quinta-feira, 25 de abril de 2019

AS REFINARIAS DA PETROBRAS E SUA HISTÓRIA, POR ANDRÉ ARAÚJO

Antes, reproduzo comentário de autoria deste Blog ao post 'A simpatia pela privatização da Petrobras', de André Araújo, publicado nesta data: "No governo FHC, no intuito de preparar a Petrobras para a privatização, foi emitido um decreto para regular as transações da estatal, que assim ficaria livre das 'amarras' da Lei de Licitações. A alegação era a de que a Lei 8.666 'engessava' a Petrobras, que assim se tornava morosa, sem agilidade para mover-se no mercado. Desde então a Petrobras passou a observar legislação especial. No mesmo passo, tentou-se mudar o nome da empresa para PetrobraX, o que não prosperou. Mas 'deu certo' a habilitação da Petrobras na Bolsa de Nova York, que lá passou a operar mediante títulos especiais (para empresas externas) chamados ADRs. Pronto, a Petrobras estava de cara nova, palatável, ágil, no ponto de ser privatizada. Mas felizmente a reação de setores engajados do povo brasileiro impediu a jogada."


As refinarias da Petrobras e sua história

Por André Araújo (No GGN)

A PETROBRAS ESTATAL DESCOBRIU O PRÉ-SAL
Os privatistas da PETROBRAS pegaram o patrimônio construído por patriotas, já pronto, nada, absolutamente nada construíram eles mesmos, e com a obra pronta e realizada, 7ª petrolífera do mundo, querem vender rapidamente, tudo, desintegrando uma empresa sólida, eles querem liquidar por razões de ideologia em primeiro lugar e, em segundo, agradando os “mercados”. A primeira onda de privatizações enriqueceu os neoliberais, a venda da Petrobras é um projeto dos anos 90, vem do governo FHC (Petrobrax) mas lá atrás eles não tinham condições políticas de realizar o desmonte do Estado.
Os neoliberais da Casa das Garças tem o sonho de liquidar com todas as estatais, na contramão dos países emergentes, da China, da Russia, do México, tem como maior troféu esquartejar a PETROBRAS e vende-la em pedaços, desintegrada, destruindo essa grande empresa, a maior do Brasil.
PARENTE E CASTELLO BRANCO NUNCA PENSARAM NO FUTURO DA PETROBRAS, SÓ EM VENDÊ-LA
Os dois neoliberais de apostila, um que presidiu e quase quebrou e outro que a preside agora, JAMAIS deram uma entrevista sobre seus planos para o futuro da empresa, como por exemplo, aumentar o refino do diesel no Brasil, que é menor do que o necessário, aproveitar o gás queimado no pré-sal, modernizar as refinarias que precisam de upgrade, explorar concessões no pré-sal angolano, NÃO HÁ PLANO ALGUM PORQUE ELES QUEREM É VENDER A EMPRESA EM PEDAÇOS OU NO TOTAL, não querem engrandece-la, fazer maior, mais sólida e mais poderosa.

Um presidente de empresa tem o DEVER FIDUCIÁRIO de zelar pela sua empresa, seu patrimônio, lucros e mercado, ele não pode ajudar concorrentes, pela nossa Lei das Sociedades Anonimas (Lei 6.404- art.155) e pelas regras legais do mercado de capitais daqui e do mundo. Ao anunciar que vai vender metade das refinarias para “estimular a concorrência”, o presidente da PETROBRAS trabalha CONTRA A EMPRESA.

Imagine um dono de padaria exclusiva no bairro procurar um concorrente para montar uma padaria vizinha à sua, com o objetivo de “estimular a concorrência” e assim baixar os preços. ELE ESTARIA TRABALHANDO CONTRA SEUS PRÓPRIOS INTERESSES, até uma criança sabe disso. Pois o presidente da PETROBRAS anuncia que vai fazer exatamente isso, vai vender refinarias e entregar mercado para concorrentes da PETROBRAS. Qualquer acionista pode processá-lo, ele estará agindo CONTRA O INTERESSE da empresa que preside e para a qual deve lealdade, não lhe cabe trazer concorrentes para entregar seu mercado.

Aliás, caberia uma investigação do Congresso sobre a razão econômica que faz a PETROBRAS preferir importar óleo diesel de concorrentes americanos a refinar mais petróleo no Brasil para produzir mais diesel aqui. Parte das refinaras da PETROBRAS estão ociosas porque está se importando muito diesel dos EUA e deixando de produzir no Brasil, não tem nenhuma logica, mesmo se a importação for um pouco mais barata, a produção local gera empregos e impostos no Brasil, os EUA produzem em casa petróleo muito mais caro que o importado por razões estratégicas. Petróleo não é só conta de padaria, petróleo é politica energética de País, todos os países importantes tratam o petróleo como assunto estratégico, não só econômico. 

AS REFINARIAS DA PETROBRAS E SUA HISTÓRIA 
Quando a Petrobras foi criada, em 1953, o Brasil já era um grande mercado de combustíveis, o maior das Américas depois do norte-americano. Aqui já estavam com grande presença a ESSO, a SHELL, a GULF, a ATLANTIC, importando combustível refinado e distribuindo sob suas bandeiras no País.
Mas essas empresas nunca se interessaram em montar refinarias no Brasil. Tínhamos algumas pequenas, a Ipiranga no Rio Grande do Sul, de acionistas argentinos, em 1954 a Manguinhos, do deputado Drault Ernnany no Rio e a Capuava dos Soares Sampaio em SP. Foi a PETROBRAS que começou a montar uma rede de grandes refinarias no Brasil, com construção em parte dirigida por militares, como a de Cubatão (general Stenio Caio de Albuquerque Lima).
Portanto, foi a PETROBRAS quem construiu o parque nacional de refino, pela ausência das majors nesse investimento. Seria uma ironia agora vender essas refinarias para essas mesmas “majors” que não correram o risco de construí-las. Uma das prováveis interessadas será a RAIZEN, onde a Shell é a grande acionista. Quer dizer, a PETROBRAS correu o risco e o esforço de construir e agora vem quem não quis construir comprar o prato feito.
O PRÉ-SAL FOI UM EMPREENDIMENTO DA EMPRESA ESTATAL
Os privatistas neoliberais jamais comentam que a maior realização do Brasil em petróleo, a exploração do PRÉ-SAL, foi do começo ao fim uma aposta da PETROBRAS, que só poderia ser feito por uma estatal que visava o interesse nacional. Nenhuma empresa privada iria arriscar tal volume de recursos em um empreendimento que poderia ter resultado zero. Foi a PETROBRAS, com pesquisas de longo prazo, com apoio de universidades federais, especialmente do COPPE da UFRJ, quem levou a frente esse grande projeto estratégico.  Nenhum “investidor” desses que dão entrevista no VALOR se arriscaria a uma operação de altíssimo risco no meio do Atlântico e com potencial, se tudo desse certo, exclusivamente de longo prazo.
AS MUDANÇAS NO MUNDO DO PETRÓLEO
Os anos 70 conheceram uma grande mudança no mapa geopolítico do petróleo. As “Sete Irmãs” do petróleo, todas americanas e europeias, foram ultrapassadas por uma onda de nacionalizações nos países produtores, a começar pela mítica ANGLO PERSIAN, que foi estatizada e deu lugar à NIOC – National Iranian Oil Co. Nessa mesma onda, o Iraque nacionalizou a Iraq Petroleum Co., fundada por Calouste Gulbenkian e mais quatro das “Sete Irmãs”.
A Arabia Saudita estatizou a ARAMCO, que pertencia a quatro americanas das “Sete Irmãs”, o Kuwait nacionalizou a Kuwait Oil Co., britânica, da BP, novo nome da parte não iraniana da antiga Anglo Persian, a Venezuela estatizou as três das “Sete Irmãs” que tinham concessão, a Shell, a Texaco e a Esso, muito antes do governo Chavez, depois juntando as três “ven”, lideradas pela Lagoven,para formar a PDVSA.
O México foi o pioneiro na nacionalização do petróleo, em 1938, quando o Presidente Lazaro Cardenas criou a PEMEX. A PETROBRAS foi a segunda grande estatal do petróleo, fundada em 1953 sob pesados protestos dos neoliberais da época encabeçados por Eugênio Gudin, avô espiritual dos atuais neoliberais. Gudin achava que o Brasil deveria se conformar em produzir café, não ter indústria e importar petróleo.
A criação da PETROBRAS foi fruto de uma pesada luta política, os conservadores não queriam de forma alguma mas até a UDN, por sua ala nacionalista liderada por Gabriel Passos,  acabou votando no Congresso a favor da Lei 2004 que criou a PETROBRAS, a mesma empresa histórica que hoje fanáticos de Chicago querem vender em pedaços.
A PETROBRAS E A INDÚSTRIA
A PETROBRAS foi uma das grandes incentivadoras da indústria nacional com suas encomendas, propiciando o desenvolvimento da fabricação de tubos sem costura, de compressores, válvulas, motores (o primeiro motor elétrico à prova de explosão foi desenvolvido por minha empresa, a PETROBRAS foi por muitos anos nossa maior cliente), trocadores de calor, bombas centrifugas, disjuntores, tintas especiais, indústria naval.
O INTERESSE NACIONAL, AS FORÇAS ARMADAS E O DESMONTE DA PETROBRAS
A PETROBRAS antes de ser uma ação cotada na Bolsa de Nova York, uma trama dos privatistas da Era FHC para preparar desnacionalização da empresa, era um empreendimento de interesse nacional e assim sempre foi visto pelas Forças Armadas brasileiras. Permitir o seu esfacelamento e desmonte, como querem os neoliberais, é um crime de lesa pátria. As FFAA devem ter essa consciência e impedir tal loucura de fanáticos ideológicos, a alma, os recursos e as aspirações das Forças Armadas brasileiras estão coladas na formação da PETROBRAS, que teve grandes presidentes militares como Janary Nunes, Levy Cardoso, Faria Lima, Ernesto Geisel. Nenhum dos países que tem estatais de petróleo pensa em se desfazer delas, que hoje dominam o mundo do petróleo.
Uma estratégia mais racional seria fechar o capital da PETROBRAS, o governo comprando as ações dos minoritários, é perfeitamente legal e eliminando a absurda jurisdição americana sobre os negócios da PETROBRAS, hoje com inspetores do Departamento de Justiça dentro de sua sede, trazendo a empresa de volta para seu papel estratégico de interesse nacional e não dos acionistas chantagistas de Nova York que já levaram US$3 bilhões de indenizações, sob aplausos dos “mercadistas” brasileiros e seus aliados na mídia bajuladora e nas corporações da indústria anticorrupção.

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