domingo, 30 de junho de 2019

OLHO NOS VÍDEOS (30.06.19)


Olho nos Vídeos


.TV GGN - Luis Nassif:
Lava Jato era apenas o batedor incumbido
de explodir as pontes ................................. AQUI.
O contexto maior da reportagem da Folha ..... AQUI.

.TV 247: Brasil em transe:
Conde entrevista Luis Nassif ....................... AQUI.

.Paulo A Castro:
Novas revelações sobre o tríplex do Guarujá .. AQUI.

OLD CARTOON


Chris Madden. (Inglaterra - 1952).

COLUNA DOMINICAL: JÂNIO DE FREITAS E O TEMA ONIPRESENTE


A lei e a palavra

Por Jânio de Freitas

A velha Operação Abafa já está reativada, como passo inicial para proteger Sergio Moro e Deltan Dallagnol de consequências legais pela trama contra réus da Lava Jato. De sua parte, o governo mergulha no compra-e-vende da corrupção política. O desemprego cresceu mais, o tal PIB desfalece. A Presidência deslanchou o esbanjamento de dinheiro público com publicidade de Bolsonaro. O cinismo se impõe, portanto, para que tudo fique menos confuso. E mais repulsivo.

Discreto como convém, o Conselho Nacional do Ministério Público arquivou a representação pelo necessário exame da conduta do procurador Dallagnol revelada pelo site The ​Intercept Brasil. Na argumentação engavetadora, o corregedor Orlando Rochadel Moreira sustenta que a veracidade das gravações não pode ser comprovada, e Moro e Dallagnol “não reconhecem os diálogos utilizados”.
Só se feitas e (resultarem) infrutíferas as tentativas de verificar a autenticidade caberia dizê-la impossível. O apressado arquivamento é contra a tentativa devida. Há outra via, porém. Cinco dias depois da primeira exposição de combinações entre juiz e procurador, Moro ainda dizia sobre sua indicação, a Dallagnol, de mais acusadores de Lula: “Eu recebi aquela informação e aí foi até um descuido meu, apenas passei pelo aplicativo”. É o reconhecimento inequívoco, e a um só tempo, da autenticidade da gravação, das frases registradas e, ainda, da participação ilegal do juiz nas investigações contra um réu.
Desde sua primeira entrevista sobre as gravações, no dia seguinte à divulgação pelo Intercept, Moro as autentica: “Quanto ao conteúdo, eu não vi nada de mais”. Nenhum reparo, nenhuma suspeita. Era aquilo mesmo: “nada de mais”, nem no que disse nem no material jornalístico.
A “normalidade” da participação e do “conteúdo” se sustentaria em dois artigos da Lei de Ação Civil. Citados por Moro, autorizam o juiz a “comunicar ao Ministério Público” o “conhecimento de fatos que podem constituir crime ou improbidade administrativa”. Pois sim.
Foi mais uma saída de má-fé a juntar-se ao histórico de Moro nesse gênero. Ele omite que essa comunicação, por exigência da mesma lei, seja feita formalmente nos autos. Assim o juiz agirá às claras, para conhecimento da acusação e da defesa, preservada a imparcialidade judicial. A prática de Moro, ao contrário, é a do subterfúgio, da conspiração, da perseguição sub-reptícia ao réu.
Ao desconsiderar essas evidências, além de muitas outras da trama de juiz e procurador, o corregedor Rochadel também não saiu da normalidade. O lugar dado a Moro e à Lava Jato é acima da lei, dos tribunais, dos conselhos, da ética, de nós outros. Continuaram lá.  /  ... (...).  -  (Fonte: Folha de S.Paulo, edição desta data; texto reproduzido pelo site Conversa Afiada).
................
Notas deste Blog:  
(a) A Coluna Painel (Folha, edição desta data) dá conta de que "Integrantes do CNMP devem recorrer de decisão que arquivou investigação contra Dallagnol";
(b) O que este Blog observou em 28.06.19 sobre o arquivamento do pedido de investigação contra o procurador Deltan Dallagnol:
"...Desde logo, porém, é lícito concluir que foi precipitadíssima, para dizer o mínimo, a decisão do Corregedor Nacional do Ministério Público, Orlando Rochanel Moreira, no sentido de mandar arquivar representação que pedia a abertura de uma sindicância contra o procurador Deltan Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato - 'CNMP arquiva representação contra procuradores da Lava Jato por mensagens', notícia de 27.06.19, Conjur, Aqui -, por ao menos duas razões:

[a] o texto acima publicado;

[b] o fato de que, segundo o próprio The Intercept Brasil, grande parte do acervo disponível - incluindo áudios e vídeos, além de textos - ainda se encontra inédita.

De qualquer modo, aguardemos o desenrolar dos acontecimentos".  -  ("Sobre as 'testemunhas' supostamente indicadas por Moro a Dallagnol" - Aqui).

DOMINGO É DIA DE ANÉSIA

Will Leite.
....
(Como estaria dona Anésia diante das assustadoras revelações do The Intercept Brasil?).

SOBRE O ACORDO UE X MERCOSUL

No 'introito' ao post "Brasil - Uruçuí: um aborto a cada quatro grávidas" - AQUI -, dissemos que "Este Blog - sempre de olho na preservação do meio ambiente - dedica atenção especial (à situação ambiental reinante nos Cerrados Brasileiros) ... num tempo em que vêm sendo batidos recordes de liberação de novos agrotóxicos para formar um 'estoque' que se aproxima de 2.300 tipos de produtos da espécie em oferta no mercado nacional".

Pois é agindo em sintonia com o compromisso acima que ora nos manifestamos acerca do anunciado acordo Mercosul / União Europeia.

Preliminarmente, os observadores desavisados poderão imaginar que o principal país do 'bloco' - o Brasil - apresenta méritos na questão ambiental, a ponto de merecer tamanha 'deferência'. Na verdade, a questão é bem mais complexa, transcendendo a questão ambiental, que, por sinal, recebeu tratamento singular:

"...Para liberar a entrada de produtos do agronegócio nacional foi negociado dispositivo conhecido como 'princípio da precaução', que dá ao consumidor o direito de interromper as compras preventivamente se suspeitar do uso de agrotóxicos proibidos ou de carne de rebanhos criados em áreas de desmatamento."  (Coluna Painel, Folha de São Paulo, edição de 29.06.19). 

Sobre o princípio da precaução, a equipe brasileira considera que  "...os europeus ficarão de olho nos calcanhares de Aquiles da produção nacional".

[Os observadores argutos vislumbram o 'risco' de burla interna: áreas em que os agrotóxicos poderão ser utilizados indiscriminadamente - para o mercado INTERNO -. Já para o mercado externo... A propósito, clique AQUI].

Mas aproveitamos a oportunidade para sugerir a leitura do artigo abaixo, de autoria de Marcelo Zero (publicado no site Brasil 247 - Aqui):



UNIÃO EUROPEIA 7 X 1 MERCOSUL

A apresentação da conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul como um “grande avanço” é, provavelmente, a maior fake news do governo Bolsonaro. 

O governo e a imprensa venal falam da “grande conquista” de um acordo que demorava 20 anos para ser concluído.


Pudera. Na época em que tínhamos um governo que defendia o Brasil e o Mercosul, os nossos negociadores preferiam não fechar um acordo do que fechar um acordo ruim, lesivo à nossa soberania.
Deve-se entender que em toda negociação comercial, os países participantes têm interesses ofensivos, normalmente vinculados aos seus setores produtivos mais competitivos, e interesses defensivos, relacionados aos seus setores econômicos mais frágeis e que precisam de proteção para se desenvolver. A partir da definição desses interesses, monta-se a estratégia de negociação, que usualmente procura maximizar os ganhos dos interesses ofensivos, minimizando, ao mesmo tempo, as perdas em seus interesses defensivos.  
No caso específico das negociações Mercosul-União Europeia, os interesses ofensivos do bloco econômico europeu estavam concentrados em produtos industrializados (conhecidos, no jargão da OMC, por NAMA-non agricultural market acess), serviços (especialmente serviços tecnologicamente mais sofisticados, como telecomunicações, serviços financeiros, serviços de transporte-navegação de cabotagem, serviços ambientais e de consultoria etc.), propriedade intelectual (com vistas a impor regras mais rígidas do que as já acordadas na OMC- o chamado TRIPS plus), compras governamentais (com o intuito de abrir esse importante mercado para as empresas europeias) e investimentos (com o objetivo de proteger investimentos europeus no Mercosul mediante regras que criam privilégios para o investidor).  
No que tange aos interesses defensivos da UE, eles estavam concentrados essencialmente em agricultura. A União Europeia, pressionada principalmente pela França queria preservar, sem mudanças significativas, a sua política agrícola e de segurança alimentar, baseada não apenas em barreiras aduaneiras e não-aduaneiras às importações, mas também numa montanha de subsídios à agricultura que tornam os produtos agrícolas europeus artificialmente competitivos. Somente a Política Agrícola Comum (PAC) disponibiliza, todos os anos, cerca de 60 bilhões de euros para os agricultores europeus, em subsídios diretos, consumindo 40% do orçamento comunitário. Isso sem falar dos apoios indiretos, como o crédito facilitado, e os subsídios concedidos em âmbito nacional.
A UE também tinha interesses defensivos em matéria sanitária e fitossanitária (de modo a poder manter barreiras técnicas a produtos agrícolas) e antidumping (de forma a impor barreiras contra produtos industrializados com preços muito baixos).
O Mercosul, sob a liderança do Brasil, tinha, por sua vez, naquela época, interesses ofensivos claros em agricultura, já que seus membros são muito competitivos nessa área, em certos setores de serviços (no chamado modo 4-transfronteiriço-, que são os serviços prestados com exportação de mão-de-obra), em alguns produtos industrializados (aço, alimentos processados, etanol, têxteis, aviões, etc.), em antidumping (queríamos regras mais claras e rigorosas para a sua aplicação) e medidas sanitárias e fitossanitárias (idem).  
Em relação aos interesses defensivos do Mercosul eles estavam concentrados em setores estratégicos dos serviços (serviços financeiros, por exemplo, essenciais para não aprofundar a vulnerabilidade da economia), certos setores industriais (informática, automóveis, química e petroquímica etc.), propriedade intelectual (de modo a não prejudicar o nosso desenvolvimento tecnológico e a não comprometer certas políticas públicas, como a do combate à AIDS, por exemplo), compras governamentais (já que elas são importantes para estimular a produção nacional- no caso das compras da União-, regional -no caso das compras dos estados-, e local- no caso das compras municipais), e investimentos (para não criar privilégios para o investidor estrangeiro e comprometer políticas de desenvolvimento).  
As negociações Mercosul-UE começaram oficialmente em 1999, mas até agora não tinha sido possível se chegar a um acordo abrangente e significativo. Elas ficaram paralisadas entre 2004 e 2010, uma vez que a distância entre as propostas era muito grande. Entretanto, em 2010 elas foram oficialmente retomadas por pressão da União Europeia, a qual, na época, estava sendo muito afetada pela recessão e buscava compensar a diminuição de seu mercado interno com o aumento de suas exportações.  
O Mercosul, liderado pelo Brasil, fez, naqueles tempos, ofertas racionais em compras governamentais (abrindo a possibilidade de preferência para empresas europeias, preservadas as políticas de estímulo à produção nacional), NAMA (com concessões em cerca de 90% da pauta importadora, preservando, no entanto, setores considerados estratégicos) e mesmo em certos setores de serviços (como seguro bancário, ligações internacionais, serviços profissionais especializados, etc.). Porém, a União Europeia queria muito mais.
A União Europeia, por sua vez, admitiu aumentar quotas de importação para certos produtos, como carnes e etanol. No entanto, a União Europeia se negou a fazer concessões significativas naqueles setores que mais interessam ao Mercosul e ao Brasil, como barreiras não-tarifárias a produtos agrícolas e industriais e, acima de tudo, subsídios à agricultura, os quais não apenas impedem a penetração de nossos produtos agrícolas no mercado europeu, como dificultam também a venda desses produtos em outros mercados, já que a União Europeia é grande exportadora de commodities agrícolas subsidiadas.  
A estratégia da União Europeia é de só negociar esses assuntos (chamados de “temas sistêmicos”, em jargão técnico) na OMC. Contudo, as ofertas que a UE fez na OMC sobre subsídios agrícolas foram pífias, e decepcionaram os países em desenvolvimento.
Era essa atitude da UE que vinha impedindo a consecução de um acordo abrangente, no âmbito das negociações com o Mercosul. Com efeito, sem concessões significativas em subsídios agrícolas e barreiras não-tarifárias por parte da UE, um acordo com o Mercosul poderia resultar em sérias assimetrias e desequilíbrios para os nossos países.  
Deve-se ter em mente o que aconteceu com o México, que firmou um acordo de livre comércio com a UE, em 1999. As assimetrias consolidadas nesse acordo acabaram por duplicar o déficit comercial que o México tinha com a União Europeia. Coisa semelhante aconteceu com Peru, Colômbia, Equador, que também passaram a ter largos déficits em sua relação comercial com a UE, após entrarem em vigor acordos de liberação comercial. Os precedentes, portanto, são desastrosos.
Observe-se que, entre 2013-2017, o Brasil acumulou um déficit comercial com a UE de US$ 5,2 bilhões. Nesse período, só tivemos superávits em 2016 e 2017. Contudo, esses superávits recentes não foram ocasionados pelo aumento de nossas exportações para o bloco europeu, já que elas caíram de US$ 47,8 bilhões, em 2013, para US$ 34,9 bilhões, em 2017. Na realidade, esses superávits recentes foram causados pela queda brutal das nossas importações, devido à forte recessão brasileira. Com efeito, as nossas importações da UE desabaram de US$ 50,7 bilhões, em 2013, para meros US$ 32 bilhões, em 2017.  Assim sendo, a assinatura de um acordo assimétrico poderá ampliar o desequilíbrio estrutural entre economias que estão em um estágio diferente, em seu nível de desenvolvimento.
Pois bem, nos últimos tempos, vinha crescendo o receio de que o Brasil e o Mercosul acabariam por concordar com um tratado comercial desequilibrado.  
Isso por três razões. A primeira se relaciona com a crescente desnacionalização da nossa indústria. Hoje, os setores mais poderosos da indústria instalada no Brasil, como a automobilística, por exemplo, já são bastante internacionalizados. Ao contrário do que acontecia no passado, esses setores são agora favoráveis a um acordo que permita a livre importação de insumos industrializados que diminuam seus custos, como motores, componentes eletrônicos etc. Por esse motivo, a FIESP mudou de posição relativamente ao acordo com a UE e vinha defendendo regras comerciais mais liberais para a indústria.  
Já a segunda razão tangia ao fator político e ideológico. O golpe e o governo Bolsonaro são neoliberais até a medula e acreditam que a adesão apressada do Brasil a acordos comerciais amplos e de “nova geração” poderá fazer com que o país retome seu crescimento, compensando a contração recente de seu mercado interno. Trata-se, do nosso ponto de vista, de uma aposta ingênua e suicida que não tem qualquer base empírica. A bem da verdade, o que a história econômica mostra é que todos os grandes países praticaram políticas protecionistas, principalmente para proteger a sua indústria nascente. Tais políticas só foram parcialmente flexibilizadas quando esses países adquiriram níveis muito altos de competitividade internacional. 
Mesmo hoje, os países desenvolvidos e industrializados continuam a proteger seus setores industriais mais frágeis e sensíveis. Isso sem falar de seu setor agrícola fortemente subsidiado.  
Considere-se que, nos últimos tempos, ocorreu mudança considerável nas políticas comerciais de vários países, que passaram a ser consideravelmente mais protecionistas. É o caso óbvio dos EUA, sob a administração Trump. Recentemente, esse governo anunciou sobretaxas ao aço (25%) e ao alumínio (10%), à revelia do que dispõe a OMC, o que prejudicará muito a siderurgia brasileira, que exporta 30% de sua produção para lá. Na Europa, ocorre o mesmo fenômeno. A saída da Grã-Bretanha da UE (Brexit) se insere na mesma tendência de nacionalismo e protecionismo.  
Por conseguinte, essa aposta ingênua do governo Bolsonaro numa liberação comercial acrítica e unilateral coloca o Brasil na contramão da tendência mundial.  
A terceira razão diz respeito ao fato inquietante de que as negociações, consolidado o golpe no Brasil, se aceleraram e passaram a ser realizadas sob um manto de inexplicável sigilo. Nada era divulgado. Surgiam apenas, aqui e ali, especulações sobre o que vem sendo efetivamente negociado. Tal fato impede análises precisas sobre as possíveis consequências do acordo concluído para a estrutura produtiva nacional e os empregos dos brasileiros. Mas, face às novas políticas internas neoliberais e à nova política externa “omissa e submissa”, teme-se que esse acordo com a UE possa ser usado para blindar as escolhas políticas do golpe.  Com efeito, não há maneira mais eficiente de blindar escolhas políticas do que plasmá-las em tratados internacionais. 
Nesse contexto internacional e nacional e sob essas condições de negociações, a possibilidade de um bom acordo, simétrico e que protegesse nossa indústria gravemente combalida, parecia ser muito remota. A revisão significativa da Política Agrícola Comum (PAC) da UE, em particular, parecia estar fora do escopo da negociação.  
De modo significativo, os europeus estavam, até pouco tempo, exultantes. Falavam da “oferta generosa” do Mercosul, sob a batuta de Bolsonaro e Macri, dois governos acossados pela recessão, a fragilidade política e a submissão ideológica. Os europeus não mudaram de posição, nós sim.
Não temos dúvidas de que o acordo firmado é assimétrico, desequilibrado, lesivo aos interesses nacionais e compromete, em definitivo, a capacidade do Estado nacional do Brasil de implementar políticas de desenvolvimento, de industrialização, de ciência e tecnologia, etc.
Caberá ao Congresso, que terá de aprovar o acordo, defender o Brasil.
Não se enganem, não há nada a comemorar.
Tomamos de 7x1. Ou mais.
................
Dica de leitura e de vídeo:
."Ambientalistas e agricultores europeus consideram acordo UE-Mercosul 'inaceitável'"  -  AQUI.

."O acordo União Europeia-Mercosul e o pensamento monofásico", por Luis Nassif  -  AQUI.
."Mercosul-União Europeia, um acordo nocivo", por Luis Nassif (01.07.19) -  AQUI.

sábado, 29 de junho de 2019

OLHO NOS VÍDEOS (29.06.19)


Olho nos Vídeos


.Nocaute - Fernando Morais: 
Fernando Morais entrevista Mário Magalhães . AQUI.

.Boa Noite 247:
Glenn X Moro; Pulitzer X 'Faz a Diferença' ..... AQUI.

.Paulo A Castro:
Dallagnol perseguia qualquer um do PT ........ AQUI.
Mais sobre Dallagnol e Moro ........................ AQUI.
Procurador confirma veracidade de diálogos .. AQUI.

TEMPO TEMPO


Saul Steinberg.

REVISITANDO STEINBERG

Steinberg.

Steinberg.
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(Saul Steinberg  -  Romênia, 1914 ... Nova York, 1999;  Filosofia em Bucareste, Arquitetura em Milão;  celebrizou-se por seu trabalho em The New Yorker magazine).

A TRÁGICA CONSTATAÇÃO

Gilmar.
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.LEO STOPPA AO VIVO (29.06.19)! - Dossiê INTERCEPT:
Por que todas as revelações serão esvaziadas ............ AQUI.
.EDUARDO GUIMARÃES: 
Intercept usará áudios para comprovar denúncias   AQUI.

BRASIL - URUÇUÍ: UM ABORTO A CADA QUATRO GRÁVIDAS

Os cerrados piauienses compreendem 11,5 milhões de hectares de solos com elevado potencial de produção de grãos (soja, milho, sorgo, algodão etc. etc.), 'capitaneados' pelos municípios de Uruçuí, Bom Jesus, Gilbués, Ribeiro Gonçalves e Baixa Grande do Ribeiro. Tais cerrados se unem aos cerrados da Bahia, Maranhão e Tocantins para formar o MATOPIBA, com a monumental área de 73 milhões de hectares. (Para informações acerca dos cerrados brasileiros, clique Aqui e confira o que oferece o Projeto Monitoramento Cerrado / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE). 

Essa nova Fronteira Agrícola começou a ser explorada (no que respeita ao Piauí) a partir da década de 1990, quando o Banco do Brasil foi incumbido pelo governo federal, com recursos repassados pelo Banco Mundial, de ser o agente dessa empreitada, mediante a concessão de empréstimos de investimentos para aquisição de máquinas e equipamentos, correção de solo (calagem) etc. - e de custeio agrícola.

Este Blog - sempre de olho na preservação do meio ambiente - dedica atenção especial ao tema e reproduz a seguir artigo com que nos deparamos recentemente, mas que foi divulgado em setembro do ano passado e constitui eloquente demonstração do que está a ocorrer numa (em termos) pequena área dos cerrados nacionais e pode estar a verificar-se em muitas e muitas outras, e, mais catastrófico ainda, as perspectivas que se abrem num tempo em que vêm sendo batidos recordes de liberação de novos agrotóxicos para formar um 'estoque' que se aproxima de 2.300 tipos de produtos da espécie em oferta no mercado nacional:
(Nota: O PL citado no final do artigo foi aprovado, e sobre o assunto nos manifestaremos oportunamente):


Brasil - Uruçuí: Um aborto a cada quatro grávidas

Por Nayara Felizardo (No The Intercept)

A cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu
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O FILHO DE MARIA Félix, de 21 anos, resistiu pouco mais de seis meses de gestação. Morreu ainda no ventre, com apenas 322 gramas. A causa do aborto, que aconteceu com 25 semanas de gravidez, foi má formação: o bebê tinha o intestino para fora do abdômen e também problemas no coração. Não é incomum que as mães da região percam seus filhos precocemente. O bebê de Maria, ao que tudo indica, foi mais uma vítima precoce do agrotóxico glifosato, usado em grandes plantações de soja e de milho em Uruçuí, a 459 km de Teresina, no Piauí.
O mesmo veneno que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com baixo peso (quase do dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal do Piauí.
Conheci a história de Maria Félix Costa Guimarães na maternidade do hospital regional Tibério Nunes, na cidade de Floriano. É para lá que as mulheres de Uruçuí são encaminhadas quando têm problemas na gravidez. Nos primeiros exames, feitos em julho, já havia sido identificada a má-formação no feto. Em setembro, no leito do hospital, encontrei a jovem, que lia a Bíblia e se recusava a comer. Carregava um olhar entristecido, meio envergonhado. Ela tinha sofrido o aborto no dia anterior e aguardava o médico para fazer uma ultrassom e se certificar de que não seria necessária a curetagem (cirurgia para retirada de restos da placenta).
Maria não tinha condições emocionais para conversar, por isso falei com a sua tia, a funcionária pública Graça Barros Guimarães. Ela não sabia sobre a pesquisa realizada em Uruçuí, mas acredita nos resultados apontados por Lima. “Se a gente for avaliar, o agrotóxico causa problema respiratório e de alergia. Então é claro que se a mulher tiver grávida, o bebê pode se contaminar também”.
Graça me contou que a sobrinha sempre esteve rodeada de fazendas de soja. A casa onde vive, em Uruçuí, fica a cerca de 15 km de uma plantação. Antes, ela morava na zona rural do município de Mirador, no Maranhão, onde também há plantio de soja. “Os fazendeiros tomaram conta de tudo.” Em meados de agosto estive em Uruçuí para conversar com profissionais da saúde e com os trabalhadores agrícolas. Eu queria entender como viviam as pessoas no município contaminado pelo glifosato, e se elas tinham noção de que o problema existe. Também liguei para o pesquisador Inácio Pereira Lima, que culpa o agronegócio pelo adoecimento das pessoas. “Tudo isso é consequência do modelo de desenvolvimento econômico em que só o lucro está em foco, independente das consequências negativas para a população”, ele me disse.
Epidemia de glifosato
O glifosato é o agrotóxico mais usado no Brasil. É vendido principalmente pela Monsanto, da Bayer, com o nome comercial de Roundup. Seus impactos na saúde humana são tão conhecidos que o Ministério Público pediu que sua comercialização fosse suspensa no Brasil até que a Anvisa fizesse sua reavaliação toxicológica. Em agosto, a justiça aceitou e o glifosfato foi proibido. A suspensão foi classificada como um “desastre” pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e foi duramente combatida por ruralistas e pela indústria.
A decisão, no entanto, foi derrubada pela justiça em segunda instância poucas semanas depois. Maggi – que também é conhecido como “rei da soja” – não escondeu o seu entusiasmo com a liberação do agrotóxico:
Agora sim, a boa notícia!! Enfim, o TRF 1 suspendeu a liminar que proibia o uso do Glifosato!
A Monsanto diz que o produto é seguro, mas e-mails da empresa divulgados no ano passado mostram que ela pressionou cientistas e órgãos de controle nos EUA para afirmarem que o glifosato não causa câncer. Isso não impediu a Monsanto de ser condenada a pagar mais de R$ 1 bilhão a um homem que está morrendo de câncer nos Estados Unidos. Cerca de 4 mil ações parecidas estão em curso naquele país.
O produto representa quase a metade de todos os agrotóxicos comercializados no Piauí. O pesquisador Lima explicou que a presença da substância no leite materno indica a contaminação direta ou que as quantidades utilizadas na atividade agrícola da região são tão elevadas, que o excesso não foi degradado pelo metabolismo da planta. As mulheres estudadas por ele sequer trabalham nas lavouras: elas estão intoxicadas porque fazem limpeza, cozinham nas fazendas ou porque comeram o herbicida nos alimentos. Lima, em sua tese, explica que o organismo é contaminado pela pele e vias respiratória e oral.
Mulheres, as maiores vítimas
Pelos registros do hospital regional de Uruçuí, os abortos ocorrem geralmente em mulheres entre 20 e 30 anos, que chegam até a 10ª semana de gestação. O número elevado de casos é citado por Iraídes Maria Saraiva, enfermeira plantonista. “São muitas as mulheres que chegam com sangramento ou já com o ultrassom mostrando que o feto não tem batimentos cardíacos. A maioria desses abortos são espontâneos”, me disse.
Muitas mulheres têm a gravidez interrompida logo nas primeiras semanas. Sem saber que estão grávidas, elas seguem trabalhando cercadas pelo glifosato. Quando descobrem, já não há mais o que fazer. “Dificilmente é a primeira gravidez e elas não têm doenças pré-existentes. Quer dizer, são mulheres jovens que aparentam ser saudáveis”, observou a enfermeira.
‘É uma contaminação lenta, gradual e diária.’
Há ainda as que sabem que estão esperando um filho mas não podem deixar o trabalho, simplesmente porque dependem do salário. As que passam da fase mais crítica e levam a gravidez até o fim correm alto risco de ter má formação do feto.
Na maternidade de Floriano, o coordenador do setor de obstetrícia Luiz Rosendo Alves da Silva já viu muitos casos de aborto e de má-formação. Ele acredita na culpa dos agrotóxicos. “É uma contaminação lenta, gradual e diária. A principal consequência é a atrofia de alguns órgãos, principalmente coração e pulmão”.
Alanne Pinheiro, enfermeira do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), observa que as mulheres estão expostas aos agrotóxicos de forma mais perigosa do que os homens que trabalham diretamente na aplicação do veneno. “Elas ficam na cozinha ou fazem a limpeza das fazendas e acabam inalando o agrotóxico de forma indireta. Como não usam roupas especiais, sofrem mais o efeito da intoxicação passiva.”
PIB alto, salário baixo
A cidade de 21 mil habitantes tem as características comuns do interior, onde a vida acontece sossegada e todo mundo se conhece. Quase um terço da população vive na zona rural. No percurso de 40 km do centro até o Assentamento Flores – onde moram muitos dos trabalhadores com quem eu pretendia conversar – quase não há árvores, exceto em pontos isolados ao redor da casa grande, a sede da fazenda. A sensação é de um enorme deserto e uma riqueza distribuída entre poucos.
Na pacata Uruçuí, mesmo quem não trabalha diretamente na agricultura está sendo contaminado.Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Uruçuí
Uruçuí não é um município pobre. O PIB per capita, de R$ 49 mil, era o 2º maior do Piauí em 2015, último ano da pesquisa do IBGE. Perdia apenas para a cidade vizinha, a também agrícola Baixa Grande do Ribeiro. Mas na prática, o salário dos trabalhadores é de R$ 1.900 por mês, em média.
Quem enriquece de verdade são os fazendeiros. A maioria deles saiu do sul do Brasil para o cerrado piauiense em busca de terras e do clima ideal para o plantio de suas lavouras. Outros ocupam ou já ocuparam cargos na política como deputados ou vereadores. É o caso do ex-deputado estadual Leal Júnior, eleito três vezes para o mesmo cargo, e da vereadora de Uruçuí Tânia Fianco.
‘Não fale com eles’
Joana* trabalhou como cozinheira na Fazenda Serra Branca há sete anos. Ela conta que o cheiro do agrotóxico chega até as trabalhadoras, mesmo quando elas não estão nos locais onde o veneno é aplicado. “Dependendo da posição do vento, a gente sentia. E se tivesse aplicando com o avião, era mais forte. Às vezes eu chegava em casa com dor de cabeça e sabia que era do veneno”, lembra ela, que prefere não se identificar. “Sabe como é, né? A gente depende das fazendas”, conforma-se. O marido ainda trabalha no agronegócio.
Se os males causados pelos agrotóxicos se limitassem às mães e aos seus bebês, o problema já seria grave o bastante, mas o sanitarista Inácio Pereira Lima faz um alerta. “Como minha pesquisa foi voltada para a mulher, coletei amostras biológicas exclusivas; por isso foi o leite. Mas, se a pesquisa fosse da população em geral, poderia optar por outro tipo de amostra como sangue ou urina. E talvez chegasse a esses mesmos resultados. Ou seja, toda a população está sob risco, e não só as mães que amamentam”, me explicou o pesquisador.
Efeitos do agrotóxico são tabu na cidade
Ouvi de muitas pessoas da cidade que alguns fazendeiros não são simpáticos com quem os contraria. O conselho que todo mundo me deu foi: “Não fale com eles”. As fazendas têm seguranças armados.
Decidi ir ao escritório da Fazenda Canel, administrada pelas famílias Bortolozzo e Segnini, originárias de Araraquara, no interior de São Paulo. Eles se instalaram no Piauí há 30 anos e são os pioneiros no plantio de soja no estado. Eu queria entender a posição deles. Todos se negaram a conversar comigo. Funcionários justificaram que os responsáveis estavam “viajando para o exterior”.
Mais medo de demissão do que de doença
Na cidade onde quase todo mundo se conhece, o mesmo segredo é compartilhado. Ninguém fala para os profissionais de saúde quando sente os efeitos do agrotóxico no organismo, e dificilmente o hospital é procurado. Se a intoxicação for mais grave, os trabalhadores escondem dos médicos sua possível causa. É muito difícil detectar laboratorialmente doenças causadas por agrotóxico. Se o paciente não fala, muitas internações provocadas pelos químicos não caem na conta deles.
A enfermeira Alanne Pinheiro me disse que as pessoas têm medo de perder o emprego. “Se eles disserem que estão doentes por causa dos agrotóxicos, aquilo pode repercutir na cidade e ficar mal pro fazendeiro. Os trabalhadores têm mais medo de demissão do que de uma doença.”
‘Quando a gente começa a investigar, eles não falam tudo.’
Há ainda a falta de conhecimento sobre os riscos dos agrotóxicos. “Eles nem acreditam que possa acontecer algum problema grave porque os danos só aparecem a longo prazo. Não existe a percepção de que os males se acumulam e podem trazer doenças irreversíveis, como um câncer que já se descobre em metástase”, diz Alanne.
Um possível exemplo é João*, marido de Helena*. Conversei com ela porque João sai cedo para a Fazenda Nova Aliança e só chega à noite. Este ano, o trabalhador teve uma alergia nos braços, mas decidiu tratar em casa. Sem avaliação médica e sem exames, João se auto-medicou. “Acho que não foi agrotóxico, porque ele é pedreiro e não mexe com veneno. Deve ter sido por causa do cimento”, opina a mulher.
É comum que os moradores atribuam os sintomas da intoxicação a outras causas. “Os pacientes chegam com queixas vagas, como ardência nos olhos. Mas, quando a gente começa a investigar, eles não falam tudo”, comenta a enfermeira Iraídes. Nas raras vezes em que vão ao hospital, são levados por algum funcionário da fazenda. Com essa vigília, o medo de perder o emprego é maior e a saúde fica em segundo plano.
O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador está tentando evitar o alto índice de subnotificação: eles treinam os enfermeiros e médicos para que notifiquem os casos de intoxicação quando perceberem os sintomas, independente do que afirmam os pacientes.
Tecnologia para o lucro
Geivan Borges da Silva é técnico em agropecuária e presta assessoria para muitos fazendeiros de Uruçuí. Ele defende que o uso de sementes transgênicas reduz a necessidade de agrotóxicos. “Quase 100% das áreas plantadas aqui são de variedades transgênicas, resistentes a muitos tipos de praga e ervas daninhas”, ameniza.
Na verdade, as provas científicas dizem o contrário. O dossiê sobre agrotóxicos da Abrasco, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, mostra que o uso de transgênicos aumentou a necessidade de defensivos agrícolas. É só olhar para a soja, campeã no uso de agrotóxicos: 93% da safra é transgênica, e a quantidade de litros de produtos químicos aumentou mesmo assim.
Na região sul do Piauí, as sementes de milho, soja e algodão também são vendidas pela Monsanto, a mesma que fornece o glifosato, de acordo com o cadastro de junho de 2018 da Agência de Defesa Agropecuária do Piauí, a Adapi.
Outra tecnologia defendida por Silva é a que minimiza a disseminação do agrotóxico no ar: usa-se um produto que aumenta o peso da gota, fazendo com que ela desça diretamente na planta e não disperse com o vento. “Tudo é agricultura de precisão para reduzir os custos”, argumenta.
É certo que essas tecnologias otimizam a produção agrícola, mas elas foram incapazes de evitar a intoxicação de Emanuel*, que trabalha como operador de máquina de aplicação de agrotóxico na Fazenda Condomínio União 2000.
Após um ano trabalhando, Emanuel sentiu tontura, fraqueza, ardência nos olhos e chegou a vomitar. Quem conta essa história é a esposa dele, Rosa*. “Nós fomos pro hospital e quando saiu o resultado do exame, deu que tinha agrotóxico no sangue. A médica passou remédio, mandou ele se afastar do trabalho por um tempo e tomar muito leite”.
Emanuel melhorou, mas há três anos voltou para o mesmo ofício. “Ele já me disse que só fica até o final desse ano. Não vale a pena perder a saúde por causa de dois mil por mês”, diz Rosa. Eram 18h quando me despedi. O marido dela ainda não tinha chegado. Ele trabalha para a vereadora Tânia Fianco, do PSDB.
No Brasil, o Projeto de Lei conhecido como PL do Veneno pretende liberar mais rapidamente vários produtos, entre eles muitos que são à base de glifosato. O lobby da indústria é pesado, e ataca sobretudo a Anvisa, agência reguladora suscetível a todo tipo de pressão e que já mostrou que está disposta a fazer o jogo das grandes corporações.
(*Os nomes dos trabalhadores foram alterados para preservar suas identidades.)

ENQUANTO ISSO, O MODELO CIVILIZATÓRIO...

              - SE ELES LANÇAREM UM POUCO MAIS DE PLÁSTICO, NÓS  
              PODEREMOS CAMINHAR DE VOLTA À CIVILIZAÇÃO, SE VOCÊ 
              PUDER CHAMAR AQUILO DE CIVILIZAÇÃO.

Steve Sack. (EUA).

A ALTERNATIVA NATURAL


Gilmar.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

OLHO NOS VÍDEOS (28.06.19)


Olho nos Vídeos


.JFT - Nocaute - Fernando Morais:
Novos vazamentos em perspectiva ............ AQUI

.Paulo A Castro:
Sobre Sergio Moro e Deltan Dallagnol ........ AQUI.
Glenn Greenwald contra a "inteligência" ..... AQUI.
Glenn contra a "inteligência" - Parte II ....... AQUI.

.Paulo A Castro (Em 29.06.19):
Intercept: Procuradores reclamavam 
de violações de Moro? .............................. AQUI.

POLÍTICAS AMBIENTALISTAS


J Bosco.

SOBRE AS 'TESTEMUNHAS' SUPOSTAMENTE INDICADAS POR MORO A DALLAGNOL


"Das muitas mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dalla­gnol, o chefe da força-tarefa da Lava-Jato, a mais comprometedora até o momento é a que mostra Moro passando ao procurador a dica de duas testemunhas que teriam informações relevantes sobre negócios envolvendo a família do ex-presidente Lula. Para a maioria dos especialistas, essa parceria investigativa teria beneficiado uma das partes envolvidas no processo — no caso, os acusadores, o que seria ilegal. Seguindo a orientação do juiz, Dalla­gnol procurou as pessoas citadas, mas elas teriam se recusado a colaborar. Em resposta a Moro, o procurador chegou a sugerir que se forjasse uma denúncia anônima para justificar a expedição de uma intimação que obrigasse as testemunhas a depor no Ministério Público.

O diálogo entre Moro e Dalla­gnol foi publicado pelo site The Intercept Brasil há três semanas, mas o nome das testemunhas não havia sido divulgado. VEJA localizou os dois personagens ocultos da história. O primeiro deles é o técnico em contabilidade Nilton Aparecido Alves, de 57 anos. Na mensagem, o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba relata ao procurador ter recebido a informação de que uma pessoa fora instada “a lavrar escrituras de transferências de propriedade de um dos filhos do ex-­presidente”. “Seriam dezenas de imóveis”, segundo Moro. Durante o governo do petista, pipocaram na internet inúmeros boatos sobre supostos negócios imobiliários envolvendo o clã presidencial. Pela primeira vez, havia uma testemunha com nome, sobrenome e telefone. Vinte e quatro minutos depois da mensagem, Dalla­gnol escreve que tentou fazer contato com o técnico em contabilidade, mas a testemunha “arriou”, “disse que não tem nada a falar” e, “quando dei uma pressionada”, relata o procurador, “desligou na minha cara”.

Nilton Aparecido tem um escritório no centro de Campo Grande (MS). Ele é conhecido no estado por fazer negócios, nem sempre lícitos, relacionados a terras. Em agosto do ano passado, agentes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em Mato Grosso do Sul fizeram uma operação de busca e apreensão na casa de Nilton e recolheram escrituras, agendas, extratos bancários e pen drives. Mas essa investigação não tem relação com a da Procuradoria da República no Paraná. O técnico em contabilidade é acusado de corrupção por negociar pagamento de propina com uma organização criminosa especializada em fraudar impostos que desfalcou o Estado em 44 milhões de reais entre 2015 e 2018. Abordado pela reportagem de VEJA na tarde de quarta-feira, Nilton foi evasivo. “Não sei por que meu nome está nessa história. Alguém deve ter falado alguma coisa errada”, disse. Indagado sobre se teria informações referentes aos filhos de Lula e se havia prestado depoimento aos procuradores da Lava-Jato com relação ao tema, ele encerrou a conversa dizendo que não iria declarar mais nada.

Na mensagem publicada pelo The Intercept Brasil, logo depois de tentar, sem sucesso, falar com Nilton, Deltan Dalla­­gnol diz a Sergio Moro que estava pensando em intimar o técnico em contabilidade, se necessário, “até com base em notícia apócrifa”. Moro concorda em formalizar a intimação, mas não fica claro se ele avalizou a ideia de forjar a origem da denúncia. O juiz sugere a Dalla­­gnol que procure o homem que ouviu a história do técnico em contabilidade, e, de novo, passa as coordenadas — o segundo personagem oculto da história, também localizado por VEJA. Trata-se do empresário Mário César Neves, dono de um posto de gasolina também em Campo Grande. Ele confirmou que, na época, em dezembro de 2015, um representante do Ministério Público Federal entrara em contato para pedir-lhe informações sobre o técnico em contabilidade Nilton Aparecido. “O pessoal do Ministério Público me ligou, não sei mais o nome da pessoa, mas ela queria saber quem era o Nilton, que serviços ele prestava e como poderia encontrá-­lo”, contou o empresário. Questionado sobre se ouvira do técnico em contabilidade algo referente a negócios do filho do ex-presidente, o empresário também arriou. Disse que desconhecia o assunto. Ele, porém, confirma que repassou ao Ministério Público o endereço e o telefone de Nilton. “Eu soube que o Nilton foi chamado para prestar depoimento logo depois dessa ligação para mim”, diz Mário. O empresário acrescenta que soube disso por meio de funcionários do escritório de Nilton, que trabalha para ele há mais de quinze anos. 

Se for verdade, a situação de Moro complica-se ainda mais do ponto de vista jurídico. A comprovação de que o Ministério Público, de fato, não apenas ouvia, mas seguia suas orientações, reforça a tese de que, quando magistrado, Moro abandonou a posição de imparcialidade para instruir um dos lados da ação, algo considerado ilegal pelo Código de Processo Penal. (...)".




(Da revista Veja, edição que acaba de chegar às bancas, matéria intitulada "As 'testemunhas' que puseram em xeque a imparcialidade de Sérgio Moro", reproduzida pelo site Conversa Afiada - Aqui.

Observa-se que a nova parceira do The Intercept Brasil entra em campo de forma contundente, dedicando-se a esmiuçar assunto que já havia sido contemplado na primeira revelação bombástica apresentada por Greenwald. Forma contundente e, frise-se, que reclama a adoção das medidas cabíveis por parte das autoridades envolvidas.

Desde logo, porém, é lícito concluir que foi precipitadíssima, para dizer o mínimo, a decisão do Corregedor Nacional do Ministério Público, Orlando Rochanel Moreira, no sentido de mandar arquivar representação que pedia a abertura de uma sindicância contra o procurador Deltan Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato - "CNMP arquiva representação contra procuradores da Lava Jato por mensagens", notícia de 27.06.19, Conjur, Aqui -, por ao menos duas razões:

[a] o texto acima publicado;

[b] o fato de que, segundo o próprio The Intercept Brasil, grande parte do acervo disponível - incluindo áudios e vídeos, além de textos - ainda se encontra inédita.

De qualquer modo, aguardemos o desenrolar dos acontecimentos).

DO CRIME DE FEMINICÍDIO (E O PIAUÍ CARTUM)

Pavel Constantin. (Romênia).
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Com os cumprimentos deste Blog ao cartunista Dino Alves pela realização (em pleno andamento, no Clube dos Diários, complexo Praça Pedro II, Teresina) do 1º SALÃO PIAUÍ CARTUM, cujo tema é o FEMINICÍDIO. Parabéns ao amigo Dino e parceiros!

AS LIÇÕES DE BOLSONARO A MERKEL

Mariano.
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.Bom Dia 247 (28.06.19) - Bolsonaro e bijuterias de nióbio ...... Aqui.

O CASO DA COCA E A 'LEITURA' DOS FATOS NO BRASIL E NO EXTERIOR

É impressionante a capacidade que certas pessoas têm de agravar uma situação que por si só já é grave. O day after do caso do Aerococa (como está a dizer o Le Monde) está deixando isso bastante claro. Alguém disse que o administrador que se cerca de assessores mais competentes do que ele, é mais competente do que eles. De onde se conclui que o que campeia por essas plagas é a incompetência nua e crua. 

(Tweets)

Sérgio Moro já decidiu que o sargento agiu sozinho no caso da coca

Por Luis Nassif (No GGN)

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, declarou o óbvio: o tal sargento da aeronáutica não agiu sozinho. Têm-se, aí, um caso grave, um problema que já afetou Forças Armadas de diversos países, mais ainda aquelas que foram colocadas na linha de frente da luta contra a droga.

As fotos na Internet, sobre carregamentos de 40 kg de cocaína, comprovam a impossibilidade do sargento ter atuado sozinho.


Na viagem, ele certamente tinha uma mala para seus pertences pessoais, mais o adicional de 39 kg, que exigiria uma mala gigante. Essa mala chegou no hangar da FAB, foi transportada até o avião. Sendo o avião da comitiva presidencial, supõe-se que seja submetido a fiscalização adicional pelas próprias normas de segurança do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), incumbido de zelar pela segurança do presidente.
Depois, na chegara ao destino final, o sargento carregava a mala, imensa. Mesmo se passasse pela alfândega, é evidente que não passaria despercebida de seus colegas de voo. Além disso, há indícios de que era reincidente na prática. Ou seja, havia um esquema azeitado de entrega dos pacotes no hangar da FAB e de entrega no destino final.
Em países sérios, haveria uma imediata mobilização das autoridades, do Ministro da Justiça, da Polícia Federal e do próprio comando da Aeronáutica, para investigar o caso. E a principal suspeita seria de uma organização criminosa atuando no âmbito da Aeronáutica.
A repercussão internacional mostra a gravidade do episódio:
  • ‘Financial Times’: “cocaína na Espanha coloca Bolsonaro sob pressão”.
  • ‘New York Times’  “Pó branco, rostos vermelhos: carga de cocaína a bordo de avião presidencial do Brasil”.
  • ‘Le Monde’, de Paris: Bolsonaro foi sacudido pelo “Aero Coca”, depois de 39 quilos de cocaína terem sido descobertos
A própria Aeronáutica, que é uma corporação idônea, certamente está empenhada nessa apuração.
O que faz o Ministro da Justiça, Sérgio Moro? Sua primeira atitude é afirmar que foi um caso isolado, antes mesmo de qualquer análise.
(Tweet)
Não se duvide da honra da FAB. Mas o pré-julgamento de Moro, transformando um indício preocupante, de organização criminosa atuando na FAB, em “ínfima exceção” visa exclusivamente fortalecer o apoio militar a ele, no momento em que é exposta sua parcialidade na Lava Jato. E no momento em que vai aos Estados Unidos, com a desculpa de se inteirar de técnicas na luta contra o tráfico. E o responsável pela segurança do voo, General Alberto Heleno, diretor do GSI, explica que não tem o dom da adivinhação, incluindo um componente novo nas normas de segurança: a adivinhação.
Pior! Servindo a um governo sobre o qual pairam suspeitas sérias de envolvimento com o crime organizado, as milícias, contra as quais Moro, até agora, não definiu uma estratégia de combate.
No mesmo momento, o 3º filho, Carlos Bolsonaro, tuitava mensagem de apoio ao PL 1379/19 que, como explica com seu estilo tormentoso, “anistia multas transportes coletivos que circulam nas faixas de ônibus”.
Ora, transportes coletivos é um dos setores preferenciais de atuação das milícias no Rio de Janeiro. É mais um avanço da economia do crime sobre a economia formal.
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Simultaneamente, o inacreditável Ministro da Educação Abraham Weintraub faz a defesa mais esdrúxula do governo, reeditando a máxima “sou, mas quem não é?”

(Tweet)

Enquanto isto, permanecem intocados Flávio Bolsonaro, o lugar-tenente Queiroz, as investigações sobre a autoria da morte de Marielle.