O país afunda na crise enquanto Temer espera completar o golpe
Por Fernando Brito
Uma pessoa conhecida me conta o que viu ontem no Saara, centro popular de comércio no Rio de Janeiro: lojas e lojas fechadas.
A retração da economia é muito maior do que os jornais, amansados agora, mostram.
A receita de impostos e contribuições (Previdência inclusive) caiu quase 5,5% em maio e 6,7 % no acumulado apenas este ano.
A soma da volta do neoliberalismo ao controle da economia, desde Joaquim Levy, e a paralisação da economia pela onda “moralizante” produziram este estrago.
Vai piorar.
A “política econômica” do Governo Temer, que já era de natureza meramente declaratória – porque nada será implementado até que o esbulho do cargo presidencial seja consumado, como esperam, em setembro – vem perdendo até nisso sua credibilidade.
A necessidade de “fazer média” com as carreiras mais elevadas da máquina pública – em especial o Judiciário – e com governos irresponsáveis do PMDB, como o do Rio de Janeiro, abalou a imagem de força de Henrique Meirelles.
O repasse de R$ 3 bilhões ao Rio – um “remendão” até as Olimpíadas – vai desencadear uma série de pressões de outros governos estaduais, em iguais dificuldades.
E Temer, que não tem força própria e joga tudo na confirmação do afastamento de Dilma, todos sabem, vai ceder.
Para isso o “rombo” no Orçamento foi reestimado – e inflado – para R$ 170 bilhões.
A Veja diz em sua capa que Temer “colhe aplausos na economia” e a da Época que ele “toma medidas para tirar a economia da UTI”.
Ao contrário: trabalha pelo aprofundamento do caos para, então, obter apoio para o massacre de direitos sociais que veio para fazer e, hoje, não tem força para implantar. (Aqui).
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A revista Veja diz que Temer "colhe aplausos na economia", mas... de onde provêm os tais aplausos? Não sei se Veja informa; não leio Veja. De qualquer modo, fica patente o surrealismo analítico da publicação: parafraseando Ivan Lessa, 'O Brasil é o único país do mundo em que autoridades da área econômica colhem aplausos por uma carta de intenções'. Na época d'O Pasquim, as cartas de intenção eram dirigidas ao FMI; agora, à plutocracia tupiniquim.
Na verdade, é preciso aprofundar deliberadamente a crise, para, a partir da terra arrasada, extinguir tudo o que diga respeito aos programas sociais e direitos básicos dos trabalhadores.
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