do tempo a colunista ganha vigor infantil, intrepidez adolescente", primeira coluna publicada no novo Jornal do Brasil, de volta às bancas - ainda não em nível nacional - no domingo 25. Assim se expressou a jornalista no 'lead' de sua crônica: 
"Compartilho aqui com vocês, exclusiva para vocês, meus leitores estimados, minha coluna na edição de estreia do Jornal do Brasil, domingo, 25 de fevereiro, que não está no ar no site do jornal. É um resumo biográfico de minha trajetória profissional.
Sempre lembrando o lema que orienta meu trabalho:
'Pode não ser a sua opinião, pode não ser a melhor opinião, mas é a minha opinião.'"
                          Hildegard Angel aos 24 anos. TVE, Rio, 1975.
A "Hildezinha Benjamin Button" voltou com tudo ao JB. Uma beleza!).

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

QUEM FOMENTA O ÓDIO

                                          (HATRED = ÓDIO)

Stephane Peray. (Tailândia).

NETFLEX


André Farias.

VOLTANDO A TACLA DURÁN


"É certo que criminosos podem ser ouvidos em juízo (...) Mas, neste caso, normalmente após terem celebrado um acordo de colaboração e assumido o compromisso de dizer a verdade."





(Do juiz Sérgio Moro, em despacho assinado no dia 23, mediante o qual - a propósito de pedido formulado pela defesa do ex-presidente Lula - se negou mais uma vez a ouvir em depoimento o advogado Tacla Durán, ex-advogado da Odebrecht, que, detentor de dupla nacionalidade, se encontra atualmente na Espanha. O trecho foi publicado pela Folha e pinçado por Antonio Mello, em seu blog - Aqui

O que diz Mello: Em sua negativa, Moro faz uma afirmação que simplesmente põe abaixo todo o edifício em que construiu sua sentença que condenou o ex-presidente Lula a nove anos e meio de prisão, aumentada em segunda instância para 12 anos e um mês.


"Só que Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que fez a afirmação de que o triplex era de Lula, depôs como réu, sem compromisso de dizer a verdade, e foi sobre esta afirmação de Pinheiro que Moro construiu toda a base de sua sentença."

....

Mas, para se ter uma ideia da dimensão que está alcançando a questão 'oitiva de Tacla Durán', sugerimos a leitura de "Exclusivo: Duplo Expresso vai à Espanha e traz prova dos crimes de Moro ['olê!']", por Romulus Maya - aqui -, e a conferência do vídeo desta data, produzido pelo citado Duplo Expresso - aqui). 

PARÁ: MINERADORA NORUEGUESA ESTRAÇALHA O MEIO AMBIENTE


J Bosco.

DE OLHO NOS VÍDEOS


Dica de Vídeos

1. Clique AQUI para ver "Boa noite 247 - operador tucano de boa, PF na casa de Wagner", desta data.
(A jornalista Gisele Federicce ancora Paulo Moreira Leite e Alex Solnik, desta feita contando com a participação do lúcido professor de História Douglas Belchior. Eles dão uma geral na conjuntura: (a) intervenção na segurança do Rio; (b) a postura da OAB quanto ao modo como negros e pobres são tratados há anos pelas forças policiais e especialmente agora, como enfatiza - e bate firme - o professor Belchior; (c) ação político-policial contra o ex-governador baiano Jaques Wagner; (d) a entrega da Embraer à Boeing (que recebeu a exigência do sr. Temer consistente em que deverá abocanhar não menos do que 51% da citada empresa - exigência que a Boeing, chateadíssima e seriamente contrariada, vai aceitar! - e muitos outros temas).

2. Clique AQUI para ver "Vozes da Resistência"
(Golpe, Temer e militares: o Movimento Negro tem força para enfrentá-los? A análise é feita por Beatriz Lourenço, da Frente Alternativa Preta e Uneafro, e Jaque Conceição, professora, pesquisadora e coordenadora do Coletivo Di Jeje. A coordenação é do já citado professor Douglas Belchior).

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

INGENUOUS CARTOON


Thiago.

ECOS DA AVALANCHE DE PENDURICALHOS

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Magistrados devem, sim, merecer tratamento condizente com a dimensão do cargo. É imperiosa a existência de salvaguardas que lhes assegurem o pacífico e digno exercício de suas atividades. Mas isso não significa que se possam comportar de forma heterodoxa no que diz respeito aos proventos gerais. Nesse sentido, nada mais deplorável do que ver entidades representativas das categorias virem a público para defender a concessão de benesses em geral, classificando-as de "direitos" (e até anunciando paralisação de atividades), a despeito de agredirem a Carta Magna e os mais elementares princípios éticos. Criar/estender certos 'auxílios' e lançá-los na vala das "verbas indenizatórias", livrando-os do imposto de renda e desconsiderando-os para efeito de teto do funcionalismo, é nada mais do que flagrante contorcionismo remuneratório.
Nota: Cumpre lembrar que, além do MP, que se beneficia das regalias do Judiciário via efeito cascata, os demais poderes da República também auferem mimos como o auxílio-moradia.


Despesa do Judiciário federal com auxílio-moradia disparou 10027,57%, aponta relatório

Por Nelson Lima Neto, no Extra

De 2009 a 2016, o Judiciário Federal estabeleceu novos parâmetros de gastos reservados aos pagamentos de auxílios e benefícios, e para o custeio administrativo dos seus órgãos vinculados. Dados obtidos pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira do Congresso Nacional apontam que, no período, o gasto com benefícios disparou 144,44%. Já a despesa com custeio aumentou 355,76%. Os números estão sendo analisados pela Comissão da Câmara dos Deputados que trata do projeto do teto remuneratório do servidores.

No caso da concessão de benefícios e verbas indenizatórias, destaque para o pagamento do auxílio-moradia. Em 2009, a União gastou R$ 3.068.070. Já em 2016, a despesa passou para R$ 307.652.772, alta de 10027,57% no período.

As despesas aumentaram, também, com a concessão de auxílios médico, alimentação, creche, funeral, natalidade e transporte. A alta média superou os 200% somados os casos.

Atualmente, as verbas pagas como auxílios ou verbas indenizatórias não entram na conta do teto do funcionalismo. Os magistrados e servidores acumulam os pagamentos sem respeitarem o teto de R$ 33.763,00 do funcionalismo publico.
Orçamento de R$ 2,53 bi, em 2016, com benefícios
Ainda a respeito dos benefícios aos magistrados e servidores, os técnicos da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira destacaram o peso que a decisão do Supremo Tribunal Federal, de 2014, quanto a concessão do auxílio-moradia, influenciou na tendência de alta dos gastos. O ministro Luiz Fux decidiu generalizar a oferta do auxílio indenizatório.
No geral, os agentes públicos acumularam, em 2009, R$ 1,08 bilhão recebidos por meio de auxílios e verbas indenizatórias. Em 2016, porém, o valor passou para R$ 2,53 bilhões. A alta foi de 244% no período.  -  (AQUI).

ESTADO DE DIREITO... À PERPLEXIDADE

Pelicano.
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"OAB vai pedir explicações a interventor sobre fichamento de moradores no Rio" - Aqui.

IMPOSTO INTERVENTÓRIO À ESPREITA


J Bosco.

OS PECADOS DA GRAMÁTICA

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Para iniciar bem a semana, uma crônica de Veríssimo. Que não nos percamos pelo título: o texto é casto. E, como sempre, bom.


Pecados

Por Luis Fernando Veríssimo

Na correspondência dos jesuítas eram frequentes as referências à dificuldade que certos padres tinham com a gramática no seu trabalho de catequese, nas Missões. Frequentes e obscuras: não se sabia se a dificuldade tão citada era com a gramática que os próprios padres ensinavam ou com a gramática dos nativos. Até descobrirem que “gramática” era um código, para castidade. O problema de alguns padres era manter seus votos de abstinência em meio aos índios. Ou, no caso, as índias.

Conscientemente ou não, o código foi bem escolhido. Pecar contra a gramática é um pouco pecar contra a castidade, se se aceitar que a correção gramatical é uma norma de boa conduta e as regras da língua equivalem a parâmetros morais. Fala-se na “pureza” do vernáculo e na sua poluição, ou violação, vinda de fora e de um jeito ou de outro todo o vocabulário da perdição da língua (seu abastardamento, sua vulgarização, sua entrega a estrangeirismos como prostitutas do cais) tem conotações sexuais. Tomar liberdades com a língua é uma atividade tão malvista pelos guardiões da sua virtude como seria tomar liberdades com suas filhas. Que o povo peque contra a linguagem é aceitável, já que ele vive na promiscuidade mesmo. Mas pessoas educadas, que conhecem as regras, dedicarem-se a neologismos exibicionistas, à introdução de pronomes em lugares impróprios e ao uso de academicismos para fins antinaturais é visto como devassidão imperdoável. De escritores profissionais, principalmente, se espera que se mantenham corretos e castos a qualquer custo.

Mas vivemos com relação à gramática como viviam os jesuítas com relação à “gramática”, esforçando-nos para cumprir nossa missão - que não deixa de ser uma catequese, mesmo que só se dê o exemplo de como botar uma palavra depois da outra e viver disso com alguma dignidade - sem sucumbir às tentações à nossa volta. Também não conseguimos. O ambiente nos domina, a libertinagem nos chama, e pecamos o tempo todo.  -  (Aqui).