terça-feira, 30 de abril de 2019

OLHO NOS VÍDEOS


Olho nos Vídeos


.JFT:
Fernando Morais opina sobre Venezuela ..... AQUI.

.Paulo A Castro:
Bolsonaro e a guerra ao conhecimento ....... AQUI.
HC coletivo pode repercutir no TRF4 .......... AQUI.
Venezuela, Laranjal, Moro, PGR: ironia ....... AQUI.

REVISITANDO UM TEMA DA SEMANA

Thiago.


Tacho.

XADREZ DE COMO O DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA TREINOU A LAVA JATO

           (Andrew Weismann e a força tarefa da Enroe)
Xadrez de como o Departamento de Justiça treinou a Lava Jato
Por Luis Nassif (No GGN)

Peça 1 – O DoJ e a Seção de Integridade Pública

A origem dos abusos judiciais, que se tornaram recorrentes na Lava Jato, está na Seção de Integridade Pública do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, especializada em investigar crimes de autoridades públicas. 
A seção tem cerca de 36 procuradores, encarregados de supervisionar e aconselhar os processos de governadores, prefeitos e legisladores, com ampla autoridade dada pelo Departamento de Justiça, para garantir blindagem contra interferências políticas.
Os métodos empregados pelo DoJ foram integralmente copiados pela Lava Jato, mostrando a eficácia dos cursos bancados pelo Departamento de Justiça para juízes e procuradores brasileiros.
Dentre eles, o mais ostensivo é o procurador Andrew Weismann, que participou de todas as grandes investigações corporativas, incluindo a Petrobras.
Com licença para matar a Seção de Integridade Pública, com respaldo todo do DoJ, desenvolveu uma série de técnicas, amplamente incorporada pela Lava Jato.
Os princípios abaixo foram compilados de uma apresentação de Rush Limbaugh, o “Doutor Democracia”, âncora bem conhecido nos Estados Unidos (seu programa The Rush Limbaugh Show, é transmitido por mais de 600 emissoras, com uma audiência de 27 milhões de pessoas por semana).

1. Harmonia entre juiz e procurador

Tem que haver uma perfeita harmonia entre juiz e procurador. Diz ele que nos tribunais federais, os procuradores têm controle total sobre o processo, desequilibrando totalmente as possibilidades da defesa.

2. Uso da imprensa

Tem que haver o uso eficiente da imprensa, usando a credibilidade natural da instituição, e consolidando a narrativa dos procuradores, prevalecendo-se do fato de terem acesso total aos autos.
Para consolidar a narrativa, há o uso de operações de impacto, abusivas. Menciona a invasão, às 6 da manhã, da casa de uma testemunha do Russiangate, que estava cooperando normalmente com a operação, com a força tarefa acompanhaa por equipes de televisão.

3. Ocultação de provas

Limbaugh menciona diversas passagens em que procuradores esconderam provas que poderiam beneficiar a defesa. Quando os promotores têm provas que podem mostrar inocência por parte do acusado, eles são obrigados a entregá-las.  Mas tornou-se uma prática a ocultação de provas contrárias à acusação.
Alex Kozinski, juiz-chefe do Tribunal de Apelações do Nono Circuito, explica o método:
Os agentes do governo geralmente têm acesso livre e sem restrições à cena do crime, para que possam facilmente remover e esconder provas que possam contradizer o caso da promotoria. A polícia geralmente fala primeiro com as testemunhas e pode pressioná-las a mudar sua história para confirmar a teoria do caso. Os promotores públicos podem, e freqüentemente fazem, ameaçar acusar as testemunhas como cúmplices ou co-conspiradores se eles testemunharem favoravelmente para a defesa. Como resultado, as potenciais testemunhas excludentes invocam a Quinta Emenda para evitar problemas.

4. As delações premiadas

Como explica Limbaugh, “quando eles te dão imunidade e quando eles te dizem que você está livre de escândalos e que eles nunca virão atrás de você se você apenas disser o que eles querem que você diga, todo mundo fará isso porque ninguém quer o DOJ federal vindo atrás deles”. Há muitos relatos de testemunhas ou réus que foram mantidos presos em condições precárias e ameaçados até aderir ao conteúdo da delação proposta pelo procurador.

5. Parceria com escritórios de advocacia

Os abusos são levantados no decorrer do processo, mas nada ocorre com os procuradores. Muitos deles deixam o cargo para trabalhar nos maiores escritórios de advocacia. Ou seja, apavoram empresas e pessoas com seus métodos arbitrários, depois se tornam sócios de grandes escritórios de advocacia que trabalham na defesa de suas vítimas, assustadas com a possibilidade de serem alvos do DoJ.
E tome contratos de implementação de compliance, (e aí é minha opinião) que se tornou um campo fértil para subornos e corrupção. Trata-se de um método simples de governança, que consiste em mapear os processos internos de uma empresa e definir instâncias de aprovação de contratos. Essa tecnologia, sem nenhuma sofisticação, passou a ser oferecida a empresas em contratos miliardários.

Peça 2 – O caso Ted Stevens

O senador republicano Ted Stevens, do Alaska,  foi crucificado pelo DoJ em pleno governo do republicano George W. Bush, com uma manobra que lembra em muito os casos do triplex e do sítio de Atibaia.
Stevens estava reformando sua casa. Na declaração de bens, alegou que a reforma ficou em US$ 160 mil. Acontece que o trabalho realizado custou apenas US$ 80 mil. O empreiteiro da obra enganou Stevens, como ficou demonstrado no decorrer do processo. Mas os procuradores se aferraram à tese de que houve superfaturamento para lavagem de dinheiro, e esconderam as provas da inocência de Stevens.
E, aí, entra o fator deslumbramento, que acomete procuradores de lá e de cá, e os subprodutos posteriores: visibilidade e possibilidade de serem contratados por um grande escrutório de advocacia.
Matthew Friedrich, ex-chefe da Força-Tarefa da Enron, comandava a divisão criminal do DoJ quando a Seção de Integridade Pública iniciou suas investigações. Percebeu ali uma bela oportunidade de publicidade e decidiu assumir as investigações. Afinal, Ted Stevens era popular, o mais antigo senador republicano, com mais de 40 anos no cargo.
Candidato à reeleição em 2008, apenas quatro semanas antes das primárias, Friedrich organizou uma coletiva de imprensa para acusá-lo. Stevens foi derrotado.
Quase dois meses depois, um jovem agente do FBI, Chad Joy, que havia atuado no caso, apresentou queixa ao Escritório de Responsabilidade Profissional do Departamento de Justiça. Denunciava um relacionamento inadequado entre Bill Allen (principal testemunha de acusação) e Mary Beth Kepner, a principal agente do FBI no caso. Ele também revelou que o promotor Nick Marsh enviou a testemunha-chave Rocky Williams de volta para o Alasca, ostensivamente por motivos de saúde, sem avisar os advogados de defesa.
Era um jogo tão pesado, que Joy pediu proteção oficial como denunciante e apresentou um documento de 10 páginas mostrando que os procuradores sabiam claramente que estavam ignorando suas obrigações profissionais de entregar à defesa informações levantadas.
O senador Stevens foi condenado em 27 de outubro de 2009 por sete crimes.
O caso foi parar nas mãos do juiz federal Emmet G. Sulivan, que indicou uma equipe de advogados para examinar os arquivos do caso.
Os procuradores tinham como prova central declarações de Bill Allen, o dono da empreiteira que fez o serviço, dizendo que os trabalhos não valiam US$ 80 mil – menos da metade do que Stevens havia pago.
Os promotores descobriram que efetivamente foram cobrados US$ 250 mil em reparos. Mas a informação foi sonegada. Ante a posição do juiz, o novo procurador geral, Eric Holder, tentou salvar a cara do Departamento, rejeitando o caso contra Stevens.
O juiz foi duro: “Em 25 anos de juiz, nunca vi má conduta como o que tenho visto”. Foi um discurso de 14 minutos, mostrando as manipulações dos procuradores, que liquidaram com a carreira política de Stevens e alertou para a “tendência preocupantes” que ele havia notado entre os procuradores, de atropelar as restrições éticas e esconder provas da defesa.
O juiz nomeou Henry F. Schuelke, advogado de Washington, para investigar seis promotores do Departamento de Justiça, incluindo o chefe e o vice-chefe da Seção de Integridade Pública. Logo depois, Friedrick abandonou a carreira e foi para um escritório de advocacia, escapando das punições.
Não se travava de direita ou esquerda, mas da contaminação do Judiciário pelos novos métodos. Tanto que Stevens foi crucificado pelo DoJ no governo Bush, e inocentado no governo Obama.
Figuras-chave dessa jogada foram mantidos em postos elevados no DoJ ou passaram a trabalhar em grandes escritórios de advocacia.
O senador Stevens morreu em um acidente de avião em 2010, antes de saber que seria absolvido
A senadora do Alasca Lisa Murkowski (R), tornou-se a principal patrocinadora  do Fairness na Disclosure of Evidence Act  um projeto de lei para estabelecer em lei a regra de Brady anunciada pelo Supremo Tribunal mais de meio século atrás, obrigado que os advogados do governo forneçam aos advogados da parte todas as informações do inquérito, antes de qualquer confissão. Segundo Powell, não é suficiente.

Peça 3 – o caso Enroe

A má conduta se repetiu no caso Enron, que inaugurou a ascensão desse perfil de procurador sem limites, dos quais o mais emblemático é Andrew Weismann. Recentemente ele foi transferido para o Russiangate, as investigações sobre a interferência russa nas eleições americanas.
Tornou-se o personagem principal do livro “Licensed to lie” (Autorizado a mentir), uma ex-procuradora Sidney Powell que se tornou consultora de apelação de centenas de casos. O livro é de 2014 e recheado de informações sobre o que ela chama de corrupção no DoJ. Polêmica, e seguidora do pior discurso de ultradireita, a favor das teorias antimigração da direita, chegou a atribuir aos imigrantes a propagação de “um vírus misterioso chamado “mielite flácida aguda” ou AFM está varrendo o país (…)paralisa crianças e jovens adultos – muito parecido com o poliovírus quase erradicado”.
Mesmo assim, o livro é bastante documentado.
Diz ela quem que milhares de páginas de transcrição de grande júri, relatórios do FBI, entrevistas com testemunhas, foram reduzidos a um resumo de 19 páginas, entregues à defesa.
Os procuradores alegaram que não tinham material excludente – isto é, que poderiam abrandar a culpa dos acusados.
Foram nomeados mais de 100 “co-conspiradores não declarados”, intimidando testemunhas e advogados de defesa.
O ex-tesoureiro da Enron, Bem Gilsan, declarou ter sido colocado em “uma gaiola infestada de insetos, com apenas uma fenda de luz”. Foram três semanas de solitária, e cinco meses na prisão, até que Gilsan aceitasse se tornar a grande testemunha do processo.
Quatro executivos da Merril Lynch foram considerados culpados de conspiração e fraude eletrônica, e condenados por perjúrio e obstrução da Justiça. Só anos depois se tornaram públicas as evidênciuas de que a força=tarefa havia escondido provas favoráveis aos réus.
Um deles, de nome James Brown, foi enviado à prisão. Tempos depois descobriu-se que a sentença estava incorreta. Na prisão, foi espancado por outros presidiários. No período em que ficou preso, se filho quase morreu em um acidente de carro no Colorado. Transformado em inimigo público, a imprensa tratou o caso com desdém, reforçando seu assassinato moral.
Para convencer uma testemunha, a fora tarefa acusou a esposa de Andrew Fastow, o diretor financeiro, de evasão fiscal. Fastow passou a cooperar com o governo.

Peça 4 – O caso Andersen Consulting

A partir do caso Enron, a fora tarefa do DoJ entrou com uma acusação contra a Arthur Andersen, firma de auditoria, acusado de destruir “literalmente tonadas” de documentos relacionados à Enroe.
Acontece que a empresa não tinha o dever legal de manter rascunhos, materiais ou documentos duplicados ou irrelevantes.
A exemplo da Petrobras, em vez de acusar indivíduos envolvidos, acusaram a própria empresa.
A Arthur Andersen empregava 85 mil funcionários, atendendo a 2.300 empresas de capital aberto. Em 2011, quando a Suprema Corte, de forma unânime, anulou a condenação da empresa, ela já tinha sido expulsa do mercado.

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.Para conferir comentário sobre a situação na Venezuela, clique AQUI.

ABAIXO, O EDUCADOR PAULO FREIRE

Kleber.
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.Bolsonaro, sobre o educador Paulo Freire, patrono da educação no Brasil: "...um patrono muito chato."  -  (Folha: Aqui).

.O perfil do educador Paulo Freire: Aqui e Aqui.

O NEGÓCIO É O AGRO

J Bosco.
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"A legislação já prevê a reação ao esbulho!"
"Sim, mas o radicalismo exige que se vá bem além disso."

O INDESEJÁVEL MARKETING DA JUSTIÇA

Desconto de 30% no valor do pedágio das estradas do Paraná (matéria abaixo) + MP da Suíça dando conta de que devolveu ao Brasil R$ 1 bilhão, valor referente a recursos depositados em bancos suíços, originários de transações fraudulentas desbaratadas pela Lava Jato, etc. As notícias foram destaque na mídia. O articulista acentua: "A Justiça não precisa de marketing ou de propaganda, pelo contrário, deve pautar-se pela discrição, cumprindo a lei de forma impessoal, realizando a esperada prestação jurisdicional...". De fato. Não obstante, compreende-se a ampla divulgação das informações acima, visto que, no entendimento dos 'estrategistas', poderão funcionar como uma espécie de 'atenuantes' no caso de eventual implicação de servidores ligados à Lava Jato em face de investigações conduzidas pelo STF, como a atinente à Fundação engendrada por procuradores brasileiros e Departamento de Justiça dos Estados Unidos, mediante 'acordo' - 'homologado'(!) por Gabriela Hardt, juíza da 13ª Vara Federal de Curitiba - que a 'autorizava' a gerir o estratosférico montante de R$ 2,5 bilhões. Até que o Supremo suspendeu a estranha história. Mas, claro, o articulista não estaria necessariamente obrigado a inserir o 'marketing' no contexto acima.
(Ilustração)
O indesejável marketing da Justiça
Por Luiz Flávio Borges D'Urso (No site Migalhas)
O acordo de leniência celebrado com a empresa Rodonorte, concessionária de rodovias, negociado pelos procuradores da “Lava Jato”, estabelecendo 30% de desconto no valor do pedágio das estradas do Paraná, é uma solução muita boa e de interesse público, merecendo nosso aplauso.
Todavia esse acordo suscitou um amplo debate, quando estabeleceu, ainda, que a empresa deverá fazer propaganda, por meio de placas de 8 metros quadrados, colocadas nos pedágios, esclarecendo que esse desconto é concedido por causa da “Lava Jato”. Trata-se de uma ação de marketing compulsória estranha a nosso Direito.
Ao se examinar o texto que deve ser objeto da propaganda, que diz: ”O valor do pedágio foi reduzido em 30% porque recursos provenientes de corrupção foram recuperados pela Operação Lava Jato e aplicados em benefício do usuário”, tem-se a impressão que a “operação Lava Jato” seja uma instituição juridicamente constituída.
E mais, cria-se uma obrigação que se poderia comparar a uma hipotética exigência estabelecida nas sentenças condenatórias, de que a punição foi aplicada graças ao juiz da causa, que, pela imposição da pena, estaria beneficiando o cidadão.
Toda vez que se personifica a ação do estado em favor da publicidade de alguém ou de alguma instituição, afasta-se do propósito estatal que a lei estabelece, isto é mais grave quando a publicidade ocorre em favor de uma ficção jurídica, como no caso de uma operação, a qual, hoje, é identificada na figura de alguns poucos agentes do Estado.
Imagine-se obrigar os alvos da ação estatal criminal a dar o crédito de seu insucesso delituoso à policia civil ou militar que atuou no caso, ou ainda declinar que foi o Ministério Público (que o denunciou) quem deve ser o destinatário do reconhecimento pela punição recebida, ou talvez que o Magistrado sentenciante deve ser reconhecido pelo serviço prestado.
Se isso fosse admitido, chegaríamos ao absurdo de se estabelecer, nas sentenças, a obrigação do réu, nos casos de absolvição, sempre que viesse a se manifestar, a atribuir à advocacia ou ao advogado fulano de tal, a obtenção de sua inocência.
O aparelho criminal estatal é formado por muitas instituições e incontáveis agentes, que agem, não em nome próprio, mas em nome do Estado e, por esta razão, a prestação jurisdicional (aqui entendida como todas as formas de solução de conflitos com a intervenção do Estado), deve manter o caráter impessoal de sua atividade.
A Justiça não precisa de marketing ou de propaganda, pelo contrário, deve pautar-se pela discrição, cumprindo a lei de forma impessoal, realizando a esperada prestação jurisdicional e, por causa disso, deve ter seu reconhecimento e mérito.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

OLHO NOS VÍDEOS (29.04.19)


Olho nos Vídeos


.Conversa Afiada (Paulo H. Amorim):
Delação é arma de ditadura ......................... AQUI.

.JFT - Nocaute:
Folha censurou entrevista de Lula ................. AQUI.
(Clique Aqui para conferir a parte que a Folha censurou).

.Paulo A Castro:
Liberdade de Lula; CPMF gigante de Bolsonaro AQUI.
Lula já pode optar por mudança de regime .... AQUI.
I.R.: Declaração falsa de Dilma foi aceita! ...... AQUI.

CONFLITO NUCLEAR: MAKE KIM GREAT AGAIN


Christo Komarnetski. ((Bulgária).

ENSINO SUPERIOR: FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA ALÇA DE MIRA

Kleber.
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LE PENSEUR, LE PENSEUR
PENSAR...
PRA QUÊ?

LIBERDADE DE EXCEÇÃO

Guilherme Scalzilli por ele mesmo: "Historiador e escritor, mestre em Divulgação Científica e Cultural, doutorando em Meios e Processos Audiovisuais. Articulista da revista Caros Amigos por dez anos (2001-2011). Colabora regularmente com o Le Monde Diplomatique, o Observatório da Imprensa e outros veículos.". Blog: guilhermescalzilli.blogspot.com.
(Ilustração)
Liberdade de exceção
Por Guilherme Scalzilli (Em seu Blog)
Existem diversas leituras razoáveis para a crise que envolveu o STF, o Ministério Público e veículos da direita midiática. Nenhuma delas inclui a defesa ou o cerceamento da liberdade de expressão. Essa narrativa é sedutora, mas não condiz com as atitudes dos seus porta-vozes e tampouco motiva os interesses que a puseram no centro dos debates.
Se as prerrogativas constitucionais de fato importassem, seus atuais defensores teriam reagido com a mesma veemência quando a Folha de São Paulo censurou judicialmente uma página virtual que a ironizava. Ou quando certo diretor da Globo processou um blogueiro que o mencionou de maneira indireta, em contexto ficcional. Ou ainda quando a delegada federal conseguiu silenciar os questionamentos incômodos que lhe fazia um jornalista.
Os exemplos são mais numerosos e absurdos do que nosso espírito libertário seria capaz de suportar. Nos rincões interioranos, os conflitos se resolvem com ajuda policial, para não citar o fuzilamento sumário, dispensando requintes processuais. Nos grandes centros, os casos mais civilizados arruínam indivíduos econômica e profissionalmente, por litigâncias intermináveis, caríssimas, abusivas. E quase sempre vencidas pelos cerceadores.
O desrespeito à livre manifestação está em todo lugar. Na proibição a Lula de conceder entrevistas e participar da propaganda eleitoral do PT. Nos vetos a reuniões de estudantes universitários. No patrulhamento a professores e funcionários públicos. Nas exposições de arte suspensas e nos artistas presos e humilhados. Na repressão violenta a manifestantes pacíficos e até a faixas políticas em estádios de futebol.
Judiciário, Ministério Público, imprensa corporativa, governo federal, ninguém dá a mínima para a liberdade de expressão. A dos outros, entenda-se bem. Para os “nossos”, vale tudo. Especialmente se a vítima da ofensa é a deputada petista, a vereadora do PSOL assassinada, o deputado gay que sofre ameaças, o ex-presidente retratado como bandido no filme de quinta categoria. Mas ninguém se atreveria a ofender a honra de Sério Moro, “talquei”?
Exatamente porque seletiva, a defesa de direitos é um discurso calcado no pressuposto de que uma parcela da sociedade não pode ter a mesma garantia. Ou melhor, um gesto simbólico que afirma a insignificância dos prejudicados e a superioridade dos seus antagonistas. O sigilo que impede a plena defesa de Lula torna-se desnecessário para os veículos divulgarem dados sigilosos que supostamente o incriminam. O absurdo faz parte da mensagem.
O uso retórico das liberdades é tudo, menos inocente. Dos grampos ilegais das conversas de Dilma e Lula, nas vésperas do golpe, ao apelido inócuo de um ministro da corte que julgará o recurso do ex-presidente, passando pelo depoimento inválido de Antônio Palocci, em plena campanha presidencial, há sempre um nexo oportunista nas boas intenções da mídia.
Por isso, quando se escudam na defesa da livre expressão, sabemos apenas o que os ataques ao STF não pretendem. A defendida liberdade para constranger o tribunal é a apologia pura desse constrangimento. Fosse um email insinuando a amizade de Moro com advogados de réus, teríamos uma campanha pela limitação responsável do que pode vazar.
Ninguém está acima da lei, exceto quem repete essa mentira.

PLANETA CRUCIFICADO


Michael Kountouris. (Grécia).

A INDÚSTRIA DO COMPLIANCE E A PROMISCUIDADE, POR LUIS NASSIF

Se a (pouco divulgada) questão da Fundação (ou ONG) da Lava Jato com verba monumental e 'curiosa' já causou estupor, não nos espantemos se fatos adicionais vierem à tona, diante da promessa do analista político-econômico Luis Nassif (o primeiro a denunciar o Caso Fundação) no post abaixo:  "Sobre esse tema, voltaremos mais vezes, especialmente para apontar os pontos centrais do maior saque ocorrido contra a Petrobras, maior que todas as propinas recebidas pelas empreiteiras, e praticado por quem deveria defendê-la."
(GGN)
A relação promíscua entre a indústria do compliance e os procuradores nos EUA 
Por Luis Nassif (No GGN)
Não se irá entender a articulação de procuradores e juízes punitivistas ao redor do mundo, unidos em torno da bandeira anticorrupção, se não incluir na análise a milionária indústria do compliance – a tecnologia dos modelos de governabilidade destinados a vacinar uma empresa contra a corrupção e que tem nos grandes escritórios de advocacia e empresas de auditoria os maiores beneficiados.
Em quase todos os países, o jogo é padrão. No início, uma campanha sem quartel dos procuradores contra empresas suspeitas, infundindo terror nos empresários direta ou indiretamente ameaçados pelas investigações. Depois, a campanha pela implementação de sistemas de compliance nas empresas por grandes escritórios  de advocacia, abrindo um mercado de trabalho para os procuradores.
O jogo é esse. Em um primeiro momento, a cooperação internacional – com procuradores sendo alimentados preferencialmente pelo DHS e Departamento de Justiça dos Estados Unidos – confere enorme poder aos ministérios públicos nacionais se destruírem sistemas políticos e outras entidades contaminadas pelo financiamento de campanhas.
Depois, abre um expressivo mercado de trabalho na área de compliance.
É significativo o caso Marcelo Miller, o procurador da Lava Jato contratado pela Trench, Rossi, Watanabe, representando um grande escritório americano, depois de ter sido a parte brasileira nas negociações da Embraer nos EUA. E também da filha de Rodrigo Janot, jovem advogada iniciante contratada por um grande escritório de advocacia para atuar em defesa da OAS, em um julgamento por formação de cartel pelo CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico). E os honorários serão tão maiores quanto maior for o terror infundido pelas ações anticorrupção.
Os Estados Unidos forneceram o modelo. Não é por outro motivo que os maiores beneficiários têm sido grandes escritórios de advocacia e de auditoria norte-americanos (mais à frente, quando o fator Lava Jato se tornar irrelevante, não haverá como o Congresso deixar de abrir uma CPI para analisar os contratos fechados por Ellen Gracie com Petrobras e Eletrobras para implantação de sistemas de compliance), consumindo mais recursos do que as suspeitas de propina em cada estatal. (Nota deste Blog: Ellen Gracie é ex-ministra do STF).

O caso Andrew Weismann

Andrew Weismann era o procurador implacável do Departamento Anticorrupção do Departamento de Justiça, responsável pela apuração de propinas políticas. Deu início às grandes ações contra empresas brasileiras. Firmou fama de implacável, recorrendo a métodos abusivos que levaram um senador ao suicídio.
Sua atuação mereceu dois livros completos, narrando todos os abusos que cometia usando as prerrogativas de procurador.
Depois, se afastou para tocar o caso do Russiangate – as suspeitas de interferência russa na eleição de Donald Trump – e seu lugar foi ocupado por Sandra Moser. Sandra supervisionou os processos e acordos com a Petrobras, Odebrecht e Brasken. Em setembro de 2018, assinou, pelo DoJ, o escandaloso class action da Petrobras – pelo qual a empresa se comprometeu a pagar US$ 3 bilhões em indenizações para acionistas que entraram com ações contra a empresa.
Sobre esse tema, voltaremos mais vezes, especialmente para apontar os pontos centrais do maior saque ocorrido contra a Petrobras, maior que todas as propinas recebidas pelas empreiteiras, e praticado por quem deveria defendê-la.
Dois meses depois, Sandra deixou o Departamento de Justiça e foi trabalhar no escritório Quinn Emanuel, para cuidar justamente da conta da Odebrecht.
Aqui, sua assinatura no  class action da Petrobras.
(GGN)
E aqui, o escritório de advocacia vendendo seus serviços.
(GGN)         (NO ALTO DA PÁGINA, LADO DIREITO: ESPECIALIDADE BRASIL)
“A prática da Sra. Moser se concentra na representação de empresas, conselhos de administração e altos executivos em investigações, assuntos delicados, crises corporativas, litígios e outras disputas envolvendo os governos federal e estadual dos Estados Unidos (incluindo o Departamento de Justiça, a Securities and  Exchange Commission [SEC], a Commodity Futures Trading Commission [CFTC], Procuradorias Distritais, Procuradores-Gerais do Estado, outras agências de aplicação da lei e reguladoras, e o Congresso dos Estados Unidos), bem como agências de aplicação internacional.  Especialista em questões transfronteiriças, Moser foi nomeada como uma das '100 mulheres em investigações' do mundo em 2018 pela Global Investigations Review”.
No alto da página, uma de suas especialidades é o Brasil.

domingo, 28 de abril de 2019

OLHO NOS VÍDEOS


Olho nos Vídeos


.Duplo Expresso:
Duplo Expresso de Domingo ....................... AQUI.

.Paulo A Castro:
A resiliência de um condenado sem provas ... AQUI.
Lula e o mundo ......................................... AQUI.

DA SÉRIE O QUE VAI PELO MUNDO


Stephane Peray. (Tailândia).

NOTA FINAL SOBRE A REPERCUSSÃO DA ENTREVISTA DO EX-PRESIDENTE


"O importante não é o que o Globo publica, mas o que não publica."





(De Roberto Marinho - 1904-2003 -, jornalista e empresário, proprietário do Grupo Globo de 1925 a 2003. Frase lembrada por Antonio Mello, titular do Blog do Mello, a propósito do silêncio geral relativamente à entrevista concedida aos jornais El País e Folha pelo ex-presidente Lula. 

A propósito, reproduzimos parte da nota 'Mídia corporativa volta a silenciar a voz de Lula', do Brasil 247:

"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ser exilado em seu próprio país pela imprensa corporativa. Embora sua entrevista aos jornalistas Florestan Fernandes Júnior e Mônica Bergamo, para o El Pais e a Folha, continue a ser o tema mais comentado nas redes sociais e também o de maior repercussão sobre o Brasil no mundo, a ordem unida dos jornalões foi silenciar a voz de Lula. Neste domingo, a entrevista praticamente desapareceu dos jornais, que até evitaram citar os insultos de Jair Bolsonaro – que rotulou Lula como 'cachaceiro' – para não lembrar seus leitores sobre a existência de uma entrevista.

Nela, Lula cobrou dos juízes que julguem seu caso de acordo com os autos, e não com medo da mídia, dos empresários que defendam a indústria nacional, e dos militares, que defendam a soberania do Brasil. Em relação aos trabalhadores, Lula defendem que saiam às ruas para defender seus direitos (saiba mais aqui). A palavra de Lula, no entanto, parece ser incômoda e inconveniente para a mídia tradicional. [...]."
....

É preciso lembrar: O Jornalismo deve reinar sobre tudo, independentemente de quaisquer outros interesses. Isso, aliás, certamente consta dos Códigos de Ética e Conduta das empresas jornalísticas, que deles tanto se ufanam).

.Dica de Vídeo:
Bom Dia 247 - A força da entrevista de Lula .... Aqui.

LUCIANO MACEDO, HERÓI BRASILEIRO

               O catador Luciano Macedo, herói nacional

Do GGN: Na madrugada do dia 17 do corrente o Hospital Estadual Carlos Chagas confirmou a segunda morte do atentado praticado pelo Exército em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, e que culminou na morte do músico Evaldo dos Santos Rosa, alvejado com 80 tiros. A segunda vítima é Luciano Macedo, ferido com 3 tiros nas costas enquanto socorria a família de Evaldo.
Os detalhes a seguir, registrados pelo jornal Extra, revelam as características de um verdadeiro herói brasileiro. Luciano tinha 27 anos, era catador de material reciclável e morava na rua com a mulher, Daiana Horrara.
No momento em que o carro de Evaldo estava sendo atacado pelo Exército, o jovem passava com a esposa catando pelo caminho pedaços de madeira. Com o material eles iriam improvisar um barraco na favela do Muquiço para a família que estava crescendo. Daiane está grávida de cinco meses.
No meio do tiroteio, Luciano abriu uma das portas traseiras do carro e salvou o filho do músico, de 7 anos. Depois de colocar a criança em local seguro, voltou para o carro na tentativa de tirar Evaldo.
Quando foi socorrê-lo, a esposa gritou para ele não ir. “Fica aí, ele está morto! Aí ele falou: ‘mas ele olhou pra mim'”, relembrou a mulher.
“Meu irmão era atencioso, carinhoso. Só tínhamos nós dois de irmãos e minha mãe”, contou Lucimara Macedo, irmã mais velha. Os dois perderam o pai cedo, ainda crianças, em um acidente doméstico, e foram criados pela mãe, a auxiliar de serviços gerais Aparecida Macedo.
Ao jornal Extra, Lucimara conta que o irmão estudou até a 5ª série e aos 18 anos saiu de casa para viver sozinho. Como na história do filho pródigo e de milhões de brasileiros em situação econômica de risco, não foi bem sucedido e acabou indo morar nas ruas. Há dois anos, reencontrou uma antiga paixão, Daiana, e começaram um relacionamento. Pessoas próximas contam que o casal vivia um momento feliz com a espera do filho.
“Se meu irmão errou muitas vezes na vida, ele acertou ali naquele momento. Deus levou ele. Ele foi salvar uma vida e deu a dele”, registrou Lucimara.
“Luciano morreu no seguinte contexto: estava com a esposa Daiana numa rua de Guadalupe catando madeira para construir um barraco a fim de poder oferecer um lar para o filho deles. Vale a pena frisar ele foi um herói naquele momento. Porque, segundo relatos da esposa, ele viu o drama da família de Evaldo, especialmente da esposa, que gritava muito por ajuda. Ele percebeu o filho do casal dentro do carro”, pontuou Antônio Carlos Costa, fundador da ONG Rio de Paz.
“Segundo a esposa, ele tem muito carinho por crianças. E foi na direção do carro e tirou o menino lá de dentro”, completou. A organização criou uma vaquinha online para ajudar a família a enterrar Luciano.
“A família está muito cansada, se sente abandonada, ignorada pelo poder público. Ninguém do Exército, do governo federal a procurou. Entendemos que o Exército errou em três ocasiões distintas: ao atirar em Luciano, ao não prestar socorro imediato, pois viu ele agonizando no chão, pedindo ajuda, e, por fim, ignoraram o drama da família durante esse período de internação. Se não é a mobilização da sociedade civil, a família, muito pobre por sinal, estaria só. Permita-me falar: só deram esse tratamento para a família porque ela é pobre”, desabafou Costa.
*Clique aqui para ler a matéria do Extra.

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Sem querer parecer impertinente, o fato é que, vendo o caso do herói brasileiro Luciano se esfumaçar no passar dos dias, vem-nos à mente o suplício e morte de Luiz Carlos Cancellier de Olivo (em 02.10.2017), ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, também jogado no cesto do esquecimento. 

LEGISLAÇÃO PERMITE USO, NO BRASIL, DE AGROTÓXICOS PROIBIDOS NO EXTERIOR


J Bosco.

A SÍNDROME INJETÁVEL

                                (E o pato, quem vai pagar o pato?)

Thiago.

DOMINGO É DIA DE ANÉSIA


Will Leite.

sábado, 27 de abril de 2019

A REPERCUSSÃO INTERNACIONAL DA ENTREVISTA DE LULA

(RBA)
'Brasil governado por loucos': imprensa internacional repercute entrevista de Lula
Rede Brasil Atual (RBA)
A imprensa internacional repercutiu a primeira entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como preso político, concedida na sexta-feira (26) aos jornais Folha de S.Paulo e El Pais, destacando a afirmação de Lula de que o Brasil passou a ser governado “por um bando de lunáticos” e de que vai lutar para mostrar ao povo brasileiro e ao mundo as armações de Sergio Moro para incriminá-lo e tirá-lo da disputa eleitoral.
O principal jornal da França, o Le Figaro, ressaltou a “obsessão” de Lula, a quem chama de ícone da esquerda, de provar sua inocência, ainda que custe a própria liberdade. “Eu quero sair daqui com a cabeça erguida, como entrei: inocente. Muitas pessoas pensaram que eu teria que fugir, sair do Brasil ou me refugiar em uma embaixada. Mas eu decidi que o meu lugar era aqui. Posso ficar na prisão por cem anos, mas não vou trocar minha dignidade pela minha liberdade”, relatou o jornal.
O britânico The Guardian deu destaque a Lula ter classificado os membros do governo Bolsonaro de “lacaios dos Estados Unidos”, e reproduziu uma de suas falas sobre o tema “Nunca vi um presidente saudar a bandeira americana. Nunca vi um presidente sair dizendo ‘Eu amo os Estados Unidos. Você deve amar sua mãe, você deve amar o seu país. O que é isso de amar os Estados Unidos? Alguém acha mesmo que os Estados Unidos vão favorecer o Brasil?”, cita o The Guardian.
canal de notícias americano Fox News, citando reportagem da agência Associated Press, também escolheu ressaltar que Lula quer provar sua inocência das condenações que recebeu por conta das irregularidades cometidas pela força-tarefa da Lava Jato. “Estou obcecado em desmascarar o juiz Moro e aqueles que me sentenciaram. Quero expor a farsa montada no Departamento de Justiça dos Estados Unidos.”
A agência russa Sputnik relatou a comparação de Lula, durante a entrevista, do tratamento que a imprensa brasileira dá a ele e a Bolsonaro “Imagina se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família”, destacou o site – além de o próprio Bolsonaro residir no mesmo condomínio de um dos acusados pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol-RJ), o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, homenageou e empregou familiares de um miliciano, quando era deputado estadual no Rio
O argentino Página 12 citou a passagem da entrevista em que Lula afirma a “maluquice” que chegou ao governo brasileiro. “Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é o Brasil estar governado por esse bando de malucos. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso”, escreveu o jornal.
Na versão em espanhol da entrevista produzida pela filial brasileira, o El País traduziu ressaltou: “Lula está preso, ele quer conversar e sabe que esta entrevista é uma oportunidade para fazê-lo depois de um ano silenciado pela prisão”.
A multiestatal teleSUR lembrou do caminho jurídico que tornou a entrevista possível. “O ex-mandatário fez suas declarações durante a entrevista que foi autorizada no último dia 18 de abril pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, José Antonio Dias Tóffoli, após um processo legal para sua realização”.

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.O portal Click Política cuidou do tema em 'JN fracassa e Lula dispara no mundo inteiro'  - AQUI.

.Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, também se reportou sobre o assunto AQUI.