terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELIZ ANO NOVO

QUE VENHAM AS BOAS NOVAS


ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E — ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

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Mário Quintana.

CURTINDO OS FOGOS


Oguz Gurel. (Turquia).

SINAL POSITIVO


Emad Hajjaj. (Jordânia).

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

PROGRAMA MAIS MÉDICOS: JUSTIÇA GARANTE A VALIDADE DO ACORDO


Alpino.

(Queriam fazer retornar a cena acima. Felizmente, não conseguiram).

Justiça garante validade do acordo com a Opas para o Mais Médicos

A 2ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal acolheu os argumentos da AGU (Advocacia-Geral da União) e garantiu a validade do termo de cooperação técnica firmado entre a União e a OPAS (Organização Panamericana de Saúde) para participação de médicos cubanos no Programa Mais Médicos. A decisão entendeu que seria impróprio suspender liminarmente acordo celebrado entre o Brasil e organismo internacional, o que comprometeria até mesmo a credibilidade do Brasil no cenário estrangeiro. Com o posicionamento, os advogados da União impediram a suspensão do acordo por meio de uma Ação Civil Pública ajuizada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).
 
De acordo com os autos, o CFM alegava afronta à Constituição com a assinatura da cooperação. Segundo a entidade, a União estaria "estimulando a contratação de pessoas para o exercício da medicina, sem a devida inscrição no Conselho de Fiscalização profissional, nos termos da Lei nº 3268/57, e admitindo a precarização das relações de trabalho".
 
Para a AGU, os argumentos apresentados pelo Conselho não tinham o objetivo de apenas anular o termo, mas sim a própria Lei nº 12.871/2013 que instituiu o programa. Segundo o órgão, a cooperação técnica não tem referência com as questões pontuadas pelo CFM na ação, que se restringe à natureza legal do programa. (Para continuar, clique aqui).

TEMA DOMINANTE EM 2013: PROGRAMA MAIS MÉDICOS


Duke.

DE COMO HOMENAGEAR O ANIVERSARIANTE MOR


O dia de Cristo

Por Mauro Satayana

Há pouco mais de dois mil anos, em uma terra seca e pedregosa, coberta de desertos e montanhas, e dominada por feroz e grande império, viveu um homem, filho de carpinteiro, que chicoteava hipócritas e derrubava moedas pelas escadas dos templos, abria os olhos de cegos e lavava os pés de prostitutas e mendigos, fazia os aleijados andarem, ressuscitava mortos e alimentava de pão e palavra os famintos.
    
Seria bom que a Igreja, aproveitando a presença inspiradora de Francisco, instituísse, sem acabar com as que  existem, nova data para lembrar esse homem, que foi coroado de espinhos e cravado a uma cruz de madeira, para enfrentar seu destino.
  
Nessa data – que poderíamos chamar de O Dia de Cristo - não comemoraríamos o seu nascimento nem lembraríamos a sua morte, mas apenas praticaríamos seu exemplo.
 
Não faríamos uma ceia em nossa própria casa, mas em casa alheia, de preferência em uma creche ou asilo, ou de uma família pobre e humilde.
 
Não presentearíamos ninguém que conhecêssemos, mas desconhecidos, de preferência aqueles que estivessem sozinhos, longe de sua família ou de seu país e sem abrigo.
 
Distribuiríamos rosas e sorrisos – sinceros sorrisos – ou faríamos mágicas, ou serestas, nas praças decadentes dos centros antigos de nossas grandes cidades, para prostitutas velhas.
 
Rezaríamos, no lobby dos hospitais, não para os nossos doentes, mas para os doentes alheios, junto com suas famílias.
 
Visitaríamos, no cemitério, não os nossos mortos, mas as valas comuns dos indigentes, e os túmulos com datas muito antigas, das famílias que já se acabaram ou em que só conste um nome, dos que não souberam quem foram seus pais ou não tiveram filhos.
  
Já existem pessoas que levam sopa aos viciados, visitam creches e abrigos na periferia, fazem rir crianças enfermas, oram nos hospitais com os que estão morrendo sozinhos e com famílias que não são as suas.
 
Mas esses cristãos, tocados em seu coração pela mão do Nazareno, ainda são poucos, em um mundo em que mais e mais pessoas se deixam embriagar pelo sucesso, e preferem perder dias e noites acordados em uma fila para comprar um novo  console de jogo ou telefone, do que passar meia hora, em um hospital público, lendo um livro para uma criança com câncer.
 
Eles se escondem, na multidão anônima, como os cristãos das catacumbas. São apontados de longe, pelos que rezam mais pela sua própria prosperidade, do que por qualquer outro ser humano - como peças que emperram a engrenagem imutável e imortal de uma igreja enrijecida, e em alguns círculos, chegam a ser  excomungados pelo que falam e praticam.
 
Quem sabe, com a criação de um Dia de Cristo - que poderíamos comemorar pelo uma vez a cada ano, e depois multiplicar a data como fez Jesus, com os peixes e pães - esses cristãos passem a ser vistos de outra forma.
 
Quem sabe, sobre eles se erga outra Igreja, ou sirvam de pedreira bruta para construção de uma nova.

Uma Igreja sem outros templos do que o coração humano.  Sem outro altar do que o olhar do próximo. Sem outras velas do que o calor e o brilho da solidariedade. Sem outras vestes, do que a que se dá a quem não tem nenhuma. Sem outro vinho do que o sangue que se doa a um enfermo. Sem outra hóstia que o pão que se coloca na boca do faminto, sem outra oração do que a de um sorriso que se compartilha com um irmão. (Fonte: aqui).

2014: QUE VENHAM AS BOAS NOVAS


Martin Sutovec. (Eslováquia).

TRATE A MÃE TERRA COM AMOR E RESPEITO


Bill Day.

CRIACIONISMO EM SALA DE AULA

"Abram seu livro de texto...".

MEC: criacionismo não é tema para aula de ciências

Por Fábio Takahashi

O Ministério da Educação tomou posição no debate relativo ao ensino do criacionismo nas escolas do país. Para o MEC, o modelo não deve ser apresentado em aulas de ciências, como fazem alguns colégios privados, em geral confessionais (ligados a uma crença religiosa).

"A nossa posição é objetiva: criacionismo pode e deve ser discutido nas aulas de religião, como visão teológica, nunca nas aulas de ciências", afirmou à Folha a secretária da Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar.
 
Apesar do posicionamento, o MEC diz não poder interferir no conteúdo ensinado pelas escolas, pois elas têm autonomia.
 
Conforme informou o colunista da Folha Marcelo Leite no último dia 30, o colégio Mackenzie (presbiteriano) adotou neste ano apostilas que apresentam o criacionismo nas aulas de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental.
 
Outras escolas, como as adventistas, por exemplo, praticam opção semelhante.
 
Teorias
Os criacionistas dizem que o Universo foi criado por um ser superior, assim como os seres vivos. Para eles, a vida é muito complexa para ter surgido sem intervenção sobrenatural.
Essa crença se opõe à teoria da evolução desenvolvida por Charles Darwin, presente nas diretrizes curriculares nacionais, segundo a qual todas as espécies provêm de um ancestral único --e, a partir dele, se diferenciaram, chegando à diversidade atual de seres vivos.
 
O entendimento do MEC é semelhante ao dos pesquisadores contrários ao criacionismo: o modelo não pode ser considerado teoria científica por não estar baseado em evidências (preceito tido como básico para se definir o que é ciência).
 
"[O ensino do criacionismo como ciência] é uma posição que consideramos incoerente com o ambiente de uma escola em que se busca o conhecimento científico e se incentiva a pesquisa", afirmou Pilar.
 
O presidente da Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, Christiano da Silva Neto, tem entendimento diferente.
 
Para ele, como não há consenso sobre qual teoria está correta, "a maneira mais justa e honesta de lidar com a questão é apresentar ambos os modelos nas aulas de ciências, dando-se destaque aos pontos fortes e fracos de cada um".
 
Escolas
O criacionismo é ensinado no Colégio Presbiteriano Mackenzie desde 1870, quando a instituição foi fundada.
 
O conteúdo é abordado no sexto ano do fundamental --para crianças com idade por volta dos 11 anos--, assim como a teoria evolucionista.
 
Neste ano, no entanto, o colégio passou a adotar um novo material nos três primeiros anos do ensino fundamental. São apostilas com conteúdos didáticos convencionais, onde há a explicação criacionista, mas sem a teoria evolucionista.
 
Segundo o colégio, nessa idade (por volta dos oito anos) os alunos não estão preparados para aprender o darwinismo. O colégio anunciou que alterará o conteúdo das apostilas, abrandando o caráter religioso, mas manterá o criacionismo.
 
O Pueri Domus Escolas Associadas, uma rede laica que reúne 160 escolas no Brasil inteiro, algumas com orientação católica ou protestante, também apresenta o criacionismo nas aulas de ciências.
 
O conteúdo é exposto com o evolucionismo no oitavo ano do ensino fundamental das escolas. Para Lilio Alonso Paoliello Júnior, diretor de conteúdo da rede associada, o objetivo é promover o debate.
 
"Negativo seria não deixar que a discussão acontecesse. É uma questão de posição pedagógica. O conteúdo é aceito por pais das escolas laicas e das religiosas", diz o diretor.
 
A visão também é defendida por Maria Lúcia Callegari, orientadora do colégio Santa Maria (zona sul de SP). "Quando falamos sobre o surgimento da vida, abordamos o criacionismo e o evolucionismo. Trabalhamos com pluralidade na ciência, para romper a ideia de uma verdade absoluta."
 
Na escola, o conteúdo é ensinado para os alunos do quinto ano do ensino fundamental e, segundo ela, não há reclamação de pais por causa do conteúdo. (Fonte: aqui).
 
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O criacionismo não é ministrado em escolas públicas no mundo ocidental, salvo, acho, no estado da Carolina do Sul, EUA (uma vez que os estados são autônomos para legislar sobre certos temas).
As aulas de religião foram instituídas para isso mesmo. 

LUGAR COMUM: RÉVEILLON


Duke.

domingo, 29 de dezembro de 2013

O MELHOR INDICADOR ECONÔMICO


O gráfico acima, elaborado por João Sicsú, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a ajuda de Ernesto Sales, mostra a evolução do rendimento médio dos trabalhadores – apurado pelo IBGE em sua Pesquisa Mensal de Emprego – (linha azul) e a desvalorização inflacionária (linha vermelha), no período de janeiro de 2003 a julho de 2013.

Até julho, a variação do rendimento médio alcançou 124,9%, contra 78,2% de desvalorização.

Título do post (aqui): "O melhor indicador econômico para o povão: seu próprio bolso".

É isso.

MAFALDA E O ANO NOVO


Quino. (Argentina).

INFLAÇÃO 2013: DRAGÕEZINHOS DESOLADOS


Fecha o primeiro índice da inflação de 2013. E 30% abaixo do de 2012

Por Fernando Brito

Passamos dois terços do ano ouvindo que a inflação “estava descontrolada” e que o Brasil vivia, nas palavras de Marina Silva, o risco de “perder as conquistas do Plano Real. Aécio Neves dizia que isso fazia o Brasil chorar copiosamente de saudades de vovô FH…

Pois bem: hoje fechou-se o primeiro índice de inflação anual de 2013, o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, cuja coleta de preços encerra-se sempre por volta do dia 20.

Ele subiu 5,51%. Talvez você não se recorde, mas em 2012 o índice elevou-se 7,82%, uma queda relativa de 30%.

Agora, imagine se fosse o inverso: se os 5,51 passasse a 7,82%…

Nas manchetes: Inflação cresce 50% em um ano, diz FGV

Tudo devidamente acompanhado das caricaturas de dragões, monstros e quejandos…

Tem aí o amigo e a amiga como se faz, no jornalismo econômico o terrorismo político que a gente vem sempre apontando aqui e que levou o ex-presidente Lula a dizer que, depois que lê o jornal, nem tem vontade de sair de casa.

Não se quer dizer, é obvio, que não exista inflação e que ela não seja algo sério. É, sobretudo porque está concentrada em áreas extremamente sensíveis ao nosso povão, como os alimentos.

Mas nem mesmo aí há uma “explosão inflacionária”, como tanto tempo se alardeou.

O terrorismo não conseguiu trazer de volta a inflação, mas “ordenhou” fartamente essa monstruosidade, extraindo dela o “leitinho” dos juros.

É aí, não no tomate, que está o núcleo da inflação brasileira: nossa condição de reféns do rentismo.

Que não ganha eleição, mas que está sempre no poder, quando se trata de finanças públicas. (Fonte: aqui).

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Aqui - "Água fria nos pessimistas: superávit fiscal é recorde".

EXPLICAÇÃO Nº 100 PARA UM ENIGMA


Elayne Boosler, comediante americana.

VOTOS TURCOS


Mehmet Kahraman. (Turquia).

HILDEGARD ANGEL: MENSAGEM DE ANO NOVO


A gente nunca perde por ser legítimo, mas quem conta a história são os vencedores, não esqueçam!

Por Hildegard Angel

O fascismo se expande hoje nas mídias sociais, forte e feioso como um espinheiro contorcido, que vai se estendendo, engrossando o tronco, ampliando os ramos,  envolvendo incautos, os jovens principalmente, e sufocando os argumentos que surgem,  com seu modo truculento de ser.

Para isso, utiliza-se de falsas informações, distorções de fatos, episódios, números e estatísticas, da História recente e da remota, sem o menor pudor ou comprometimento com a verdade, a não ser com seu compromisso de dar conta de um Projeto.

Sim, um Projeto moldado na mesma forma que produziu 1964, que, os minimamente informados sabem, foi fruto de um bem urdido plano, levando uma fatia da população brasileira, a crédula classe média, a um processo de coletiva histeria, de programado pânico, no receio de que o país fosse invadido por malvados de um fictício Exército Vermelho, que lhes tomaria os bens e as casas, mataria suas criancinhas, lhes tiraria a liberdade de ir, vir e até a de escolher.

Assim, orientada por esse Projeto, a chamada elite, que na época influenciava o pensamento da classe média mais baixa e mantinha um “cabresto de opinião” sobre seus assalariados, foi às ruas com as marchas católicas engrossadas pelos seus serviçais ao lado das madames.

Muitas mais tarde se arrependeram, ao constatar o quanto foram manipuladas e contribuíram para mergulhar o país nos horrores de maldades medievais.

Agora, os mesmos coroados, arquitetos de tudo aquilo, reescrevem aquele conto de horror a seu jeito, fazendo do mocinho bandido e do bandido mocinho, pois a História, meus amores, é contada pelos vencedores. E eles venceram. Eles sempre vencem.

Sim, leitores, compreendo quando me chamam de “esquerdista retardatária” ou coisa parecida. Esse meu impulso, certamente tardio, eu até diria sabiamente tardio, preservou-me a vida para hoje falar, quando tantos agora se calam; para agir e atuar pela campanha de Dilma, nos primórdios do primeiro turno, quando todos se escondiam, desviavam os olhos, eram reticentes, não declaravam votos, não atendiam aos telefonemas, não aceitavam convites.

Essa minha coragem, como alguns denominam, de apoiar José Dirceu, que de fato sequer meu amigo era, e de me aprofundar nos meandros da AP 470, a ponto de concluir que não se trata de “mensalão”, conforme a mídia a rotula, mas de “mentirão” – royalties para mim, em pronunciamento na ABI. Eu, a tímida, medrosa, reticente “Hildezinha”, ousando pronunciamentos na ABI! O que terá dado nela? O que terá se operado em mim?

Esse extemporâneo destemor teve uma irrefreável motivação: o medo maior do que o meu medo.
Medo da Sombra de 64. Pânico superior àquele que me congelou durante uma década ou mais, que paralisou meu pensamento, bloqueou minha percepção, a inteligência até, cegou qualquer possibilidade de reação, em nome talvez de não deixar sequer uma fresta, passagem mínima de oxigênio que fosse à minha consciência, pois me custaria tal dor na alma, tal desespero, tamanhas infelicidade, noção de impotência absoluta e desesperança, ao encarar a face verdadeira da Humanidade, o rosto real daqueles que aprendi a amar, a confiar, que certamente sucumbiria…

Não, eu não suportaria respirar o mesmo ar, este ar não poderia invadir os meus pulmões, bombear o meu coração, chegar ao meu cérebro. Eu não sobreviveria à dor de constatar que não era nada daquilo que sempre me foi dito pelos meus, minha família, que desde sempre me foi ensinado: o princípio e mandamento de que a gente pode, com o bem, neutralizar o mal. Eu acreditava tão intensa e ingenuamente no encanto da bondade, que seguia sobre a nojeira como se flutuasse, sem percebê-la, sem pisar nela, como se caminhasse sobre flores.

As pessoas se admiravam: “Como a Hilde, que tanto sofreu, não guarda rancores e mágoas no seu coração?”.

E aí, passadas as tragédias, vividas e sentidas todas elas em nossas carnes, histórias e mentes, porém não esquecidas; viradas as páginas, amenizado o tempo… deu-se então o início daquela operação midiática monumental, desproporcional, como se tanques de guerra, uma infantaria inteira, bateria de canhões, frotas aérea e marítima combatessem um único mortal -  José Dirceu – tentando destrui-lo.
Foi quando percebi, apreensiva, esgueirar-se sobre a nossa tão suada democracia a Sombra de 64!
Era o início do Projeto tramado para desqualificar a luta heroica daqueles jovens martirizados, trucidados e mortos por Eles, o establishment sem nomes e sem rostos, que lastreou a Ditadura, cuja conta os militares pagaram sozinhos. Mas eles não estiveram sozinhos.

Isso não podia ser, não fazia sentido assistir a esse massacre impassível. Decidi apoiar José Dirceu. Fiz um jantar para ele em casa. Chamei pessoas importantes, algumas que pouco conhecia. Cientistas políticos, jornalistas de Brasília, homens da esquerda, do centro, petistas, companheiros de Stuart do MR8, religiosos, artistas engajados. Muitos vieram, muitos declinaram. Foi uma reunião importante.
A primeira em torno dele, uma das raras. Porém não a única. E disso muito me orgulho.

Um colunista amigo, muito importante, estupefato talvez com minha “audácia” (ou, quem sabe, penalizado), teve o cuidado de me telefonar na véspera, perguntando-me gentilmente se eu não me incomodava de ele publicar no jornal que eu faria o jantar. “Ao contrário – eu disse – faço questão”.

Ele sabia que, a partir daquele momento, eu estaria atravessando o meu Rubicão. Teria um preço a pagar por isso.

Lembrei-me de uma frase de minha mãe: “A gente nunca perde por ser legítima”. Ela se referia à moda que praticava. Adaptei-a à minha vida.

No início da campanha eleitoral Serra x Dilma, ao ler aqueles sórdidos emails baixaria que invadiam minha caixa, percebi com maior intensidade a Sombra de 64 se adensando sobre nosso país.

Rapidamente a Sombra se alastrou e, com eficiência, ampliou-se nos últimos anos, alcançando seu auge neste 2013, instaurando no país o clima inquisitorial daquela época passada, com jovens e velhos fundamentalistas assombrando o Facebook e o Twitter. Revivals da TFP, inspirando Ku Klux Klan, macartismo e todas as variações de fanatismo de direita.

É o Projeto do Mal de 64 de novo ganhando corpo. O mesmo espinheiro das florestas de rainhas más, que enclausuram príncipes, princesas, duendes, robin hoods, elfos e anõezinhos.

Para alguns, imagens toscas de contos de fadas. Para mim, que vi meu pai americano sustentar orfanato de crianças brasileiras com a produção de anõezinhos de Branca de Neve de jardim, e depois uma Bruxa Má, a Ditadura, vir e levar para sempre o nosso príncipe encantado, torturando-o em espinheiros e jamais devolvendo seu corpo esfolado, abandonado em paradeiro não sabido, trata-se de um conto trágico, eternamente real.

Conforme disse minha mãe, e escreveu a lápis na margem da carta que entregou a Chico Buarque, denunciando que seria assassinada: “Estejam certos de que não estou vendo fantasmas”.

Feliz Ano Novo.

Inclusive para aqueles injustamente enclausurados, cujas penas não estão sendo cumpridas de acordo com as sentenças. (Fonte: aqui).

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Hildegard Angel, carioca, é filha da estilista Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel, integrante da luta armada preso nos anos setenta e morto sob tortura pela ditadura militar. Hildegard trabalhou como atriz (teatro, cinema e televisão) nas décadas de 60 e 70, para em seguida dedicar-se ao colunismo social  no jornal O Globo e, de 2003 a 2010, no Jornal do Brasil (2003 foi também o ano em que fundou o Instituto Zuzu Angel, entidade sem fins lucrativos dedicada à promoção e à capacitação da moda no Rio de Janeiro, tendo como objetivo principal lembrar a luta de seu irmão Stuart e de sua mãe Zuzu, primeira estilista a propor moda com brasilidade, morta em circunstâncias suspeitas em 1976 após empenhar-se em busca de seu filho torturado.

Feliz Ano Novo, Hildegard.

sábado, 28 de dezembro de 2013

CURTIÇÃO 2013


Jarbas.

O BRASIL NO RANKING PIB NOMINAL


Consultoria prevê Brasil como 5ª maior economia do mundo até 2023

Da BBC Brasil

O Brasil deve se tornar a quinta maior economia do mundo até 2023, atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão e Índia, segundo projeções do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês).
Naquele ano, de acordo com estimativas da consultoria britânica, a economia brasileira superará a da Grã-Bretanha e da Alemanha.
 
Atualmente, o Brasil ocupa o sétimo lugar no levantamento do CEBR, que lista os 30 maiores países do mundo pelo tamanho de seu PIB nominal.
Segundo a consultoria, a economia brasileira vai se beneficiar do crescimento da população e do comércio de agricultura, este último impulsionado pelo acordo da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e pelos alimentos transgênicos.
O estudo destaca que, em 2011, o Brasil já havia superado a Grã-Bretanha, tornando-se a sexta maior economia do mundo, mas perdeu o posto no ano seguinte devido à desvalorização cambial, ao menor crescimento econômico e à elevação das tensões políticas.
Na edição deste ano, diz a consultoria, houve poucas mudanças no ranking.
Recuperada da recessão, a Rússia tirou o oitavo lugar da Itália. Já o Canadá passou a ocupar a décima posição, que até então pertencia à Índia, devido à desvalorização da rúpia.
Na outra ponta da lista, o Irã caiu do 21º para o 30º lugar por causa das sanções econômicas em reação ao programa de enriquecimento nuclear do país. E a África do Sul, que até o ano passado ocupava a 28ª posição, saiu da lista, prejudicada pelo baixo crescimento de sua economia e da desvalorização da moeda local, o rand.

2028

Neste ano, pela primeira vez, a consultoria fez previsões para o comportamento das maiores economias do globo para um período de cinco, dez e quinze anos. Até 2012, o levantamento só dispunha de estimativas para um período de dez anos.
Segundo a CEBR, a China se tornará a maior economia do mundo em 2028, à frente dos Estados Unidos. No mesmo ano, a Índia superará o Japão e se tornará o terceiro país mais rico do globo.
O estudo destaca ainda que, embora a Grã-Bretanha seja ultrapassada pelo Brasil e pela Índia, posicionando-se na sétima posição no levantamento, a economia britânica será, em 2028, apenas 3% menor do que a da Alemanha e deve superá-la para se tornar a maior economia da Europa em 2030.
Com o reposicionamento, a China passaria a liderar o ranking em 2028, seguida por Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia, México e Canadá. (Fonte: aqui).
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Muito bem. Convém notar que uma coisa é PIB, outra é FNB, Felicidade Nacional Bruta, aferida à vista da eficácia do combate às desigualdades: pleno acesso a educação, saúde, saneamento básico, mobilidade etc, etc, etc.

NO EGITO...


Fawzy Morsy. (Egito).

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A Irmandade Muçulmana foi banida pela ditadura, o que pareceu agradar ao cartunista Morsy. Que, pelo muque ostentado por 2014, espera que os militares contem (ou continuem a contar) com o beneplácito da metrópole...

SOBRE O DIREITO DE VOTAR

(No Chile, o voto passou a ser facultativo a partir de 2011).

Voto é como vacina: tem que ser obrigatório

Por Antonio Lassance

A defesa do voto facultativo é muito bonita. Bonita, ingênua, desinformada e irresponsável. É preciso fazer esse debate com todo o respeito às pessoas que pensam diferente, que são muitas. Mesmo o “irresponsável” que acabei de utilizar tem um sentido respeitável, que será explicado adiante. A intenção aqui, mais do que fazê-las mudar de ideia, é antes incentivá-las a repensar seus argumentos.         

É bom tratar do tema antes que seja tarde demais. Antes que o Brasil resolva entrar nessa canoa furada. Há sempre propostas de emenda constitucional tramitando no Congresso. O voto facultativo pode nos surpreender, um dia, como um presente de grego.

Há pouco, tivemos o triste exemplo do Chile, que elegeu sua presidenta, Michelle Bachelet, com a expressiva proporção de 62% dos votos, mas com a presença de menos da metade dos eleitores. Houve quem apoiasse Bachelet e preferiu não votar pela simples suposição de que ela já estaria eleita, e seu voto não faria diferença. O mesmo deve ter ocorrido com alguns eleitores do lado adversário.

Uma parte importante dos eleitores votou não com base em suas convicções, mas em pesquisas de opinião.

Direito, sim; obrigação também
Vota quem quer, pois o voto é um direito, certo? Errado. O voto é um direito, mas, como qualquer outro direito, ele traz consigo obrigações. A educação também é um direito, mas os pais são obrigados a colocar os filhos na escola (Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 55: “Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”).

A saúde é um direito, mas as famílias têm a obrigação de vacinar seus filhos. As pessoas devem estar vacinadas contra algumas doenças se quiserem visitar alguns estados e outros países. Os direitos são custeados graças à nossa obrigação de pagar impostos – o nome não é à toa.

Há uma frase do ex-senador Roberto Campos, famosa e muito repetida pelos papagaios de seu liberalismo, segundo a qual nossa Constituição tem muitos direitos e poucas obrigações. Basta ler a Constituição para comprovarmos que isso é uma balela. Na melhor das hipóteses, uma piada.

Mesmo o título dos direitos e garantias fundamentais é aberto com o capítulo que se intitula “Dos direitos e deveres individuais e coletivos”. O célebre e generoso art. 5.º, que expressa todo o sentido do apelido de “Constituição Cidadã” dado à Carta Magna brasileira, começa proferindo que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”.

Do voto deveríamos pensar o mesmo. É um direito e igualmente uma obrigação. O cidadão que quer direitos está assumindo que tem uma relação com o Estado, que é o agente responsável por garantir esses direitos e cobrar as obrigações. O cidadão que tem o direito de reclamar do Estado, a plenos pulmões, é o mesmo que tem a obrigação de dizer ao Estado que rumo ele deve tomar. Para que o Estado represente o que o cidadão quer, o pressuposto é que ele, na condição de eleitor, diga o que quer e o que não quer.

Pesquisa alguma substitui o voto
A relação entre Estado e sociedade não pode ser marcada pela abstenção. A razão é simples: não sabemos exatamente o que a abstenção significa em uma eleição.

A democracia não pode trocar eleições por pesquisas de opinião para saber o que o cidadão quer do Estado. Por melhores que sejam as pesquisas, e são muitas, e são díspares, certamente alguém vai estar errado sobre algo muito importante de ser aferido.

A opinião pública está livre para ser analisada por qualquer um, da forma que achar melhor. Mas a vontade do cidadão, isso não pode ser deixado a qualquer um, de qualquer jeito. É algo importante demais para ficar nas mãos de institutos de pesquisa ou, pior, de charlatães de plantão, especialistas de assuntos aleatórios, golpistas contumazes e toda uma legião de oportunistas ávidos em sequestrar a opinião daqueles que se abstiverem. Se ninguém gosta de dar um cheque em branco a quem foi eleito, muito menos deveriam dar a quem sequer foi eleito.

A luta pelo voto está sendo esquecida
A defesa do voto obrigatório perde terreno, entre outras razões, porque sua maneira mais comum é também a mais infame possível. Há péssimos defensores do voto obrigatório que usam o argumento de que o brasileiro ainda não está pronto para o voto facultativo. É de um complexo de vira-latas atroz.

Do lado do voto facultativo, há políticos que o defendem por convicção. Uma convicção bonita, ingênua, desinformada e irresponsável. Cabe aqui a explicação: tratam o voto como um direito que não responsabiliza o cidadão. Péssimo exemplo.

Alguns outros políticos defendem o voto facultativo por conveniência. Querem falar o que a maioria dos eleitores quer ouvir. Da mesma forma, acontece com os eleitores. Há  os que o defendem por convicção. E há outros que o preferem simplesmente porque acreditam que seu voto vale bem menos a pena do que o churrasco do final de semana.

Aqueles um pouco mais politizados dirão: “mas democracia não é só voto!”. “Só”?
Será que quem usa esse “só” impunemente sabe um pouco da história da luta pelo voto universal? Tudo bem que o movimento cartista inglês, de 1830; as revoluções de 1848; as sufragistas (que defendiam o voto feminino) do início do século passado, e tantos outros movimentos estão  distantes no tempo, e nem todo mundo ainda se lembra das aulas de História. Também há uma nova geração que nasceu depois da ditadura.

Esse “só” mostra o quanto o voto, desmoralizado por muitos partidos e políticos, acaba banalizado e esculhambado também por muitos eleitores. Não se pode relegar a um final melancólico uma conquista que foi garantida a duras penas, com o suor, as lágrimas e mesmo o sangue de muitos que lutaram para que pudéssemos exercê-lo, em toda a sua plenitude.

O voto facultativo é uma péssima ideia, um palpite infeliz, um desserviço à democracia.  Mas e os países avançados? Não têm, todos eles, voto facultativo?
Não todos, muitos, é verdade. Vários só tornaram o voto facultativo recentemente, e nada impede que voltem atrás. Muitos países avançados têm voto facultativo e têm também pena de morte, proibição ao uso do véu por mulheres (em claro desrespeito à liberdade individual e religiosa) e tratam imigrantes como animais. Muitos deles têm uma regulação da mídia para ninguém botar defeito.

O fato de um país ter voto obrigatório não faz dele um país avançado. O fato de um país ser avançado não faz com que ele tenha voto facultativo. O argumento sobre países avançados não ajuda no debate, pois não esclarece como funciona o sistema eleitoral como um todo, e não se diz das consequências que a desobrigação do voto acarretou.

Na França, Reino Unido e Alemanha, o comparecimento às urnas costuma ser bem maior do que o que se viu no Chile e do que, tradicionalmente, se verifica nos Estados Unidos. É bem provável que nossas taxas de abstenção fiquem bem mais próximas da chilena e da norte-americana do que da britânica.

A taxa de abstenção varia conforme a eleição, conforme os candidatos, conforme a situação econômica, conforme a raiva dos eleitores. Falar que muitos países avançados têm voto facultativo, pura e simplesmente, é apenas um argumento do tipo Maria-vai-com-as-outras.

TSE deveria ensinar a votar branco e nulo
Hoje, o eleitor que não quiser votar tem duas opções: justificar ou pagar a multa. A multa tornou-se irrisória para a maioria dos brasileiros. Vai de 3% a 10% do valor do salário mínimo. Outras penalidades acabam sendo mais relevantes. O título pode ser cancelado e a pessoa fica impedida de fazer concursos públicos, receber empréstimo de instituições financeiras públicas, tirar passaporte e carteira de identidade, entre outras.

Todos são obrigados a comparecer, mas não a votar, na medida em que há a opção do eleitor anular o voto.

O único resquício autoritário ainda presente no processo eleitoral brasileiro e que precisa ser abolido é a pregação frequente, feita pelos ministros que ocupam a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que o eleitor não deve anular o voto e precisa votar em alguém. Isso é descabido, pois nada autoriza a Justiça a se meter na opinião do eleitor. Não há lei que obrigue o eleitor a votar em alguém.

Tanto o voto branco quanto o voto nulo são expressões democráticas da livre manifestação. Deveriam ser opções de voto respeitadas e melhor informadas. O cidadão tem direito de votar em branco, se quiser, e de votar nulo, se preferir. A urna eletrônica admite as duas possibilidades.

O que o TSE pode e deve fazer, cumprindo sua obrigação de preparar o eleitor para o processo, é reservar espaço no horário eleitoral para dizer que o voto é importante, que o eleitor tem sua chance de escolher bons representantes, e ensinar o eleitor que, se ele não quiser votar em uma pessoa, pode votar no partido.

Se não quiser votar em ninguém, nem pessoa, nem partido, pode votar branco. Se ainda assim achar que ninguém merece sua escolha, pode anular seu voto.

O TSE deveria ensinar as pessoas que queiram votar branco ou nulo a fazê-lo, esclarecendo a diferença. O eleitor que não teve tempo de se informar e não sabe em quem votar deve saber que pode votar em branco e que não precisa passar vergonha por isso. O eleitor que viu o programa eleitoral e não ficou satisfeito com ninguém, ou é contra o voto em si, por princípio, pode expressar sua contrariedade ou descontentamento votando nulo.

Com isso, tiraríamos das urnas um voto que é irresponsável e de péssimas consequências, qual seja, aquele em que o eleitor vota em qualquer um ou no primeiro que aparecer em sua frente, na boca de urna.
Teríamos, provavelmente, mais brancos e nulos, mas escolhas mais bem feitas. De sobra, haveria informações mais fiéis sobre o grau de insatisfação, desinteresse e desinformação dos eleitores, o que seria benéfico para a análise sobre a quantas anda nossa representação.

Vacina incomoda, mas é importante
O voto é como uma vacina. Daquelas que as pessoas podem ou não querer tomar, mas, se não o fizerem, devem arcar com as consequências. Como direito, as vacinas devem sempre estar à disposição de todos os que queiram favorecer seu organismo, mas servindo também ao propósito de preservar o convívio social. O direito individual caminha junto com a obrigação que cada cidadão tem com a coletividade.

Ano que vem tem eleições. Precisamos tomar a vacina, por mais que muitos não gostem da injeção e prefiram xingar a classe dos farmacêuticos. A democracia brasileira vai dizer “muito obrigada”.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Nota deste blog: Convém registrar que no Brasil o voto é facultativo dos 16 aos 17 anos, para os maiores de 70 anos e para os analfabetos.

TEMA DOMINANTE EM 2013: ESPIONAGEM GLOBAL

"É escandaloso! O governo escuta tudo o que nós conversamos!".

Patrick Chappatte.

ECOS DA NATIVIDADE


Pelicano.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

VENDAS DE NATAL: OS PINGOS NOS IS


Os fatos são os mesmos, mas a versão, quanta diferença

Por Sérgio Saraiva

Os dados e citações aqui contidos são rigorosamente os mesmos da matéria da Folha (de ontem, 26.12.2013), cuja manchete é “Comércio tem Natal mais fraco em 11 anos”.
Se retirada a “bílis negra”, ficaria assim:
Comércio no Natal cresce pelo 11º ano consecutivo. 
Sem crise.
Apesar da crise mundial, no Brasil, o comércio natalino cresce consecutivamente há mais de uma década.
Em 2013, segundo indicador de atividade do comércio da Serasa Experian, as vendas na principal data para o comércio cresceram 8,7% no país (2,7% de crescimento, descontada a inflação), representando um crescimento contínuo desde o início da série em 2003. O levantamento foi feito com base em consultas realizadas na semana de 18 a 24 de dezembro.
Um setor dinâmico.
Os setores de shoppings e E-Comerce tiveram natal dinâmico em 2013. Os shoppings registraram um crescimento de 5% em termos reais. O setor deve encerrar o ano com faturamento de R$ 132,8 bilhões e com mais 38 novos shoppings abertos ao longo do ano. O E-comerce teve um crescimento nominal de 41%. De 15 de novembro a 24 deste mês, as vendas somaram R$ 4,3 bilhões. No ano, o setor deve faturar R$ 28 bilhões, segundo a E-Bit.
Efeito Miami, IPI e Black Friday, podia ser melhor ainda.
Os dados do comércio no natal podiam ser melhores ainda. O consumidor, que espera, normalmente, a entrada do 13º salário para efetuar suas compras, este ano, teve alguns motivos para antecipá-las. Um deles foi o fim da redução do IPI para móveis e automóveis. Outro fator que também contribuiu para um não aumento maior, em dezembro, foi a liquidação conhecida como Black Friday, realizada na última semana de novembro.
Os shoppings tiveram ainda a competição com outlets de Miami e Orlando, que vivem abarrotados de brasileiros. “Os preços lá fora são muito menores e isso é um inibidor de compras, sobretudo no setor de vestiário”, diz Sahyoun, presidente da Alshop.
A inadimplência afastada.
Todo crescimento, principalmente se baseado no crédito, embute o risco da inadimplência. Esse, contudo, não parece ser um risco a curto prazo. As famílias brasileiras se mostram responsáveis nesse sentido.  
Segundo a Alshop, o gasto individual com presentes caiu 10% neste ano. Variou de R$ 35 a R$ 45 nos shoppings populares. E de R$ 75 a R$ 125 nos estabelecimentos de classe média. O crescimento, então, se explica por mais pessoas terem ido às compras, mas gastado menos individualmente.
“O consumidor está menos disposto a comprar e mais preocupado em sair da inadimplência do que contrair novas dívidas”, diz Luiz Rabi, economista do Serasa.
Para 2014, a estabilidade. Mas...
O ano de 2010 - PIB de 7,5%, foi atípico com um crescimento de 15,5% do comércio em dezembro. A análise da série histórica de crescimento do varejo no Natal, no entanto, mostra uma tendência de estabilização.
“Vivemos nos últimos anos uma antecipação forte do consumo, estimulado pela redução das alíquotas de impostos”, diz Nuno Fouto, professor do Provar/FIA.
Segundo Luiz Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Alshop, “A volúpia de compras acabou. As pessoas já compraram o que precisaram e, agora, estão fazendo reposição”.
E para o economista Eduardo Tonooka, “Com os níveis de emprego elevados, não há muito mais espaço para ter mais pessoas ingressando no mercado de consumo”.
O comércio natalino cresce a uma taxa média próxima a 3,3%, a partir de 2008. Logo, 2014 deve repetir 2013.
Mas 2014 tem Copa do Mundo e eleições, e aí...
Agora, para a Folha de São Paulo os fatos são os mesmos, mas a versão, quanta diferença.
(Fonte: aqui).

QUE VENHAM BOAS NOVAS


Pavel Constantin.

CARTUM DE ANO NOVO


Karry. (Peru).

ECONOMIA: O XIS DA QUESTÃO


O problema são os economistas

Por Paul Krugman

Mike Konczal defendeu recentemente no Washington Post uma tese muito boa sobre como ensinamos Ciência Econômica. Ele sugeriu que deveríamos voltar ao modo usado pelo economista Paul Samuelson, em 1948, quando escreveu a primeira versão de seu famoso manual: primeiro a macroeconomia, depois a micro. Isso, explica Konczal, daria aos estudantes uma melhor perspectiva da realidade, apesar de no final se cobrir o mesmo material.

Eu acrescentaria que os motivos por trás da ordem de Samuelson se aplicam tão bem hoje quanto em sua época. Samuelson escreveu quando a memória da Grande Depressão ainda estava fresca e os alunos queriam saber como tais coisas podiam acontecer. Como ele conseguiu fazê-los levar a sério aquela história da perfeição dos mercados, depois de tudo o que acabara de suceder? Ensinando-lhes primeiro que a política monetária e fiscal poderia ser usada para garantir o pleno emprego.

Seis anos depois do início da Grande Recessão e da recuperação não tão grande, tudo isso parece novo, mais uma vez. Mas existem alguns problemas sérios com a solução de Konczal, parte do que Samuelson fez em 1948 não pode ser reproduzido hoje.

O que Samuelson trouxe para a Ciência Econômica foi na verdade uma dose dupla de inovação, macroeconomia keynesiana mais uma nova orientação para modelos matemáticos. Na época essas coisas andavam de mãos dadas e se reforçavam mutuamente: o aparente sucesso da macroeconomia keynesiana, orientada para modelos, venceu os institucionalistas.

Hoje, os economistas mais profundamente empenhados em ver o mundo através de uma névoa de equações também tendem a ser profundamente hostis em relação a qualquer tipo de macroeconomia capaz de explicar a crise recente. Na época, Keynes também era novo e inovador. Hoje temos gerações de economistas criados na crença de que a macroeconomia keynesiana está errada. Eles não sabem o que há nela, na verdade, mas é o que lhes ensinam.

Finalmente, se a microeconomia for justificada com a alegação de que a política do governo garantirá mais ou menos o pleno emprego, o que exatamente no mundo atual o inspiraria a acreditar nisso?

Portanto, Konczal está certo sobre o que deveríamos fazer. Mas não vai acontecer.

O problema da ciência econômica são os economistas. Isso é em grande parte o que Simon Wren-Lewis afirmou em uma recente postagem online, em que fez a defesa da corrente dominante da Ciência Econômica. E eu concordo com a maior parte.

É profundamente injusto culpar a Economia dos manuais pela crise ou pela fraca reação à crise. A mania de desregulamentação financeira, por exemplo, não foi um produto da análise econômica convencional. Na verdade, ela contesta o modelo canônico das crises bancárias, que sugeria um papel crucial das garantias do governo para evitar o pânico que se autocumpre e a necessidade de regulamentação para controlar o dano moral criados por essas garantias. É verdade, poucos economistas acompanharam a ascensão dos bancos na sombra capaz de contornar as salvaguardas tradicionais, mas esse foi um problema de vigilância, não de teoria.

A teoria dos mercados eficientes, possivelmente, merece mais culpa pelo fracasso de muitos economistas em reconhecer a bolha habitacional, mas a economia dos manuais sempre apresentou a teoria como uma linha básica, e não uma verdade revelada.

Quanto a reação à crise, foi notável a determinação dos políticos em fazer o oposto do aconselhado pela macroeconomia dos manuais. Cortar os gastos quando as taxas de juro são zero, agarrar qualquer desculpa para aumentar os juros, tais políticas não equivalem a aplicar a Ciência Econômica ortodoxa. Na verdade, foi surpreendente assistir à proliferação de novos modelos recém-inventados para justificar que fizéssemos o contrário do dito pelo curso do primeiro ano de economia.

O problema, claro, é esse não ser apenas um caso de políticos nomeados, ignorantes ou de mentalidade agressiva, que ignoram a sabedoria econômica: muitos economistas de prestígio também estavam ávidos para dar as costas à macroeconomia tradicional, mesmo quando funcionava muito bem, por causa de suas inclinações políticas.

E isso, creio, diz que há algo errado na estrutura da profissão econômica. Parece que não precisamos tanto de outra Ciência Econômica quanto precisamos de outros economistas. (Fonte: aqui).

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É ler o texto e ir pensando nas 'lições' e 'diretrizes' traçadas por 'magos' da microeconomia, tão ouvidos e louvados por grandes veículos de comunicação, que agem como se os desastres econômicos observados nas últimas décadas não tivessem nada a ver com eles. Há até os que ultimamente se vêm atrevendo a pregar, por exemplo, a mudança dos critérios (demasiado generosos, segundo eles) de correção do salário mínimo, e a afirmar que 'algum desemprego' seria salutar para as contas nacionais.