domingo, 30 de novembro de 2008

BANGALORE COMPORTA


O ministro-presidente dá pitaco em tudo: procedimentos policiais, diretrizes do ministério público, factóides lançados por publicações comprometidas, emissão de opinião sobre temas abordados em processos pendentes de julgamento (ou que poderão vir a ser julgados) etc.

São seis os Princípios de Bangalore, "código" norteador da atuação dos juízes em nível mundial, elaborado pelas Nações Unidas. Eles abrangem todo o universo judicial, que, ao fim e ao cabo, contempla a natureza humana: independência, imparcialidade, integridade, idoneidade, igualdade e diligência. Sem embargo (!), e a despeito de estar implicitamente embutido nos Princípios, um sétimo item deveria constar: discrição.

O ministro-presidente certamente sabe disso, embora não seja juiz de carreira. Por que, então, age "ao arrepio do código"?

Nada mais instigante do que o Direito. É imperioso exercitá-lo "bangaloricamente". Ou Bangalore é tão distante assim de Weimar?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

FEIJÃO-COM-ARROZ


DIVÃ É INFINITESIMAL:
PRA VAIDADE HUMANA
NEM CAMA DE CASAL


TODOS OS LADRÕES SÃO IGUAIS PERANTE O ALHEIO.


BONS TEMPOS AQUELES
EM QUE BASTAVA: "MOCINHO,
PEGA ELES!"


TÃO INSEGURO QUE NEM DEPOIS DE MORTO E ENTERRADO SENTIU-SE COBERTO DE RAZÃO.


POETA, OUÇA ESTRELAS.
MAS, ATENÇÃO:
SEM INTERROMPÊ-LAS!


QUANDO AS ILUSÕES PERDIDAS SE ENCONTRAM, FANTASIAM SOBRE O QUE PODERIAM TER SIDO E NÃO FORAM.


QUE SATIAGRAHA VENHA A MIL
CÃES LADREM E RATOS SALTEM
DO NAVIO

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

VOLÚPIA DO PODER

Um conhecido ditado é o de que o poder corrompe, mas não dá para dizer que se trata de um axioma, uma coisa categórica, infalível: penso que há poderes não corruptos. Agora, que poder é prazeroso, é - descartada, pois, a surrada lengalenga da "missão espinhosa", do "sacrifício", do "sacerdócio". Ulysses Guimarães, o Senhor Diretas, dizia que "o poder é afrodisíaco".

Há pessoas, físicas e jurídicas, capazes de tudo para preservar o poder alcançado. Nixon, por exemplo, recorria ao Fisco para pôr em maus lençóis seus desafetos. Quer encarar? Tome devassa fiscal. Desconheço a reação dele quando informado de que certo inimigo estava limpo...

J. Edgar Hoover passou 48 (quarenta e oito) anos à frente do FBI, a polícia federal americana; serviu a oito presidentes e dezoito secretários de Justiça. Sua especialidade era a elaboração de dossiês, prenhes de informações concretas e "ilações", "impressões" e juízos os mais disparatados. Na maioria das vezes, dizem, seus "interlocutores" nem sequer tinham acesso ao conteúdo do dossiê, apenas sabiam da existência do levantamento e de detalhes dele pinçados. A tática de Hoover funcionou.

Muitos são os casos de conglomerados que, para manter-se em posição privilegiada no ranking, recorrem a práticas escabrosas, no âmbito contábil, fiscal, mercadológico e onde mais se impuser. Alguns chegam a ser desbaratados, outros não (há até casos em que a lambança parece institucionalizada, como fez Alan Greenspan ao impedir o controle mais rigoroso das "criativas" operações financeiras celebradas pelos bancos).

A Operação Satiagraha poderá resultar no desmascaramento de muitos poderosos, e tal perspectiva vem produzindo os mais virulentos esperneios de eméritos titulares da grande mídia, que não poupou acidez contra o Juiz De Sanctis, o delegado Protógenes e instituições envolvidas. Irmanados à grande mídia, políticos se esmeram para concretizar o mote: é preciso melar! Esperamos que dêem com os burros n'água.

Mas o processo flui, e a tensão chega ao ápice. O grupo Abril, há meses às voltas com críticas contundentes (O Caso VEJA) formuladas por Luis Nassif, em vez de rebatê-las civilizadamente e buscar, na esfera judicial, o remédio julgado cabível, desfere, via blog, impropérios contra o jornalista e sua família - comportamento que configura um tipo de falácia, a ad hominem: insultar o oponente para desacreditar e enfraquecer a argumentação dele.

Vã tentativa.

O trabalho realizado por Nassif é um marco na história (da volúpia) do poder midiático no Brasil.

WORDS, WORDS


"DEUS É CONTRA A GUERRA, MAS FICA DO LADO DE QUEM ATIRA BEM".


(VOLTAIRE, pseudônimo de François-Marie Arouet, francês - 1694/1778 -, poeta, dramaturgo, historiador e filósofo iluminista).

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

ABRAM ALAS!


"A MENTE QUE SE ABRE PARA UMA NOVA IDÉIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL".


(ALBERT EINSTEIN - 1879-1955 - cientista, pai da Teoria da Relatividade)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

1º SALÃO MEDPLAN DE HUMOR merece


.O 1º Salão MEDPLAN DE Humor ocorrerá em nossa Teresina em 14 de janeiro de 2009.

.Contemplará as modalidades CHARGE e/ou CARTUM, e cada participante poderá inscrever até 3 trabalhos, no formato 30cmX40cm, sob qualquer técnica e abordando o tema SAÚDE.

.Os trabalhos poderão ser enviados diretamente ao site http://www.medplan.com.br/ ou entregues no seguinte endereço: 1º Salão Medplan de Humor; Rua Coelho Rodrigues, 1921-centro; cep 64000-080 - Teresina-PI.

.Cada trabalho trará, no verso: nome completo do autor, endereço, e-mail, número da carteira de identidade e CPF, conta bancária e telefone para contato.

.Data-limite para envio/entrega dos trabalhos: 19 DE DEZEMBRO DE 2008.

.Serão conferidos os seguintes prêmios para os dois melhores trabalhos entre os desenhos concorrentes: 1º lugar: R$ 3.000,00; 2º lugar: R$ 2.000,00.

.Informações adicionais com o laureado e competente cartunista JOTA A, coordenador do Salão:
086-9975-2514; e-mail jotaa2003@bol.com.br.

.Desde logo, parabéns, Jota A! Parabéns, Medplan!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O DIREITO EXIGE


.No período ditatorial - 1964/1985 -, houve tortura no Brasil. Muitos casos. Certamente o mais notório: Wladimir Herzog, jornalista (tv Cultura, São Paulo), em 1975, nas dependências do DOI-CODI; denunciados pelo Ministério Público Federal como responsáveis pela tortura/morte de Herzog: Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel. Desfecho: processo arquivado em setembro de 2008.

.Agosto de 1979: aprovada a Lei da Anistia. Sepúlveda Pertence e Seabra Fagundes, então dirigentes da Ordem dos Advogados do Brasil, sustentam que tal lei perdoava tanto uns quanto outros - parecer aprovado pelo Conselho Federal da OAB, enviado ao Senado Federal e endossado pelo Instituto dos Advogados Brasileiros. A "tese da esponja" (visto que "apaga" o passado) é agora corroborada pela AGU-Advocacia Geral da União, ou seja, o Brasil, hoje, entende que não há mais o que deliberar a respeito de tais questões, pois tudo foi perdoado, não há documentos a exibir e a prescrição já tornou tudo sem efeito.

.Outubro de 1988: promulgada a Constituição Federal, cujo artigo quinto, inciso XLIII, considera inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, entre outros, os crimes de tortura, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

.Invocado por uns, como "reforço de argumentação", um velho princípio segundo o qual, no âmbito criminal, a lei só pode retroagir se disso resultar benefício para o réu...

.As obrigações gerais da Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o Brasil é um dos subscritores/ratificadores, prescrevem, por inferência, tratamento rigorosíssimo para os casos de tortura, sendo que países como Argentina, por exemplo, não titubearam em observar as diretrizes ali expostas - inclusive no que tange ao efeito retroativo. (A Convenção Americana de Direitos Humanos, ou Pacto de San José da Costa Rica, foi aprovada em novembro de 1969, entrou em vigor em julho de 1978 e foi ratificada pelo Brasil somente em 1992).

.O artigo quinto, parágrafo terceiro, da CF estabelece que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional serão equivalentes às emendas constitucionais...

.O Ministério Público Federal ingressou com "reclamação" junto ao Centro Internacional de Justiça de Transição (sede nos EUA), em razão do que o Brasil pode vir a sofrer sanções de cortes internacionais por desrespeito a regras a que formalmente se submeteu.

.Choram, ainda, Marias e Clarices...

sábado, 22 de novembro de 2008

PICLES


NA RUA DA AMARGURA TODOS OS BECOS SÃO SEM SAÍDA.


NAVEGAR É PRECISO, MAS CONVÉM QUE A BÚSSOLA ESTEJA FUNCIONANDO.


TENTOU ESCREVER SOBRE ARTE CULINÁRIA MAS NÃO PASSOU DA SOPA DE LETRINHAS.


EM TERRA DE CEGO, QUEM TEM UM OLHO NÃO PRECISA OLHAR DE SOSLAIO.


TUDO O QUE É SÓLIDO SE DESMANCHA NO AR, EXCETO MEUS CASTELOS DE AREIA.


CORRUPTOS SÃO CIDADÃOS ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO DE ADVOGADOS DE DEFESA.


NÃO PERCAMOS A ESPERANÇA: O AMANHECER DE UMA NOVA ERA ÀS VEZES VEM DISFARÇADO DE ESCURIDÃO NO FIM DO TÚNEL.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

ELES...


"TODO MUNDO PRECISA CRER EM ALGO. CREIO QUE VOU TOMAR OUTRA CERVEJA".


(GROUCHO MARX - americano - 1895-1977 - comediante, ator, líder dos "irmãos marx")

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

NA MANHÃ DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Às nove e pouco, na praça João Luis, deparo com alunas da FUNADEPI, fundação ligada à Universidade Federal do Piauí. Elas são coordenadas pela professora Valéria Lima e estão na praça para distribuir abraços grátis (cada aluna ostenta um cartaz com esses dizeres). Uma beleza.

Em seguida, na praça Pedro II, o povão curte a V FERAPI, Feira Piauiense de Produtos da Reforma Agrária e Comunidades Quilombolas: gente das paragens mais remotas deste velho Piauí, em estandes bem distribuídos, com ofertas as mais diversas: artesanato, doces, produtos típicos, cachaça. Não há calor que impeça a galera de dar shows de capoeira, a praça tomada pelo som de Sebastiana, a sanfoneira danada de boa, como consta nos cartazes e na capa do cd. Ela veio de São Raimundo Nonato para, com outros amantes da música, animar a FERAPI. Bacana ver assentados e quilombolas mostrando sua garra.

"Quilombolas" vem de "quilombo" ("lugar de pouso ou acampamento de caravanas"; no Brasil, designava comunidades de escravos fugitivos). Veio a abolição da escravatura, em 1888, e as terras das comunidades quilombolas foram vendidas como se os negros fossem mera ficção. Tal absurdo só começou a ser demolido cem anos depois da abolição, com o advento da Constituição Federal (artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), havendo ainda muitas questões a resolver.

Foi legal a manhã em Teresina, legal mesmo!

DITOS VIRTUOSOS (IV)


"O OTIMISTA PODE ERRAR, MAS O PESSIMISTA JÁ COMEÇA ERRANDO".


(JUSCELINO KUBITSCHEK - 1902-1976 - , presidente do Brasil - 1956-1961)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

UM SENHOR JUIZ

Acabo de ler nota do Juiz Fausto De Sanctis dando conta de sua desistência ao cargo de Desembargador Federal, assunto abordado no registro abaixo.

Magistrado, pra mim, é por aí.

Nada mais instigante que o Direito. Como diria um velho amigo: "Legal, legal mesmo!"

FAÇAMOS O


O ministro-relator Gilson Dipp, corregedor do Conselho Nacional de Justiça, propôs e teve aprovado o adiamento, para a próxima semana, da reclamação-disciplinar formulada pelo deputado federal Raul Jungmann (pps-pe) contra o Juiz da 6a. Vara Federal de São Paulo, FAUSTO MARTIN DE SANCTIS. O que se aguardava para a tarde de hoje, assim, não ocorreu, e vamos para mais uma semana de expectativa.

Hoje, 18, esgota-se o prazo para que o Juiz Fausto decida sobre se concorre ou não para o cargo de Desembargador. Até o momento, nada. Eis aí, em pratos limpos, um exemplo dramático de foro íntimo: fica, e leva avante (se, claro, o CNJ der o nihil obstat) a Satiagraha, leviatã que espelha o supra-sumo da corrupção na história do Brasil, ou parte para a desembargadoria - glória que eleva mas não consola...
.
O Conselho Nacional de Justiça é o zelador do artigo 37 da Constituição Federal, da autonomia do Judiciário e do cumprimento do Estatuto da Magistratura. É composto por 15 membros: um Ministro do Supremo Tribunal Federal, um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, um desembargador de Tribunal de Justiça, um juiz estadual, um juiz de Tribunal Regional Federal, um juiz federal, um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, um juiz do trabalho, um membro do Ministério Público da União, um membro do Ministério Público estadual, dois advogados e dois cidadãos.

O zelador tem competência ampla e irrestrita; pode rever atos, desconstituí-los, determinar diligências, enfim, pode tudo, inclusive aplicar as mais amplas sanções administrativas - como ocorre em reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, a exemplo da atinente ao Juiz Fausto de Sanctis. Mas, sempre, assegurada ampla defesa. (Jungmann alega que o Juiz
teria autorizado senhas de acessos telefônicos ilimitados. De Sanctis, em nota à imprensa, garantiu a estrita observância dos preceitos legais. Um detalhe: todas as deliberações do Juiz Fausto se deram por escrito).

De sexta-feira para cá, os prepostos de Daniel Dantas amargaram três derrotas no Superior Tribunal de Justiça: a arguição de suspeição contra o Juiz Fausto e dois pedidos de desconsideração de provas. Em todas as decisões, o placar foi de 2 x 1: o Ministro Otávio Peixoto Júnior sempre contra e os Ministros Ramza Tartuce e André Nekatschalow, a favor do Juiz Fausto.

Que o preposto, digo, o deputado Jungmann amargue a dele na próxima semana.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

VALE O


Nesta tarde de segunda-feira, 17, a 5a. Turma do Tribunal Regional Federal da 3a. Região, por dois votos a um, manteve à frente da Operação Satiagraha (a ação judicial) o Juiz FAUSTO MARTIN DE SANCTIS, "indeferindo" arguição de suspeição interposta por prepostos do banqueiro(?) Daniel Dantas.

O Juiz Fausto é, do Oiapoque ao Chuí, sinônimo de rigor no combate à corrupção e ao crime organizado.

Fiquei feliz. Como diz um velho amigo: "Legal, legal mesmo!".

Para amanhã, está prevista deliberação do Conselho Nacional de Justiça acerca do mesmo assunto. Amanhã será outro dia.

sábado, 15 de novembro de 2008

Picles


TERREMOTO DESATUALIZADO SÓ QUER SABER DE BALANÇAR O CORETO.


ACREDITE: HOUVE UM TEMPO EM QUE A LIBERTINAGEM ERA APENAS UMA CALÇA VELHA, AZUL E DESBOCADA.


FUI, VI, PENSEI: UM DIA CHEGO LÁ!


A PROPINA DO CORRUPTO-PEIXE-PEQUENO É CONTABILIZADA NA RUBRICA "RESTOS A PAGAR".


NEM OS GATOS PINGADOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI DO MAIS FORTE.


A DIGNIDADE DAQUELE CORRUPTO ONDE CHEGA ROUBA A CENA.


NO MUNDO DA CULTURA, AS COISAS FUNCIONAM ASSIM: UNS COLOCAM IDÉIAS, OUTROS TIRAM PROVEITO.

ELES... (V)



"SÓ EXISTEM DUAS MANEIRAS DE FAZER CARREIRA EM JORNALISMO: CONSTRUINDO UMA BOA REPUTAÇÃO OU DESTRUINDO UMA".



(TOM WOLFE, jornalista americano, autor de "A Fogueira das Vaidades").

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

BONS TEMPOS, HEIN?





No começo dos anos 90, o ritual se repetia: uma ou duas vezes por semana, após o trabalho íamos bebericar, "salvando o mundo" várias vezes. Eu fazia parte do bloco dos anacrônicos, pois defendia um Estado forte e um mercado livre-até-certo-ponto. Meus oponentes defendiam o contrário, entusiasticamente. É que o neoliberalismo grassava, o Consenso de Washington imperava desde o final de 1989, quando o economista inglês John Williamson, diretor do Institute for International Economics, presidiu um seminário em Washington, reunindo titulares do governo Reagan, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros, e lá chegou-se ao Consenso, traduzido em dez mandamentos, corolários do neoliberalismo, entre os quais ressaltavam o "Estado mínimo" (educação, saúde e infra-estrutura), "menor progressividade dos impostos diretos", "taxa de câmbio favorecida", "liberdade total ao capital externo", "privatização" e "desregulação do processo econômico, incluindo o aspecto mão-de-obra". Era simplesmente o retorno ao laissez-faire de Adam Smith e David Ricardo, só que agora num mundo dominado por corporações gigantescas e especuladores arquitetando as mais iluminadas "engenharias financeiras" (derivativos...). E quem dissentisse que se danasse: nada de apoio do FMI, BIRD, BID etc.

E assim, enquanto a "modernidade" ia fluindo, prosseguiam os debates regados a cerveja, quando o mundo era salvo várias vezes. Haja guardanapo pra rabiscar balanço de pagamentos e outros esquemas! O México abraçou o NAFTA, o Brasil escapou da ALCA (faz lembrar discurso antigo de partido radical) mas não da privataria escandalosamente lesiva aos interesses nacionais, Tio Sam deu continuidade à ordem mundial da sangria ininterrupta - até o momento em que o sangue escasseou e o neoliberalismo deu com os burros n'água, afogando touros (vide Wall Street), atolando vacas no brejo e pedindo arreglo ao Estado, tábua final de salvação, que nem se sabe ao certo quando chegará, e quanto sofrimento, até lá, será infligido ao povo americano e do resto do mundo.

As charges acima foram feitas no início dos anos 90. Bons tempos aqueles (pros neolibs), hein?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

PAPO HODIERNO


- Mas, tudo bem: eu pago o teu preço.

- Pera lá. E se estiverem filmando?

- Não entendo. Afinal, você topa ou não topa?

- Não sei... E se meterem um processo na gente?

- Fica frio. Tenho facilidades junto aos deuses do Olimpo.

- Mas, e junto aos mortais comuns?

- Pra mim, mortais comuns são irrelevantes. Em caso de emergência, apelarei ao Olimpo.

- Claro que eu topo. Eu tava só brincando!

- Tempo é ouro, cara. Pára de brincar. Cheque, cartão ou crédito em conta?

- Em espécie, in natura, no monte, mão na massa, de corpo presente, vendo para crer, pegando na mufunfa ou, como diria o poeta de um passado não tão remoto, a mancheias.

- Ah, ah, ah! Você é mesmo impagável!


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DITOS VIRTUOSOS (III)



"TUDO O QUE É NECESSÁRIO PARA O TRIUNFO DO MAL É QUE AS PESSOAS BOAS NÃO FAÇAM NADA".


(EDMUND BURKE - 1729/1797 -, estadista e filósofo irlandês).


sábado, 8 de novembro de 2008

PIPAROTES


ECOS DA VIOLÊNCIA URBANA: VÂNDALOS VAZARAM O OLHO DA RUA.


NENHUM HOMEM HUMILDE É UMA ILHA, TAMPOUCO OS MEGALÔMANOS SÃO ARQUIPÉLAGOS.


TODO ELOGIO GRATUITO TRAZ UM ÔNUS SOB O VERBO.


NOS REGIMES TOTALITÁRIOS, O CARA TEM O SAGRADO DIREITO DE IR, VIR E ENTRAR EM DESESPERO.


TÃO CANALHA QUE CONSEGUIA LUDIBRIAR ATÉ O ESPELHO.


NÃO VAI SER FÁCIL, IRMÃO: ESSA CRISE MUNDIAL PARECE UM SACO SEM FUNDO MONETÁRIO.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

DESTINO MANIFESTO (III)


Em 1997, reunidos em Kyoto, Japão, representantes de 84 países assinaram protocolo que estabelecia metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, principalmente pelos países industrializados, e de substituição de produtos oriundos do petróleo por outros que causem menos danos ao meio ambiente.

Para o período 2008 a 2012 (uma das fases do protocolo), esperava-se uma redução de 5,2% na emissão de gases poluentes.

Ocorre que uma coisa é assinar os acordos internacionais, outra é ratificar: os pactos só se investem de validade após ratificados por cada país, observado o trâmite previsto pela legislação de cada um.

Em 2001, George Walker Bush bateu o martelo, declarando que os Estados Unidos não ratificariam o protocolo, visto que os interesses da indústria americana resultariam prejudicados caso as medidas para redução da emissão de gases tivessem de ser adotadas. E assim os maiores poluidores do planeta tiraram o time.

Que Barack Obama leve o seu país à mudança esperada.

LIVRES, LEVES E SOLTOS?

Procuro nos jornais, vasculho sites e blogs, e nada: nenhuma abordagem acerca dos crimes continuados praticados por banqueiros americanos e seus agentes ao longo de anos e anos no chamado mercado de derivativos, em que, por exemplo, US$ 1 bilhão "alavancava" US$ 40 bilhões, sem o mínimo lastro, movimentando cifra doze vezes superior ao PIB mundial e rendendo ganhos astronômicos para banqueiros/operadores.

O mundo se mobiliza para pôr ordem nas finanças, enquadrando o embusteiro "livre mercado" e convocando o tão malhado Estado para socorrer as instituições, sob pena de "desastre sistêmico".
Mas, e os espertalhões que por anos e anos, sob as bênçãos de Greenspan, Paulson e Bush, incorreram em gestão temerária e fraudulenta, como ficam?

Em filmes policiais hollywoodianos de tempos atrás, quando os meliantes discutiam a estratégia a ser utilizada no golpe, concluiam dizendo: "Well, tudo sob controle: a gente dá o bote, embolsa a grana e depois foge pro Brasil".

Será que os escroques picaretas americanos descartaram a parte final da estratégia, certos que estavam da impunidade em caso de virem a ser desbaratados? Cadê a justiça americana? Pega eles, Obama!, brada o contribuinte.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

BUSH E O BRASIL


Há analistas que defendem a inclusão do Brasil no Conselho de Segurança da ONU e a conversão do G7 em G10, vindo o Brasil a pontificar entre os maiores países do mundo, passando a ter voz e a ser ouvido. Ao que consta, isso não prospera porque Tio Sam não quer. O Brasil, aliás, jamais entrou na "sala das preocupações" do governo Bush. É ignorado, tratado como mero posseiro de quintal.

Torçamos para que Barack Obama imploda esse paradigma.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

REGISTRO (I)

.
BARACK OBAMA - eleito em 1996 para o Senado dos EUA, por Illinois. Dos 823 projetos que apresentou, 112 versaram sobre criminalidade, 125 sobre assistência social e 233 sobre saúde pública. Harry Truman, aquele das bombas de Hiroshima e Nagasaki, dizia que o presidente não passava de "relações-públicas graduado que vive a bajular, beijar e chutar pessoas, para que elas cumpram suas obrigações". Barack, eleito (ao que tudo indica), certamente poderá mostrar que as coisas não são simploriamente por aí. A "change", então, fará sentido. E que o resto do mundo, especialmente o cone sul, saiba "changear-se" também e defender seus interesses, abolindo a vassalagem.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

DITOS VIRTUOSOS (II)


"É NA LIMITAÇÃO QUE SE REVELA O MESTRE".


(JOHANN WOLFGANG VON GOETHE - 1749/1832 - , poeta, prosador, dramaturgo e advogado alemão).

sábado, 1 de novembro de 2008

DESTINO MANIFESTO (II)


Na matéria que leio, consta que tio Sam não mais se governa, quero dizer, tio Sam não tem autonomia. Quem manda nele é o complexo industrial-militar. Consta que o próprio presidente Eisenhower, general herói da guerra da Coréia, nos anos 50 do século passado já alertava para o tal leviatã. Consta que Vietnã, Iraque, Afeganistão e miudezas, tudo foi insuflado pelos interesses do complexo. Consta que Kennedy não era tão belicista, que até estaria cogitando em dar um fim à guerra do Vietnã, mas teve seu mandato interrompido. Já Bush, não, com ele tudo bem, bola pra frente, pau na máquina, tudo sob o pretexto do (bem-vindo, nesse aspecto) atentado às torres gêmeas de 11 de setembro de 2001. A parceria Bush/complexo foi sopa no mel - à revelia da ONU (claro!, que bobagem é essa de ONU? Quantas divisões tem a ONU, por acaso?).

McCain diz que por ele a ocupação do Iraque/Afeganistão durará mais 100 anos. Obama afirma que dentro de um ano e meio as tropas estarão fora.

Consta que, se der Obama, haverá o risco de acontecer com tio Sam o que aconteceu com o general Golbery do Couto e Silva: nos anos oitenta, quando o general percebeu que o SNI fugira a seu controle, pondo em risco o processo de abertura política, concluiu: "NÓS CRIAMOS UM MONSTRO!" - "eles", no caso de Obama, terão criado um monstro muito mais dantesco.

BONS DE BOLA FUTEBOL CLUBE

O sobrado onde moravam, em Piracuruca, tinha um corredor lateral, que dava acesso ao quintal. Era o espaço onde os dois batiam bola. De repente, o de dez anos reteve a pelota sob o pé e ficou a assuntar. O outro, de nove anos, protestou: "Vamos lá, cara!". Ao que o de dez berrou: "Não está ouvindo?! O rádio está dando que assassinaram o presidente Kennedy!" (Conhecia Kennedy em razão de ler "O Cruzeiro", de que o pai era leitor, e de um filme que uma equipe, ao que parece da Aliança Para o Progresso, itinerante, exibira numa das muitas praças de Piracuruca - documentário em que se defendia com unhas, dentes e garras a participação dos EUA na guerra do Vietnã).

Mas o que ressaltava, para ele, da figura de Kennedy era a defesa dos direitos civis. A discriminação imperava notadamente nos estados do sul dos EUA, onde pululavam os campos de batalha: a maioria branca fincava o pé, afrontando as leis federais que, por exemplo, determinavam o livre acesso dos negros às escolas públicas. E Kennedy firme, resoluto em busca de direitos iguais. E agora?

Pensou: será que um dia essa situação mudará? Será que um dia esse lance de sexo, crença, cor da pele será irrelevante? Será que um dia um negro concorrerá, com reais possibilidades, à presidência dos EUA? Será?

"Peraí, cara, você vai ficar aí parado o dia todo?!! Vamos jogar!"

E retomaram, então, as lides futebolísticas.