segunda-feira, 24 de junho de 2019

QUEM ERA QUEM NA ORGANIZAÇÃO, APONTA NASSIF

Diz-se que os acontecimentos dos últimos dias fazem lembrar, guardadas as devidas proporções, 'Todos os Homens do Presidente' (aqui), mas os espectadores mais perspicazes se põem a estabelecer elos com 'Investigação Sobre Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita' (aqui). Já outros não estão ligando a mínima. Admitida democraticamente a opinião de cada um, quem sabe o que há não é um coquetel de tudo isso? 
(ggn)
Moro era personalidade dominante na organização Lava Jato
Por Luis Nassif (No GGN)
Há dificuldade cada vez maior de construir uma contra narrativa em cima do dossiê Intercept.
  1. O álibi padrão, o chamado fruto da árvore envenenada – o telefone foi hackeado, logo o processo deve ser anulado – vale para processos judiciais, não para furos jornalísticos. E foi desmoralizado pelas próprias mensagens de Deltan Dallagnoll, defendendo o jornalista que divulga dados vazados.
  2. Para conseguir um contraponto aos juristas que questionam a parceria Moro-Lava Jato, Época se valeu de uma “advogada constitucionalista”, recém-formada, sem currículo Lattes, sem que sua especialidade constasse sequer do Linkedin (aqui).
  3. Josias de Souza louvou a atitude de Sérgio Moro, de condenar o vazamento da relação de políticos que consta da delação da JBS. Forçou a interpretação. As conclusões do episódio são totalmente opostas:
    • Moro não era contra vazamentos, mas contra a oportunidade daquele vazamento, naquele momento, que poderia expor a operação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
    • O diálogo comprova que Moro era a personalidade dominante da Lava Jato; Dallagnol apenas o discípulo, encantado com a capacidade do mestre de enfrentar o perigo.
    • No dia seguinte ao vazamento da lista de políticos, Moro envia a planilha ao STF e minimiza sua gravidade (aqui).
  4. Teori Zavascki era obstáculo a dois movimentos: ao arbítrio da Lava Jato e à blindagem do sistema, conforme se pode conferir na gravação em que Romero Jucá e Sérgio Machado discutem sobre o grande acordo (aqui).
  5. A exemplo do caso Cachoeira-Robert Civita, nos próximos dias a Lava Jato e parças da mídia tratarão de levantar algum escândalo antigo que permita cobertura diária para competir com a estratégia do The Intercept. 
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Ok, mas não é de agora que se percebe que o senhor ministro era a personalidade dominante. Aliás, podia-se antever isso desde março de 2014, com a providencial desmoralização do Princípio do Juiz Natural e a consequente concentração de todos os poderes e processos judiciais nas mãos do então juiz de base.

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