domingo, 30 de setembro de 2012

HAICAI TERESINENSE 40 GRAUS


Cartum de Paixão.

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O CARTUM ME FEZ LEMBRAR, JURURU
QUE TERESINA ATÉ AGORA NÃO VIU
A CHUVA DA MANGA E DO CAJU

PROFUSÃO DE PROMESSAS


Clayton.

O FLAUTISTA DE HAMELIN (II)



Tiago Recchia.

ENQUANTO ISSO, NA MECA DA EVOLUÇÃO...


Santa ignorância

Por José Inácio Werneck

Amigos, rola na Internet um vídeo de Bill Nye, conhecido durante muitos anos como “The Science Guy” por causa de um programa de televisão que fazia, com um apelo patético aos pais americanos: “Precisaremos de seus filhos no futuro. Por favor, não os ensinem a duvidar da evolução”.

O apelo é dirigido principalmente aos evangélicos e sua crescente e perniciosa influência. Os evangélicos sustentam que o mundo foi criado há cerca de seis mil anos, precisamente como está na Bíblia, com Adão e Eva passeando no Paraíso em companhia dos animais feitos por Deus, entre eles os dinossauros.

É mais ou menos uma crença nos moldes daquela história em quadrinhos, Brucutu, em que nosso herói cavalgava seu fiel dinossauro (como era mesmo o nome dele, Dino?) e namorava a simpática Ula.

Mas, pasmem, 46 % de americanos acreditam que o mundo surgiu mesmo como está na Bíblia. Deus fez Adão, tirou sua costela, fez Eva, Noé levou os bichos para a Arca (os dinossauros ao que parece chegaram atrasados para o embarque), etc. Esta história de que o Universo surgiu há 14 bilhões de anos, que a Terra apareceu há 4,5 bilhões de anos, toda a evidência fóssil e geológica de que estamos cercados, a evolução das espécies segundo Charles Darwin - tudo isto, para os evangélicos é mentira, para não dizer pecado.

Ora, o que preocupa Bill Nye é que tal ignorância acabe prejudicando o futuro dos Estados Unidos como uma nação que progrediu e progride por causa da qualidade de seu ensino, de suas universidades, de sua ciência, de suas inovações tecnológicas. Num momento em que países como a China, a Índia, o Japão e a Rússia investem no campo científico, Bill Nye teme que novas gerações de americanos mergulhem nas trevas da ignorância.

Seu medo é bem fundado. Hoje a maioria dos mais brilhantes alunos de universidades americanas vem do exterior, sobretudo da Ásia. Alguns ficam nos Estados Unidos, depois de se formarem, mas a maioria volta para seus países de origem.

Nos Estados Unidos, enquanto isto, a influência evangélica tem levado um crescente número de políticos e administradores escolares a introduzirem no currículo estudantil a tese do “Criacionismo”, a teoria de que o mundo foi feito ao pé da letra como populações primitivas escreveram ou narraram oralmente há três mil anos ou por aí e nos chegou em traduções em cima de traduções.

Contra todos os avanços da ciência, os evangélicos invocam “a palavra de Deus”. Construíram recentemente o “Creation Museum”, em Kentucky, onde ensinam tudo de acordo com o Velho Testamento.

Só bradando, como Castro Alves: “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes”? (Fonte: aqui).


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No sul dos Estados Unidos, em pleno Cinturão da Fé (foco do criacionismo, abrangendo cerca de 8 estados), o artigo acima suscitaria uma enxurrada de protestos indignados. Já a exibição de filme insultuoso contra Maomé, por seu turno, renderia aplausos e gracejos os mais entusiásticos. Coisas da terra de tio Sam. Destino Manifesto...

sábado, 29 de setembro de 2012

STF: RETIFICAÇÃO


Onde se lia fogueira das vaidades, leia-se cogumelo nuclear de egos.

O FLAUTISTA DE HAMELIN


Tiago Recchia.

EUA: ASSANGE E WIKILEAKS, INIMIGOS DO ESTADO

André-Philippe Côtè.

Cabra marcado para morrer

Por Paulo Nogueira

Um jornal australiano obteve um documento do governo americano em que Julian Assange e o Wikileaks são classificados como “inimigos do Estado”.

A notícia está repercutindo em todo o mundo, e com razão.

“Inimigos do Estado” é a mesma categoria em que estão catalogados o Talibã e a Al-Qaeda, por exemplo. Na prática, pela legislação de segurança americana, significa que eles podem ser presos sem processo formal por tempo indeterminado.

Podem também ser executados. Mortos. Eliminados. Como se estivéssemos vivendo o seriado 24 horas.

Onde, no Brasil, o repúdio à perseguição movida pelo governo americano a Assange? Ninguém se importa com ele? Algum colunista brasileiro o defendeu? Assange foi alvo de um único editorial? Ou, por criticar os Estados Unidos, ele não pode ser defendido?

Não só a perseguição americana já passou dos limites. Também a intransigência inglesa em não dar a ele salvo conduto para que pegue um avião rumo ao Equador vai passar para a história como um dos maus momentos da história recente do Reino Unido, em seu alinhamento com a política externa americana.

Assange está confinado na modesta embaixada equatoriana em Londres. Ontem, numa fala na ONU, o ministro das relações exteriores do Equador, Ricardo Patiño, alertou para os riscos físicos que Assange enfrenta em sua presente situação. Lembremos que o pretexto para isso é o sexo que duas suecas fizeram consensualmente com ele.

Por teleconferência, Assange também falou ontem num fórum da ONU. Como sempre, num gesto de elegância, falou menos de si mesmo e mais do soldado Bradley Manning. (Também numa atitude admirável, Assange recusou um prêmio de “liberdade de expressão” concedido pela editora argentina Perfil — que no Brasil é sócia da Abril na Caras — quando soube que também estava sendo homenageado um jornalista do Equador que recebe subvenções americanas e trata a patadas o governo constitucional de Rafael Correa.)

Manning é acusado de ter passado ao Wikileaks os documentos americanos que, entre outras coisas, mostravam a Guerra do Iraque como ela era e é, não como os Estados Unidos fingiam que era.
Manning está preso à espera de julgamento, e pode ser condenado à morte por traição. Até que ativistas fizessem pressão, ele foi submetido a condições degradantes numa cadeia militar americana.
Estava privado de qualquer contato com outros presos, e durante boa parte do tempo era impedido de vestir qualquer roupa. Tecnicamente, como lembraram os ativistas, estava sob tortura contínua.

E agora: o mundo vai esperar o quê para gritar pela libertação de Assange? Que ele morra? (Fonte: aqui).

EUA: ASSANGE E WIKILEAKS, INIMIGOS DO ESTADO


Dálcio Machado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

OLD ANÚNCIO


Programa de luta livre. Um dos responsáveis pela alavancagem da audiência da TV Globo na década de 1960. Nas noites de sábado, Ted Boy Marino, ídolo da gurizada de 5 a 80 anos, era a estrela de uma plêiade integrada por figuras que ostentavam (cog)nomes(!) como Verdugo, Múmia, Rasputin, Demônio Cubano, Tigre Paraguaio, Cavaleiro Vermelho...

Ted Boy subia ao ringue e era impiedosamente trucidado por Verdugo, o sórdido. Cambaleava, agonizava, beirava a extrema unção, e de repente, não mais que de repente, mandava uma avalanche de acrobáticos golpes contra seu algoz, que, trôpego, humilhado, saía com o rabo entre as pernas - sob apupos e aplausos do ginásio e dos expectadores.

E todos, Ted Boy à frente, claro, voltavam no sábado seguinte.

Ted Boy partiu ontem, aos 73.

Nota: Em janeiro, publiquei crônica de Luis Fernando Veríssimo - "Saudade do Ted Boy Marino". Para lê-la, clique aqui.

CARTUM


Duke.

MINI MICROCOSMO AMPLIADO


Olhando para o alto e para trás

Por Carlos Orsi

(...) Esta imagem (...) é o "Campo Extremamente Profundo", ou XDF, para simplificar, produzido pelo Telescópio Espacial Hubble. Ela foi obtida reunindo-se luz acumulada ao longo de dez anos pelo telescópio, a fim de registrar a impressão de 5.500 galáxias, a mais distante das quais tem um brilho que corresponde a dez bilionésimos da luz mais fraca que o olho humano é capaz de detectar.

E toda essa superpopulação estelar foi encontrada numa janela minúscula do céu, menor do que a ocupada por uma lua cheia. O infográfico abaixo mostra, em escala, a área do XDF comparada à ocupada pela lua:



Quer dizer, se você consegue cobrir a lua cheia com um dedo, o XDF é menor que uma unha. E lá estão, pelo menos, 5.500 galáxias. Mas isso não é tudo: como sempre que olhamos para o céu estamos, de fato, olhando para o passado -- já que a luz viaja à conhecida velocidade de um ano-luz por ano -- as 5.500 galáxias do XDF são, também, muito antigas. Quanto? Bem, algumas delas têm 13,2 bilhões de anos.

É um número impressionante, mas se torna mais impressionante ainda se nos lembrarmos que o universo como um todo tem 13,7 bilhões de anos. E o planeta Terra, 4 bilhões. Essa imagem mostra coisas que já existiam quando o universo tinha mero meio bilhão de anos -- quando os átomos de carbono que compõem você e eu possivelmente ainda nem tinham sido forjados no coração das estrelas. (...). (Fonte: aqui).

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Tradução não literal: o Universo é maior do que o maior que se possa imaginar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

PALESTINA, UM DIREITO


"Um dia tudo isso será teu, filho!".

O CASO DA CHARGE


A charge acima foi publicada ontem, 26, no jornal Zero Hora, de Porto Alegre-RS, e no excelente site ChargeOnLine. O autor é contrário ao reconhecimento do Estado da Palestina. O Brasil é favorável. O Brasil e quase toda a ONU. Já Israel e EUA, não. O chargista, então, se expressou do modo que melhor lhe pareceu.

Ocorre que, eventualmente, o tiro pode ter saído pela culatra, visto que um leitor qualquer pode imaginar que o desenho configura não uma desfeita, mas uma homenagem à Palestina: "O chargista, após o certeiro e contundente discurso da Presidente, tratou de homenagear a Palestina, retratando Dilma como uma palestina. Legal!".

Se mesmo uns poucos leitores pensassem como acima exposto, isso, para aqueles que condenaram a atitude do autor, seria bastante para configurar uma justa 'punição'. 

Mas a charge causou especialíssima indignação a outros, a exemplo do que se pode observar no post disponível ao clicar-se AQUI.

ECOS DE DISCURSOS


Gero.

SOBRE MARIO QUINTANA

Acima, Quintana definiu o verdadeiro ócio criativo...

Três palpites sobre Quintana

Por Luís Augusto Fisher

Mario Quintana está tendo sua obra toda republicada com galas por editora forte de fora daqui (Alfaguara). Bom momento para voltar a pensar sobre ele, sem muito rigor mas com gosto.

1. Rua dos Cataventos: o lançamento de seu primeiro livro, em 1940, ocorreu quando ele já tinha nome como poeta entre os escritores de Porto Alegre. O caso mais notório é o de Augusto Meyer, que nesta altura já vivia no Rio. Cidade provinciana, a Porto Alegre de 1940 era a sede da Editora Globo, que naquele momento arrancava para tornar-se uma potência nacional;

Quintana fazia parte desse processo, como tradutor. A publicação de Rua dos Cataventos foi um acontecimento de relativamente pouca repercussão. Quintana só veio a se tornar um poeta respeitado e lido amplamente depois de 1966, quando uma antologia de sua obra foi publicada no Rio, ocasião em que ele esteve na Academia Brasileira de Letras, ciceroneado pelo velho amigo Meyer.

2. Quintana tem um conhecimento sólido das formas poéticas estáveis, como o soneto, e obteve uma notável fluência na escrita do que poderíamos chamar de português comunicativo (em parte fruto de seu trabalho de tradutor); a soma dessas duas virtudes dá o tom de sua poética, pelo lado formal.

Pelo lado ideológico, foi uma espécie de romântico tardio, marcado pela recusa a abordar os temas mais duros de sua época – aliás, quando abordava os impasses de sua geração (como os dilemas do engajamento da arte, tendo em vista o horizonte da Segunda Guerra e da Guerra Fria), era para negar-se a discutir o tema, preferindo evadir-se em direção a campos temáticos em certa medida regressivos (a infância, a loucura, os anjos, o subúrbio lírico, a cidadezinha pequena fora do ritmo moderno etc.).

3. No tema amoroso, em que há poetas grandes em sua geração (Drummond, Vinicius de Moraes, Bandeira), Quintana igualmente não é notável: em sua poesia não parece pulsar desejo erótico, salvo contadas exceções. Dito isso tudo, ele foi um grande poeta na busca pela frase de efeito (não à toa ele é muito citado pelas frases, pelas tiradas de humor rápido), no desenho de desabafos líricos, no comentário meio desaforado contra a seriedade burguesa.

Para mim, sua melhor fase está na maturidade, na altura dos Apontamentos de História Sobrenatural, em que tudo isso aparece temperado de algum surrealismo, em poemas sobre o preço da velhice, da passagem do tempo, a nostalgia da inocência etc.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

OLD CARTUM


Ziraldo e seu antológico Jeremiass, o Bom. Anos 1970.

BRASIL: A DÉCADA DA INCLUSÃO


Matéria embasada em análise do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a que muitos não tiveram acesso em face de certa, digamos, discrição por parte da grande imprensa:

O Brasil atingiu em 2011 o menor nível de desigualdade social já verificado desde o início das séries históricas, em 1960. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo "A década inclusiva", apresentado pelo presidente do Ipea, Marcelo Neri, usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Não há, na história brasileira estatisticamente documentada desde 1960, nada similar à redução da desigualdade de renda observada desde 2001", disse Neri. "Assim como a China está para o crescimento econômico, o Brasil está para o crescimento social."

A diminuição da desigualdade é medida pelo coeficiente de Gini, que passou de 0,594 em 2001 para 0,527 em 2011. No índice, quanto mais perto de zero menor a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres do país. "O Brasil está no ponto mais baixo da desigualdade, embora ela ainda seja muito alta", ressaltou o presidente do Ipea.

O salário dos 10% mais pobres da população brasileira cresceu 91,2% entre 2001 e 2011. O movimento engloba cerca de 23,4 milhões de pessoas saindo da pobreza. Já a renda dos 10% mais ricos aumentou 16,6% no período, de forma que a renda dos mais pobres cresceu 550% sobre o rendimento dos mais ricos.

Crescimento dos salários e peso do Bolsa Família

O crescimento dos salários é o principal indicador para a melhoria, aponta o estudo. É o que responde por 58% da diminuição da desigualdade. Em segundo lugar vem os rendimentos previdenciários, com 19% de contribuição, seguido pelo Bolsa Família, com 13%. Os 10% restantes são benefícios de prestação continuada e outras rendas.

Neri ressaltou que, dentre todos os vetores para a diminuição da desigualdade, o Bolsa Família é o mais eficaz, do ponto de vista fiscal.


"Se todos os recursos pudessem ser canalizados à mesma taxa para o Bolsa Família, ao invés da previdência, a desigualdade teria caído mais 362,7%", exemplificou Neri no estudo.

A disparidade de renda entre brancos e negros também se alterou. Segundo os dados apurados pelo Ipea, a parcela da população que se declara como negra teve crescimento da renda de 66,3% nos 10 anos. Maior variação foi apurada entre os pardos (85,5%). Entre os brancos, o crescimento foi de 47,6%.

O recorte por regiões mostra que no Nordeste a renda subiu 72,8%, enquanto no Sudeste cresceu 45,8%, sempre no mesmo período de comparação. O estudo conclui que houve queda de 3,2% no coeficiente de Gini entre junho de 2011 e o mesmo mês de 2012, tendo como base dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.

DEBATE ECOLÓGICO


Jota A.

OBAMA E O ISLÃ EM CHAMAS


Tom Janssen.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

TOLICES MODERNAS


"Uma Confraria de Tolos" ridiculariza a banalidade moderna

Por André Barcinski

O escritor norte-americano John Kennedy Toole não viveu para ver o sucesso de "Uma Confraria de Tolos".

Incapaz de conseguir uma editora para publicar o livro e sofrendo de graves crises de depressão, Toole cometeu suicídio em 1969, aos 31 anos.

Sua mãe, Thelma, encontrou uma cópia do manuscrito entre os pertences do filho e brigou por muitos anos para conseguir uma editora. "Uma Confraria de Tolos" foi finalmente publicado nos Estados Unidos em 1980. No ano seguinte, Toole ganhou um Pulitzer póstumo.

Desde então, o livro tornou-se um clássico "cult" da literatura satírica norte-americana, frequentemente comparado a obras de Mark Twain.

A prosa ácida de Toole ganhou admiradores como o grande escritor chileno Roberto Bolaño, que citava o livro entre seus favoritos.

"Uma Confraria de Tolos" começa com uma frase de Jonathan Swift, um dos autores prediletos de Toole: "Quando surge no mundo um verdadeiro gênio, pode-se identificá-lo por este sinal: contra ele se juntam em uma aliança todos os tolos".

O personagem principal do livro, Ignatius J. Reilly, é um trintão obeso, glutão, flatulento e mal-humorado, que mora com a mãe e vive amaldiçoando o mundo moderno.

Ignatius leva a frase de Swift a sério: ele é um anti-herói, deslocado do mundo e nascido na época errada, que se considera sempre perseguido por uma cambada de idiotas.

Não é à toa que muitos críticos compararam Ignatius a Dom Quixote. Os dois personagens vivem sempre em conflito com o mundo "real".

COMICIDADE

"Uma Confraria de Tolos" se passa em New Orleans, nos EUA, nos anos 1960. É notável como Toole criou uma galeria de personagens cômicos inesquecíveis, mas que nunca se tornam folclóricos ou caricaturais.

Seus encontros com "strippers", policiais incompetentes e idosos reacionários são engraçadíssimos.

O personagem de Ignatius foi supostamente inspirado por um professor de Toole, mas tem muito de autobiográfico. Toole também sofreu com uma mãe dominadora e tinha uma visão ácida e pessimista do mundo.

"Uma Confraria de Tolos" pode ser visto como uma metáfora ao deslocamento que muitos jovens norte-americanos vivenciavam nos anos 1960, período de conflitos sociais intensos no país.
Ignatius é um cavaleiro solitário lutando contra um mundo que ele não entende e ao qual ele não acredita pertencer.

É curioso pensar na recepção que o livro poderia ter tido se houvesse sido lançado nos anos 1960.
Será que Ignatius se tornaria, para a década de 60, o que o personagem Holden Caulfield de Salinger foi para a de 50? (Fonte: aqui).

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Certamente valerá a pena ler.

CARTUM


Seri.

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Prêmio Ecologia no 4º Salão Internacional de Humor da Amazônia - que contou com participantes de trinta e sete países. O Salão é realizado em Belém, sob a coordenação de Biratan Porto.

HERZOG, 37 ANOS DEPOIS


Justiça retifica registro de óbito de Vladimir Herzog; causa da morte deverá ser "por lesões e maus-tratos"

O juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), determinou nesta segunda-feira (24) a retificação do atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, para fazer constar que sua “morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)”.

O magistrado atende, assim, a pedido feito pela Comissão Nacional da Verdade, representada por seu coordenador, ministro Gilson Dipp, incumbida de esclarecer as graves violações de direitos humanos, instaurado por solicitação da viúva Clarice Herzog.

(Para ler o texto completo, clique aqui).

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37 anos depois, uma parte da Justiça é alcançada...

O FIM DO MUNDO


Xandão.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

LIBERDADE DE IMPRENSA PLENA, A INTOCÁVEL


Imprensa da liberdade

Por Janio de Freitas

O autor do filmeco e os extremistas da idolatria islamista deram-nos, a nós ocidentais, mais uma oportunidade de fazer o que não faremos: refletir sobre a liberdade de imprensa sem ideias prefixadas.

O tema é dificílimo em dois sentidos. Por si mesmo, é claro, e pela resistência ainda intransponível à busca de sua conceituação sem interesses e sem hipocrisias.

Não sou adepto da ideia de liberdade de imprensa plena: tenho convicção de que a imprensa não possui a liberdade de difundir o que ponha em risco pessoas inocentes. A decisão do semanário francês "Charlie Hebdo", de redobrar o ataque à intolerância do extremismo islamista, não foi defesa e afirmação do princípio da liberdade de imprensa.

Foi provocação utilitária, com a qual os dirigentes e acionistas da publicação obtiveram, como poderiam esperar, resultado financeiro e promocional muito acima do seu histórico (a publicação esgotou em horas). Os editores de "Charlie" aliaram-se ao autor do filmeco de origem suspeita, causa do assassinato miseravelmente covarde do embaixador dos Estados Unidos em Benghazi, na Líbia que ele ajudou a livrar de Gaddafi.

A edição anti-islamista de "Charlie Hebdo" não trouxe nem uma só contribuição positiva, por mínima que fosse, a não ser para o seu comando. Mas forçou o governo francês à humilhação de fechar suas embaixadas no mundo islâmico afora, para salvaguardar a vida de funcionários posta em risco pelas respostas à provocação do semanário.

O argumento é admissível: ainda que em nome da vida inocente, a restrição à liberdade de imprensa plena pode abrir caminho a restrições por causas deploráveis. A que liberdade de imprensa, porém, se refere o argumento, eis o problema.

Está sujeito à punição legal o jornalista que chamar de ladrão a quem não o é. Se punido pelo que fez, é porque não tinha a liberdade de fazê-lo. Abusou daquela que lhe foi concedida, mas concedida sob limitação legal -e quase sempre com desconsideração pelas especificidades do jornalismo, que ficam pendentes da sagacidade e da isenção do juiz.

A liberdade de imprensa plena, parte da plena liberdade de expressão, é alimentada também por doses variáveis de hipocrisia. O governo dos Estados Unidos e a justiça da Califórnia disseram não agir contra o tal filmeco em respeito à liberdade de expressão. Mas só um tolo acreditará que, se em vez de Maomé, o filmeco retratasse do mesmo modo George W. Bush, por exemplo, o governo americano deixaria as cenas correndo o mundo pelo YouTube. E o autor isentado de processo.

A França da "Charlie Hebdo" proibiu, judicialmente, as fotos do topless de Kate Middleton, mulher do príncipe William, e fez a polícia buscar os originais na revista "Closer" (cujo valor para a liberdade de imprensa é mensurável pela propriedade de Silvio Berlusconi).

Jornalistas e "scholars" americanos, poucos embora, deixaram e ainda fazem trabalhos sobre a violação da Primeira Emenda, a da liberdade de imprensa na Constituição dos Estados Unidos, por medidas impostas pelo governo Bush a partir da derrubada das Torres Gêmeas. A própria história do 11 de Setembro ainda tem partes sob censura, como o ocorrido com o quarto avião, "caído".

"A possibilidade de crítica ampla" e "manifestações que poderiam ser classificadas como provocação" relacionam-se de modo diferente com a liberdade de imprensa, sem paralelismo algum entre crítica e provocação (...).

A liberdade de crítica, de debate cultural, político ou científico, e mesmo religioso, não se confunde com a liberdade de pregar racismo, de incentivar arbitrariedades, de provocar impulsos criminosos. Aquelas práticas são a grandeza da imprensa. E as últimas, o lixo.

CARTÃO VERMELHO


Mariano.

FICÇÃO SEMANAL


Jurista Celso Bandeira de Mello desmente revista Veja.

Eis a nota:

Uma notícia deslavadamente falsa publicada por um semanário intitulado “Veja” diz que eu estaria a redigir um manifesto criticando a atuação de Ministros do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ação que a imprensa batizou de mensalão e sobremais que neste documento seria pedido que aquela Corte procedesse de modo “democrático”, “conduzido apenas de acordo com os autos” e “com respeito à presunção de inocência dos réus”. Não tomei conhecimento imediato da notícia, pois a recebi tardiamente, por informação que me foi transmitida, já que, como é compreensível, não leio publicações às quais não atribuo a menor credibilidade.

No caso, chega a ser disparatada a informação inverídica, pois não teria sentido concitar justamente os encarregados de afirmar a ordem jurídica do País a respeitarem noções tão rudimentares que os estudantes de Direito, desde o início do Curso, já conhecem, quais as de que “o mundo do juiz é o mundo dos autos” – e não o da Imprensa – e que é com base neles que se julga e que, ademais, em todo o mundo civilizado existe a “presunção de inocência dos réus”.
 
É esta a razão pela qual, sabidamente, indiciados não são apenados em função de meras conjecturas, de suposições ou de simples indícios, mas tão somente quando existirem provas certas de que procederam culposa ou dolosamente contra o Direito, conforme o caso. Pretender dizer isto em um manifesto aos Ministros do Supremo Tribunal Federal seria até mesmo desrespeitoso e atrevido, por implicar suposição de que eles ignoram o óbvio ou que são capazes de afrontar noções jurídicas comezinhas. Nenhum profissional do Direito experimentado, com muitos anos de profissão, cometeria tal dislate. É claro que isto pode passar desapercebido a um leigo ao preparar noticiário, mas não convém que fique sem um cabal desmentido, para que os leitores não sejam enganados em sua boa-fé. (Fonte: aqui).
 
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Observação: a publicação, que também não leio, seria dada(!) à prática de despautérios, desconchavos, disparates, enfim, de dislates. Nenhuma estranheza, portanto.

SUPERANDO O CAOS DO TRÂNSITO


Ross Thompson.

domingo, 23 de setembro de 2012

A PREVALÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO


Palavras do jurista Dalmo de Abreu Dallari em seu artigo "STF, mídia e Constituição ignorada", parte final, publicado no Observatório da Imprensa, em 18 de setembro:

(...)

Extensão inconstitucional

Há um ponto em que a imprensa poderia promover um sério debate, com base numa questão jurídica fundamental: por meio da Ação Penal 470, estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal, sem terem passado por instâncias inferiores, acusados que não tinham cargo público nem exerciam função pública quando participaram dos atos que deram base à propositura da ação pelo Ministério Público. Isso ficou absolutamente evidente no julgamento de acusados ligados ao Banco Rural, que, segundo a denúncia, sem terem cargo ou função no aparato público, interferiram para que recursos públicos favorecessem aqueles integrantes de um banco privado.

Essa questão foi suscitada, com muita precisão, pelo ministro Ricardo Lewandowski, na fase inicial do julgamento. Entretanto, por motivos que não ficaram claros, a maioria dos ministros foi favorável à continuação do julgamento de todos os acusados pelo Supremo Tribunal. No entanto, a Constituição estabelece expressamente, no artigo 102, os únicos casos em que o acusado, por ser ocupante de cargo ou função pública de grande relevância, será julgado originariamente pelo Supremo Tribunal Federal e não por alguma instância inferior.

No inciso I, dispõe-se, na letra “b”, que o Supremo Tribunal tem competência para processar e julgar, originariamente, nas infrações penais comuns, “o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador Geral da República”. Em seguida, na letra “c”, foi estabelecida a competência originária para processar e julgar “nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente”.

Como fica muito evidente, o Supremo Tribunal Federal não tem competência jurídica para julgar originariamente acusados que nem no momento da prática dos atos que deram base à denúncia nem agora ocuparam ou ocupam qualquer dos cargos ou funções enumerados no artigo 102.

Para que se perceba a gravidade dessa afronta à Constituição, esses acusados não gozam do que se tem chamado “foro privilegiado” e devem ser julgados por juízes de instâncias inferiores. E nesse caso terão o direito de recorrer a uma ou duas instâncias superiores, o que amplia muito sua possibilidade de defesa. Tendo-lhes sido negada essa possibilidade, poderão alegar, se forem condenados pelo Supremo Tribunal, que não lhes foi assegurada a plenitude do direito de defesa, que é um direito fundamental da cidadania internacionalmente consagrado. E poderão mesmo, com base nesse argumento, recorrer a uma Corte Internacional pedindo que o Brasil seja compelido a respeitar esse direito.

A imprensa, que no caso desse processo vem exigindo a condenação, não o julgamento imparcial e bem fundamentado, aplaudiu a extensão inconstitucional das competências do Supremo Tribunal e fez referências muito agressivas ao ministro Lewandowski – que, na realidade, era, no caso, o verdadeiro guardião da Constituição. (Fonte: aqui).

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Para justificar o julgamento, no STF, de todos os acusados do mensalão (salvo um, que não teve assegurado, na fase preparatória, o direito de defesa), foi alegada a existência de conexão. O que se questiona é: se a conexão tivesse de ser considerada, não seria o caso de a própria Constituição prever expresssamente a situação excepcional? Afinal, reza um velho princípio: onde a lei não distingue, a ninguém é lícito distinguir...

AUSTERIDADE ELEITORAL


Amorim.

sábado, 22 de setembro de 2012

ANDREZA, POETA DO AMAPÁ


ALIMENTO


Estou sentindo algo muito louco
Algo que nunca senti
Estou sendo alimentada
Pouco a pouco
Porém, cada dia mais
Por letras
Essas que estão alimentando
Minha alma.
Meu corpo está em pé pelo
Que estou lendo


Andreza Gil

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Andreza, poeta do Amapá, enfeita o blog de Alcinéa Cavalcante. Para conhecê-lo, clique aqui.
Fonte: blog Luis Nassif.

BALAIO DO VASQS


Vasqs.

EXCEÇÃO ÚNICA E INTRANSFERÍVEL


"Nunca vi um julgamento que inovasse em tantas coisas ao mesmo tempo. Duvido que aconteça de novo."


(Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político, presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, em entrevista ao jornal Valor, aludindo ao processo do Mensalão - "Mensalão será um julgamento de exceção" -. Prevalência de provas indiciárias e ônus da prova da inocência a cargo do acusado estão entre as inovações implementadas pelo STF no trato do assunto. A matéria foi reproduzida no blog de Luis Nassif, aqui).

AINDA LOBATO: O JUÍZO DE VERÍSSIMO

Ilustração: Belmonte. (Lobato com seus personagens Narizinho, Saci-Pererê, Emília e Visconde de Sabugosa).

No contexto

Por Luis Fernando Veríssimo

Minha filha estava lendo uma história do Monteiro Lobato para a minha neta e parou quando chegou num trecho que falava na Tia Nastácia. Hesitou, sem saber se lia o que estava escrito ou se exercia sua prerrogativa de leitora e mãe e pulava o trecho. Decidiu-se pela censura. Não me lembro se cheguei a ler Monteiro Lobato para meus filhos, mas tenho certeza de que não teria a mesma hesitação da Fernanda. Não me ocorreria que o texto era racista. Ou talvez ocorresse e eu o desculpasse, pois seria apenas um detalhe que em nada diminuía o imenso prazer de ler Monteiro Lobato. E escrito numa época em que o próprio autor não teria consciência de estar sendo ofensivo, ou menos que afetuoso com sua personagem. Entre os anos em que eu lia Lobato e hoje mudou tudo no mundo, inclusve o contexto em que o racismo, consciente ou não, é encarado. E não é preciso ir muito longe atrás de mudanças no contexto. Não faz tanto tempo assim que boa parte do humor na televisão brasileira era feito em cima de estereótipos caricatos de raças e minorias. O negro era sempre o “negrão” careteiro e não muito inteligente, o judeu era sempre um usurário atrás da prestação, o homossexual era sempre um grotesco. E era tudo inocente, baseado em preconceitos herdados e em hábitos culturais que ninguém questionava, já que era humor, não era por mal. Hoje, no contexto atual, está havendo reação das partes que se sentem afrontadas, o que é ótimo – quando não é exagerada. No caso do “racismo” do Monteiro Lobato, minha posição sobre como o autor deva continuar sendo leitura deliciada das crianças apesar dos trechos abomináveis é um decidido “Não sei”. Fala-se que nas edições adotadas nas escolas conste uma explicação que coloque os termos repreensíveis no contexto. Não sei. O essencial é que não se prive nenhuma criança brasileira de ler Monteiro Lobato. (Fonte: aqui). ...................................
Sobre o assunto, sugiro a leitura de "Confissões de Monteiro Lobato (II)". Clique AQUI.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ALBERT PIAUÍ VEREADOR (II)

Desenho de Duayer.

De Ziraldo, pai do Menino Maluquinho, sobre nosso dileto Albert Piauí:

Numa das minhas andadas tive a alegria de conhecer o Albert Piauí, menino ainda, com um talento de gigante. Fomos colegas nas páginas do velho Pasquim e, nas inúmeras vezes que voltei a Teresina, pude constatar sua importância para a cultura do seu estado, sua capacidade de trabalho, sua vocação de líder, seu enorme coração de brasileiro. Tomo a liberdade – por ser brasileiro como vocês – de torcer pelo Albert nessas eleições. Sonho em que ele seja, para o bem de Teresina, o vereador mais bem votado do estado. E, na próxima eleição, vou me cadastrar em Teresina pra votar no Albert Piauí pra prefeito!!! Ele merece! O Piauí, também!
Ziraldo Alves Pinto
 
(Fonte: aqui).

ALBERT PIAUÍ VEREADOR


Desenho: J Bosco.

De Zé Roberto Graúna, em seu blog (para acessá-lo, clique aqui):

Recentemente comentei por aqui a importância da candidatura do cartunista Maringoni ao cargo de vereador pela cidade de São Paulo. Entendo que está mais do que na hora de nossos desenhistas mais politizados e conscientes começarem a atuar além das fronteiras das pranchetas e telas de computador. Por isso, divulguei (...) os detalhes da candidatura de Maringoni por São Paulo.

Em Teresina, Piauí, outro consagrado artista do traço está enveredando para a política. Trata-se de Albert Piauí, velho conhecido não só por seus ótimos desenhos, mas também pela atuação em eventos culturais, especialmente nos muitos anos de Salão Internacional de Humor do Piauí.
 
Albert é candidato pelo PC do B, com o n° 65.444, e já recebeu diversas manifestações de apoio de colegas de várias partes do País. (...)
 
Desejamos boa sorte ao colega Albert Piauí!

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Enquanto isso, Albert vem desenvolvendo sua campanha com todo o gás. Boa sorte pra meu velho amigo!

O ALERTA DOS BANQUEIROS AOS GREVISTAS


Pelicano.

RELIGIÃO, DIREITO E DIREITO EXTREMO


Os crimes cometidos em nome da liberdade de expressão: a infeliz decisão de um jornal francês de publicar charges de Maomé

Por Paulo Nogueira

Quantos crimes são cometidos em nome da liberdade de expressão, reflito comigo mesmo.

Ainda agora: um jornal semanal satírico francês, Charlie Hebdo, decide publicar caricaturas de Maomé, o profeta dos muçulmanos.

Não é coragem. É irresponsabilidade em seu grau mais extremo. Os ânimos estão absurdamente exacerbados depois do infame filme “A Inocência dos Muçulmanos”, do igualmente infame fanático cristão Nakoula Bassiley Nakoula.

Os protestos no mundo muçulmano – previsíveis, aliás – custaram, até aqui, 30 vidas. Um embaixador americano teve uma morte tenebrosa em Bangasi, na Líbia, no curso das manifestações.
Por que, então, publicar caricaturas de Maomé? Para que haja mais mortes, mais desassossego, mais terror? Em nome da liberdade de expressão?

Francamente.

Liberdade de expressão é um conceito sagrado demais para ser tão mal usado. No caso do jornal francês estamos falando, na verdade, é de incitamento à violência, ao ódio – e de oportunismo cínico para vender mais exemplares e ganhar notoriedade.

Vamos observar coisas miúdas comparadas a desenhos que ridicularizam Maomé. Há alguns meses, os ingleses se comoveram com a parada cardíaca de um jogador negro em pleno jogo, sob as vistas de um estádio lotado e de dezenas de milhares de telespectadores.

No twitter de Londres, a história logo virou destaque. Manifestações de solidariedade, de tristeza, de dor se multiplicaram. No meio do pesar, do choque coletivo, alguém começou a fazer piadas racistas com o jogador.

No próprio twitter, começou uma reação às ofensas absurdas. Acompanhei de perto. A certa altura, o humorista disse o seguinte: “Vivo num país em que existe liberdade de expressão.”

Bem, isso não impediu que ele fosse descoberto, indiciado, publicamente desmoralizado e colocado por alguns dias na cadeia. Ele se apoiara numa causa nobre, a liberdade de expressão, para cometer uma mesquinharia criminosa.

Vamos a comparações mais dramáticas.

Imagine que, no fragor da tragédia do 11 de Setembro nos Estados Unidos, alguém publicasse entre os americanos um vídeo louvando bin Laden. Liberdade de expressão permite tudo, não é mesmo?

Não.

Ainda hoje, na Alemanha, a liberdade de expressão não chega sequer ao ponto de ser permitida a venda do livro Minha Luta, de Hitler.

Ninguém captou a diferença entre liberdade de expressão e incitamento ao ódio tão bem quanto o escritor alemão Gunter Grass.

Grass, um libertário, se colocou imediatamente ao lado de Salman Rushdie quando, em 1989, este publicou Versos Satânicos, um romance que revoltou os muçulmanos.

Quase vinte anos depois, Grass mudou de atitude quando um jornal dinamarquês publicou caricaturas de Maomé, com as consequências que você pode imaginar.

Quando perguntaram a Grass por que ele mudara, ele disse, com a sabedoria de um Sócrates: “Agora, são fundamentalistas contra fundamentalistas.”
Clap, clap, clap.

Rushdie escrevera um livro sem saber os efeitos que viriam disso. A partir dali, ninguém mais poderia alegar surpresa. Essa a lógica perfeita de Grass.

Sabemos bem o que está por trás da raiva árabe. São décadas de humilhações e predação dos civilizadores ocidentais, são as bombas despejadas por drones, os aviões de guerra sem tripulação, são as crianças e mulheres mortas numa indefensável Guerra ao Terror que responde ao terror com mais terror ainda.

Basta ver os poucos minutos do célebre filme vazado pelo Wikileaks para entender tudo. Bagdá em ruínas, e soldados americanos em helicópteros Apache matando inocentes como se fosse um jogo de videogame.

Em circunstâncias assim, filmes e caricaturas que insultam os muçulmanos vão gerar reações extremadas. Isso não é liberdade de expressão.

É irresponsabilidade criminosa. (Fonte: aqui).

SERIA CÔMICO...


"O tema desta noite é: sátira e religião."

Tom Janssen.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

OLD PHOTO


Nova York, há exatos 80 anos. A célebre foto intitulada “Lunch a-top a skyscraper”. Onze operários almoçando sentados sobre uma viga no 69º andar do GE Building, em Manhattan.

Fotógrafo: Charles C. Ebbets

"A foto (...) levantou suspeita sobre a sua veracidade.O negativo de vidro da fotografia pertence à agência Corbis, detentora dos direitos da imagem. Ken Johnston, diretor de fotografia da agência Corbis analisou o negativo a pedido do jornal The Telegraph. Segundo ele, a imagem não é uma montagem. 'Quando você tem um negativo de cópia, você geralmente consegue ver a borda da cópia por trás, e geralmente teria clipes, porque você faria uma cópia de outra fotografia. E eu não vejo nada disso aqui. Este é o negativo original', afirmou Johnston. (...)" (Fonte: aqui).

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Adendo - em 22.09.2012: Relativamente à veracidade da foto, há controvérsia: veja AQUI.

DA SÉRIE FLAGRANTES DA CORRIDA ELEITORAL


Tiago Recchia.

TEMPO DE LITERACURTA


Crônica para ler no bonde

Por Nilson Souza

Andei lendo sobre o grande escritor Malba Tahan, pseudônimo de um modesto professor de escola pública que transformou a Matemática em tema de histórias encantadoras, além de ter revelado profundo conhecimento do mundo árabe sem jamais ter viajado ao Oriente.

O carioca Júlio Cezar de Mello e Souza, que não era meu parente apesar do sobrenome bonito, também militou no jornalismo – como bico, pois em 1918 os professores já ganhavam mal – antes de se transformar no reconhecido autor de mais de cem livros, entre os quais o best-seller O Homem que Calculava. E foi na seção de literatura do seu jornal que tentou emplacar sua primeira obra literária – um conto curto para ser lido no bonde.

Ponto na história de Malba Tahan, quem quiser que busque mais informações sobre ele – e vale a pena. O que me chamou a atenção na biografia, e o que gostaria de compartilhar com os heroicos leitores e leitoras deste texto de mais de 30 linhas, é exatamente essa questão da leitura rápida, da literatura de ocasião, pensada para ocupar a atenção dos passageiros do tempo.

O livro de bolso, que já foi moda nos países que viajam de trem ou metrô, também virou literatura longa numa sociedade que leva a internet na palma da mão. Outro dia observei seis pessoas numa parada de ônibus: três falavam ao celular, uma consultava sua caixa de mensagens, outra digitava torpedos e a última segurava uma pasta junto ao corpo, provavelmente um tablet, que só não estava visível por motivos de segurança. Livros, nem pensar.

A rendição às poucas letras é tamanha, que até a própria Academia Brasileira de Letras promoveu recentemente um concurso de microcontos para Twitter, sob o pretexto de atrair escritores (leitores?) jovens. Milhares mandaram os seus recados, e a vencedora, uma conterrânea de Malba Tahan chamada Bibiana (nome pra lá de literário), até que escreveu uma coisa interessante e divertida: “Toda terça ia ao dentista e voltava ensolarada. Contaram ao marido sem a menor anestesia. Foi achada numa quarta, sumariamente anoitecida”.

Dá, sim, para escrever pouco e dizer muito. Mas esta economia de palavras e pensamentos não pode servir de justificativa para a preguiça. Veja-se, por exemplo, o conto Os Trinta e Cinco Camelos, escrito pelo homem que calculava as suas histórias: nem curto nem longo, com diálogos significativos, enredo engenhoso e final surpreendente. Dá para ler no bonde, no ônibus, no trem-bala, no avião e até na internet. Não perca.

Se você ainda não leu – e chegou, com fôlego, ao final desta crônica –, considere-se habilitado para a aventura. Bom proveito.

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Voltar a ler Malba Tahan: boa dica.

CRISE MUNDIAL: CENÁRIO EUROPEU


Sasha Dimitrijevic.


Christo Komarnitski.

CRISE MUNDIAL: CENÁRIO EUROPEU


Petar Pismestrovic.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

VILÃ INTERNET


Internet pode diminuir a inteligência e a empatia

A neurocientista britânica Susan Greenfield, que leciona na Universidade de Oxford (Reino Unido), é voz dissonante em meio à empolgação de muita gente com o potencial das redes sociais e da internet.
Ela acredita que a vida virtual está criando uma geração de pessoas menos inteligentes e menos capazes de empatia.

Trechos de entrevista por ela concedida ao jornal Folha de S. Paulo:

Como a sra. começou a se interessar pelo impacto das novas tecnologias sobre o cérebro humano?Comecei a discutir esse assunto em 2009, na Câmara dos Lordes [órgão do Parlamento britânico do qual ela faz parte], quando houve um debate sobre a regulação do uso da internet e possíveis efeitos nocivos de seu uso sobre crianças.
Como neurocientista, o que eu levei em consideração nesse debate é o fato de que o cérebro humano evoluiu para responder a estímulos muito diferentes dos que estão afetando o desenvolvimento das crianças de hoje. Isso não é um julgamento de valor, é apenas um fato.
E, quando você olha a literatura científica recente, há sinais consideráveis de mudanças, embora obviamente precisemos de mais estudos para entender exatamente o que está acontecendo.
Sabemos, por exemplo, que o uso de redes sociais e de videogames pode ter efeitos bioquímicos muito parecidos com os do vício em drogas no cérebro. No ano passado, um trabalho com tomografias mostrou anormalidades estruturais ligadas a esse tipo de comportamento.
Também há testes mostrando um aumento de problemas de compreensão verbal e um declínio na capacidade de empatia. (...).

A sra. foi muito criticada por levantar essa hipótese. Esperava reações tão violentas?
Sim e não. Por um lado, é assim que a ciência funciona, as críticas são esperadas e necessárias. O problema é quando elas se tornam pessoais. Como se diz na Austrália, você tem de chutar a bola, e não o jogador.
E, claro, muita gente está ganhando muito dinheiro com isso e não vai gostar se alguém como eu tenta estragar a festa (risos).

Também temos visto uma melhora constante nos níveis de QI no mundo todo nas últimas décadas. Isso não significaria que as mudanças tecnológicas também têm efeitos positivos sobre o cérebro?
De fato, há indícios de que o uso de videogames pode melhorar a memória de curto prazo e a agilidade mental, por exemplo. Isso é verdade, mas não acho que seja a história toda. Velocidade mental, capacidade de processar informações com rapidez, não é a mesma coisa que entendimento ou sabedoria.
O que nós não estamos vendo, apesar dos avanços mensuráveis no QI, é um aumento dos insights sobre a condição humana ou da imaginação, por exemplo.

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Parece razoável indagar: a questão é simplesmente internet/redes sociais ou o que se exercita naquele espaço - e por quanto tempo?

FILME-OFENSA: VITAMINA DO EXTREMISMO


Emad Hajjaj.

FOGUEIRA...: CASA BRANCA VERSUS GOOGLE


Emad Hajjaj.

O Google rejeitou na sexta-feira uma solicitação da Casa Branca para reconsiderar sua decisão de manter on-line o vídeo que vem indignando muçulmanos mundo afora por veicular ofensas ao profeta Maomé.

As diretrizes do Direito Internacional são claras no que tange à
proibição de veiculação de atos que incitem o ódio e a violência, como o vídeo em questão. Muitos países já tomaram unilateralmente a iniciativa de vetar o acesso ao vídeo (e o Google, acatando a legislação desses países, "tirou-o do ar").

Mas os EUA alegam estar "de mãos atadas", em face de sua legislação interna (a despeito das normas do Direito Internacional), podendo no máximo solicitar ao Google que, por iniciativa própria, detone o vídeo.

Enquanto isso, os extremistas...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

FOGUEIRA DAS ARMAÇÕES: ÓDIO EXACERBADO


Bill Day. ("FAÇA UM VIDEO PARA INCITAR E MATAR!").