segunda-feira, 30 de novembro de 2020

ELES DISSERAM E/OU CANTARAM

,
(30.11)


.Tom Jobim / Gal Costa:
Live em Los Angeles ................................. Aqui.
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.DCMers:
Ten Years Gone ........................................ Aqui.


.DCM  - Kiko Nogueira:
Moro vai defender a Odebrecht; Globo
Globo usa as eleições para criar 
direita de centro ........................................ Aqui.
.Doria endurece quarentena após
eleição; o cabo eleitoral ineficaz ............... Aqui.

.Reinaldo Azevedo:
O É da Coisa .............................................. Aqui.

.José Trajano:
Papa com Zé Trajano ................................ Aqui.

.Boa Noite 247:
Saldo do 2º turno das eleições .................. Aqui.

.Os Pingos Nos Is:
Datafolha e Ibope tentam se explicar ....... Aqui.

.Luis Nassif:
Os movimentos políticos pós-eleições ....... Aqui.

.Click Política:
De como o Ministério da Justiça 
"entregou" a Lava Jato ............................. Aqui.

.O Essencial - Kiko Nogueira:
Ciro ataca Flávio Dino e Boulos e revela
que 'frente ampla' só com ele na cabeça ... Aqui.

.Paulo A Castro:
A colheita do ex-juiz Moro ......................... Aqui.

LIVRO CONFESSIONAL DO CASAL MORO: PARCIALIDADE E GOLPISMO A PARTIR DA CAPA

 ."A capa traz diversas anotações como "Lula X Moro", como se um juiz pudesse ser adversário de um réu, e "Tchau, querida", mote usado pelos políticos mais corruptos do Brasil para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff " 

         (Sergio Moro: "Livro da minha escritora favorita e um café.")

A esposa do ex-juiz Sergio Moro, Rosângela Moro, está lançando um livro que é uma confissão de culpa do casal em relação à parcialidade do ex-juiz e ao golpismo do casal. A capa traz anotações feitas por ela, que representam o sentimento da dupla em relação ao processo conduzido por Moro, que provocou um golpe de estado, em 2016, contra a ex-presidente Dilma Rousseff, a prisão política do ex-presidente Lula, a quebra de praticamente todas as construtoras brasileiras e a ascensão da extrema-direita, na figura de Jair Bolsonaro. 

Um dos bilhetes traz a anotação "Lula X Moro", como se um juiz pudesse se colocar como inimigo de um réu – no caso, o ex-presidente Lula, que sempre foi o grande troféu da Lava Jato. Outro traz a anotação "Tchau, querida", mote usado pelos políticos mais corruptos da história do Brasil, como Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, para promover o golpe contra Dilma Rousseff – reconhecida até por adversários como uma das personalidades políticas mais honestas da história do Brasil.  

O livro-confissão provocou revolta entre os internautas. 

Clique Aqui para conferir algumas das reações suscitadas.  


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O cartunista Jaguar (para nossa satisfação ainda na ativa), do lendário semanário O Pasquim (1969-1991), ao ser perguntado sobre um filme do (até certo ponto polêmico) Cinema Novo, respondeu "Não vi e não gostei". Virou lugar comum, valendo para filmes, livros, exposições etc que 'a priori' não agradassem (atitude meio míope, é verdade).

Não é plenamente o caso de "Os Dias Mais Intensos": este Blog conseguiu conferir algumas anotações... da capa! Mas isso já permitiu inferir que o livro nada de novo oferece, e certamente omite certos episódios desmoralizantes patrocinados pelo ex-juiz, a exemplo dos revelados pela Vaza Jato. Não obstante, ressalta o fato de que os autores parecem pretender, com o livro, mandar um recado a quem interessar possa (golpistas e mídia): 'Vejam bem o que fizemos por vocês, não nos deixem sós!'.

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.Dica de Vídeo:

"Click Política - Rosângela 'entrega' a Zanin prova contra Moro" - Por João Antonio  -  Aqui.

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.Dica De Leitura:

"Moro Precisa Dar Os Nomes Dos Ministros Que Delataram Carluxo", por Moisés Mendes Aqui.  (Observação deste BlogPrecisa também explicar por que, como Ministro da Justiça, se omitiu ao ser informado sobre o tal Gabinete do Ódio).

TRAGIC CARTOON

Duke.
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.Giro das Onze - Mauro Lopes / Patrícia Valim:
O PT perdeu. Ponto ............................................. Aqui.

EMERGÊNCIA MUNDIAL

 
Gilmar.
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.Bom Dia 247 (30.11) - Attuch / Dafne / Altman / PML / Solnik:
O Brasil depois das eleições de 2020 ................................. Aqui.

A ORDEM MUNDIAL DE JOE BIDEN

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"Amplamente, os EUA precisarão estimular as democracias liberais do mundo a formarem um bloco capaz de enfrentar os autoritários do mundo. (...) os dois blocos também precisariam cooperar efetivamente em áreas importantes de interesse mútuo, como o comércio, não-proliferação, mudança climática e saúde global."
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Conclusão Brasil: Dias ainda mais terríveis poderão vir.


Por Shlomo Ben-Ami

TEL AVIV – Em menos de quatro anos, o presidente dos EUA Donald Trump alcançou o que, historicamente, somente guerras devastadoras conseguiram: reformular a ordem global. Com o seu isolacionismo, aspiração ao autoritarismo e puro capricho, Trump deu uma marretada nas instituições internacionais e organizações multilaterais que seus antecessores haviam construído das cinzas da 2ª GM e mantido desde então. E agora?

Muitos esperam que, quando o presidente-eleito dos EUA Joe Biden tomar posse em janeiro, acordos internacionais liberais possam ser salvos e até mesmo renovados. Isso certamente seria algo desejável. Infelizmente, é uma esperança irrealista. Uma ordem pós-Trump parece ser mais sobre um retorno à competição inter-blocos de 1945 ao invés de uma euforia liberal pós-Guerra Fria.

Para início de conversa, a administração Biden será consumida pelas assustadoras tarefas de curar feridas domésticas que Trump infligiu e de corrigir a fraqueza crítica dos EUA, exposta pela pandemia. A recuperação dos EUA da presidência mais desagregadora na história do país não será rápida e nem indolor. Reformar os EUA é um pré-requisito para restaurar sua capacidade de ser uma liderança global.

Mesmo se a administração Biden tivesse capacidade infinita, não teria como voltar o relógio. O status quo surgiu de um tipo de euforia pós-Guerra Fria, animada pela crença de que a democracia liberal ocidental havia garantido uma vitória definitiva sobre o resto, e que o mundo havia alcançado, segundo a famosa formulação de Francis Fukuyama, o “fim da história”.

Nos anos 90 e 2000, quando os EUA eram a potência econômica, militar e diplomática global inigualável, a lógica da hegemonia liberal era convincente. Mas, no mundo multipolar rápido de hoje, não é mais. Isso foi verdade por mais de uma década, e é por isso que os EUA estavam recuando da liderança global bem antes de Trump assumir o cargo.

Embora o isolacionismo de Trump seja frequentemente tido como anômalo, reflete uma linhagem de pensamento estadunidense que remonta à fundação do país. Se os submarinos alemães não tivessem atacado navios mercantes estadunidenses em 1917, pode ser que os EUA tivessem ficado de fora da 1ª GM.

Do mesmo modo, foi somente quando o Japão atacou Pearl Harbor em dezembro de 1941 que os EUA entraram na 2ª GM. E depois da guerra, os esforços estadunidenses para preservar a paz (enviando tropas) e restaurar a prosperidade na Europa (implementando o Plano Marshall) foram conduzidos por medo da expansão soviética, não por algum senso moral de dever.

Também foi por interesse dos EUA que o antecessor de Trump, Barack Obama, em cuja administração Biden serviu como vice-presidente, e até mesmo George W. Bush antes dele, tomou medidas para reduzir o projeto hegemônico de política externa dos EUA. Como Trump, tanto Obama quanto Bush demonstraram frustração sobre a inadequada partilha de responsabilidades dos aliados da OTAN.

O recuo dos EUA da hegemonia reflete a história que Biden não pode desfazer: a perda de credibilidade dos EUA como resultado das suas longas, custosas e inconclusivas guerras no Oriente Médio, e a crise financeira global de 2008, que expôs o lado ruim da globalização e as deficiências da ortodoxia neoliberal. Longe de cumprir a promessa de prosperidade partilhada amplamente, se tornou claro, o ethos do livre mercado das últimas décadas facilitou o surgimento de desigualdades obscenas e o colapso da classe média.

Essa combinação de guerras infindáveis e desigualdade crescente alimentou a reação nacionalista que levou Trump à vitória em novembro de 2016. As mesmas frustrações refletiram na votação do Brexit no Reino Unido naquele junho, os protestos dos coletes amarelos na França em 2018 e até mesmo a crise de covid-19.

Uma pandemia poderia parecer uma oportunidade imperdível para a cooperação. No entanto, foi conduzida com fechamento de fronteiras e competição por suprimentos e doses futuras de vacinas, sem mencionar o cerceamento de liberdades civis e a expansão das capacidades de vigilância, inclusive em democracias. Simplesmente, justamente quando mais precisamos da cooperação global, nosso sistema multilateral quebrado nos levou de volta ao seio do estado-nação.

Então, o mundo parece estar retornando a uma ordem vestefaliana, na qual a soberania prevalece sobre as regras internacionais. O posicionamento “América em Primeiro Lugar” de Trump se encaixa perfeitamente nessa ordem. E enquanto a China promove a cooperação internacional em algumas esferas, o multilateralismo é um conceito fundamentalmente alheio a ela. Se oporia ao renascimento de uma ordem mundial baseada em preceitos liberais. Outras potencias nacionalistas (como Brasil, Índia, Rússia e Turquia) e outras menores no Leste Europeu (Hungria e Polônia) se movimentam dentro da mesma esfera iliberal.

A administração Biden deveria aspirar a liderar as democracias mundiais em sua competição contra um bloco autoritário em ascensão, enquanto sustenta as instituições multilaterais e estruturas mais essenciais à paz. Para isso, deveria imediatamente abandonar a conivência do seu antecessor para com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, e substituir sua estratégia belicosa em relação ao Irã por um esforço para alcançar um acordo nuclear revisado e durável. Felizmente, parece que fará ambos.

Ao mesmo tempo, a administração Biden precisará tratar as alianças estadunidenses mais como empresas coletivas, que os EUA lideram sem dominar. Do lado dos aliados, essa mudança já começou, com líderes europeus, especialmente o presidente francês Emmanuel Macron, cada vez mais reconhecendo a necessidade de tomar para si a segurança da Europa. Os EUA deveriam trabalhar com uma UE empoderada para conter o revisionismo da Rússia nas fronteiras da OTAN e encerrar sua guerra híbrida contra democracias ocidentais.

Do mesmo modo, para gerenciar sua estratégia contínua de confrontação com a China, os EUA precisarão trabalhar com seus aliados asiáticos, como os rearmados Japão e Coreia do Sul. Como a China ainda não abandonou sua estratégia de “ascensão pacífica”, evitar conflitos violentos será um malabarismo delicado.

Amplamente, os EUA precisarão estimular as democracias liberais do mundo a formarem um bloco capaz de enfrentar os autoritários do mundo. Isso deveria incluir esforços para confrontar as forças de desintegração dentro da UE e, potencialmente, transformar a OTAN em uma aliança de segurança mais ampla para as democracias.

Crucialmente, os dois blocos também precisariam cooperar efetivamente em áreas importantes de interesse mútuo, como o comércio, não-proliferação, mudança climática e saúde global. Isso exigirá habilidades diplomáticas que Trump nem imagina, muito menos domina.  -  (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).

*Publicado originalmente em 'Project Syndicate' | Tradução de Isabela Palhares 

domingo, 29 de novembro de 2020

ELES DISSERAM E/OU CANTARAM

 .
(29.11)


.Angelina Jordan:
Fly Me To The Moon ................................. Aqui.
................
.Jazz Music Korea:
Autumn Leaves ......................................... Aqui.


.DCM - Superlive de Domingo:
Balanço das Eleições ................................ Aqui.

.TV 247 - Leonardo Attuch:
Os Vendedores do 2º Turno ..................... Aqui.

.Click Política:
Sobre o livro do casal Moro sobre Moro   Aqui.

.Paulo A Castro:
Gleisi avalia a () performance do PT   Aqui.

................
.Falcão:
Na Rede Com Falcão ................................ Aqui.

CARTUM DO SEGUNDO TURNO

Nando Motta.
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.Bom Dia 247 (29.11) - Attuch / Florestan / Rodrigo Vianna:
As chances das candidaturas progressistas.................... Aqui

ENQUANTO ISSO, NO DIA DA POSSE...

                      ("Eis mais alguns dos protocolos que aprovei.
                      Nós ainda vamos vencer essa parada!")

Adam Zyglis. (EUA).

GOVERNO BIDEN: PERSPECTIVAS

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Não havia tantas dúvidas sobre o estilo político a ser adotado pelo governo eleito dos EUA, a despeito de entre os apoiadores de Joe Biden figurar, por exemplo, o senador Bernie Sanders, da chamada esquerda democrata. Mas o certo é que há, sim, a despeito de tudo, a expectativa de mudanças positivas em determinadas áreas (embora com suas especificidades). A propósito, sugerimos conferir a avaliação do ex-Chanceler Celso Amorim (clique Aqui) sobre como será o governo Biden.
O texto abaixo, do arguto Marcelo Zero, é absolutamente imperdível.
           
(Antony Biden, Sec. de Estado nomeado por Biden)

Biden Começa Mal

Por Marcelo Zero

A nomeação de Antony Blinken para o cargo de Secretário de Estado de Joe Biden, assim como as nomeações para o resto do gabinete, sinalizam que as previsões pessimistas sobre a próxima política externa estadunidense podem se confirmar. 

Blinken tem uma longa folha de serviços prestados às administrações democratas.  É um quadro orgânico do Deep State*. Embora favorável a alianças e negociações, Blinken é um fervoroso defensor da pax americana e da ideia de que só os EUA têm de exercer liderança mundial para expandir os valores da “democracia e dos direitos humanos”, resolver problemas mundiais, como mudanças climáticas, e defender seus interesses. Intentará restaurar a “liderança dos EUA no mundo”, comprometida pelo America First de Trump. 

Isso é perigoso. Blinken é conhecido por ser “intervencionista”, eufemismo para alguém que gosta de descer o chicote no lombo de países vistos como adversários.  Uma espécie de falcão com verniz “harvardiano” e diplomático, fluente em francês (passou a adolescência em Paris) e com bons contatos no aparelho de Estado e em grandes empresas.  

Esteve por trás da “revolução ucraniana” e das sanções contra a Rússia por causa da Crimeia. Defendeu bombardeios e ações militares mais pesadas contra a Síria, o que foi rejeitado por Obama. 

Para Blinken, o mundo passa por uma espécie de “recessão democrática”, entronizada por Trump, a qual permitiu que autocracias como Rússia e China explorassem as “dificuldades” dos EUA.  

Apesar de  considerar que romper com a China seja irrealista e que há espaço de cooperação em algumas áreas, como meio ambiente, Blinken pensa ser vital conter o “expansionismo chinês”. Vai investir na Parceria Transpacífica, abandonada por Trump, e exercer muita pressão política sobre Beijing, usando democracia e direitos humanos como escusas e justificativas. 

Em relação à Rússia de Putin, deveremos ter uma franca hostilidade, de consequências imprevisíveis. Blinken vê Putin como um cruel “ditador”, que precisa ser contido. No mínimo, deverá impor novas sanções. 

O mesmo deverá ocorrer em relação à Coreia do Norte, cujo líder é classificado por Blinken como “tirano”. 

No que tange ao Irã, Blinken quer recolocar os EUA no acordo sobre o desarmamento nuclear, abandonado por Trump. Mas intentará fazê-lo para aumentar o rigor e a extensão dos compromissos já assumidos por aquele país, o que poderá inviabilizar o acordo. 

Em relação ao Oriente Médio, Blinken vê com olhos críticos as grandes intervenções militares, feitas sem “estratégia definida”, mas defende o uso generoso de drones e o envio de “forças especiais” a conflitos. Segundo ele, isso pode fazer uma “grande diferença”. 

Na América Latina, não deveremos ter progressos. Para ele, Maduro é um “ditador”, que também precisa ser contido. Dada à admiração de Blinken pelas special forces, e seu uso em “conflitos”, não se pode descartar, no limite, uma intervenção militar naquele país, ainda que de pequeno vulto. De qualquer forma, a pressão econômica, política e diplomática continuará. Ademais, Biden, ouvindo Blinken, fala muito em “conter a corrupção” em outros países, de modo a criar um ambiente concorrencial que beneficie as empresas dos EUA. Isso parece indicar que o DOJ poderá redobrar seus esforços em promover lawfares contra regimes que não sejam do agrado dos EUA. Assim, a “guerra híbrida” poderá ser fortalecida.

O grande problema de Blinken, Kerry, Sullivan e dos outros indicados por Biden é que eles têm uma grande dificuldade em entender e aceitar as mudanças estruturais que estão acontecendo celeremente na ordem mundial. Eles não aceitam o fato de que os EUA não terão mais a hegemonia inconteste que desfrutavam desde a queda da União Soviética. 

Colocam toda a culpa dessa perda de hegemonia em Trump. Não é. O mundo está mudando de forma profunda e irreversível. Uma política externa realista e não-conflitiva deveria começar pelo reconhecimento desse fato.

Blinken diz que começou a aprender diplomacia em sua escola de ensino médio em Paris, pois se viu impelido a defender o “papel benigno” dos EUA no mundo, então dividido pela Guerra Fria. Seus colegas dizem que ele o fazia com “grande entusiasmo”. 

O novo Secretário de Estado, cujo padrasto é um sobrevivente do Holocausto, realmente acredita que a pax americana é benéfica para todos. Um império de boas intenções.

O problema é que esse império de boas intenções cria um inferno.  -  (Aqui).

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=  'Deep State':  "'Estado Profundo':  .. um tipo de governança composta de redes de poder potencialmente secretas e não autorizadas que operam independentemente da liderança política de um estado em busca de sua própria agenda e objetivos. A gama de usos possíveis do termo é semelhante à do governo paralelo."  -  (Wiki).

.Dica de Leitura: "O DEEP STATE", de Pedro Vals Feu Rosa:  AQUI.


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."O grande problema de Blinken, Kerry, Sullivan e dos outros indicados por Biden é que eles têm uma grande dificuldade em entender e aceitar as mudanças estruturais que estão acontecendo celeremente na ordem mundial. Eles não aceitam o fato de que os EUA não terão mais a hegemonia inconteste que desfrutavam desde a queda da União Soviética

Colocam toda a culpa dessa perda de hegemonia em Trump. Não é. O mundo está mudando de forma profunda e irreversível. Uma política externa realista e não-conflitiva deveria começar pelo reconhecimento desse fato."

Lapidar.

DO DEVER CÍVICO

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Jorge Braga.

AGÊNCIA PÚBLICA APONTA MENTIRA DA LAVA JATO PARA NÃO CUMPRIR DETERMINAÇÃO DO STF

.A agência de jornalismo lembrou várias reportagens publicadas na Vaza Jato que contradizem o argumento de procuradores de Curitiba para não entregar os documentos do acordo da Odebrecht à defesa do ex-presidente Lula  

No Brasil 247 - A Agência Pública divulgou nesta sexta-feira (27) nota em que aponta uma mentira da operação Lava Jato para deixar de aterder à determinação, reiterada, do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).   

Para não disponibilizar à defesa do ex-presidente Lula toda a documentação referente aos acordos de leniência da Odebrecht, incluindo comunicações com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça, procuradores da Lava Jato afirmaram que “não foi produzida nenhuma documentação relativa a comunicações com autoridades estrangeiras para tratar do acordo de leniência” da Odebrecht.   

No entanto, a Pública aponta, por meio de várias reportagens publicadas no âmbito da Vaza Jato, diversos momentos em que a Lava Jato e autoridades do Departamento de Justiça Americano (DOJ) e do FBI trocaram informações e estratégias sobre o acordo da Odebrecht.   

"Se todo mundo sabe que a Lava Jato negociou com procuradores americanos e o FBI, por que a Força-Tarefa nega? Só há duas respostas – e ambas podem incorrer em crime, partindo de funcionários públicos. Ou os procuradores estão escondendo os registros, e descumprindo a determinação da mais alta Corte, ou eles destruíram todos os documentos relevantes de uma investigação em benefício próprio", diz a nota, assinada pela co-diretora da Pública, Natália Viana. 

Leia a nota na íntegra:   

A Lava Jato mentiu para o STF – e nós podemos provar

  Se o fato passou despercebido ao leitor, respire fundo. A decisão proferida na última terça-feira pelo ministro do STF Ricardo Lewandovski a respeito de um pedido da defesa de Lula à Lava Jato traz o mesmo tom de indignação que sentirá. 

“Não deixa de causar espécie (...) o ostensivo descumprimento de determinações claras e diretas emanadas da mais alta Corte de Justiça do País, por parte de autoridades que ocupam tais cargos em instâncias inferiores”. 

Por que o Ministro está tão exasperado? Porque mais uma vez a Lava Jato se recusou a entregar comunicações mantidas com autoridades americanas, embora diversos juízes tenham ordenado isso. Desta vez, ao descumprir decisão do próprio Lewandowski, os procuradores de Curitiba chegaram ao cúmulo de escrever que “não foi produzida nenhuma documentação relativa a comunicações com autoridades estrangeiras para tratar do acordo de leniência” da Odebrecht. 

Ora, nós da Agência Pública, que é parceira do site The Intercept Brasil na análise dos diálogos vazados, sabemos que houve, e muita, comunicação com os americanos. No dia 13 de outubro de 2015, por exemplo, o procurador Orlando Martello enviou um email para Patrick Stokes, então chefe da divisão que cuidava de corrupção internacional no Departamento de Justiça Americano (DOJ). Ele explicava que o STF não admitiria o interrogatório de delatores por agentes americanos em nosso território, mas sugeria caminhos para contornar isso – seja levando-os para os Estados Unidos, fazendo a entrevista online ou fazendo um “teatrinho” no qual os procuradores brasileiros poderiam abrir a sessão e depois passar para os americanos fazerem perguntas. “Eu pessoalmente não acho que esta é a melhor opção porque haverá alguns advogados, como os da Odebrecht, que vão ficar sabendo deste procedimento (advogados falam uns com os outros, especialmente neste caso!) e vão reclamar”, escreveu Martello, em inglês. 

A troca com os americanos também era discutida com frequência no chat de sugestivo nome “Chat Acordo ODE”.  Uma delas foi uma correspondência por email iniciada em 8 de setembro de 2016 pelo adido do FBI na embaixada americana David Williams ao procurador Paulo Roberto Galvão, oferecendo ajuda para quebrar a criptografia do sistema de propinas da Odebrecth, MyWebDay. “Boa tarde Paulo, e a todos. Se não me engano o assunto de baixo é o mesmo que o Carlos Bruno explicou para mim recentemente na despedida do Adido Frank Dick na embaixada do Reino Unido”, escreveu, cordial e em português, o agente americano. A discussão por email se seguiria por dias. 

Se todo mundo sabe que a Lava Jato negociou com procuradores americanos e o FBI, por que a Força-Tarefa nega? Só há duas respostas – e ambas podem incorrer em crime, partindo de funcionários públicos. Ou os procuradores estão escondendo os registros, e descumprindo a determinação da mais alta Corte, ou eles destruíram todos os documentos relevantes de uma investigação em benefício próprio.  

Lewandowski escreve, e com razão, que o ato é mais grave “porque coloca em risco as próprias bases sobre as quais se assenta o Estado Democrático de Direito”. O ministro determinou, agora, que a Corregedoria-Geral do MPF verifique se de fato não existem documentos sobre as comunicações, o que pode demonstrar, para os advogados de Lula, que a colaboração foi “informal”, e portanto, ilegal.

Natalia Viana, codiretora da Agência Pública   

.A agência de jornalismo lembrou várias reportagens publicadas na Vaza Jato que contradizem o argumento de procuradores de Curitiba para não entregar os documentos do acordo da Odebrecht à defesa do ex-presidente Lula  

A Agência Pública divulgou nesta sexta-feira (27) nota em que aponta uma mentira da operação Lava Jato para deixar de atender à determinação, reiterada, do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).  -  (Aqui).

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Comentário Deste Blog


A jornalista Letícia Duarte produziu o livro 'VAZA JATO', contando os bastidores da série de reportagens publicadas pelo site The Intercept Brasil, que revelaram
"as práticas corruptas do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato que tanto pregavam o discurso contra a corrupção". 

Em entrevista recentemente concedida a Leonardo Attuch, do Brasil 247, a citada jornalista emite a seguinte opinião:

"Acho que a gente historicamente, e com razões, pinta os Estados Unidos como o malvado tentando influenciar na América Latina, e acho que muitas vezes os Estados Unidos fizeram esse papel. Mas cada vez mais no caso da Lava Jato, para mim, o que dói mais é ver brasileiros contra brasileiros, operação nascida e comandada por brasileiros com seus próprios interesses, em nome dos seus interesses. Não acho que o Sergio Moro estava pensando nos Estados Unidos quando decidiu ser ministro do Bolsonaro ou quando decidiu que tinha que prender o Lula. Tem questões que são tipicamente brasileiras ali. Foi ação de brasileiros em nome de seus próprios interesses ou de convicções do que se imaginava que o Brasil deveria ser. Para mim isso é muito mais relevante”.  (Para conferir o vídeo, clique Aqui).

Mas o caso é mais complexo: a jornalista Letícia Duarte deveria levar em conta que Sergio Moro e Dallagnol (esse com respaldo do então PGR Rodrigo Janot) podem ter recorrido aos EUA à cata de apoio/cooperação (afinal, já havia rumores de que antes disso Tio Sam  havia feito 'diagnóstico' sobre o Pré-Sal e outros temas, à revelia do governo brasileiro), valendo até lembrar que naquele país a Petrobras operava na Bolsa de Valores (com as famosas ADRs), envolvendo, claro, 'n' acionistas e dólares, prato cheio para saciar os 'interesses' de muitos espertalhões. Bastava, assim, fazer as 'articulações' devidas em busca de cooperação - incluindo a de departamentos governamentais. ("Os Avanços da Lava Jato Sobre o Estado Brasileiro", por Luis NassifAqui).

A propósito, quem lembra da "Fundação Lava Jato" (Aqui) - até hoje sob o crivo do ministro Alexandre de Moraes, que 'frustrou os sonhos' de doutos procuradores, deslumbrados ante tanta grana 'generosamente' cedida pelos Departamentos de Justiça/Estado em face de multas pagas pelo Brasil para sustar processos judiciais lá movidos contra a Petrobras?

Mas o fato é que, ao fim e ao cabo, o direito à ampla defesa continuará cerceado ao ex-presidente Lula: decisão monocrática do ministro Lewandowski sobre acordo de leniência da Odebrecht é 'escamoteada'; decisão do plenário, presidido por Fux, pró Lava Jato independentemente do que prescrever a Constituição. Resumindo: Odebrecht e Lava Jato pairam sobre tudo, ponto.

sábado, 28 de novembro de 2020

ELES DISSERAM E/OU CANTARAM

.
(28.11)


.Zeca Baleiro:
Telegrama ................................................ Aqui.
................
.Paulo César Barros:
Vozes solo na banda Renato 
E Seus Blue Caps ...................................... Aqui


.Portal do José:
Bolsonaro e o segundo turno; Bispos
e louras confundem eleitores .................... Aqui.

.DCM - Live de Sábado:
Marido de Marta Suplicy ataca Boulos .... Aqui.

.Paulo A Castro:
Sobre a guerra Bolsonaro x Fux ............... Aqui.
Lava Jato de Fux desrespeita o STF ......... Aqui.
A 'volta' de Deltan Dallagnol .................... Aqui.

................
.Mundo Desconhecido:
Uma enorme estrutura foi detectada
se movendo no fundo do oceano ............... Aqui.
3 descobertas feitas recentemente
que ninguém consegue explicar ................ Aqui.
.Ufologia Sem Fronteiras:
Jornalistas debatem com Gevaerd ........... Aqui.

MINISTÉRIO DA SAÚDE DIZ QUE VACINA CONTRA COVID-19 NÃO SERÁ OFERECIDA A TODA A POPULAÇÃO


"Segundo a pasta chefiada pelo general Eduardo Pazuello, apenas grupos de maior risco de exposição e complicações pela doença terão acesso ao imunizante".   /  Considerando que o direito à saúde é constitucionalmente assegurado a todos, e que a questão da vacinação está sub judice, a partir de pleito formulado por partido político, resta aguardar a decisão do Supremo Tribunal Federal. Ou seja, o Governo Federal também está subordinado à Lei. Em razão disso, a manchete devida seria: 'Ministério da Saúde diz que vacina não será oferecida a toda a população, na fase inicial'. 


No 247 - O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira (27) que a vacina contra a Covid-19 que estiver aprovada não deverá ser oferecida para toda a população no próximo ano. 

Segundo a pasta chefiada pelo general Eduardo Pazuello, apenas grupos de maior risco de exposição e complicações pela doença terão acesso ao imunizante. 

“A sequência de vacinação vai depender da disponibilização em escala da vacina para o país”, declarou em entrevista coletiva o secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco. A “escala” envolve a quantidade de doses e o cronograma de aquisição e consequente disponibilização destas.   

Franco acrescentou que a definição dos públicos prioritários será feita pelo governo a partir de dois tipos de informações. O primeiro envolve aqueles segmentos com maiores riscos de evoluir para um quadro grave, os chamados grupos de risco. Neste universo estão pessoas idosas e com comorbidades.

O segundo tipo de informação diz respeito à própria vacina que será utilizada. “Por outro lado o aspecto farmacológico com a bula da vacina. Iremos identificar os públicos para os quais ela oferecerá segurança e eficácia. Fazendo a confrontação dos dados, iremos definir os públicos prioritários para vacina”, pontuou o secretário executivo.

O governo de Jair Bolsonaro trava uma guerra contra a vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac. No Brasil, ela está sendo testada pelo Instituto Butantan, órgão do governo de São Paulo, subordinado ao governador João Doria, adversário político de Bolsonaro.  (...)."  -  (Aqui).

PERIFERIA DE SÃO PAULO RECEBE CESTAS BÁSICAS ÁS VÉSPERAS DO SEGUNDO TURNO

Nando Motta.
................
"Não basta ser honesto, tem
de parecer honesto".

ÓS PRÓXIMOS DEZ ANOS SERÃO PIORES DO QUE 2020, AFIRMA CIENTISTA RUSSO

."O cientista russo Peter Turchin afirmou que os próximos dez anos serão piores do que 2020."  -  Ao que este Blog indaga: Mesmo que obtida(s) vacina(s) eficaz(es)?!  Ou estaria o cientista considerando o fato de que os experimentos sobre vacinas tradicionalmente demandam dez anos, e que até lá, em decorrência, muitas reviravoltas e decepções poderão acontecer? 

                
247/Reuters - O cientista russo Peter Turchin afirmou que os próximos dez anos serão piores do que 2020. "Temos praticamente garantidos mais cinco ou dez anos infernais", afirmou o estudioso à revista americana The Atlantic. O relato dele foi publicado pela CNN Brasil.      

Atualmente o mundo tem 61 milhões de casos e 1,4 milhão de mortes provocadas pelo coronavírus. Algumas nações estão passando pela segunda onda da Covid-19. 

Leia mais na reportagem da Reuters:   

LONDRES (Reuters) - Dias depois de render manchetes com sua “vacina contra Covid-19 para o mundo”, a AstraZeneca está enfrentando perguntas delicadas a respeito de sua taxa de sucesso, o que alguns especialistas dizem poder prejudicar suas chances de obter uma aprovação regulatória rápida nos Estados Unidos e na União Europeia.

Vários cientistas expressaram dúvidas sobre a robustez dos resultados que mostram que a vacina experimental foi 90% eficiente em um subgrupo de participantes de estudo que, inicialmente por engano, receberam meia dose seguida por uma dose inteira.

“Tudo que temos para nos basear é uma divulgação de dados limitada”, disse Peter Openshaw, professor de medicina experimental do Imperial College de Londres. “Temos que esperar pelos dados completos e ver como as agências reguladoras veem os resultados”, disse ele, acrescentando que as agências reguladoras norte-americanas e europeias “podem adotar visões diferentes” uma das outras.

Na segunda-feira, a farmacêutica britânica AstraZeneca disse que sua vacina experimental, desenvolvida com a Universidade de Oxford, preveniu em média 70% dos casos de Covid-19 em testes de estágio avançado no Reino Unido e no Brasil.

Embora a taxa de sucesso tenha sido de 90% no subgrupo de participantes, a eficácia foi de 62% quando a dose inteira foi dada duas vezes, como para a maioria dos participantes.

O índice fica bem acima da eficácia de 50% exigida pelas agências reguladoras dos EUA. A agência reguladora da Europa disse que não estabelecerá um nível mínimo de eficácia para vacinas em potencial.

Mas o cerne da questão é que o resultado mais promissor do teste, o de 90%, vem da análise de um subgrupo --uma técnica que muitos cientistas dizem que pode produzir leituras enganosas.

“Análises de subgrupos em testes aleatórios controlados são sempre repletas de dificuldades”, disse Paul Hunter, professor de medicina da University of East Anglia, no Reino Unido.

Ele enfatizou que tais análises aumentam o risco dos “erros de tipo 1 --em outras palavras, quando uma intervenção é considerada eficiente quando não é”.

Isto acontece, em parte, porque o número de participantes é muito reduzido em um subgrupo, o que torna difícil ter confiança de que uma descoberta não se deve somente a diferenças ou semelhanças casuais entre participantes.

Só 2.741 voluntários estavam no subgrupo que teve uma eficácia de 90%, uma fração das dezenas de milhares dos testes que resultaram nos dados de eficácia acima de 90% divulgados no início do mês pelas vacinas da Pfizer-BioNTech e da Moderna.  -  (Aqui).   

EX-MINISTRO MORO AGORA DIZ QUE O GABINETE DO ÓDIO EXISTIU E AGIA IMPUNEMENTE

Brum. 
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.Bom Dia 247 (28.11) - Attuch / Constantine / Tássia / Rumba:
Eleições 2020 pela ótica do povo preto .......................... Aqui.

O PLANETA AGUARDA A VACINA


Osama Hajjaj. (Jordânia).

ENQUANTO ISSO NO CONGRESSO AMERICANO...

                                   ("Leve-nos ao seu líder-eleito.")

Peter Kuper. (EUA).

A POLÍTICA FISCAL PRATICADA NO BRASIL É IRRESPONSÁVEL

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"...filas de economistas pregando que a responsabilidade fiscal é cortar gastos, cortar investimentos, cortar o que for. Cortar o acesso ao alimento, à saúde, à educação, ao emprego e à moradia, sim, é que é irresponsável. Tanto fiscal quanto moralmente."


Por César Locatelli

Para quase todos os problemas dessa vida há mais de uma saída. Por que haveria de ser diferente para o equilíbrio ou desequilíbrio entre os gastos e a arrecadação dos governos? E, no entanto, só o que ouvimos é que é preciso cortar gastos. Desfilam, como misses pelos meios empresariais de comunicação, filas de economistas pregando que a responsabilidade fiscal é cortar gastos, cortar investimentos, cortar o que for. Cortar o acesso ao alimento, à saúde, à educação, ao emprego e à moradia, sim, é que é irresponsável. Tanto fiscal quanto moralmente. Mas parece pecado falar em aumento da tributação ou mesmo em tornar mais justa a cobrança de impostos.

Um importante e oportuno livro, “Economia pós-pandemia: desmontando os mitos da austeridade fiscal e construindo um novo paradigma econômico”, foi lançado (...) em recente evento virtual, muito rico em ideias para correção do rumo ao desastre que trilha nosso país.

Austeridade é racista

“A política fiscal é uma dimensão fundamental do racismo”, afirmam Sílvio Almeida, Waleska Miguel Batista e Pedro Rossi em seu artigo, “Racismo na economia e na austeridade fiscal”, para o livro.

Um modelo de cobrança de impostos que privilegia proporcionalmente os mais ricos e corta gastos sociais prejudica os mais pobres e, consequentemente, o grupo não branco que compõe sua maior parte, como afirmam os autores do artigo:

“No Brasil, a política fiscal contribui para o aumento das desigualdades pelo lado da tributação e para redução dessas desigualdades pelo lado do gasto público, especialmente os gastos sociais. Não obstante, o programa de austeridade não visa transformações pelo lado da arrecadação, mas busca reduzir justamente o lado que contribui para a redução das desigualdades e que beneficia proporcionalmente mais a população negra.”

O Teto de Gastos faz mal à saúde

É mais do que necessário perguntar se já estamos em uma fase da pandemia em que podemos relaxar e cortar os gastos com saúde, se é que mesmo finda a pandemia será razoável reduzir os recursos dos cuidados de saúde. Os números recentes indicam claramente que a resposta é não. Entretanto, o projeto de lei que determina o orçamento de 2021 (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) prevê um corte de R$ 35 bilhões na área da saúde, em relação a 2020, nos informam Bruno Moretti, Francisco R. Funcia e Carlos Octávio Ocké-Reis, em seu artigo para o mesmo livro. Reforçam eles:

“Caso se queira preservar vidas e empregos, o período pós-pandemia requer regras de gasto modernas que viabilizem despesas primárias com forte efeito multiplicador e redistributivo, especialmente as de saúde. Ademais, a sustentabilidade fiscal não pode prescindir de medidas pelo lado da receita, ampliando a tributação de renda e patrimônio e revendo isenções tributárias e renúncias fiscais que apenas agravam a forte concentração de renda brasileira.”

A educação ainda é muito aquém do mínimo de dignidade

Andressa Pellanda e Daniel Cara, que contribuem com o artigo “Educação na pandemia: oferta e financiamento remotos”, ressaltam que a área mais prejudicada pelo Teto de Gastos foi a educação que, só em 2019, perdeu R$ 32,6 bilhões. E complementam:

“Não há caminho que reverta a necessidade de derrubada da EC 95 [Teto de Gastos] para que possamos dedicar maiores investimentos à educação. A permanência de tal emenda e de tais políticas de austeridade tem ceifado não somente vidas, como também condições dignas de trabalho para milhões de profissionais da educação e o futuro de milhões de estudantes brasileiros.”

Mito da austeridade expansionista

Os defensores da austeridade repetem há anos, sem qualquer evidência que comprove o que afirmam, que ao cortar gastos haverá crescimento econômico e toda a sociedade se beneficiará. O exemplo mais próximo de que essa afirmação é um mito sem respaldo na realidade das economias é o próprio Brasil onde há 5 anos impera esse discurso de que o Teto de Gastos trará crescimento e o que se vê é a economia patinando sem sair do lugar. Os próprios autores dessa tese, de que a austeridade faz a economia expandir, já concluíram que, em geral, o corte de gastos tem efeitos negativos no crescimento, como nos contam Laura Carvalho e Pedro Rossi, no texto “Mitos fiscais, dívida pública e tamanho do Estado”, no mesmo livro. E continuam:

“O debate brasileiro é permeado pela ideia da austeridade fiscal expansionista. Essa ideia sustenta que um aperto fiscal leva ao crescimento econômico uma vez que melhora a confiança dos agentes e tem origem nos trabalhos de Alberto Alesina e outros autores. Contudo, vários estudos empíricos rejeitaram a austeridade expansionista. O trabalho de Jayadev e Konczal (2010), por exemplo, mostra que os países que obtiveram sucesso com consolidação fiscal apontados por Alesina e Ardanha estavam crescendo fortemente no ano anterior e que apenas dois casos específicos de uma amostra de 107 casos históricos são condizentes com o caso de sucesso de um ajuste fiscal em momento de desaceleração econômica. Além disso, o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório oficial, mostra que a ‘contração fiscal é normalmente contracionista’, gera desemprego e queda da renda (FMI, 2010).

Uma política fiscal para os direitos humanos

Para que serve a economia de um país senão para oferecer condições dignas de vida aos seus componentes? Assim, uma política fiscal responsável deve respeitar os direitos humanos, orientar-se para alcançar objetivos sociais e ambientais e, sobretudo, “promover uma estabilidade social, que considere o emprego, a renda e a garantia do conteúdo mínimo dos direitos humanos com realização progressiva”. Assim afirmam Pedro Rossi, Grazielle David e Esther Dweck, no artigo “Redefinindo responsabilidade fiscal”. Eles complementam:

“Não é difícil perceber que todas as medidas adotadas durante a crise da pandemia da Covid-19 dependem de instituições e instrumentos ameaçados pelas reformas estruturais em curso. Mas, ao invés de fortalecê-los, o Governo Federal mostra que pretende aprofundar sua destruição. Em particular, a emenda do Teto de Gastos já afetou o funcionamento da máquina pública e o financiamento de atividades estatais básicas, e esse quadro tende a se agravar nos próximos anos.

Portanto, considerando a redefinição do conceito de responsabilidade fiscal, a política fiscal praticada no Brasil é irresponsável. Nesse sentido, é imprescindível substituir o conjunto de regras fiscais atrasadas, sobrepostas e anacrônicas. Precisamos de instrumentos que permitam uma atuação estabilizadora do ciclo econômico, viabilizem o aumento dos investimentos públicos e garantam a prestação de serviços públicos de qualidade que garantem direitos e as políticas de transferência de renda.”  -  (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).

* O livro, “Economia pós-pandemia: desmontando os mitos da austeridade fiscal e construindo um novo paradigma econômico”, está disponível gratuitamente nas diversas plataformas de ebooks e em pré-venda, para o livro físico, na editora Autonomia Literária.

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"...Nesse sentido, é imprescindível substituir o conjunto de regras fiscais atrasadas, sobrepostas e anacrônicas. Precisamos de instrumentos que permitam uma atuação estabilizadora do ciclo econômico, viabilizem o aumento dos investimentos públicos e garantam a prestação de serviços públicos de qualidade que garantem direitos e as políticas de transferência de renda."

Sem dúvida. Mas, pelo visto, sem a realização de uma cuidadosa auditoria da dívida pública - que fatalmente determinaria uma drástica redução do famoso "serviço da dívida", que sufoca o País ao abocanhar 50% do Orçamento Público brasileiro -, nada feito. Que fique claro: o famigerado Ajuste Fiscal/Teto de Gastos existe basicamente para garantir a 'solvabilidade' nacional, independentemente de seus efeitos colaterais: os credores querem "o seu", o resto que se dane. E assim, enquanto não se der cumprimento à recomendação contida no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, consistente exatamente na realização de tal auditoria (coisa de que os credores externos e internos querem distância, pois que muita "dívida" é fundada em condições contratuais insustentáveis, ou até mesmo fajutas), o Brasil continuará dominado pelo Livre Mercado e socialmente agonizante.