quinta-feira, 26 de novembro de 2020

MARADONA, O MAIS HUMANO DOS DEUSES, ASSIM FALOU GALEANO

Angel Boligan. (México). - Inserção em 27.11 (ILUSTRAÇÃO) ....
."Diego Armando Maradona foi adorado não apenas por causa de seus prodigiosos malabarismos, mas também porque era um deus sujo, pecador, o mais humano dos deuses."
Um texto do escritor uruguaio Eduardo Galeano sobre Diego Maradona tem repercutiu intensamente na quarta-feira (25), data em que o ídolo mundial do futebol morreu, aos 60 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. O trecho consta do livro “Espelhos: uma história quase universal”, publicado em 2008 no Brasil pela L&PM Editores. Leia abaixo: 

Nenhum jogador consagrado tinha denunciado sem papas na língua os amos do negócio do futebol. Foi o esportista mais famoso e popular de todos os tempos quem rompeu barreiras na defesa dos jogadores que não eram famosos nem populares.  

Esse ídolo generoso e solidário tinha sido capaz de cometer, em apenas cinco minutos, os dois gols mais contraditórios de toda a história do futebol. Seus devotos o veneravam pelos dois: não apenas era digno de admiração o gol do artista, bordado pelas diabruras de suas pernas, como também, e talvez mais, o gol do ladrão, que sua mão roubou. Diego Armando Maradona foi adorado não apenas por causa de seus prodigiosos malabarismos, mas também porque era um deus sujo, pecador, o mais humano dos deuses. Qualquer um podia reconhecer nele uma síntese ambulante das fraquezas humanas: mulherengo, beberrão, comilão, malandro, mentiroso, fanfarrão, irresponsável.

Mas os deuses não se aposentam, por mais humanos que sejam. 

Ele jamais conseguiu voltar para a anônima multidão de onde vinha.

A fama, que o havia salvo da miséria, tornou-o prisioneiro.

Maradona foi condenado a se achar Maradona e obrigado a ser a estrela de cada festa, o bebê de cada batismo, o morto de cada velório.   

Mais devastadora que a cocaína foi a sucessoína. As análises, de urina ou de sangue, não detectam essa droga.  -  (Aqui).

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'Mão de Deus'

Osama Hajjaj. (Jordânia).    

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