quinta-feira, 30 de junho de 2016

FURIBUNDOS, MUITOS DOS QUE VOTARAM PELO BREXIT ACHAM AGORA QUE FIZERAM BESTEIRA


Marian Kamensky. (Eslováquia).

A FIBRA DA VÍTIMA E A TIBIEZA DO PARTIDO


Fadiga na resistência ao golpe: galinha sem cabeça corre só uns minutinhos antes de cair morta

Por Romulus

– Por que Lula não deixou a Globo ir a pique em 2002.
– Lembremos do escorpião e do sapo da fábula. Não esqueçamos do pequeno animal traiçoeiro e peçonhento. E, principalmente, do seu ferrão, que responde a instinto atávico e não à razão.
– A tibieza do PT e dos políticos de esquerda em geral frente à fibra da aguerrida Dilma Rousseff.
– Passemos por cima da frustração e não deixemos a brava Dilma (ainda mais) sozinha no seu tiro final nos últimos 100m da maratona.
*    *   *
Os parágrafos a seguir são parte de discussões privadas da semana passada com dois novos amigos-gurus com que a vida – e o golpe! – me presentearam: a Maria, já conhecida de vocês (daqui e daqui), e o mago ‪@merlim‪, que, se não conhecem ainda, deveriam.
Caros amigos-gurus, perdoam a inconfidência?
Não pretendia publicar essas avaliações.
No entanto, membros da resistência democrática, com quem comentei ideias na mesma linha, consideraram fundamental tornar públicos as avaliações e os alertas que seguem, neste momento decisivo. Decisivo para o golpe e para a democracia (ou não) no Brasil.
Eis parte do que lhes escrevi:
*    *   *
Erro fatal?
Por que Lula não deixou a Globo ir a pique em 2002:
Por ter sido exposto precocemente às discussões políticas polarizadas dos meus pais – o tucano de primeira hora naqueles anos 80, da direção da empresa multinacional, vs. a brizolista sindicalizada da empresa estatal – passei pelas fases de “amadurecimento” (desilusão?) mais cedo que a minha idade cronológica. Assim, que me lembre, com menos de 20 na eleição do Lula em 2002, já era mais pragmático que idealista.
Pensava então que um embate de frente com a mídia naquele início, em que se vivia uma crise (mais uma...), seria temerário. Uma aposta muito arriscada. Qualquer iniciativa do Executivo seria possivelmente revertida no Senado, onde a oposição tinha grande força, ou no STF, que naquela altura ainda tinha até Ministro indicado por Figueiredo, imaginem vocês!
Talvez algo negociado pudesse ter sido tentado como contrapartida do resgate da Globo pelo BNDES. Mas naquela altura o PT ainda estava sentindo a temperatura da água da piscina e sonhou (delirou?) com o apoio de uma Globo oficialista. Lembremos do gostinho desse sonho-delírio petista com Lula co-ancorando o Jornal Nacional – da bancada! – junto com o casal JN ao vivo após a eleição.
Certamente neste, e em outros momentos, faltou um estraga-prazeres, um espírito de porco montado na biga do general Lula, soprando-lhe ao ouvido:
– Lembra-te que és mortal!*
[*Nota: Socorre-me o Mário Sérgio Cortella:
“Os romanos da Antiguidade tinham um hábito muito importante: todas as vezes que um general, um líder importante, voltava de uma dura batalha com uma retumbante vitória, ele entrava na cidade de Roma e tinha que deixar o exército do lado de fora, num grande campo aberto, que era chamado de Campo de Marte – dedicado ao deus da guerra. O general subia numa biga, aquele carro de combate com dois cavalos, conduzida por um escravo. O líder se apoiava na lateral da biga para ser aclamado pelo povo. E atravessava toda a cidade de Roma até o senado, onde seria agraciado com a maior honraria que um general poderia receber naquela época: uma bandeja com folhas de palmeiras em cima.
(...)
O general ia em direção ao senado e, por lei, um segundo escravo acompanhava a biga a pé. Esse segundo escravo tinha uma obrigação legal: a cada quinhentas jardas, ele tinha que subir na biga e soprar no ouvido do general a seguinte frase: ‘Lembra-te que és mortal,. A biga se deslocava mais quinhentas jardas, e ele sussurrava novamente o alerta.
Já imaginou? Tem gente que precisaria de alguém com cargo e função que, ao menos uma vez por semana, grudasse nele e dissesse: ‘Lembra-te que és mortal’”
Fim da Nota*]
Na falta do conselho romano, faltou ainda alguém com a lembrança vívida das histórias com que embalava a si a mãezinha na hora de dormir. Existisse, sopraria no ouvido do (não-) infante Lula:
– Lembra-te do escorpião e do sapo da fábula – aliás, o sapo era barbudo??
E arremataria:
– Não esqueça do pequeno animal traiçoeiro e peçonhento. E, principalmente, do seu ferrão, que responde a instinto atávico e não à razão.
[Nossa! “Ferrão”... “razão”... até rimou!]
Ressalva importante:
É sempre mais fácil prever o passado do que o futuro, não é mesmo?
Os mandatos de Lula foram um êxito inquestionável, mesmo descontando todos os seus erros dos seus acertos. O saldo é claramente (bastante) positivo. Isso é ainda evidente, não obstante os últimos dois ou três anos de desconstrução da sua imagem.
Fazer ajustes na fórmula poderia ter trazido resultados melhores. Mas também piores.
Nunca saberemos.
De qualquer forma, não nos esqueçamos dessa lição do passado para tentar prever um pouquinho melhor o futuro da próxima vez.
*    *   *
A tibieza do PT e dos políticos de esquerda em geral
Há algo que sempre admirei em Dilma Vana Rousseff – a presidente e, antes dela, a ministra de Lula e a candidata.
A mulher é “boa de chegada”.
Não esmorece nos momentos mais difíceis.
Ao contrário: cresce neles de maneira espantosa.
Vejo nela aquela maratonista nata, que nos últimos 100m decisivos dos 42km da prova – mas, infelizmente, às vezes apenas nesses 100m finais mesmo, para nossa exasperação – dá o sprint, aquele tiro que a faz disparar à frente dos adversários e garante a vitória.
Foi assim quando acossada pelo factoide da “planilha da dona Ruth”. Resistiu low profile até se levantar com altivez e destruir Agripino Maia em arguição no Senado.
[linko o vídeo – mais uma vez aqui no blog – porque quem me conhece sabe que não canso de vê-lo e revê-lo]
Foi assim (2) no segundo turno de 2010, derrotando o obscurantismo que José Serra escavou de algum aterro sanitário para montar em cima e usar de plataforma eleitoral.
Foi assim (3) no segundo turno de 2014, derrotando o inacreditável Aécio Neves, numa campanha duríssima e truculenta. Quem há de esquecer seus saltos empolgados no TUCA ao som de “quem não pula é tucano”, incendiando a militância dos jovens? Quem há de esquecer o bordão que (re) criou: “nem que a vaca tussa!”?
Tem sido assim no 37° turno da eleição de 2014, disputado agora em 2016. Socorram-me: já estamos no 37° turno ou me perdi na conta?
Que 37° turno é esse, meu Deus?
A votação final do Golpeachment no Senado, ora!
Sim, essa é Dilma Rousseff.
Aconteça o que acontecer, palmas para a sua resistência. Não esmoreceu com as inúmeras traições, injustiças, ilegalidades, baixezas, mesquinharias, ataques a honra e mentiras mil do consórcio do golpe:
– PMDB/PSDB, velha mídia familiar, MPF/PGR, PF, Moro e (parte (?) do...) STF.
Sem esquecer nunca do Department of Justice (e a NSA?) dos EUA, cujos dossiês animam há anos a dimensão jurídico-policial do golpe.
Não é verdade, Dr. Janot?
Está guardando o dossiê da Eletronuclear dado a si nos EUA, entre os demais, para usar quando?
Atente o Sr.: estamos a ver que a Justiça Federal do Rio de Janeiro não tem feito o “bom serviço” que se faz no Paraná.
Talvez seja hora de o Sr. chamar a bola a si e “matar no peito”.
Pergunte ao Ministro Gilmar como é que se faz...
Pois bem.
Dilma é uma resistente.
Sempre foi: dos 18 aos 68 anos.
Aliás, notem bem o número redondo: a Sra. Presidente conta já meio século de luta e resistência infatigável.
Bravo!
Na verdade, brava!
Mas...
Para o bem e para o mal, Dilma não é o PT e o PT não é Dilma.
A performance, desde antes de Dilma ser afastada, da cúpula do PT, dos demais partidos de esquerda, dos movimentos sociais e das centrais sindicais – e não de sua militância de base, bem entendido! – tem deixado muuuuuuuuito a desejar, para dizer o mínimo.
Exemplo mais flagrante, com protocolo na Justiça e tudo?
Coube ao PDT – e não ao PT! – questionar a reforma administrativa implementada no dia 1 do “interinatoO PT não adotou, desde o início do governo interino, a guerrilha jurídica que eu esperaria.
Mas o que motiva essa tibieza?
(i) A certeza de que o Judiciário e o MP são conservadores e seriam fatalmente derrotados?
(ii) Terem até ontem “dormido com o inimigo” – o mercado! – e sonharem com dormirem com ele amanhã de novo? De forma que deixam os golpistas fazerem pelo amigo em comum – mercado! (2) – o que eles mesmos nunca poderiam fazer estando no poder, por temor das bases?
(iii) Ou, até mesmo num cálculo eleitoral pequeno, veem ser mais vantajoso ser oposição a um governo abertamente neoliberal e necessariamente antipopular? E com isso não se opõem à sua consolidação, para não matar precocemente o “inimigo perfeito”?
(iv) Ou, finalmente, o silêncio decorre apenas do garrote que Judiciário e MP mantêm no pescoço de Lula e de outras lideranças do PT?
Seja o que for, parece que não haverá por parte dos partidos a resistência feroz que eu esperaria em CNTP - Condições (a-) Normais de Pressão e Temperatura.
Outro exemplo cristalino?
Quando o Pedro Parente diz que já tem “3 ofertas para compra da BR Distribuidora”, caberia à presidência dos partidos de esquerda fazer um ato em que seus presidentes dissessem não reconhecer o governo, a nova direção da Petrobras e nenhuma alienação de ativos por ela realizada. Ato contínuo, assinariam declaração em que se comprometeriam a rever quaisquer alienações tão logo voltassem ao poder, garantindo, na re-afetação dos ativos à Administração Pública, o menor prejuízo à mesma – às expensas das empresas-abutre que se aventurassem nessa “xepa” golpista.
Pergunta:
[mais retórica impossível!]
– Vocês veem o Rui Falcão fazendo algo do gênero?
*    *   *
Como comentei no post enciclopédico de ontem, “Cameron tira faca do pescoço da UE, mas usa o punhal para fazer um haraquiri: todos os bastidores políticos do ‘Brexit”, dei um tempinho no blog na semana passada para cuidar um pouco melhor de mim, da casa e da família. Todos – e outros – tem sido tão negligenciados nos últimos tempos...
Ao que parece, o fenômeno não se deu apenas comigo.
Notou-se que a militância esmoreceu um pouco.
Isso se deu nos atos – cadê os atos? Cadê as ruas? – mas até mesmo no twitter e no Facebook.
E por que uma militância – tão aguerrida! – que se comportava de maneira mais que exemplar antes e logo após o afastamento da Presidente Dilma, deu um passo atrás?
Pelo motivo que mencionei acima, ora!
Não tem eco nas lideranças...
Aliás, pode-se dizer até mesmo que lideranças não as há.
A militância não vê a sua ação e o seu esforço se refletirem na atuação da cúpula.
Qual cúpula?
Novamente: do PT, dos demais partidos de esquerda, dos movimentos sociais e das centrais sindicais.
Como resistir, meus caros?
Entendo perfeitamente.
Mas peço, encarecidamente, que, como eu, passem por cima da frustração e não deixem a brava Dilma (ainda mais) sozinha no seu tiro final nos últimos 100m da maratona. Já estamos no sprint final.
*    *   *
Em tempo:
A esse propósito, linko uma cena bastante forte do filme “Babel”, em que Gabriel Garcia Bernal corta a cabeça de uma galinha, cujo corpo, acéfalo, continua correndo doido, de um lado para o outro, até fatalmente cair morto.
Entenderam a metáfora ou preciso explicar?
*    *   *
Amigos da militância que pediram:
O recado está dado.
....
(Fonte: Jornal GGNaqui).

CARTUM ATEMPORAL


Duke.

SOBRE O FURTIVO ENCONTRO CUNHA TEMER (E MAIS)


Ponto de encontro

Por Jânio de Freitas

Michel Temer e seu governo agem para salvar Eduardo Cunha na Câmara. Talvez não fosse preciso dizer mais nada sobre a atitude de Temer. Afinal, apesar de todo o esforço da Lava Jato e dos pró-impeachment para incriminar petistas, na opinião nacional ninguém simboliza mais a calamidade política do que Eduardo Cunha. Está dito quase tudo sobre protetor e protegido. Mas Temer leva a algumas observações adicionais.
Descoberto por jornalistas o encontro sorrateiro de Cunha e Temer na noite de domingo (26), o primeiro fez o que mais faz: negou. Não falava com Temer desde a semana anterior. Com a mentira, comprovou que a combinação era de encontro oculto. O segundo deu esta explicação: "Converso com todo mundo. Embora afastado, ele é um deputado no exercício do seu mandato".
A frase é uma medida da lucidez de Temer ou da honestidade de sua resposta ao flagrante: "afastado" mas "no exercício do mandato". Nada de muito novo. Mas a pretensa justificativa de que "conversa com todo mundo" excede o aspecto pessoal. Se é isso mesmo, em quase seis anos de convívio com o Poder ainda não o compreendeu. À parte a liturgia do cargo, de que Sarney tanto falou, o Poder requer cuidados com sua respeitabilidade. Ao menos no sentido, tão do agrado de jornalistas brasileiros, cobrado às aparências da mulher de César.
O sítio de alto luxo não combina, mas não tira o título do Palácio do Jaburu, nem, muito menos, a sua condição de uma das sedes do mais alto poder governamental. O recepcionado aí para a barganha de espertezas não é, porém, como "todo mundo". É um múltiplo réu no Supremo Tribunal Federal, tão excluído do exercício de mandato que está proibido até de simplesmente entrar na Câmara dos Deputados, Casa aberta a todos. Proibição, ao que consta, sem precedente. Não no conceito, de moralidade ao menos duvidosa, que o atual morador aplica ao uso do palácio de governo.
Eduardo Cunha viu-se necessitado de reforço em duas instâncias. Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, à qual encaminhou recurso contra a decisão do Conselho de Ética, que o considerou passível de perda do mandato. E também na substituição de Waldir Maranhão, em exercício na presidência da Casa, por alguém de sua confiança, para assegurar-lhe decisões favoráveis nas manobras de defesa ao ser julgado em plenário.
Já na segunda-feira (27), Temer fazia iniciar a ação do seu pessoal em favor da eleição de Rogério Rosso para presidir a Câmara. É o preferido por Eduardo Cunha. E viva a nova (i)moralidade.
POR DENTRO DO FORA
A ordem de Michel Temer para suspender a cobertura oficial (Obs. deste blog: a cargo da TV estatal NBR) de sua presença fora de Brasília não é, como alegado, para reduzir gastos. É nenhum o custo de um fotógrafo ou cameraman já integrante da comunicação oficial. O problema está na impossibilidade de eliminar, nas gravações, o frequente "Fora, Temer", dito ou escrito. Sem encontrar outra solução, foi considerado preferível eliminar os registros.
Apesar de imprensa e TV não o noticiarem, coros de "Fora, Temer" estão pelo país todo. No espetáculo do Prêmio da Música Brasileira, por exemplo, o Teatro Municipal do Rio explodiu em repentino "Fora, Temer". Coisas assim acontecem todos os dias, numerosas.
ACHADO PERDIDO
Por falar no mal ou não noticiado, a Lava Jato encontrou nas ligações de celulares de Léo Pinheiro, presidente da OAS, troca de mensagens com Fernando Bittar tratando das obras no sítio de Atibaia, como proprietário associado a Jonas Suassuna Filho. Não foi um bom achado para a tese da Lava Jato e da imprensa/TV sobre a propriedade.
(Fonte: Folha de São Paulo; texto reproduzido no Jornal GGN - aqui).
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É isso, senhor analista: Viva a nova (i)moralidade.
(Nenhuma surpresa se, em breve, ecoar pelo Planalto notável observação ouvida tempos atrás em São Paulo, feita por importante figura, à época em apuros; algo como: "Amigo que é amigo não deixa o parceiro ferido, na beira da estrada!").

REFUGIADOS PASSAM A SER AINDA MAIS CERCEADOS (II)


Raed Khalil. (Síria).

REFUGIADOS PASSAM A SER AINDA MAIS CERCEADOS


Mileta Miloradovic. (Sérvia).

ENFIM, VAI A JULGAMENTO O APOLOGISTA DA TORTURA


Clayton.

O BRASIL, O MUNDO E A CRISE NA MÍDIA


Falência e corte. Crise na mídia é grave

Por Altamiro Borges (Do Instituto Barão de Itararé)

Em artigo publicado neste domingo (26), a ombudsman da Folha, Paula Cesarino Costa, até fez um baita esforço para relativizar a crise vivida pelo jornal que a emprega. Mas, com base nos próprios dados apresentados no texto, fica evidente que a situação é dramática. Ao tratar dos correspondentes do diário no exterior, ela relata que "a rede murchou. Sucumbiu ante os altos custos em moeda forte e a evolução tecnológica que trouxe acesso instantâneo à notícia em qualquer lugar do mundo". Quase não há mais jornalistas em outros países. O mesmo quadro de cortes e até de falências é vivido pelo restante da imprensa tradicional - e não apenas da mídia impressa. A agonia do setor é crescente.

No seu relato, a ombudsman registra que, no passado, a Folha teve um forte time no exterior. "Paris, Londres, Roma, Berlim, Moscou, Nova York, Washington, Miami, Chicago, Jerusalém, Pequim, Buenos Aires e Tóquio. A exaustiva lista de cidades espalhadas por todo o mundo representava, em 1991, a rede de correspondentes internacionais da Folha... O jornal não possui hoje hoje nenhum jornalista contratado baseado no continente europeu. Dispõe de apenas quatro correspondentes, sendo dois deles bolsistas: nos EUA (Washington e Nova York) e América Latina (Buenos Aires e Caracas). Usa extensa lista de colaboradores em várias cidades, com diferentes tipos de vínculo com o jornal".
Ela destaca que "a crise não é só brasileira, nem só da Folha. Grandes jornais americanos reduziram à metade seus escritórios de trabalho no exterior". E lamenta o triste cenário: "O olhar próprio em terra estrangeira dá força e originalidade ao relato jornalístico. Nada substitui a presença do profissional nos grandes (e pequenos) acontecimentos". Ela dá como exemplo da perda de qualidade a "timidez jornalística" na cobertura do plebiscito no Reino Unido, que pode implodir União Europeia. No final, Paulo Cesarino até se esforça para convencer o leitor que, apesar da decadência, a Folha não perdeu a sua qualidade. "A redação em São Paulo tem hoje vários ex-correspondentes. Isso enriquece o debate jornalístico, permite a realização de reportagens à distância, dá fôlego para textos de apoio". 

Agonia no mundo e no Brasil

O artigo da ombudsman da Folha é mais uma prova da agonia da mídia tradicional - principalmente dos meios impressos. Vale exemplificar com alguns casos mais recentes, Em maio passado, o jornal britânico "The New Day" anunciou o fim de sua edição diária. O motivo foi a queda nas vendas em bancas, o que tornou a publicação financeiramente insustentável. "Embora tenha recebido críticas positivas e construído uma forte rede de seguidores no Facebook, a circulação do jornal ficou abaixo das nossas expectativas", informou o Grupo Trinity Mirror. A mesma empresa vem sofrendo quedas de circulação em seus jornais regionais e no "Daily Mirror", o tabloide que é seu principal título.

Dias antes, no final de abril, o "New York Times", um dos símbolos da imprensa ocidental, anunciou o fechamento da sua sucursal e gráfica em Paris, com a dispensa de 70 profissionais. Segundo Sidney Ember, em texto postado no próprio diário, a decisão faz parte "da proposta para mudar o projeto do jornal internacional publicado pelo grupo em papel, e simplificar o processo de edição e produção, de acordo com memorando interno enviado ao pessoal do 'International New York Times'. A empresa concentrará as operações de edição e pré-produção gráfica em Nova York e Hong Kong". E o autor conclui: "Como a maioria das publicações em papel, o 'NYT' continua a enfrentar dificuldades para compensar a perda de circulação e de faturamento publicitário de sua edição em papel".
Já no Brasil, o caso mais recente da agonia na mídia impressa é bastante emblemático. Ocorreu com o "Jornal do Commercio", o mais antigo diário do país - editado há 188 anos. Em 29 de abril, circulou a sua última edição. O motivo alegado pelo grupo Diários Associados foi o da brusca queda da receita em publicidade. Com o fim da edição em papel e da sua verão digital, 30 jornalistas foram demitidos. O restante da equipe foi "reaproveitada" na Rádio Tupi, que ainda pertence aos Diários Associados. Segundo o presidente do "Jornal do Commercio", Mauricio Dinepi, o fim do jornal era inevitável: "Os anunciantes estão deixando com muita rapidez a mídia impressa e cada dia fica mais difícil".
Crise terminal da Band?
Mas na era da internet e das novas formas de comunicação, como já teorizou o renomado intelectual Ignacio Ramonet no livro "A explosão do jornalismo - Das mídias de massa à massa de mídias", não é apenas a mídia impressa que agoniza. Os impactos também são sentidos nas emissoras de rádio e televisão. No início de maio, uma auditoria concluiu que as operações da Grupo Bandeirantes - que controla a Band e outros canais de TV e rádio - correm sério risco de continuidade. Vale conferir a reportagem de Lígia Mesquita, do blog Outro Canal, sobre a decadência do império da famiglia Saad:
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Relatório da auditoria Ernst & Young em cima do balanço financeiro de 2015 do Grupo Bandeirantes diz que "há dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia". O balanço foi publicado no jornal "Metro". Segundo a auditoria, o Grupo Bandeirantes tem prejuízos acumulados consolidados na ordem de R$ 440 milhões (era de R$ 363 milhões em 2014, segundo valores da época). Um alto executivo da Band nega qualquer risco de continuidade da operação. O canal anunciou nesta semana que não exibirá o Campeonato Brasileiro por questões financeiras. Na quinta-feira (5 de maio), o Yahoo publicou que a Turner estaria negociando a compra de 30% da Band. Procuradas, Turner e Band dizem não comentar especulações.
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No mesmo rumo, o jornalista Ricardo Feltrin postou no jornal "A tarde" um longa matéria, intitulada "Band enfrenta pior crise e poder cair para quinto lugar no Ibope", em que destrinha a decadência do grupo presidido por Johnny Saad. Segundo afirma, "a Band vive hoje seu pior momento desde que foi fundada nos anos 60 por João Jorge Saad (1919-1999). Endividada, quase sem nenhum programa relevante, a emissora agora sofreu um novo e duríssimo golpe: perdeu definitivamente a parceria com a Globo para cotransmissão do futebol brasileiro".
"Nos últimos anos a Band, seja na média de audiência em território nacional, seja aqui em Salvador, sempre esteve na quarta posição, atrás de Globo, Record e SBT. A média de Ibope da Band das 7h à 0h hoje está em pouco mais de 2 pontos. Em parte, esse quarto lugar até agora vinha sendo mantido justamente graças ao futebol e, até pouco tempo atrás, ao programa Pânico. De repente, de uma só vez, tudo parece ter desabado: dívidas elevadíssimas em dólar começaram a vencer; os anunciantes começaram a escassear; os programas que antes eram arrimo de audiência, como o Pânico, entraram em crise de criatividade; e agora mais essa pancada: perdeu também o futebol".
"Cerca de dois anos atrás, a Band até tentou reduzir seu estoque de dívida: vendeu antenas, transferiu ou arrendou concessões de rádio, e, principalmente, vendeu muito mais horários de sua grade para igrejas e outros produtores independentes. O problema é que, com essa estratégia, a emissora criou uma arapuca para si própria". Com a venda do horário nobre para a igreja "Internacional da Graça", a audiência despencou para quase zero e os anunciantes sumiram. "Mas isso ainda nem é o pior: o pior mesmo é que a emissora da família Saad vai ter de tomar alguma medida profunda e (muito) dolorosa para sair da crise financeira em que se meteu, e que soma quase meio bilhão de reais em dívidas". O boata que circula é que a Band está bem próxima da falência!
Internet e crise de credibilidade
Como aponta o livro já citado, vários são os fatores que explicam a brutal crise da mídia tradicional. Ignacio Ramonet, porém, destaca dois: o crescimento da internet, que reduz a tiragem e a audiência dos veículos e, como efeito, espanta os anunciantes; e a acelerada perda de credibilidade dos jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão cada vez mais partidarizados e manipuladores. A queda da receita em publicidade é uma tendência mundial. O governo brasileiro só percebeu tardiamente esta mudança de paradigma, aplicando de forma mais eficiente os seus recursos em publicidade oficial.
Um levantamento de Fernando Rodrigues, da Folha, revela que, em 2015, houve queda acentuada dos gastos publicitários em todos os meios, com exceção da internet. A redução dos recursos em televisão foi de 25%, nos jornais de 42,2%, nas rádios de 22,7% e nas revistas de 44,2%. Já a publicidade na internet cresceu 11,6%. "Com isso, a participação do meio digital nos investimentos totais alcançou 12,54% – o que representa um percentual muito inferior à média internacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, o meio digital abocanha 31,6% dos investimentos totais e já se aproxima da televisão... No Brasil, a grande distorção ainda é a televisão, que recebe 65% dos investimentos, enquanto, nos EUA, a participação é de 37,9%. Meios impressos, lá como aqui, vêm perdendo participação no bolo total, em razão da migração dos leitores para plataformas digitais – sobretudo, os smartphones".
Já a questão da perda de credibilidade foi confirmada por uma pesquisa recente realizada pelo instituto Ideia Inteligência. Ela não atinge apenas os meios impressos, como jornais e revistas. Afeta também duramente os telejornais. Segundo o levantamento, que ouviu 800 empresários, apenas 7,9% dizem confiar sempre no noticiário das emissoras de televisão. Outros 39,6% afirmam crer "muitas vezes". A pesquisa restrita ao chamado "mundo corporativo" serve para orientar os anunciantes privados, o que reforça a tendência de queda na receita publicitária. Como se observa, a crise é grave!
Em tempo: É preciso enfatizar que nem todos perdem neste cenário de decadência da mídia privada. Os jornalistas são demitidos, arrochados e precarizados. A qualidade dos produtos - jornalísticos, culturais e de entretenimento - deteriora-se ainda mais. Mas os patrões seguem acumulando fortunas. Tanto que os três filhos de Roberto Marinho seguem no ranking da Forbes como os maiores ricaços do Brasil. Alguns serviçais destes impérios também não têm do que reclamar. Reportagem recente de Keila, do site R7, dá alguns exemplos das enormes distorções existentes na mídia comercial.
Ela cita Fausto Silva, da TV Globo, que recebe R$ 5 milhões por mês e "é o apresentador mais rico da televisão brasileira"; Galvão Bueno, "que recebe mensalmente algo perto dessa quantia na Globo"; Ana Maria Braga e Luciano Huck, "que com as participações em merchandisings recebem algo em torno de R$ 1 milhão mensais"; e Jô Soares e Angélica, "que têm salário na casa dos R$ 500 mil". A maioria destes privilegiados aderiu as marchas golpistas contra a presidenta Dilma e adora posar de "indignados" com a situação do Brasil. Haja cinismo! (Aqui).

AS PIPAS


Mehdi Azizi. (Irã).

UM POUCO DE HISTÓRIA: COMO COMEÇAM (E SE INSTALAM) AS DITADURAS


Ditadura começa com boas causas

Por André Araújo

Nenhuma ditadura começa anunciando que fazer o mal. Todas as ditaduras nascem anunciando boas intenções. A razão é evidente: no começo os potenciais ditadores ainda não têm todo o poder, ainda não estão firmes, precisam dar boa impressão para muitos grupos que poderiam derrubá-los, MAS assim que firmes no poder mostram a verdadeira cara e tornam-se autoritários e depois ditadores sem máscaras. Os ditadores vão testando o terreno com cuidado, testam os limites de seu poder, passo a passo, a cada etapa ousam mais, precisam ver até onde os adversários recuam.
Estes têm a tática de acovardamento defensivo, não enfrentam o ditador em construção, fingem que o apoiam porque acham que ele não vai até o fim e vão cedendo, achando que assim fazendo são espertos; quando o ditador em seu caminho ascendente ataca um adversário, aquele que não foi ainda atacado acha que foi poupado e até elogia o ditador porque este atingiu um rival sem perceber que ele pode ser a próxima vítima. Esse roteiro aconteceu exatamente assim na Itália fascista e na Alemanha nazista.
O ditador em potencial é geralmente muito inteligente, ele nunca ataca frentes de uma vez, é uma por vez, quem ainda não é atacado fica contente pensando "eu estou seguro".
Ao fim do processo de uma ditadura ninguém está seguro e todos serão dominados. Na Itália do pós Grande Guerra o nascimento do fascismo vinha com bases ideológicas anteriores do direitista monarquista Charles Maurras e do sindicalista Georges Sorel.
Mussolini, que começou a vida política no socialismo, percebeu que o caos da Itália pós Grande Guerra abria um espaço para líderes autoritários que pudessem colocar alguma ordem em uma nação esfacelada, em crise econômica, que sequer teve recompensas territoriais com sua participação na Guerra aos lado dos Aliados; na realidade, a Itália perdeu território.
Mussolini formou uma Marcha sobre Roma e recebeu apoio da burguesia, assustada com as ocupações de fazendas e fábricas pelos comunistas, e da Monarquia, que via o país em anarquia e achava que um líder autoritário viria em boa hora em benefício da Casa Real. A natureza mais perversa e persecutória do fascismo ainda não estava clara, mas assim ficou com o assassinato do deputado anti-fascista Giacomo Matteotti por um bando chefiado pelo miliciano Amerigo Dumini. Mesmo assim, a burguesia continuava a apoiar Mussolini, que chegou ao apogeu de  prestígio com o Tratado de Latrão, regularizando a situação política do Papado e criando o Estado do Vaticano, no coração da Itália.
Mussolini era muito bem visto até na Inglaterra, onde os conservadores elogiavam o líder fascista, Churchill era seu entusiasmado admirador até a invasão italiana da Abissínia em 1935, que atingiu a área de influência do Império Britânico. Na Alemanha, a vitória do Partido Nazista em 1933 era vista com simpatia pelos industriais do Ruhr, onde um de seus líderes, Fritz Thyssen, era um dos principais financiadores do Partido, sendo inclusive eleito deputado nas eleições de março de 1933. Thyssen apoiou Hitler até se desencantar após a Kristalnacht, a "noite dos cristais", entre 9 e 10 de novembro de 1938, quando lojas e sinagogas foram incendiadas, 91 judeus mortos e 30.000 feitos prisioneiros, 1.000 sinagogas queimadas, sendo 95 em Viena.
O Exército alemão foi conquistado por Hitler, que atendeu a seu desejo de desarmar as milícias nazistas na Noite dos Longos Punhais, na realidade três dias de matança das lideranças milicianas entre 30 de junho e 2 de julho de 1934, quando Hitler sacrificou seu antigo apoiador Ernst Rohm para atender a seu pacto com o Exército.
Assim industriais e exército foram atendidos por Hitler até que ambos fossem por ele dominados quando Hitler já tinha um poder incontestado. Thyssen acabou preso por Hitler mas fugiu para a Argentina, morrendo em Buenos Aires, a família Thyssen se dispersou pela Argentina, Brasil e EUA.
O grande ponto de apoio de Hitler para ser indicado Chanceler em 1933 pelo Presidente da República de Weimar, o Marechal Paul von Hindenburg, foi o político tradicional Franz von Papen - nobre e militar, havia atuado como Adido Militar alemão em Washington até a Primeira Guerra.
Von Papen, do Partido do Centro, católico, avalizou Hítler perante Hindenburg, que se recusava a nomeá-lo Chanceler, mesmo tendo o Partido Nazi conquistado um terço do Parlamento, (sendo) o mais votado entre todos os partidos, mas, sem maioria, precisava coligar-se, o que foi costurado por von Papen.
Hitler, até 1932, tinha inclusive admiradores na Inglaterra: Churchill chegou a pedir um encontro com ele, foi marcado um almoço no Hotel Regina em Munique, mas Churchill não conseguiu viajar a tempo e perdeu o encontro.
Hitler foi assim conquistando poder passo a passo, sem assustar a todos ao mesmo tempo. Uma vez Chanceler, pouco tempo depois tornou-se ditador e com a morte de Hindenburg assumiu poderes totais como Fuhrer da Alemanha, abolindo a função de Presidente da República; ainda precisava conquistar o Exército, o que conseguiu em 1934.
O que nos ensina a trajetória das ditaduras é essa conquista do poder etapa por etapa, e não de uma vez, MAS é fácil reconhecer o processo em marcha. O movimento autoritário vai testando o terreno passo a passo, os antigos donos do poder vão também cedendo passo a passo, achando que assim estão sendo espertos e vão mais adiante dominar o movimento autoritário. A história mostra que esses "espertos" serão a próxima vítima. Acham ótimo quando os autoritários destroem o partido inimigo sem perceber que o objetivo do movimento é destruir TODOS os partidos, não vai sobrar nenhum como não sobrará Congresso ou Supremo, todos serão engolidos, com o apoio da IMPRENSA, que na Itália e na Alemanha de início apoiaram os ditadores em potencial, para depois serem inteiramente dominadas pela ditadura.
A grande bandeira dos ditadores é uma CAUSA nobre à qual todos devem se sujeitar. É essa causa que justifica o autoritarismo e o poder total, é em nome dela que tudo o ditador pode fazer, porque ninguém vai se opor a uma causa nobre e quem contestar o ditador está se opondo à causa, é um belo truque em que todos caem.
Assim, quem era contra Hitler era porque era contra a Alemanha. Na Itália fascista a causa era reconquistar território perdido, reorganizar o País devastado pela Guerra, tornar a Itália respeitada como potência, que de fato conseguiu em um primeiro momento. O preço a pagar foi suprimir todas as liberdades e garantias individuais; ser contra Mussolini era ser contra a Itália.
Na Alemanha nazista, a causa era revogar as draconianas imposições do Tratado de Versalhes, restaurar a economia e tornar novamente a Alemanha uma potência militar. Como um alemão poderia ser contra?
Ao fim, a burguesia industrial dos dois países viu suas fábricas reduzidas a escombros e os ditadores liquidados levando junto o País que governaram.
A ditadura de "causas" é sempre um mau negócio para os países. De início, todos apoiam a "causa" porque todos são a favor e ninguém é contra. Mas, sob a capa da "causa", se suprimem as garantias, hoje dos corruptos, amanhã de todos e com a desculpa do combate à corrupção acabam todas as liberdades e se toma o poder, sempre em nome da "causa", a boa desculpa; afinal ninguém vai dizer que é a favor da corrupção, então quem combate é sempre herói e vai ganhando Poder; ao fim, as ditaduras são os mais corruptos dos regimes.
Nos EUA a Comissão de Atividades Anti-Americanas do Senado teve poderes semi-ditatoriais nos cinco anos de sua força e prestígio, todos tinham medo do Senador Joseph McCarthy, ele tinha uma "causa", salvar os EUA da infiltração comunista no governo e na cultura: prendeu ou perseguiu mais de 1.000 cidadãos, destruiu a vida de muitas dessas pessoas, alguns cometeram suicídio, outros, como Charles Chaplin, tiveram que fugir do País; tudo isso aconteceu em nome de uma "causa" que parecia patriótica e nobre, mas que na realidade era apenas uma bandeira de um mau caráter.  McCarthy usou o velho truque, se você é contra McCarthy é porque você é um comunista anti-americano.
No seu avanço incessante, testando limites McCarthy tentou perseguir militares do Exército e aí seu limite chegou: o Exército o barrou e o desmascarou; McCarthy teve seu fim inglório. (Fonte: aqui).

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Por falar em ditadura, Bepe Damasco, em seu blog, foi curto, preciso e contundente relativamente ao que se tem visto ultimamente em nosso querido e sofrido rincão:

ABAIXO A DITADURA!

1) Pretenso combate à corrupção que serve como mero pretexto para perseguir e criminalizar um partido com compromissos populares, e ao mesmo tempo proteger setores conservadores, é coisa típica de ditadura.

2) A banalização de prisões preventivas e temporárias por tempo indeterminado, sem condenação definitiva e com base em ilações e conjecturas, é marca registrada dos estados autoritários.

3) A tortura psicológica à qual suspeitos presos são submetidos, mofando na cadeia até que resolvam delatar militantes de determinado partido, é um conhecido sintoma de violação do sistema de garantias individuais, pedra angular dos regimes democráticos.

4) Ações pirotécnicas e truculentas por parte da polícia judiciária, tendo como alvo residências de parlamentares, bem como o cerco e a invasão de policiais camuflados à sede de partido político, seriam endossadas por Pinochet, Médici, Franco, Videla, Salazar e gorilas do gênero.

5) Pré-julgamentos, linchamentos morais e assassinato de reputações de adversários da plutocracia levado a cabo por monopólios midiáticos, sob a justificativa miserável do exercício da liberdade de expressão, não seriam tolerados em países que praticam algo que mereça ser chamado de democracia.

(Para ler o decálogo completo, clique AQUI).

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Convém fazer expressa referência a um fator, melhor, sintoma determinante da instalação de processos ditatoriais:

Algo está errado quando o principal código do país, a Constituição Federal, tem certos dispositivos cruciais tratados com absoluto desprezo, ante o mais conivente silêncio de formadores de opinião e, pior, a 'cabeça baixa' de muitos daqueles que, segundo o artigo 102 da citada Carta Magna, têm a OBRIGAÇÃO de agir como seus mais fiéis e ciosos GUARDIÕES.

NOTA:
Para completar, quando um ministro resolve impor os ditames constitucionais, como fez o ministro Dias Toffoli (aqui) relativamente ao espetáculo em torno do ex-ministro Paulo Bernardo, o juiz responsável(!) pela arbitrariedade veste a carapuça - AQUI - e questiona publicamente a decisão ministerial, sob ampla cobertura da Globo, que também destaca a crítica feita por procuradores do MP, que se dizem, vejam só, PERPLEXOS diante do despacho. Definitivamente, a síndrome Moro se alastrou pelo país, estando egos diversos a transbordar de vaidade...