domingo, 31 de agosto de 2014

AVALIANDO O PROGRAMA DE GOVERNO DO PSB

              Programa do PSB: Pré-sal? Que pré-sal?!  

Como Marina tenta montar o reverso de Lula

Por Luis Nassif

(...).
O episódio Malafaia é elucidativo para entender dois pontos apontados aqui no Blog, sobre o programa e a candidatura de Marina Silva.

O primeiro, a qualidade do programa original da Rede Sustentabilidade.

Quem acompanha a série que escrevo sobre o Brasil 2015 poderá conferir que a maioria absoluta dos conceitos defendidos – e das críticas que faço à condução das políticas públicas - foi contemplada no Programa do Sustentabilidade.

O segundo, a incapacidade de Marina Silva de minimamente administrar conflitos. E, de certo modo, a falta de fôlego da própria Rede para enfrentar o velho.

Dois episódios demonstram isso.

1. O caso do aprofundamento da democracia participativa, uma das grandes bandeiras atuais. Bastou uma manchete preconceituosa do Estadão para a Rede soltar uma nota informando que os conceitos criticados pelo jornal constavam de um trabalho ainda não aprovado pelos coordenadores do programa. O programa é divulgado e os conceitos continuam lá.

2. O caso LGBT, ou com essa fantástica frente modernizadora, esse centro do mais avançado pensamento das ONGs paulistas, os centuriões da modernização foram botados para correr pelo pastor Silas Malafaia.

Reverso de Lula

Não apenas isso.

No fundo, o programa da Rede Sustentabilidade é uma tentativa de reengenharia no modelo lulista.
Lula compôs com o mercado financeiro para viabilizar suas políticas sociais; o programa de Marina pretende compor com os movimentos sociais para viabilizar sua política econômico-financeira.

No período Lula-Dilma, com todas as concessões, o ponto central foram as políticas sociais; no programa da Rede, pelo contrário, é o mercado financeiro (explico logo adiante).

Há agravantes nessa estratégia.

Os tempos são outros, não há crescimento nem espaço fiscal para atender a todas as demandas. O próximo governante terá que administrar a escassez. E aí o programa da Rede não passa no teste de consistência:

1. Os novos tempos exigem o aprofundamento da democracia social e do Estado de bem estar.  Aumenta o custo dos salários e exige um novo desenho econômico para preservar a capacidade da economia em gerar empregos de melhor valor.

2. O novo modelo só se sustenta com um salto na qualidade do emprego e das empresas. Exige uma nova política industrial, casada com planos de inovação, educação, visando garantir a oferta de empregos de maior valor agregado.

3. Definidos os dois passos anteriores, a macroeconomia precisa ser adaptada aos novos tempos. Ou seja, ela é a derivada.  No programa do Sustentabilidade, juros e parte fiscal são o fator dominante.
Para mostrar melhor as incongruências, compararei o programa da Rede com o que está sendo elaborado por um conjunto de especialistas - macroeconomistas, economistas sociais, urbanistas etc - ligados ao chamado novo pensamento desenvolvimentista.

Primeiro movimento: a democracia social

Nos dois casos, há grande semelhança das ideias levantadas - pelo fato de que estão rodando por aí, na cabeça de especialistas, da academia, das ONGs.

Grosso modo, podem ser divididos nos seguintes subtemas:

1. Temas ligados à qualidade de vida.,
2. Temas ligadas ao federalismo.
3. Temas ligados ao aprofundamento da democracia social.
4. Micro-reformas desburocratizantes.

Quase todas as ideias significam melhorias incrementais em relação à dinâmica das políticas sociais já existentes.

É o que explica o belíssimo capítulo do programa da Rede sobre a inclusão de crianças com deficiência na rede escolar, belíssimo nos conceitos mas ignorando uma realidade concreta, uma das mais bem sucedidas políticas públicas do país: 800 mil crianças com deficiência sendo atendidas na rede escolar, com transporte, salas especiais, planos de trabalho individualizados. Ou a proposta de ensino em período integral ignorando que já existem 4 milhões de crianças nessas condições.

Todo esse trabalho foi possível porque tanto o governo Lula como Dilma garantiu espaço no orçamento público. É aí que se dão os grandes embates políticos, com corporações, mercados e grupos sociais querendo, cada qual, seu pedaço do bolo.

Segundo movimento: a reestruturação econômica

Nesse capítulo, a lógica mercadista se apresenta em toda sua exuberância.

O trabalho dos desenvolvimentistas procura identificar novos setores dinâmicos e defender políticas de fortalecimento com uso de política de compras, conteúdo nacional, investimento em inovação, educação, financiamento etc. E o pré-sal é o ponto central dessa reestruturação.

O pré-sal some do programa da Rede. Em relação aos combustíveis fósseis, a única menção é à necessidade de reduzir sua utilização por questões ambientais.

No capítulo energia, o programa perde-se em análises recorrentes sobre o novo modelo elétrico e na defesa sonhática de formas alternativas de energia, como se a energia solar e a eólica pudessem dar conta do recado de garantir energia para as próximas décadas.

Políticas de conteúdo nacional não se limitam meramente a assegurar um percentual de produtos nas compras públicas. São o ponto de partida para programas de capacitação, envolvendo a cadeia produtiva, universidades, atração de tecnologia externa, treinamento, cursos técnicos. São peças essenciais para permitir saltos de qualidade na cadeia produtiva.

O programa da Rede limita-se a aceitar os programas de conteúdo nacional existentes, "desde que com data marcada para terminar". A ideia central continua sendo a de abrir o país para a competição externa, como se a invasão de importados e a queda da indústria decorressem da falta de competição.

Terceiro movimento: a política macroeconômica

É aí que se revela amplamente a política econômica da Rede.

Ampliação dos direitos sociais, reestruturação industrial, tudo isso depende de recursos orçamentários.

Um projeto político voltado efetivamente para o aprofundamento da democracia social e para a reestruturação econômica não poderia conviver com dois vícios recorrentes que comprometem o orçamento público:

1.     A política de metas inflacionárias que cria o pior dos mundos para o orçamento público. Cada aumento da inflação dispara uma alta dos juros que, por sua vez, compromete parcelas cada vez maiores do orçamento público, além de destruir a política cambial.

2.     Para garantir o espaço para a apropriação do orçamento pelos juros, definem-se metas de superávit fiscal incompatíveis com períodos de estagnação econômica.

Não difere do que vem sendo praticado por sucessivos governos, e agravado nos últimos anos pelos problemas de gestão econômica de uma equipe medíocre, mantida pela teimosia de Dilma.

Um upgrade do governo Dilma exigiria uma mudança corajosa nesse modelo do tripé econômico, definindo um combate radical às heranças remanescentes da inflação inercial, substituindo as metas inflacionarias por outras formas de articulação das expectativas e, principalmente, desatrelando a dívida pública da política monetária do Banco Central.

É mais fácil essa mudança ocorrer com Dilma do que com Marina. Dilma abraça o tripé por não dispor de uma equipe com fôlego para propor políticas alternativas. Já no grupo de Marina, o tripé é sagrado.

Conclusão

O programa é relevante – seria mais não fossem os recuos inacreditáveis – por levantar temas dos novos tempos, conceitos contemporâneos, principalmente partindo de organizações sociais que promovem um arejamento no pensamento anacrônico da chamada elite empresarial.

Mas é evidente que o resultado final não é a ruptura com dogmas que seguram a transição para os novos tempos. Pelo contrário: reforçam a submissão do país a um modelo econômico que se esgotou globalmente. (Fonte: aqui).

ZERO FREITAS, O BAMBA DO VINIL

              Zero Freitas e o primeiro LP de Roberto Carlos

Colecionador de 4,5 milhões de vinis tem álbum que vale até US$ 3 mil

Por Patrícia Colombo

José Roberto Alves Freitas, 60, tem a vida que qualquer apaixonado por música sonha em levar. Milionário, um dos donos de uma transportadora e sócio de uma empresa de iluminação para shows e peças de teatro, ele investe boa parte de seu dinheiro em discos. Entre os 4,5 milhões de LPs, compactos e 78 rotações, ele é dono de uma coleção com raridades vistas em poucas lojas no mundo.

Apelidado de Zero Freitas, ele teve sua história repercutida nacional e internacionalmente depois que o jornal norte-americano "New York Times" publicou, no dia 8 de agosto, um perfil sobre sua vida. Mas poucos tentaram ir a fundo na coleção do empresário, que tem álbuns estimados em até US$ 3 mil por unidade, como as três cópias de "Louco por Você", primeiro disco de Roberto Carlos, lançado em 1961 com apenas 500 cópias e renegado até hoje pelo cantor.

À parte dos 4,5 milhões de discos guardados em dois galpões, Zero Freitas guarda outros cem mil em uma coleção particular, armazenados no porão de sua casa. De todo seu acervo, cerca de 250 mil são álbuns nacionais, número que ele visa aumentar ao longo dos anos. "Quem vai comprar um disco de um seresteiro de Itanhaém? Quase ninguém, mas ele lançou o disco, se dedicou durante a sua vida para aquilo. São coisas que também me interessam", disse ele ao UOL.

Entre as raridades está uma edição de "Piano Concerto", lançado em 1949 por Heitor Villa-Lobos, e autografado pelo maestro e compositor. A dedicatória data de agosto de 1953 e diz: "Ao amigo Paulo Santos, lembrança grata de Villa-Lobos". Santos, que comandou os programas "Tempo de Jazz" e "Encontro com o Jazz" na rádio MEC, era bastante respeitado pela classe artística. Zero tem ainda um outro álbum da cantora de jazz Ella Fitzgerald com autógrafo dedicado ao radialista brasileiro.

Colecionador
Os discos de Zero ficam divididos em dois galpões: em um deles está a maior parte das entregas e em outro se encontram 500 mil cópias -- 250 mil já catalogados e 250 mil para entrar na fila. É neste segundo onde trabalham os 16 estagiários do empresário, em turnos alternados entre manhã e tarde. Lá, eles assumem as tarefas de limpar, fotografar capas e registrar informações sobre cada um dos materiais no software utilizado.

A vasta coleção de Zero era pouco conhecida até recentemente, já que ele dificilmente trocava ou vendia seus vinis. Mas foi uma de suas grandes compras que chamou a atenção dos vendedores norte-americanos: além de outras aquisições em larga escala e altos valores, ele encomendou de uma só vez 1 milhão de compactos de um ex-dono de loja nos Estados Unidos.

Acumulador por natureza e com o signo de Touro como ascendente (que ele acredita dar o toque "materialista" em sua personalidade), começou a coleção aos 11 anos, quando recebia mesada do pai. O primeiro álbum que comprou foi "Roberto Carlos Canta para a Juventude", no início de 1965; nas duas semanas seguintes, veio "Beatlemania" ("With the Beatles", na edição inglesa, e "Meet the Beatles", na edição norte-americana), edição brasileira do segundo álbum de estúdio do quarteto de Liverpool, e "Meus 18 Anos", da cantora italiana Rita Pavone.

Tímido, evitava dançar nas festinhas dos amigos, o que acabou o levando aos toca-discos, descobrindo uma outra fonte de renda: ser DJ. "Comecei a tocar em todas as festas e montei um equipamento de som aos 15 anos, mas desconhecia o termo DJ. Para mim, DJ ainda era o cara do rádio. Tenho até os discos do [radialista] Walter Silva comigo, que comprei da viúva dele". Aos 17 anos, ele já era dono de mais de 3.000 vinis.

Para fazer pesquisas de álbuns no exterior, Zero -- que é formado em música pela USP (Universidade de São Paulo)-- conta com assistentes que o auxiliam nas negociações em diversas lojas de discos. No Brasil, onde atuou como sonoplasta em peças de teatro desde os anos 70, sempre foi procurado para doações de vinis.

Nos anos 90, a chegada do CD fez com que muitos se desfizessem de seus vinis, mas Zero ia na direção contrária e conseguia comprar LPs a preços cada vez mais baixos. Entre suas aquisições estão coleções que pertenceram a figuras como a atriz Eva Wilma, aos radialistas Paulo Santos e Walter "Pica-Pau" Silva, e a Murray Gershenz, um dos mais conhecidos colecionadores dos Estados Unidos, que morreu aos 91 anos em agosto do ano passado.

O próximo passo que fará valer a coleção do empresário em benefício de outros adoradores será o Emporium Musical, um futuro site que ele pretende abrir no ano que vem para a comercialização de algumas cópias repetidas de seu acervo. Na página, Zero também vai disponibilizar um serviço de digitalização gratuita por demanda, como forma de auxiliar a perpetuar alguns discos raros. "Aceitaremos pedidos pela internet de digitalização de todos os álbuns que já tivermos catalogado". (Fonte: aqui).

O PARTIDO VERDE, MALAFAIA E O ESTADO LAICO DE MARINA SILVA


"Divulgado ontem solenemente o Programa do PSB, registramos o avanço que havia em relação aos direitos das pessoas que querem ver respeitada sua livre orientação sexual. Durou pouco.

Bastou um influente pastor reclamar e ameaçar uma guerra santa e a campanha do PSB recuou em dois pontos essenciais: o reconhecimento do direito ao casamento para estas pessoas e na gravidade dos crimes de homofobia.

Outro aspecto pouco edificante, atribuir aos redatores do Programa algo que foi apresentado por um dos mais preparados quadros dirigentes do PSB, Maurício Rands.

Quanto à interrupção da gravidez, o PSB em nada muda a atual legislação que considera criminosas as milhares de mulheres que por algum motivo o fazem. O atendimento das exceções previstas na lei já é feito desde 1989. Mais uma vez, nada novo.

Fica nossa preocupação/constatação: será para valer mesmo a promessa do PSB de adotar uma política laica se por acaso conseguir vencer esta eleição presidencial?"




(De Eduardo Jorge, candidato do PV à presidência da República, sobre o recuo no programa de governo da concorrente Marina Silva (PSB) no que se refere à causa LGBT. O PSB divulgou ontem errata a respeito do tema no plano de governo anunciado na sexta, 29, com uma nova versão mais genérica do que a original, assim relatada pela Folha: 

Campanha de Marina elimina trechos de capítulo 'LGBT' do programa

A coordenação de campanha da candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, alterou neste sábado (30) a redação do programa de governo em capítulo com propostas para a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e transexuais).

Foram eliminados trechos em que a presidenciável se comprometia, se eleita, com a aprovação da lei de identidade de gênero –que permite alteração de nome e sexo na documentação– e em articular no Congresso a aprovação de lei que criminaliza a homofobia. Foi excluída parte que previa a distribuição de material didático "destinado a a conscientizar sobre a diversidade de orientação sexual e às novas formas de família".

A introdução do capítulo também foi modificada. Inicialmente, dizia que vivemos em "uma sociedade sexista, heteronormativa e excludente em relação às diferenças" e que "os direitos humanos e a dignidade das pessoas são constantemente violados e guiados, sobretudo, pela cultura hegemônica de grupos majoritários (brancos, homens etc)".

Também afirmava que "precisamos superar o fundamentalismo incrustado no Legislativo e nos diversos aparelhos estatais, que condenam o processo de reconhecimento dos direitos LGBT e interferem nele".

Agora diz que "vivemos em uma sociedade que tem muita dificuldade de lidar com as diferenças de visão de mundo, de forma de viver e de escolhas feitas em cada área da vida" e que "a democracia só avança se superar a forma tradicional de supremacia da maioria sobre a minoria e passar a buscar que todos tenham formas dignas de se expressar e ter atendidos seus interesses".

A coordenação ainda afirma que o programa anterior é um "contratempo indesejável" com "alguns equívocos" e que o novo é o "correto". "Permanece irretocável o compromisso irrestrito com a defesa dos direitos civis dos grupos LGBT e com a promoção de ações que eduquem a população para o convívio respeitoso com a diferença e a capacidade de reconhecer os direitos civis de todos", diz o comunicado. Segundo a coligação, "as verdadeiras ideias defendidas" pelos partidos serão impressos em novos exemplares do programa a partir deste sábado.

A primeira versão do programa chegou a surpreender setores ligados à militância LGBT. Marina é evangélica, devota da Assembleia de Deus e disse, em 2010, ser pessoalmente "não favorável" ao casamento gay, embora afirmasse que as pessoas "tinham o direito de defender essas bandeiras".

ALTERAÇÕES

O plano divulgado nesta sexta (29) afirmava que o governo pessebista apoiaria propostas em defesa do casamento civil igualitário, com o objetivo de "aprovar projetos de lei e da emenda constitucional em tramitação que garantem o direito ao casamento igualitário na Constituição e no Código Civil".

O trecho foi substituído por uma redação que diz que a presidenciável pretende "garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo".

No primeiro texto apresentado, a campanha também divulgou que pretendia "articular no Legislativo a votação da PLC 122/06, que equipara a discriminação baseada na orientação sexual" às leis existentes para quem discrimina "em razão da cor, etnia, nacionalidade e religião". O tópico foi excluído.

Antes, o programa dizia que um eventual governo daria "efetividade ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT". Agora afirma que irá "considerar as proposições" do plano para a "elaboração de políticas públicas específicas para populações LGBT".

Outra diferença está no item que propunha "eliminar obstáculos na adoção de criança por casais homoafetivos". No novo capítulo, foi retificado que "como nos processos de adoção interessa o bem-estar da criança que será adotada", o governo de Marina daria "tratamento igual aos casais adotantes, com todas as exigências e cuidados iguais para ambas as modalidades de união, homo ou heterossexual".

Foi eliminada parte que dizia que a candidata iria "manter e ampliar serviços existentes" em ofertas de tratamentos e serviços de saúde para demandas da população LGBT. A redação que diz que ela pretende "garantir e ampliar" essa oferta foi mantida.

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Porém, as alterações promovidas pelo PSB desagradaram tanto a representantes da comunidade LGBT, por ser consideradas um brutal recuo (aqui, nota de repúdio de autoria do deputado Jean Wyllys), como ao pastor Silas Malafaia, da igreja Vitória em Cristo, ligada à Assembleia de Deus e responsável pelas providências adotadas pelo PSB. Malafaia escreveu:




Fonte: aqui).

EBOLA PERSISTE


Samuca.

sábado, 30 de agosto de 2014

O BRASIL E OS SALÁRIOS SUPREMOS


Enquanto se anuncia o reajuste do valor de salário mínimo em 8,8%, a partir de janeiro de 2015 (embutindo aumento real de cerca de 2,5%, correspondente à elevação do PIB em 2013 - critério considerado inaceitável e absurdo por economistas gurus do Livre Mercado)...

O Poder Judiciário, STF à frente, pleiteia elevação global de sua remuneração + benefícios, que ao final implicarão elevação de 64% (sessenta e quatro por cento), dos atuais R$ 29.462,25 para R$ 35.000,00, montante que, com o cômputo de adicional por tempo de serviço, pode chegar a R$ 48.490,65 . Isso mesmo!: "Renan faz acordo para elevar remuneração de juízes" - AQUI.

Vale lembrar, nesse contexto, o efeito cascata representado pela remuneração dos ministros do Supremo, teto do funcionalismo público: os aumentos salariais auferidos pelos ministros do STF se estendem a todo o Poder Judiciário, além dos próprios representantes do Poder Legislativo (75% da remuneração dos ministros do STF).

"Deputados e senadores não devem criar dificuldades para o reajuste do Supremo. É que, a cada final de mandato, os parlamentares fixam a remuneração da legislatura seguinte. No final de 2010, por exemplo, eles igualaram os vencimentos dos congressistas que assumiram no início de 2011 aos dos ministros do Supremo. Caminho que deve ser repetido este ano. Atualmente, os congressistas recebem R$ 26.723,13 por mês, além de outros benefícios."

Obviamente...

REVENDO A FÁBULA


Nani.

ELEIÇÕES 2014: UMA ABORDAGEM SOBRE A CANDIDATA MARINA


"Foi possível comprovar no debate da Bandeirantes que Marina Silva escolheu o caminho mais confortável para fazer campanha eleitoral.

Se você passar as ideias de Marina numa máquina de fazer suco, irá sobrar um ponto: a pregação da unidade. Marina diz que o Brasil está cansado da polarização. Diz que o tempo de conflito entre PT e PSDB acabou. Afirma que é preciso unir os bons, os capazes, os honestos, que estão em toda parte, em todos os partidos. Diz que o país está cansado de criticar uma “elite” onde se encontram Neca Setúbal e Chico Mendes, e também lideranças indígenas e grandes empresários. Olha que bonito. Não há poder econômico, nem desigualdade, nem poder de classe. Não há, é claro, um sistema financeiro de um país que, tendo a sétima economia do mundo, possui bancos cujo rendimento encontra-se entre os primeiros do planeta.

É bom imaginar que o mundo é assim. Relaxa, conforta. Permite interromper o debate e tirar férias. Pena que seja uma utopia de conveniência.

Mais. É uma fantasia que não cabe na biografia de Marina Silva. Pelo contrário.

Poucas vezes se viu uma história de divisão e desagregação como método de ação política.

Veja só. Ela rompeu com o governo Lula, onde fora instalada no Ministério depois da campanha - de oposição - contra o governo Fernando Henrique Cardoso. Saiu do PT e foi para o PV. Saiu do PV e foi para a Rede. Incapaz de unificar os militantes e ativistas que queriam transformar a Rede num partido, bateu às portas do PSB depois de denunciar a decisão do TSE. Criou casos, brigas e divergências desde o primeiro dia. Brigada à esquerda e à direita do partido, era protegida por Eduardo Campos, a quem interessava contar com seu Ibope para evitar um desempenho pequeno demais no primeiro turno. 

Marina estava isolada dentro do PSB, afastada dos principais dirigentes, quando, por “força divina”, como ela diz, ocorreu a tragédia que permitiu que se tornasse candidata a presidente. Seguiu brigando: logo de cara o secretário-geral, homem de confiança de Miguel Arraes, patrono histórico do PSB, foi embora da campanha, dizendo que não iria submeter-se “àquela senhora.” Outras brigas ocorreram. Outras foram suspensas porque, pela legislação eleitoral, já venceu o prazo para candidatos a deputado, senador e governador trocarem de partido.

O discurso da unidade pode ser real. Depois da posse de Lula, o país buscou e construiu uma unidade política real, que nunca esteve isenta de conflitos, mas se destinava a atender a uma necessidade histórica reconhecida: ampliar os direitos da maioria, diminuir a desigualdade, desenvolver o mercado interno e definir um papel altivo do país no mundo. Melhorias que estão aí, à vista de todos.

Mas a “unidade” pode ser um recurso retórico para apagar as diferenças - reais e importantes - entre os candidatos a presidente. Permite fugir do debate real, desfavorável quando travado com lucidez e racionalidade. Ajuda a fingir que todos são equivalentes em virtudes e defeitos, e podem ser colocados no mesmo nível. Elimina-se a história, num esforço para apagar a memória.

Marina precisa minimizar os bons dados do emprego, do consumo, do salário mínimo, preparando o terreno para revogar essas mudanças.

Este comportamento ajuda a criar a ilusão de que todos - banqueiros e seringueiros para começar - têm as mesmas ambições e mesmos projetos. A mágica fica aqui: basta que surja uma liderança providencial - olha a força divina, de novo - para convencer todos a dar-se as mãos em nome do bem, sob liderança de Marina Silva. Não há projeto, não há o que fazer. Tudo pode ser o seu avesso.

A sugestão é que só faltava aparecer alguém com tanta capacidade permitir que isso ocorra em 2014. Felizmente, essa personagem apareceu. Sou totalmente favorável a liberdade de religião mas temo que, em breve, alguém possa sugerir que oremos olhando para cima para agradecer.

Essa linha de argumentos é uma tentativa de eliminar as conquistas e vitórias importantes dos últimos anos, passar uma borracha nos avanços obtidos e preparar a revanche dos derrotados de 2002.

Por isso Marina fala de uma unidade que esconde dados reais. Os economistas de seu círculo são tão conservadores que já reclamaram dessa “extravagância” brasileira que é comer um bife por dia, como já fez Eduardo Gianetti da Fonseca. Dizem que a humanidade andou consumindo demais e que o regime de contemplação típico da religião budista pode ser uma condição para o progresso, como já disse André Lara Rezende, que, coerentemente, já escreveu que a posição do país na divisão de riqueza mundial não lhe permite ambicionar um crescimento econômico em taxas mais do que medíocres.

Todos ali celebram o governo de FHC como patrono da moeda sem lembrar que em seus dois mandatos a inflação subiu mais do que nos anos Lula e também nos anos Dilma. Todos lamentam o Brasil de 2009 - justamente o momento em que Lula reagiu à crise mundial e impediu que o país afundasse como a Grécia, a Espanha, a Irlanda, quem sabe a França. Balanço para 2014: defender a independência do Banco Central em cima desses selvagens, entendeu? Como se atrevem a tentar - mesmo parcialmente - encarar o mercado?

O esclarecimento das opiniões e o conflito de ideias são elementos indispensáveis da democracia, como ensinou Hanna Arendt, autora essencial para se entender que as ditaduras e governos autoritários nascem pela negação da existência de classes sociais e interesses divergentes.

Foi este o aprendizado que, numa longa caminhada iniciada no ABC de Luiz Inácio Lula da Silva, nos estudantes que enfrentaram a ditadura, nos trabalhadores rurais do Acre de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, foi possível construir uma aliança política nacional capaz de abrir brechas num sistema de poder eternizado pela força bruta dos cassetetes e por vários salvadores da pátria."




(De Paulo Moreira Leite, em seu blog, post intitulado "Marina fala em unidade nacional. Só pode ser comédia". Contradições à parte, o fato é que a ascensão de Marina Silva é notória, conforme mostra pesquisa Datafolha ontem divulgada. Resta saber se a tendência persistirá - e, evidentemente, a dos demais candidatos, à frente o do PSDB, cuja queda causa espécie. Que venham os debates, que certamente envolverão particularidades contidas nos programas de governo. O destino do tão estratégico Pré-sal, por exemplo, parece sombrio, para dizer o mínimo, caso venham a prevalecer as diretrizes apontadas pelo PSB...).

INTERNET: CONEXÕES PELO MUNDO


Dispositivos no mundo conectados à internet

Onde está a internet? Este mapa pode explicar isso melhor do que qualquer estatística: os pontos vermelhos mostram onde está localizado o maior número de dispositivos que podem acessar a internet.

Este mapa foi feito em 2 de agosto por John Matherly, fundador do Shodan, um motor de busca para dispositivos conectados à internet.

(...) o Shodan é capaz de enviar e receber (sinais) rápido o suficiente para que o mundo inteiro possa ser consultado em apenas algumas horas. (...) Matherly pretende acompanhar as mudanças na conectividade da internet mundial ao longo do tempo. Com a proliferação da Internet das Coisas, este mapa deve ficar ainda mais intenso. (O texto completo está aqui).

>>> O uso da internet no mundo, de acordo com a hora do dia

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Enigmático comentário galático: "Dominar certo planeta é simples...".

PAZ BELICISTA


Oleksy Kustovsky. (Ucrânia). Vencedor do 10º Salão Internacional de Humor da Síria.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O PIB E O IPS


Em face do resultado negativo do PIB em dois trimestres seguidos, o ministro Guido Mantega afirmou que "Não estamos em recessão... É meramente efeito estatístico pelo resultado negativo do segundo trimestre. Recessão é quando você tem desemprego aumentando e renda caindo. Aqui temos o contrário."

O ministro declarou ainda que o crescimento foi afetado por causa da menor quantidade de dias úteis na primeira metade do ano, devido à realização da Copa do Mundo, o que teria impactado negativamente em 0,2 a 0,3 ponto percentual no resultado total do PIB no segundo trimestre.

"No terceiro trimestre vamos ter 10% a mais de dias úteis. É como termos 10% a mais de produção e comércio", arrematou.

São razoáveis os argumentos, mas incapazes de minorar o fato: o PIB caiu - e a oposição, claro, cairá em cima. Faz parte do jogo.

Nada obstante, essa realidade me fez lembrar o IPS -Índice de Progresso Social, em que o Brasil mostra avanços, tema abordado neste blog - aqui - em abril passado, post do qual pinço o seguinte:

"...A ideia do IPS é avaliar 'se um país pode satisfazer as necessidades básicas de seu povo' e se tem 'infraestrutura e capacidade para permitir que seus cidadãos possam melhorar a qualidade de suas vidas e alcançar seu pleno potencial'.

O índice mostra que o crescimento econômico não leva automaticamente ao progresso social', afirma Michael Green, diretor-executivo da organização sem fins lucrativos Social Progress Imperative, que publica o índice. 'Se queremos enfrentar problemas como a pobreza e a desigualdade, o índice mostra que medir o crescimento econômico por si só não é suficiente', completa. (...)".

O JATO E O ARGUMENTO


"Ninguém pergunta ao taxista se o táxi é roubado."



(De Beto Albuquerque, candidato a vice-presidente na chapa do PSB - aqui -, sobre a questão do jato utilizado por seu partido na campanha presidencial.
De fato, o passageiro não pergunta ao taxista... Mas, e se dito passageiro não for simples passageiro, por sua agremiação haver comprado o táxi - se é que o veículo se enquadrava como táxi -, ou celebrado leasing, ou recebido o bem em doação? E quanto às futuras despesas com motorista, combustíveis e demais custos? Uma coisa é o passageiro chegar ao destino e pagar pela corrida, outra coisa é outra coisa.
Ao que consta, não se está a acusar a agremiação ou quem quer que seja; o que se busca é esclarecer o assunto, presente a legislação em vigor, que deve assegurar tratamento equânime para todos os envolvidos na disputa).

AVALIANDO A PRIVATIZAÇÃO (A PARTIR DO REINO UNIDO)


A maré se volta contra o embuste da privatização

Por Seumas Milne (Do jornal inglês The Guardian)

O renascimento internacional da propriedade pública é anátema ao mundo da elite.  Mas, é vital para a recuperação genuína da Economia.

A privatização não está funcionando. Nos prometeram democracia acionária, competição, custos reduzidos e serviços melhores.  Após uma geração, a experiência da maior parte das pessoas tem mostrado o oposto.  De energia a água, ferrovias a serviços públicos, a realidade tem sido monopólios privados, subsídios perversos, preços exorbitantes, sub-investimentos lastimáveis, exploração e aprisionamento corporativo.

Os cartéis privados ditam as regras aos reguladores.  Consumidores e políticos são ludibriados pelo sigilo comercial e complexidade contratual.  A massa trabalhadora tem seu salário e condições de trabalho  reduzidos.  O controle de serviços essenciais passou para gigantes corporativos com base em outros países e frequentemente de propriedade do Estado.  Dessa forma, as empresas e serviços privatizados apenas passam para as mãos destes outros Estados.

Relatórios e mais relatórios tem mostrado que serviços privatizados são mais caros e ineficientes do que a contrapartida de propriedade pública.  Não é surpresa que a maior parte das pessoas que nunca apoiaram uma única privatização, não acredite nos privatizadores e nem queiram seus serviços administrados por eles.

Mas, independente das evidências, a caravana continua.  O governo de David Cameron (Primeiro-Ministro do Reino Unido) está dirigindo a privatização, agora, para o coração da Educação e Saúde, terceirizando o Serviço de Provação (instituto para tratamento de delinquentes jovens) e vendendo uma parte do Royal Mail (o serviço postal nacional do Reino Unido) por mais de um bilhão a menos do que o preço de mercado, com membros do próprio governo manipulando a situação para que seja antecipada.

Nenhuma soma de falhas desastrosas e malfeitos fraudulentos parece impedir empresas como G4S, Atos e Serco de firmarem contratos que já somam 80 bilhões de libras em negócios.  Tal grupo de empresas ainda exerce enorme influência sobre Westminster e Whitehall (centro administrativo do Reino Unido)

Pode-se pensar que isso é um prato cheio para a Oposição – e não há melhor exemplo do que o ralo de dinheiro que é o sistema ferroviário britânico privatizado, que tem sido o maior exemplo de disfunção da privatização.  Forçar mercados privados a um monopólio natural tem causado fragmentação, investimentos baixíssimos, custo anual de 1.2 bilhões de libras, as tarifas de trem mais caras da Europa, e mais do que o dobro do subsídio público necessário antes da privatização.

A linha East Coast de propriedade pública, em contraste, tem provido serviço muito melhor e entregue 800 milhões de libras para o Tesouro público (não diferentemente da Scottish Water, também de propriedade pública).  Então, naturalmente, a aliança que governa a venderá, enquanto o partido trabalhista, o Labour agita-se para apoiar a demanda altamente popular de renacionalização.

O deputado trabalhista Ed Balls, ministro na “sombra” da Fazenda, agora defensor da chama oscilante do New Labour (o Labour vestido com uma nova marca, que vigorou de meados dos anos 90 até o início dos anos 2 000 para reganhar a confiança do público no partido), insiste em que “propriedade pública” seria “ideológica”.  Os aproveitadores do sistema ferroviário e os barões das corporações, alarmados pelos planos de Ed Miliband – líder da Oposição trabalhista no Parlamento -  de congelar os preços da energia privatizada, concordam.  Então, o Labour está jogando com uma casa dividida, onde franquias continuam, mas o setor público tem o direito de concorrer, bem como os privatizadores, ao direito de administrar empresas e serviços.

É um preço alto que se paga por essa confusão.  A nacionalização do sistema ferroviário tem a vantagem de não apenas ser popular, mas inteiramente livre, ao passo que cada franquia pode ser trazida de volta ao controle público à medida em que expira.  Resistir a tais circunstâncias só é possível a custa dos lobbies corporativos e ideologia de mercado.

Mas,  a necessidade de quebrar 30 anos do dogma lastreado em dinheiro contra propriedade pública vai muito além dos trilhos.  As indústrias privatizadas não apenas falharam em servir com eficiência, valor pelo dinheiro investido, responsabilidade e trabalhos seguros.  Elas também sugaram riquezas e o estilo rentista de monopólios incumbentes  concentraram a tomada de decisão sobre Economia cada vez em menos mãos, aprofundaram a desigualdade de renda, e falharam em realizar investimentos essenciais para o crescimento sustentável.

Numa hora em que o setor corporativo inteiro se senta sobre uma montanha de dinheiro não investido e sobre uma produtividade reduzida, a falta de um motor econômico de propriedade pública para guiar a recuperação é essencial.  No caso da Energia, o sistema privatizado está falhando em prover a mais básica meta de investimento – manter as luzes acesas.

A alternativa de regulação mais severa, vista como a alternativa política aceitável, significa tentar fazer por controle remoto, o que é muito melhor feito diretamente e não resolverá o problema por conta própria.  A experiência tem mostrado que não se pode controlar o que não se possui.

Como Andrew Cumber, acadêmico de Glasgow, argumenta num relatório para o think-tank Class, não é apenas através de enormes incentivos e subsídios perversos – bem como os pagos a empresas de propriedade do Governo dinamarquês e sueco para atingir objetivos  – que o Governo é capaz de persuadir monólitos privados a fazer o que o setor público poderia ter feito com custos muito mais baixos.

A necessidade de novas formas de propriedade pública no setor bancário e de utilidades – infraestrutura em energia, transporte e comunicações – é irrefutável.   Um grupo seleto de empresas de propriedade social e democraticamente controladas poderia estabelecer o andamento dos investimentos, reconstrução e mudança para uma “economia mais verde”.

É uma política que tem o apoio da maioria do público, mas  a  elite empresarial considera inaceitável.  Seria proibitivamente cara, eles alegam, e também um retrocesso.  Na realidade, não há necessidade de haver um custo líquido para os bolsos públicos.  Mesmo que uma compensação total a custos de mercado seja paga, seria em forma de troca de ações por títulos governamentais. Os juros sobre os títulos  teriam que ser pagos, mas poderiam ser financiados  com uma fatia do lucro dessas empresas.

Mas, a classe governante do Reino Unido também falhou em perceber o que está acontecendo no resto do mundo.  Dos Estados Unidos e América Latina ao Oeste Europeu e ao redor do mundo, serviços públicos privatizados, utilidades e recursos tem sido trazidos de volta à propriedade pública.  Na última década, em 86 cidades, a água voltou a ser propriedade pública.  Apenas na Alemanha, mais de 100 concessionárias de energia retornaram à posse pública, desde a crise de 2007 e 2008.

Mesmo que austeridade econômica esteja sendo usada para dar fôlego às privatizações, a maré tem começado a fluir em outra direção.  Uma nova onda em favor das propriedades públicas está tomando formas inovadoras e as vezes híbridas, superando a fraqueza que outrora assolava as indústrias nacionalizadas.

Mas, no Reino Unido, o poder da “City” e os interesses instalados nos lucros das privatizações são um grande obstáculo a essa mudança essencial.  A pressão por uma economia genuinamente mista – algo antes considerado a tendência de bom senso – está fadada a crescer,  à medida em que os custos e fracassos do Capitalismo se acumulam.  As ferrovias podem ser apenas o primeiro passo. (Fonte: aqui).

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Texto publicado em julho passado, porém muito atual.  Um prato cheio para o presidenciável pastor Everaldo.

CARTUM DEMAGOGO


S. Salvador.

RACISMO, MILITARIZAÇÃO E EXCESSOS


Ferguson, uma cidade brasileira?

Por Maurício Santoro

No dia 9 de agosto, um policial da cidade de Ferguson (Missouri, Estados Unidos) matou a tiros Michael Brown, um rapaz de 18 anos que visitava a avó. Em dois dias ele começaria a universidade. Michael era negro, como cerca de dois terços dos 20 mil moradores de Ferguson, um subúrbio residencial de St. Louis. O agente da lei que o assassinou é branco, como são 53 dos seus 56 colegas.
As circunstâncias que levaram ao homicídio de Michael ainda não foram totalmente esclarecidas, mas sabe-se que ele estava desarmado. Sua morte foi o estopim dos maiores protestos contra racismo e violência policial nos Estados Unidos em mais de 20 anos, questionando o modelo de uma segurança pública cada vez mais militarizada. As manifestações estão sendo reprimidas com brutalidade, que atinge tanto os ativistas quanto os jornalistas que as cobrem. Esse debate é fundamental também para o Brasil.

As polícias militares brasileiras são auxiliares das Forças Armadas que, por sua vez, com frequência executam funções policiais, como ocupação de favelas ou patrulhas durante grandes eventos esportivos internacionais. Nos Estados Unidos, as diversas polícias civis e militares não podem se envolver na segurança pública doméstica. Contudo, estas distinções não são tão claras hoje como costumavam ser até a década de 1960.

No contexto da “guerra às drogas” a partir de meados dos anos 1970 e do combate ao terrorismo após os atentados de 11 de setembro de 2001, diversos presidentes criaram instrumentos para transferir equipamento bélico pesado das Forças Armadas às polícias estaduais e municipais ou para ajudá-las a comprá-los. Veteranos da guerra do Afeganistão e do Iraque têm observado que os policiais – mesmo em pequenas cidades – carregam mais armas do que eles mesmos tinham quando lutaram no Oriente Médio.

O símbolo mais expressivo da militarização é a proliferação e o abuso nas atividades das unidades de ações especiais – SWATs. Criadas para responder a situações emergenciais de segurança, como tomadas de reféns, passaram a ser usadas para episódios triviais, como desbaratar jogos de pôquer ou invadir casas de pessoas suspeitas de serem usuários de maconha. Como reza o provérbio britânico: “Para quem tem um martelo grande, todos os problemas começam a se parecer com pregos.” Mesmo quando não são.

A brutalidade da ação militarizada significa com frequência mortos e feridos, além de destruição de propriedade. Em muitos casos essas atividades acontecem baseadas em informações de baixa qualidade ou meros rumores, o que tem resultado em inúmeros processos judiciais das vítimas contra o Estado americano.

As minorias raciais pagam o preço mais alto da militarização. Negros e hispânicos são vítimas de ações violentas, abusos raciais e de uma assustadora política de encarceramento em massa que atinge sobretudo os jovens. Quase metade dos rapazes não-brancos americanos, de até 23 anos, já foi presa.

O racismo está no cerne da desconfiança dessas comunidades da polícia, um sentimento que com frequência explode em distúrbios e protestos de grande dimensão, sempre tendo a violência como estopim. Foi assim em Los Angeles (1992), após o espancamento de um jovem negro, Rodney King, por policiais que o pararam numa blitz de trânsito. As imagens em Ferguson em agosto de 2014 lembram os confrontos no sul dos Estados Unidos durante o movimento pelos direitos civis na década de 1960, contrapondo manifestantes a policiais pesadamente armados – inclusive com blindados e fuzis.

Demandas de reforma social respondidas com brutalidade policial deram o tom tanto das Jornadas de Junho no Brasil, em 2013, quanto nos protestos do verão de 2014 em Ferguson. Lá, como cá, as manifestações dão mais visibilidade a um mal-estar profundo que não será resolvido facilmente e que diz respeito não só à segurança pública, mas às desigualdades e disputas das relações do Estado com a sociedade. É significativa a apatia e dificuldade das autoridades do Missouri (prefeito de Ferguson, governador, representantes no Congresso) de oferecer respostas às críticas dos cidadãos locais.

Barack Obama é o primeiro negro a ser presidente dos Estados Unidos, mas toda sua carreira política é marcada por extrema cautela para abordar questões raciais, em particular aquelas que envolvem violência. Ele não foi a Ferguson – enviou o ministro da Justiça – e suas críticas ao comportamento da polícia tem sido tênues. Mesmo seus apoiadores acreditam que ele deveria se posicionar de maneira mais decisiva. (Fonte: aqui).

* Maurício Santoro é cientista político e assessor de direitos humanos da Anistia Internacional Brasil

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Clique aqui para ler "Prendam esta mulher", post de Juca Kfouri acerca dos atos de racismo praticados por torcedores gremistas no jogo Santos X Grêmio ontem, em Porto Alegre, contra o goleiro Aranha, do Peixe.

Sintomaticamente, alguns dos comentaristas divergem de Juca...

RACISMO, MILITARIZAÇÃO E EXCESSOS (II)


David Fitzsimmons. (EUA).

PROMESSAS FAZEM PARTE DO JOGO


Sinovaldo.

OS MALES DAS LÂMPADAS


O alto risco à natureza e à saúde que as lâmpadas fluorescentes causam

Por Sérgio Aiex

Nossa primeira matéria da série de energia sustentável abordou o consumo dos três tipos de lâmpadas mais viáveis para uso doméstico, a incandescente, a fluorescente e a de led. Hoje, vamos falar sobre a reciclagem e o descarte dessas lâmpadas.

A mais antiga e popular, a lâmpada incandescente comum, é praticamente igual à inventada por Thomas Edison nos EUA em 1879. É um filamento de tungstênio dentro de um bulbo de vidro com vácuo. Ela é baratinha, mas 95% da potência é desperdiçada em calor. Quer dizer, uma porção muito grande do que ela gasta de energia é desperdiçado.

Além do tungstênio e do vidro, a lâmpada contém cobre, estanho, manganês, níquel, laca, malaquita e pó de mármore.

Todos esses materiais podem ser reutilizados. O problema é que separá-los não é das coisas mais simples, e o DCM não encontrou fábricas no Brasil com a tecnologia para a reciclagem total dessa lâmpada. Mesmo assim, há a possibilidade de que sejam totalmente reutilizadas, desde que dividindo o material e enviando para fábricas especializadas.

A lâmpada incandescente pode ir para o saco dos materiais recicláveis comuns.

As lâmpadas de led estão chegando ao mercado só agora, mas foram criadas em 1961 por Robert Biard e Gary Pittman nos EUA. A principal vantagem, além da economia no consumo, é sua versatilidade. Ela pode substituir qualquer tipo de lâmpada e sua luz é bastante intensa. É como se fosse uma iluminação muito concentrada, com pouca emissão de calor (daí também sua durabilidade).

As lâmpadas LED possuem alumínio, estanho, cobre e níquel. Tem plástico, componentes eletrônicos, fenóis e vidro. Nenhum destes componentes é nocivo, mas tem um pedacinho dessa lâmpada (os componentes eletrônicos) cuja reciclagem só é possível com a separação dos materiais, e o DCM não encontrou nenhuma empresa no Brasil que preste esse serviço.

Isso significa que parte da lâmpada de led, por hora, não é reciclável no Brasil. É uma parte pequena, mas não pode deixar de ser apontada.

A lâmpada fluorescente compacta, que virou hit no Brasil durante a crise energética de 2001, foi criada por Nikola Tesla, na Áustria, no ano de 1895. Foi introduzida ao mercado consumidor em 1938. Em termos de eficiência energética, ela fica no meio das duas.

Mas ela tem outros problemas. A “receita” da carenagem é parecida com a da lâmpada de led, mas internamente, contém os gases argônio e neônio, que podem causar problemas respiratórios se inalados.

E há mais um ingrediente perigoso para o meio ambiente: o fósforo.

Para a reprodução da cor, a lâmpada pode conter materiais como o trifósforo, retirado de terras raras, ou o halofosfato.

É aí que a porca torce o rabo: esses fósforos são extremamente tóxicos e nocivos. Se entrarem em contato com a água, ela fica imprópria para o consumo e altamente cancerígena.

Isso significa que, se descartados em lixões e aterros comuns, podem poluir de maneira irreversível mananciais e lençóis freáticos.

Esse tipo de lâmpada, mais que qualquer um, precisa ser descartado da forma adequada. Empresas especializadas são capazes de descontaminar os componentes para que eles possam ser reciclados ou mesmo descartados sem piores consequências ao planeta.

Atualmente, há concessionárias de energia que recolhem estes tipos de resíduos e encaminham para a destinação adequada. Algumas lojas podem fazer essa ponte (a Leroy Merlin é o centro de captação mais prático).

Isso tudo significa que quando você compra uma lâmpada, compra uma responsabilidade junto. Por isso é bom escolher bem. (Fonte: aqui).

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ELEIÇÕES 2014: UM EPISÓDIO SURREAL

Suélen Becker.

FHC falou com Gilmar sobre Arruda

Por Ricardo Kotscho

Com Ibope novo e debate entre presidenciáveis na terça-feira gorda da política, um fato gravíssimo foi escondido pela grande mídia e só ganhou destaque na manchete do site político Brasil 247: em nota oficial do Instituto Fernando Henrique Cardoso, enviada à Folha, o ex-presidente confirma que ligou para seu amigo ministro Gilmar Mendes, nomeado por ele para o Supremo Tribunal Federal, para falar sobre o julgamento do recurso apresentado ao TSE pelo "ficha suja" José Roberto Arruda, candidato a governador de Brasília, que havia sido impugnado pela Justiça.

Leiam primeiro o que diz a nota, que está na edição impressa da Folha desta quarta-feira, no meio da matéria "TSE barra candidatura de Arruda para o governo do Distrito Federal", publicada na página A10:

"O ex-governador Arruda falou comigo a respeito do seu recurso no TSE. Queria que o julgamento ocorresse a tempo de, se favorável, concorrer ao governo de Brasília. Como sempre, sou muito cuidadoso nessas matérias. Apenas indaguei o (sic) ministro Gilmar se havia chance disso ocorrer. Fui informado de que haveria um julgamento anterior que pré-julgaria o caso. Nada mais pedi a ninguém nem nada mais me foi dito".

Nem precisava. Gilmar Mendes é o mesmo ministro que, em 2012, se disse "escandalizado" ao ser procurado pelo ex-presidente Lula para uma conversa sobre os prazos do julgamento do processo do mensalão, e denunciou o "assédio" à imprensa.

Desta vez, porém, Gilmar achou tudo normal. Primeiro, disse à Folha que não se lembrava do telefonema já confirmado por FHC. Depois, procurou minimizar o teor da conversa: "Posso ter falado sobre o tema, todos perguntam. Eu tenho dito a mesma coisa. A jurisprudência do TSE dizia que o que valia era o dia do registro da candidatura. Hoje, com a nova composição, não sei qual será o resultado".

No final da noite, saiu o resultado, e o placar do TSE foi implacável: 6 a 1 contra o recurso de José Roberto Arruda, que assim continua inelegível, com base na Lei da Ficha Limpa.

Adivinhem de quem foi o único voto a favor de Arruda? Acertaram: Gilmar Mendes, sempre ele.

Num longo voto contra o do relator Henrique Neves, que recomendou a rejeição do recurso e foi acompanhado pelos demais ministros, Mendes atacou a classe política "rastaquera" de Brasília e chegou a pedir a intervenção no Distrito Federal: "O Distrito Federal não tem sequer dignidade para ter autonomia política (...) Já deveria ter passado por processo de intervenção", por conta dos sucessivos escândalos de corrupção, segundo o ministro.

Apesar de ter sido filmado recebendo propina no chamado "mensalão do DEM", que até hoje não foi julgado, Arruda continua em campanha e, segundo o último Ibope, lidera as pesquisas com 37%. Seu caso é um retrato perfeito e acabado da falência do sistema político-partidário-eleitoral do país, com a generosa contribuição do Judiciário.

Como sabemos, Fernando Henrique Cardoso não é advogado nem parte interessada no processo. Cabe perguntar, então: por qual motivo o ex-presidente intercedeu por esta figura emblemática da política brasileira junto a um ministro do Supremo Tribunal Federal?

Num país civilizado, com independência de poderes, isto seria inimaginável. No Brasil, não sai nem na capa do jornal. É coisa nossa. (Fonte: aqui).

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Após a acachapante derrota de Arruda no TSE, o Ministério Público Federal solicita à Justiça que proíba o candidato de prosseguir 'normalmente' em campanha. Ou seja: o tribunal é Superior, mas não de todo Superior: bate o martelo, mas... cabe recurso.

ELEIÇÕES 2014: A ARTE DE COMPRAR OU ALUGAR DE UM TUDO A JATO


Thiago.

O CASO DO JATO (II)


"Independente do resultado “marquetológico” da entrevista de Marina Silva ao Jornal Nacional – e eu acho que foi desastroso – há um elemento gravíssimo nas declarações da nova candidata do PSB.

Marina confessou o conhecimento de um crime eleitoral e a participação nos benefícios desta transgressão.

Ela confessou saber que o avião era produto de um “empréstimo de boca” que seria “ressarcido” – se é ressarcido, tem preço – ao final da campanha.

Poderia, se fosse o caso, dizer que não sabia dos detalhes da contratação do serviço, feita por Eduardo Campos. Mas está amarrada de tal forma no assunto que teve de se acorrentar à fantasiosa versão do PSB.

Que é uma aberração jurídica e contábil, que não pode prevalecer – e não prevalece – em qualquer controle de contas eleitorais.

Até no Acre de Marina Silva, o TRE distribui um formulário onde o dono de um veículo, mesmo que seja um Fusca 82, tem de assinar a cessão e atribuir o valor em dinheiro do bem.
O que dirá para um jato de R$ 20 milhões!

Não há um contrato sequer, não há preço estabelecido e, sobretudo, as empresas (ou o laranjal) que tinham o controle do avião não se dedicam à locação de transporte aéreo.

É um escândalo de proporções amazônicas.

Só menor do que o escândalo que é, depois de tantas confissões, o silêncio do Ministério Público.
Todos se lembram da Procuradora Sandra Cureau, que por um nada partia para cima do Presidente Lula e da candidata Dilma Rousseff.

Está mudo, quieto, silente.

Acovardado diante dos novos santos da mídia.

A partir de agora, prevalecendo isso, se podem emprestar prédios, frotas, aviões, até uma nave espacial para Marina ir conversar com Deus.

De boca, sem recibo, sem contrato, sem papel.

Na fé."



(De Fernando Brito, titular do blog Tijolaço, post intitulado "Marina acaba de se associar a um crime eleitoral" - aqui).

BRASIL: A EXPANSÃO DO EMPREGO


Taxas de desemprego nunca estiveram tão baixas

O Brasil tem historicamente um mercado de trabalho desestruturado, heterogêneo e desigual. Tais características se expressam em altos índices de desemprego, mas também em alta informalidade ou subemprego.

No entanto, nos últimos 10 anos, as taxas de desemprego aberto no País vêm caindo vertiginosamente, como se observa pelo gráfico abaixo.

Se comparadas às taxas de desemprego na década de 1990, percebe-se uma expressiva melhoria, que se traduz em melhoria de vida para a grande maioria da população, que depende do mercado de trabalho para sobreviver.

É necessário lembrar que isso ocorre em um contexto de crise internacional, com os países ditos desenvolvidos enfrentando altas taxas de desemprego (gravíssimo problema social), como se percebe pelo gráfico abaixo, que compara a média das taxas de desemprego de países selecionados com o Brasil entre os anos 2009 e 2013.


Ainda é importante lembrar que, em alguns desses países, as taxas de desemprego entre os jovens é mais que o dobro da taxa da população em geral.

Ainda é interessante apontar que esse quadro favorável do mercado de trabalho brasileiro ocorre em um contexto de crescimento constante não só do salário mínimo – cujo poder de compra cresceu cerca de 68% de maio de 2004 a janeiro de 2014 (ver nota técnica do Dieese)-, mas também do rendimento médio mensal dos trabalhadores brasileiros, que passou de R$1029 para R$1475 de 2003 a 2012, em valores reais expressos aos preços vigentes no mês de referência da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – IBGE (Pnad) disponível, ou seja, com um crescimento de cerca de 43% nesse período.

Assim, para a grande maioria da população, que depende do mercado de trabalho para sobreviver, o quadro do mercado de trabalho mudou muito nos últimos anos: e para melhor.

Conheça a página do Brasil Debate, e siga-nos pelo Facebook e pelo Twitter. (Fonte: aqui).

MARINA AO JN: HÁ UMA LENDA DE QUE SOU CONTRA OS TRANSGÊNICOS


De fato, nunca houve razão para espanto:
transgênico até se escreve com M
de... Monsanto!

NA CACHOEIRA AGRONEGOCIAL...


Bira Dantas.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O CASO DO JATO


PF suspeita que empresas fantasmas pagaram jato de Eduardo Campos

A Polícia Federal suspeita que empresas fantasmas pagaram a dívida de jato usado por Eduardo Campos (PSB) na campanha presidencial. O Cessna Citation caiu no dia 13 de agosto, causando a morte de sete pessoas, no total. Desde então, autoridades investigam quem é o dono da aeronave e como ela foi cedida ao ex-postulante.

De acordo com o Estadão, empresas com endereços fantasmas e sem lastro financeiro custearam o pagamento de R$ 1,7 milhão para a aquisição do Cessna Citation. "São seis fontes pagadoras que fizeram transferências bancárias para a AF Andrade - dona da aeronave nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil. Elas teriam assinado contratos de empréstimo para o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, que afirmou ontem ser o comprador do jato", diz o jornal.

“Os valores recebidos foram para pagar parcelas vencidas do leasing do avião (...) para permitir que a Cessna, financiadora da aeronave, agilizasse a operação de venda”, afirmou o empresário.

As suspeitas da Polícia Federal são de que João Carlos Lyra, junto com os empresários Apolo Santana Vieira - dono de outro jato usado por Campos antes da campanha - e Eduardo Freire Bezerra Leite foram usados para ocultar a compra da aeronave, no valor de US$ 8, 5 milhões, com dinheiro de caixa 2 da campanha.  (Fonte: aqui).

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E quanto à prestação de contas ao TSE? Quem arcou com as despesas alusivas a salários da tripulação, custos com combustíveis? E quais os montantes envolvidos?
(Como diria o outro: Convém lembrar que o propósito anunciado pelo PSB é o de eleger uma nova forma de fazer política. Não consta que se tenha falado em nova forma de fazer campanha política...).

ECOS DO DEBATE DA BAND


10 coisas sobre o debate da Band

Por Paulo Nogueira

Dez coisas sobre o debate da Band:

1) Dilma apanhou de todos os lados. Bateu em Aécio e poupou Marina, que não a poupou.

De uma maneira geral, se defendeu bem, o que mostra que se preparou para a pancadaria generalizada.

2) Aécio foi Aécio e mais três: os jornalistas da Band, José Paulo de Andrade, Boris Casoy e Fabio Panuzio.

As perguntas deles continham invariavelmente críticas a Dilma e oportunidades para Aécio vender seu peixe. Foram torcedores muito mais que jornalistas.

3) Aécio escolheu por onde vai tentar brecar Marina: dizendo que ela é uma “aventura”, um “improviso”.

A verdadeira mudança, segundo ele, é ele mesmo.

4) Aécio vê um Armínio Fraga que só ele vê. Nas suas considerações finais, Aécio anunciou Fraga como ministro da Economia com o ar triunfal de um técnico que estaria comunicando a aquisição de Messi.

5) Marina mostrou quanto respeita Neca. Os óculos vermelhos com os quais se apresentou no debate chamaram a atenção de todos.

Neca não parece ter apreciado muito. Da plateia, acenou para que Marina os tirasse, e foi obedecida.

6) Marina, como se diz no futebol, está de salto alto, mascarada, por conta das pesquisas.

Parecia pairar acima do bem e do mal, ou pelo menos acima de Dilma e Aécio, ao renegar a polarização PT X PSDB.

7) O Pastor Everaldo não tem noção das coisas. Numa pergunta sobre o futuro da energia, parecia aquele aluno que ao ver uma questão numa prova percebe que não estudou nada. Respondeu com seu repetido bordão sobre o Estado Mínimo, que lhe valeu o apelido de Pastor Neoliberal entre os internautas.

8) Eduardo Jorge, do PV, foi o Rei da Zoeira, com seu vozeirão, seu traje de cantor sertanejo e suas críticas “a tudo isso que está aí”.

“Aquele tio que fuma maconha e pede dinheiro emprestado pra tua avó”, na definição de um internauta no Twitter.

9) Levy Fidelix frustrou os internautas ao deixar de falar no mítico “aerotrem”.

Comparado ao baixinho da Kaiser e ao Senhor Spacely, parecia, como o Pastor Everaldo, perdido no tempo e no espaço.

10) Luciana Genro pode se tornar um bom quadro da esquerda, se for mais pragmática. Sublinhou a semelhança entre o programa econômico de Aécio e de Marina, falou na necessidade de taxar as grandes fortunas e, em seu melhor momento, notou que o jornalista José Paulo de Andrade não entendeu nada dos protestos de junho passado. (Fonte: aqui).

ECOS DO IBOPE


Duke.

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Entreouvido no hangar: "O aeroporto particular eu sei a quem pertence; indicar o(s) dono(s) do jato do PSB é que são elas!"

ELEIÇÕES 2014: O DEBATE NA BAND


Candidatos debateram na Band

"(...). Candidatos fizeram considerações finais a partir das 00h55; primeira a falar, Marina Silva frisou suas ligações com o ex-governador Eduardo Campos e a "situação dramática" que vivera; em seguida, presidente Dilma Rousseff lembrou sua parceria com o ex-presidente Lula; ela foi alvo de ataques de adversários durante todo o debate transmitido pela Rede Bandeirantes, mas deu respostas à altura; Marina classificou programa Mais Médicos como "paliativo"; "Cinquenta milhões de brasileiros não poderiam esperar formarmos médicos primeiro para depois chegar até eles", rebateu Dilma; antes, senador Aécio Neves perguntara se a presidente pediria desculpas ao povo brasileiro pela "gestão temerária da Petrobras"; candidata citou salto da estatal de US$ 15 bilhões, no governo tucano, para US$ 100 bilhões em valor de mercado agora; no final, Aécio criou fato ao prometer nomear ex-presidente do BC Armínio Fraga para ministro da Fazenda; candidatos de partidos menores com boa postura; debate quente e claro, talvez o de melhor nível das últimas eleições; narração no Liveblog 247. (...).

O texto completo pode ser lido aqui.

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Tivemos ontem um belo exemplo de exercício democrático!

SOBRE AVALIAÇÕES ELEITORAIS


"Pedi emprestada a frase aí de cima (veja abaixo) ao velho Leonel Brizola para falar da pesquisa Ibope, agora que tomamos conhecimento da parte relativa à aprovação/reprovação do Governo e ao desempenho pessoal de Dilma Rousseff.

Repare que, na mesma linha do Datafolha, que elevou em seis pontos a aprovação ao Governo (de 32 para 38%), também o Ibope registrou isso, de forma mais modesta (32% para 34%).

Os dois institutos – não seria melhor chamá-los de empresas? – também coincidem na queda forte dos níveis de ruim/péssimo como avaliação da administração: o Datafolha derruba este índice de 29 para 23%, enquanto o Ibope mostra queda de 31% para 29%.

Registrando movimentos iguais de opinião, o Datafolha não dá nem tira de Dilma. Mas o Ibope toma-lhe quatro pontos.

Por mais que não se possa fazer a transposição mecânica destes índices, é estranho que a avaliação do Governo suba e a intenção de voto na chefe deste Governo caia.

Principalmente, como já frisei aqui, quando é o próprio governante o candidato.

Dilma teria, segundo as pesquisas, apenas os votos dos que a acham boa ou ótima presidente, ou nem isso.

Entre os que acham seu governo regular, precisaria não ter um voto para exibir os percentuais que as pesquisas de opinião lhe dão.

Convenhamos, é pouco crível, para dizer o menos e ser gentil.

O jacaré tem olho, couro e rabo.

Mas tem, sobretudo, dentes."




(De Fernando Brito, a propósito das recentes pesquisas promovidas pelos institutos Datafolha e Ibope, em post intitulado "Ibope tem olho de jacaré, couro de jacaré... Será que não é jacare?" - aqui).

PROMESSAS FAZEM PARTE DO JOGO


Ronaldo.

O BRASIL E O LUCRO DAS EMPRESAS


A terra do lucro animal

Por Ricardo Melo

Vejam esses números a respeito de um certo país. O lucro líquido somado de 362 empresas de capital aberto cresceu, no segundo trimestre de 2014, 11,46% com relação ao mesmo período do ano passado. Subiu de cerca de R$ 35 bilhões para R$ 39,3 bilhões.

Se as empresas estatais saírem do cálculo, as cifras são mais impressionantes. Na comparação dos mesmos períodos, os valores avançaram de R$ 21,4 bilhões em 2013 para R$ 31,6 bilhões neste ano, um salto de 47,58%!

Os dados são de uma consultoria respeitada, a Economática. Referem-se, isso mesmo, ao Brasil. Estatística de consultor, bem entendido, não é artigo propriamente em alta. Mas isso sobretudo quando o assunto são previsões.

É aí que o pessoal costuma se esborrachar feio. No caso, porém, não se trata de projeções. Estamos diante de números realizados, contabilizados e divulgados. Dinheiro que já entrou no bolso, limpinho, limpinho (às vezes nem tanto...).

Virou chavão nos últimos tempos reclamar da perda do chamado espírito animal do empresariado. A culpa geralmente é lançada na conta do governo: não dialoga com os magnatas, muda regras toda hora, intervém demais, gasta muito com programas assistenciais.

Bem, mesmo nesse cenário pintado com cores sombrias, de um ano para o outro o lucro das companhias com ações negociadas em bolsa disparou quase 50%! Haja voracidade animal. Ou seja, as coisas não se encaixam. Ganha um cartão de crédito com juros decentes o assalariado que conheceu salto tão espetacular no holerite. Nem é preciso lembrar que, na área privada, o setor financeiro lidera o ranking da fortuna.

Números assim, que nem são novos, mas permanecem quase escondidos, colocam o debate num patamar mais honesto. O objetivo não é ocultar problemas; eles são muitos e reais. Por exemplo: o crescimento do país, na medida clássica, o PIB, vem patinando.

Como a própria Folha nos informou, em manchete neste domingo, o esfriamento se alastra pelos emergentes como um todo, "da Rússia ao Chile". Queira-se ou não, o mundo inteiro ainda sofre os efeitos devastadores do crash de 2008.

A grande proeza brasileira é ter, apesar de tudo, conseguido estabilizar o emprego em níveis civilizados, custear programas sociais de resultado indiscutível e, como se percebe na ponta do lápis, manter as empresas muitíssimo bem, obrigadas.

Algum desavisado vindo de fora nos dias recentes deve pensar que haverá em outubro eleições para entidade empresarial. Motivo: o mote mais difundido por uma parte da mídia é a pretensa necessidade de acalmar mercados.

Presa dessa ilusão depois de transformada em candidata competitiva, Marina Silva corre para decorar o script. Nomeou uma banqueira como fiadora e se mostra disposta a alargar alianças além das fronteiras antes sustentáveis, ou suportáveis, pela sua Rede. Até agora não entusiasmou nem gregos, nem troianos. Apenas piorou o humor de seu rival na oposição.

É um jogo de alto risco. A força eleitoral de Marina vem justamente do seu lado outsider. Ao mesmo tempo, esta é sua fraqueza junto ao establishment. Você imagina um empreiteiro doando fundos para uma candidata adversária de hidrelétricas?

Bem, nada parece impossível num país onde um político como José Roberto Arruda, mentiroso confesso e corrupto notório, flagrado em áudio e vídeo, lidera intenções de voto em seu quadrado. (Fonte: aqui).

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A pesquisa Ibope há pouco divulgada mostra índices positivos de Marina Silva. Aguardemos os próximos acontecimentos...

HAICAI DA QUEDA


VIVIA A DIZER-SE O TAL
ATÉ QUE UM DIA CAIU 
NO ABISMO ELEITORAL

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O CASO DO AVIÃO DO PSB


Nota do PSB não esclarece dúvidas sobre avião

Por Josias de Sousa

A pressão para que Marina Silva esclarecesse as dúvidas sobre a propriedade e os custos do jato prefixo PR-AFA, que transportava Eduardo Campos, levou o PSB a divulgar uma nota oficial. Nela, a pretexto de esclarecer, o partido potencializa as interrogações.

Subscrito por Roberto Amaral, presidente do PSB, o documento não informa quem é, afinal, o dono do avião. Anota apenas que seu uso foi “autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.”

Problema: nos registros da Agência Nacional de Aviação, o jato está registrado em nome do grupo empresarial AF Andrade, que opera usinas de açúcar no interior de São Paulo. Foi adquirdo do fabricante, Cessna, por meio de um contrato de leasing, firmado em dezembro de 2010.

Cinco dias depois da queda do avião, que resultou na morte de Campos e outras seus pessoas, a empresa AF Andrade informou à Anac que o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho apresentara, em 15 de maio de 2014, proposta de compra do avião.

Nessa proposta, disse a AF Andrade, Carlos Lyra comprometeu-se a indicar o nome de uma empresa para assumir a dívida do leasing junto à Cessna. Teria indicado duas empresas pernambucanas: a BR Par Participações S.A e a Bandeirantes Pneus. Ambas são controladas por Apolo Santana Vieira.

Carlos Lyra e Apolo Santana são justamente os dois nomes mencionados na nota do PSB como responsáveis pela autorização do uso do jatinho que transportava Eduardo Campos. Mas a versão é atrapalhada pelos fatos.

Problema: não comprovante de que os novos supostos proprietários do avião tenham assumido junto à Cessna o leasing que está em nome da AF Andrade. A transacão tampouco foi informada à Anac.
Na primeira prestação parcial de contas da campanha, referente ao mês de julho, o PSB não informou à Justiça Eleitoral sobre a existência do jato e os custos com combustível, manutenção e salários da tripulação. Na sua nota, o PSB escreveu que só pretendia fazer isso no final da campanha.

“Nos termos facultados pela legislação eleitoral, e considerando o pressuposto óbvio de que seu uso teria continuidade até o final da campanha, pretendia-se proceder à contabilização ao término da campanha eleitoral, quando, conhecida a soma das horas voadas, seria emitido o recibo eleitoral, total e final.”

Problema: o partido dá a entender que João Lyra e Apolo Santana arcariam com todas as despesas. E receberiam um “recibo eleitoral”, atestando a doação. Para que isso seja legal, é preciso que ambos comprovem a propriedade do avião.

Reza a lei eleitoral que empresas só podem doar a candidatos bens ou serviços relacionados à sua atividade fim. Ou seja: a aeronave não poderia ser cedida senão por empresa do ramo da aviação.
Um dos personagens mencionados na nota do PSB, João Lyra, mantinha relações de amizade com Eduardo Campos. Ele é empresário. Mas mexe com usinas de cana de açuçar, não com aviões.

Numa tentativa de justificar a demora no fornecimento de informações sobre o avião, o PSB anotou: “A tragédia, com o falecimento, inclusive, de assessores, impôs conhecidas alterações tanto na direção partidária quanto na estrutura e comando da campanha, donde as dificuldades enfrentadas no levantamento de todas as informações…”.

Problema: não morreu no acidente nenhum assessor responsável pela estrutura e pelas finanças da campanha presidencial do PSB. De resto, a demora não resultou no levantamento de dados capazes de afastar todas as dúvidas.

A nota do PSB, cuja íntegra está disponível aqui, veio à luz um dia antes da entrevista de Marina no Jornal Nacional e horas antes do debate presidencial que a Band transmitirá na noite desta terça. Claramente, o partido tentou tirar os destroços da frente de sua candidata. Não conseguiu. Quantas vezes Marina Silva voou na suspeita de ilegalidade?, eis a pergunta que paira no ar. (Fonte: aqui).

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Como se não bastassem os 'destroços' acima referidos, o Jornal Nacional mostrou há pouco reportagem sobre o assunto - aqui -, envolvendo "contratos nebulosos" com empresas fantasmas e pessoas humildes que nem de longe faziam ideia de que estavam envolvidas em estranhas transações.

Trata-se de tema capaz de render muito pano para a manga, prato cheio para o Ministério Público Federal, que por sinal manifestou no dia de hoje interesse em coordenar as providências devidas, as quais podem até culminar em punições drásticas no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral...