sábado, 31 de janeiro de 2009

PAPO DE BANQUEIRO


sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

LEI NELES


O presidente Barack Obama deplorou hoje a postura de banqueiros e capitães de indústria americanos, que, indiferentes ao desastre da economia, continuam ávidos por bônus e benesses outras, dos quais os mortais comuns (e desempregados) estão a anos-luz.

Mas, convenhamos: os caras estão há anos nessa, num livre mercado sem freios, cientes de que o Estado sempre virá com seus dólares caso o desastre ocorra, como ocorreu. É óbvio que insistirão em preservar seus privilégios.

Os neoliberais ficam furibundos ao ouvir falar em controle do mercado a cargo do Estado. O mercado tem de ser livre e solto. Que se danem os mortais comuns.

Barack Obama deve engolir sua justa indignação e preparar desde logo um pacote de drásticas leis, investindo a CVM de lá - a SEC Securities and Exchange Commission - de um total "poder de polícia", para começo de conversa, e pondo em prática o que mais se impuser para moralização do sistema (com a ressalva de que muitos entendem que a efetiva moralização do sistema só ocorreria com a estatização dos bancos. E é por aí, mesmo).

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

ASSIM E ASSADO

RISCO DE VIDA....é o uso que dá a norma, e o uso consagrou risco de vida; CORRER ATRÁS DO PREJUÍZO....correr atrás quer dizer diminuir; a expressão, portanto, é pertinente; HORA DA ONÇA BEBER ÁGUA ou HORA DE A ONÇA BEBER ÁGUA....a diferença entre da e de a é apenas fonética, não muda nada na sintaxe, em face do que se pode usar uma ou outra; COFFEE BREAK....não é necessidade cultural, é esnobismo; pode-se usar intervalo; outro esnobismo: PAPER, no lugar de monografia.

Quem sustenta o acima exposto é o filólogo Evanildo Bechara.

Tudo bem, mas penso que COFFEE BREAK já foi também consagrado pelo uso.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

PERSPECTIVAS


A Câmara dos EUA acaba de aprovar o pacote de Barack Obama, no valor de US$ 819 bilhões. Com essa dinheirama, o governo americano pretende salvar o seu sistema financeiro, "bichado" em razão da ação predatória de banqueiros e corretores de todos os naipes, que pintaram e bordaram ao longo da gestão Bush (com gestação na era Clinton), ante a total frouxidão de controle por parte do governo, via SEC-Securities and Exchange Comission. Além disso, pretende o governo, com essa providência, fundamentalmente criar empregos e estimular o uso de fontes alternativas de energia.

Na "contramão da história", mas acertando todas, até agora, o economista Nouriel Roubini, o "senhor apocalipse", afirmou hoje mais ou menos o seguinte: depois do rombo das hipotecas (que motivou todo o desastre que aí está), virão: rombo dos fundos hedge, rombo dos imóveis comerciais, rombo das operadoras de cartões, rombo dos empréstimos automotivos, rombo do crédito estudantil e rombo dos bônus corporativos. Ou seja: rombos e sufocos em série.

O que Roubini vaticina diz respeito aos EUA, diretamente, mas o resto do mundo sofre, uns mais, outros menos.

O Brasil parece estar no bloco dos que sofrerão menos. Por que? Um ponto, para exemplificar: enquanto o montante de recursos emprestados pelos bancos dos EUA, União Européia e Japão supera duas, três vezes o PIB de cada país (para se ter uma idéia, o PIB dos EUA ultrapassa US$ 14 trilhões), no Brasil tal relação é de pouco mais de um terço do PIB. Qual a razão? Juros altos, dívida pública elevada (santo Deus!, quem diria que um dia louvaríamos tais elementos?). Outro ponto: diversificação das exportações e ampliação das parcerias comerciais do governo Lula.

01h:00 do dia 29. Boa noite, boa sorte.

ESCREVER É QUE É


"...RETER AS RÉDEAS DE PÉGASO E DIZER TUDO NAS TRINTA LINHAS DO PAPEL ALMAÇO".


(MÁRIO QUINTANA, poeta gaúcho, 1906/1994 - sobre o "bordão" do major Leonardo Ribeiro, seu professor de redação no Colégio Militar, onde iniciou internato em 1919).

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PONDO AS COISAS EM PRATOS LIMPOS (?!)


O SONHO DO CRIME ORGANIZADO É TER UM CRACHÁ PERPÉTUO ESTAMPANDO A PALAVRA "INIMPUTÁVEL".



OS QUE PRATICAM O TRÁFICO DE INFLUÊNCIA NÃO PRECISAM DE NENHUMA DROGA PARA SE SENTIR ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA.



O GOVERNO DO BRASIL CONSEGUIU O BLOQUEIO, NO EXTERIOR, DE 2 BILHÕES DE DÓLARES DO GRUPO OPPORTUNITY, DE DANIEL DANTAS. FOI O MAIOR BLOQUEIO DA HISTÓRIA DO BRASIL. A REVISTA VEJA BLOQUEOU A NOTÍCIA. O ESSENCIAL PARA O CRIME ORGANIZADO É INVISÍVEL A CERTOS OLHOS.



PARA A IMPRENSA COMPROMETIDA, OS CORRUPTOS NÃO MORREM. TORNAM-SE, "SUPOSTAMENTE", DEFUNTOS.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CORES DO OUTONO

O teto sempre teve uma cor incerta: é branco, ou de um azul esmaecido. Já as manchas formam figuras diversas; umas parecem mudar, outras são sempre as mesmas: você dorme, acorda, olha, elas estão lá: as mesmas. Algumas, sejam mutáveis ou fixas, fazem aflorar lembranças boas e sombrias.

Melhor aqui, enclausurado, que na área do fundo, onde aquele janelão sempre aberto permite ver pilhas e pilhas de fraldas descartáveis. Brancas, imaculadamente brancas. Coisa mais ridícula! Velhos são mijões, é notório, mas por que o janelão escancarado? As visitas, os parentes, especialmente os jovens, mais curiosos: "O que é aquilo?" Um respondedor qualquer, orgulhoso: "Fraldas descartáveis. Não tem perigo de faltar". Grande vantagem!

Melhor aqui, só, deliberadamente só, a ouvir demências, a tevê estridente mostrando idiotices, um velho a apontar para a tela, emitindo juízos frouxos, opiniões alienadas, outro a puxar assunto completamente besta, tipo coisa de filho, de mulher, de gente morta há tempos, de mimos que recebeu daquele afilhado, de drágeas milagrosas e chás mirabolantes.

Os meus há meses não aparecem, é verdade. Meus? Pretensioso, boboca! Quer dizer, não tão boboca, que não custa nada relembrar bons tempos e esperar que ao menos em parte as boas emoções retornem. Quem sabe estarão vindo em breve? Olha lá aquela mancha no teto, parece um rosto sorrindo.

- Quem é?

- Surpresa pro senhor, seu Antônio.

Levanta-se o mais rápido que consegue. O coração acompanha a rapidez. Quem será, meu Deus?

- Sim?

- Um pudim delicioso, seu Antônio. E suco!

Recebe a bandeja. Agradece. Põe a bandeja sobre a mesinha. Retorna. Fecha a porta. Empunha a colher, encara detidamente o pudim. Miolo marrom, bordas bem escuras.

domingo, 25 de janeiro de 2009

RETIFICANDO A LISTA DE FAVORITOS


Aguardei até agora, mas não consegui saber ao certo o que motivou a "cassação" do blog de Kenard Kruel. Seja lá o que tenha acontecido (qualquer motivo é execrável), o que interessa é que a "kaverna" continua à toda, de modo que já procedi à devida retificação na minha lista de favoritos. O novo endereço:




Vamos que vamos, compadre. E parabéns, uma vez mais, pelo ingresso na comunidade do Portal Luis Nassif.

sábado, 24 de janeiro de 2009

PAIXÃO LITERÁRIA


"ESCREVER UM LIVRO É UMA AVENTURA. PRINCIPIA UM BRINQUEDO E UM GOSTO. VIRA UMA AMANTE, DEPOIS UM TUTOR, DEPOIS UM TIRANO. NA FASE FINAL, JÁ CONFORMADO EM SER ESCRAVO, VOCÊ O MATA E ARREMESSA O CORPO AO PÚBLICO".


(Winston Churchill, político inglês - 1874/1965).

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

RECEITA


"DEVEMOS SER CÉTICOS NO PENSAR, MAS OTIMISTAS NO AGIR".


(ANTÔNIO GRAMSCI - 1891/1937 -; filósofo e político italiano).

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

E SEGUE A SATIAGRAHA...


O grupo Opportunity, gerido por Daniel Dantas, pretendeu dar um golpe na justiça brasileira. Adredemente, criou logo umas cento e cinquenta empresas, formando um emaranhado capaz de fundir a cuca de qualquer leigo, tudo para confundir eventuais investigadores.

Há fundos de investimento do Brasil que são restritos a investidores do exterior. As aplicações são isentas de tributação. É uma forma de o país atrair capital.

O que fez Dantas? Incluiu residentes no Brasil no rol dos aplicadores em seus fundos, oferecendo-lhes ganhos para lá de convidativos. Os felizardos brasileiros, querendo levar vantagem em tudo, entraram no clima.

Todos se deram bem até que entraram em cena a Receita/Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal. Sonegação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, tráfico de influência... é farto o menu. Desde julho de 2008, com a prisão (relâmpago) de DD e outros figurões, que se ouve falar em Operação Satiagraha - em curso, aliás, há mais de quatro anos.

Entrou em campo, então, um grupo solidário de figurões outros, incluindo jornalistas, órgãos de imprensa, políticos militantes e personalidades de alto coturno do Judiciário, todos empenhados em desmoralizar o delegado e seu inquérito, o juiz do feito e quem mais estivesse a "afrontar" Daniel Dantas.

Hoje, 22, chega-nos a notícia de que a Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministro da Justiça Tarso Genro, conseguiu o bloqueio de US$ 2 bilhões (algo como R$ 4,5 bilhões) que o grupo Opportunity mantém no exterior - em nome dele e/ou de investidores "geridos" por DD. Uma senhora paulada.

É grande a expectativa sobre quais recursos serão doravante acionados pelos parceiros de Daniel Dantas.

Chamar Barack Obama às falas parece alternativa inteiramente descartada.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

SER OU NÃO SELIC


O vice-presidente José Alencar e os agentes em geral vivem a deplorar as taxas de juros do mercado, que são escorchantes, sendo o Brasil o sorumbático detentor do título de campeão mundial nessa área.

O leitor/espectador se pergunta: se a tal taxa básica SELIC é a megera-de-todos-os-males, por que o COPOM-Comitê de Política Monetária não a reduz drasticamente, de uma só tacada?

Pra refrescar: SELIC é o "Sistema Especial de Liquidação e de Custódia", depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e Banco Central do Brasil.

Hoje à noite, vi em alguns canais/sites notícias sobre a redução da SELIC em um ponto percentual: de 13,75 para 12,75%. Vi falarem que a SELIC é a taxa que norteia as taxas em geral que o mercado pratica no dia-a-dia, que a redução se deveu à expectativa de inflação 2009 menor que a projetada pelo governo... Mas não vi explicação sobre por que a danada se mostra à prova de um corte mais expressivo.

A lógica diz que se o COPOM pudesse, mandaria bala. Por que não o faz?

Não o faz porque, fundamentalmente, é a SELIC quem remunera os títulos públicos escriturais, que "representam" a dívida pública brasileira, dívida essa que é "rolada" periodicamente. Dívida que alcança o estratosférico montante de R$ 1,37 trilhão (um trilhão e trezentos e setenta bilhões de reais).

O Brasil paga, a título de juros (sem amortização, portanto), algo em torno de R$ 140 bilhões (para efeito de comparação: o Bolsa Família consumiu aproximadamente R$ 10 bilhões em 2008).

70% ou mais do que o Brasil paga de juros da dívida pública vão para cerca de 20.000 famílias brasileiras, incluindo banqueiros.

Ou seja: o Brasil é refém dos credores de sua dívida pública (contraídas pela união, estados, municípios, estatais), cujo montante é influenciado pela cotação do real ante ao dólar, emissão líquida de reais em títulos no mercado doméstico, assunção de "passivos podres" em processos de privatização...

Se a taxa SELIC cair "demais", qual o banqueiro privado que se vai dispor a comprar títulos emitidos pelo Tesouro/BACEN (fazendo "rolar" a dívida)?!

Durma-se com uma SELIC dessas!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

É PAU, É PEDRA


Milhares de famílias americanas desempregadas, desalento, perspectivas sombrias, falta de competitividade nas indústrias mais tradicionais, gastos militares exorbitantes...

A dívida pública americana ultrapassa US$ 11 trilhões, cerca de 85% do seu PIB, quando em 1998 tal dívida era de US$ 2 trilhões.

1% da população norte-americana se apropria de 16% da renda global do país. Na época do "New Deal", de Roosevelt, a fatia abocanhada era de 7%.

Prevalência de um sistema de socialização de custos e riscos (casos não só dos bancos e corretoras, mas de toda a economia avançada) e privatização dos lucros (até mesmo "lucros" inteiramente heterodoxos, como os dos banqueiros e corretores temerários/fraudulentos; houve instituições tão irresponsáveis que chegaram a hipotecar três, quatro, cinco vezes o mesmo imóvel, tudo sem a mais tênue vigilância das "autoridades responsáveis").

Os CEOs (executivos-chefes) das 500 maiores corporações ganharam, em 2007, US$ 10,4 milhões, em média, o que corresponde a 344 vezes o salário de um americano médio. Já os dos 50 maiores fundos de hedge e "private equity" (de empresas não listadas em bolsa) receberam, cada um, incríveis US$ 588 milhões, cerca de 19.000 vezes o salário médio americano.

Quando veio o desastre, o Estado foi chamado para "socializar" os rombos...

A tarefa reservada a Barack Obama é pedreira.

Que Barack consiga dinamitar com precisão essa estrutura doentia.

COISAS QUE ANOTEI HÁ ALGUM TEMPO (I)

Até 2025:

a) os EUA perderão parte de sua força econômica, militar e política, e parcela de sua influência irá para países como China, Índia, Brasil e Irã;

b) consolidar-se-á a grande mudança da economia global, com o enfraquecimento do dólar e a transferência de renda do ocidente para o oriente;

c) restringir-se-á o acesso a água potável e comida, face ao aquecimento global, resultando em guerras e disseminação de armas nucleares.


(Fonte: relatório "Tendências Mundiais", do NIC-National Intelligence Council, que coordena todas as agências de inteligência dos EUA. A futurologia continua a exercer enorme fascínio sobre mortais comuns e incomuns - o que não comove o futuro, que a vem pisoteando ad seculum seculorum... Mas, porém, todavia...).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

VOTOS


GOOD baraLUck!

sábado, 17 de janeiro de 2009

CURTAS (NÃO TODAS)


GALILEU GALILEI FOI PAI DO OVO DE COLOMBO, MAS A INQUISIÇÃO OBRIGOU-O A COZINHAR O GALO DE COPÉRNICO, SERVINDO-O EM LAUTO ALMOÇO A GIORDANO BRUNO E ZÉ LIMEIRA, QUE CONSIDEROU A OFERTA UM ABSURDO.

O MEGALÔMANO SE JULGA O SAL DO UNIVERSO.

UMA IMAGEM NÍTIDA VALE MAIS DO QUE MIL VERBETES.

O ESCULACHO NÃO FOI FEITO PARA HUMILHAR NINGUÉM.

NO MUNDO DO SHOW BUSINESS, QUEM É BOM JÁ NASCE PRODUZIDO.

ALÉM DA IMAGINAÇÃO VIVE A AMNÉSIA.

JAMAIS ENTRARIA NUMA FIRMA INDIVIDUAL QUE ME ACEITASSE COMO SÓCIO, A NÃO SER NOS EUA, NO RAMO DE ESPECULAÇÃO COM DERIVATIVOS - DIRIA GROUCHO MARX EM 2008, CIENTE DE QUE, SE QUEBRASSE, OS DÓLARES DO TESOURO AMERICANO VIRIAM CÉLERES EM SEU SOCORRO.
(ATENTE PARA O 2008 ACIMA. TUDO POR CONTA DA POSSIBILIDADE DE BARACK OBAMA FINALMENTE REGULAMENTAR COM RIGOR O MERCADO BANCÁRIO).

DE OLHO EM GAZA


Convém ficar de olho: já estamos em 17 de janeiro. É muito provável que hoje Israel instaure cessar-fogo unilateral, impondo ao Gueto de Gaza as condições que julgar convenientes.

Sobre as baixas, até o momento seriam as seguintes: 1.105 palestinos contra 13 israelenses.

Entre os treze soldados israelenses mortos estão incluídos os três (ou quatro?) vítimas de "fogo amigo", ou seja, fogo dos próprios israelenses.

Do lado palestino, são imprecisos os números sobre crianças, mulheres e idosos - mas sabe-se que representam parcela ponderável dos 1.105 mortos.

Haja o que houver quanto à questão do Gueto de Gaza, o certo é que prevalecerá a velha rotina anual: a ONU, como vem fazendo desde 1989, ratificará sua Resolução favorável à "Solução dos Dois Estados": Israel de um lado, Palestina do outro, observadas as fronteiras fixadas em junho de 1967.

Tal Resolução é votada anualmente. O mais recente placar: países favoráveis à "Solução dos Dois Estados": 164 (cento e sessenta e quatro). Países contrários: 7 (sete): Israel, Estados Unidos, Palau, Nauru, Micronésia, Ilhas Marshall e Austrália.

Como os EUA têm poder de veto, o Estado Palestino será mera ficção - bem ao contrário do Gueto de Gaza.

Quosque tandem?

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ALGO DE NOVO NO FRONT


Que o sistema financeiro mundial está abalado em razão das escaramuças mercadológicas capitaneadas por banqueiros e corretores americanos (com o beneplácito da SEC-Securities and Exchange Commission) já sabiamos.

Que grandes corporações, além de bancos, se afogaram no mar de cupidez da ciranda especulativa também não é novidade.

Que empresas de médio e grande portes de países em desenvolvimento (como o Brasil) também entraram no clima dos "ganhos altos, constantes e ascendentes", como prometia Madoff, por exemplo, para acabarem por dar com os burros n'água (e, pior, sem poder chiar, já que agiram ao arrepio da lei local), é notório.

Que o bom e velho Estado entrou em campo com seu saco (e que saco!) de dólares para cobrir os rombos das destemidas porém pré falidas empresas privadas, jóias do livre mercado, é de domínio público.

Que nesta data, 16, o Citigroup e o Bank of America foram premiados pelo Tesouro Americano com mais US$ 400 bilhões em garantia de ativos para cobrir/prevenir crateras, recebendo (agora ou no futuro) ações ordinárias e/ou preferenciais a cotações no valor atual (livres, portanto, do impacto do anúncio de resultado negativo no último trimestre do ano), quem leu os porta-vozes da mídia ficou sabendo - mas sem qualquer surpresa, visto que essa ação do Estado virou rotina.

Agora, o Federal Reserve de Nova York passar a conceder "empréstimos sem a necessidade de devolução" para grupos em dificuldades (como os dois acima citados), essa eu confesso que não conhecia. Ao fim e ao cabo, trata-se de "empréstimo em espécie para posterior conversão em ações por cotação vigente antes do desastre". A certeza absoluta, nada obstante, é a seguinte: com os empréstimos sem a necessidade de devolução o Estado americano pode até estar sendo pródigo, mas sem dúvida mostra o quanto é criativo: criou a inadimplência zero.

Cada vez mais criativos, esses agentes econômicos. Tudo, afinal, tem um lado bom: do fracasso do livre e desregulamentado mercado nasce a luz!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SAUDÁVEL HUMOR






A jornalista Maia Veloso, mestre-de-cerimônias do 1º SALÃO MEDPLAN DE HUMOR, abriu o evento, na noite de ontem, 14, fazendo uma pertinente homenagem à empresa patrocinadora do Salão - cujo titular, José Cerqueira Dantas, deu mostras de estar na vanguarda em matéria de ousadia também no âmbito cultural -, aos integrantes da comissão presidida por José Antonio Costa, nosso laureado craque Jota A, e a Leon Eliachar, falecido escritor/humorista, cujas palavras continuam vivas, entre as quais Maia destacou: "Humor é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros".

249 trabalhos, de cerca de quinze estados, chegaram às mãos do coordenador Jota A. Pelo nível dos cinquenta desenhos selecionados para a mostra, parece-me lícito arriscar que muita coisa boa teve de ser descartada.

Estou certo de que os marmanjos que trilham há décadas (feito eu) as veredas do humor gráfico puderam uma vez mais chegar à conclusão que eleva e consola: como estão cada vez melhores as novas gerações! Idéias de primeira, traço primoroso, disposição para encarar desafios. Como diria o velho Chico Buarque: mais, quero mais!

Estão todos de parabéns pelo bem-transado Salão Medplan - que, cumpre notar, contará com mostras itinerantes por diversos pontos de Teresina. Jota A, Joelma Moura, Fábio Carvalho e Joselito, que compuseram a comissão organizadora, merecem tapinhas bem-humorados nas costas.

Parabéns, Medplan! Viva o bom e saudável humor.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

HAICAIS


O QUE PRESSENTES,
ALÉM DE CHORO
E RANGER DE DENTES?


O CALVÁRIO
É UM MAL
NECESSÁRIO


O MUNDO INTEIRO
NÃO VALE O BAR
DO BIRITEIRO


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

GOOD-BYE, BUSH


George W. Bush está partindo. Farewell, Bush. Disse que só se arrepende de não haver visitado, em 2005, as vítimas do furacão Katrina (foco em Nova Orleans) e de ter dito, em 2003, que a missão no Iraque estava encerrada, dada a consolidação do domínio americano, o que os dias, meses e anos seguintes se encarregaram de pôr a pique e sapatadas. É um direito dele só se arrepender disso. Mas ele dá mostras de não ser preciso em autocrítica.

Bush soube fazer a guerra contra o Iraque e o Afeganistão. Foi habilidoso na montagem da versão do arsenal nuclear/químico de Sadan Hussein, para azeitar a invasão americana naquela área prenhe de petróleo e canal de escoamento de óleo e gás originários da ásia.

Mas Bush "não soube" ratificar o protocolo de Kyoto, em 2001, alegando que os esforços para redução da emissão de gases-estufa na atmosfera implicariam prejuízos para o complexo industrial americano.

Bush "não soube" ver a importância do estabelecimento de controles rígidos sobre o (livre!) mercado americano, ao impedir - a pedido de Alan Greenspan, do Banco Central americano - que comissão do Congresso, composta por democratas e republicanos, montasse estrutura jurídico-administrativa para pôr termo ao descalabro reinante nos EUA (com repercussões no mundo, é claro) relativamente à negociação de derivativos. (Hoje o mundo sofre as consequências da frouxidão bushiana, mas Bush afirma não ter culpa de nada, pois recebeu o país em crise e o entrega em crise...).

Bush "não soube" impedir a agressão aos direitos humanos em Guantánamo, enclave americano na ilha de Cuba (fora da jurisdição da ciosa e rigorosa Suprema Corte americana).

Mas ontem Bush confessou que vai, após o dia 20, dedicar-se a preparar o café para Laura Bush. Vai, Bush, fazer teu café, se é que sabes! Hasta nunca mais!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ELES DISSERAM: C'EST LA VIE, MON AMI


"A VIDA, MEU AMIGO, NÃO É UM TRAÇADO DE METAFÍSICAS MAGNÍFICAS, MAS UM DESENCONTRO DE FRUSTRAÇÕES EM COMBATE".

(PAULO MENDES CAMPOS; jornalista, cronista e poeta; Belo Horizonte, 28.02.1922, Rio de Janeiro, 01.07.1991; ao longo da vida, compareceu a cada um dos encontros marcados com Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, Fernando Sabino e Murilo Rubião; nos áureos tempos do Antonio's, mítico bar do Rio, regava suas metafísicas a uísques em série).


"A VIDA É O QUE TE ACONTECE ENQUANTO VOCÊ ESTÁ OCUPADO FAZENDO OUTROS PLANOS".

(JOHN WINSTON LENNON; músico, compositor, escritor, ativista pela paz; Liverpool, 09.10.1940, Nova Iorque, 08.12.1980; a frase acima é de "Beautiful Boy", do álbum "Double Fantasy"; nos anos setenta, alterou seu nome para John Winston Ono Lennon, para homenagear Yoko; nos EUA, foi vigiado pelo FBI, visto que J. Edgar Hoover, chefe supremo do Bureau ao longo de 48 anos, considerava-o terroristicamente perigoso; como compositor, alçou Beatles ao píncaro, e depois, com Yoko, surpreendeu; como escritor, produziu contos notáveis - um dos quais, em torno do Natal, é de fazer cair o queixo, ou, pra ser coerente com o clima natalino, pôr as barbas de molho).

DITO MELODIOSO


"A MÚSICA É UMA ILUSÃO QUE COMPENSA TODAS AS OUTRAS".


(EMIL MICHEL CIORAN; 1911/1995; filósofo romeno, conhecido como "o rei dos pessimistas").

sábado, 10 de janeiro de 2009

UM CHOPE PRA DISTRAIR


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A LUPA GIRA, AINDA, SOBRE TORQUATO





Foco 1. "MERGULHAR NA VIDA E MERGULHAR NA LINGUAGEM É (QUASE) A MESMA COISA".
(Décio Pignatari, poeta e crítico, de quem Torquato pinçou - e consagrou - a expressão "Geléia Geral").

Foco 2. "A NÓS, TROPICALISTAS, NÃO INTERESSA DERRUBAR O PRÍNCIPE E DEIXAR QUE SOBREVIVA O PRINCÍPIO".
(Torquato Neto, em plena vivência da linguagem, mas num tempo, ainda, em que não fazia reparos ao termo "Tropicalismo", que, depois, pra ele, não passava de modismo passageiro, "invenção da imprensa" - cumprindo, em decorrência, substituí-lo por "Tropicália" - aí, sim, estado à prova da glória e do tempo).

Foco 3. A) "NÃO ME SIGA QUE NÃO SOU NOVELA"; b) "EXISTEM MUITAS MANEIRAS DE FAZER MÚSICA BRASILEIRA E EU PREFIRO TODAS".
(Torquato Neto, que "era amante das jóias do pensamento de para-choque de caminhão" e buscava inspiração em hinos cívicos e religiosos, marchas carnavalescas, crônicas e classificados de jornais. - Waly Salomão, em "Torquato Neto esqueceu as aspas", Folha de São Paulo, caderno Mais, novembro 1992).

Foco 4. "O FLÁVIO CAVALCANTI ESTÁ TOCANDO AS MINHAS MÚSICAS. EU ESTOU FAZENDO TUDO ERRADO! ESTÁ NA HORA DE MUDAR".
(Torquato Neto, quando percebeu que seu vaticínio sobre tropicalismoXtropicália se confirmara. Flávio era, então, o monstro sagrado da tevê brasileira, comandando os programas "A Grande Chance", "Um Instante Maestro" e "Programa Flávio Cavalcanti", não necessariamente nessa ordem).

Foco 5. "MINHA INCERTEZA QUANDO DÓI A AFASTO, E NÃO ME ENGANO A CONSTRUIR FILOSOFIAS QUE A ENCHARQUEM".
(Torquato Neto, em "Poema conformista").

Foco 6. "POR FAVOR, DEIXEM-ME CHORAR PARA QUE EU POSSA VIVER".
(Dona Assumpção, a "Dona Sazinha", mãe de Dona Salomé, ao deparar com o neto morto).

(Enquanto isso, em Gaza, um palestino, desolado, toma ciência de que nos últimos dias, segundo a ONU, 257 crianças perderam a vida sob bombas e escombros. E conclui que, lamentavelmente, às vezes a dignidade da pessoa humana só é passível de imposição a machadadas).

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

NEOLIB WAY OF LIFE


Barack Obama afirmou que as perspectivas para os EUA são as mais sombrias possíveis, e que, se nada for feito, os jovens americanos é que serão as maiores vítimas da onda de desgraças que se agiganta. Obama avisou que vai ter de cortar na carne, priorizando poucos setores, como energia. E a situação é séria; o desemprego se alastra, o déficit aumenta... Não é jogo de cena para amolecer os republicanos, que, no congresso americano, relutam em oferecer aprovação ao pacote de Obama, que fortalece o Estado. O Estado? Sim, o Estado. O velho Estado, que até agora, de setembro para cá, segundo o motherjones.com, desembolsou "tão-somente" US$ 3,4 trilhões para evitar a morte humilhante dos aríetes do Livre Mercado. Há empresas que já receberam três injeções seguidas de grana estatal e continuam fraquejando. E tudo isso o Estado faz para evitar o mal maior, que seria a falência-total-da-ordem-mundial.

Mas, espere!, e os sujeitos que estavam à frente dos bancos fraudadores, das seguradoras larápias, das corretoras vigaristas, os sujeitos que passaram anos enchendo os bolsos com salários nababescos e bônus gigantes e dividendos estratosféricos, todos embasados em desempenhos fictícios, esses sujeitos, afinal, serão punidos, serão "chamados às falas", devolverão o que abocanharam desonestamente? Não, não, meu caro ingênuo! Acaso você não sabia que os bens particulares de ex-dirigentes, à vista da legislação americana, são intocáveis, ainda que tenham sido adquiridos com dinheiro fajuto, originário de rombos, que acabaram por levar a empresa à bancarrota e o Estado a jogar dinheiro seu (quero dizer, do contribuinte) para evitar a falência-total-da-ordem-mundial?

Pois hoje Barack Obama garantiu que instituirá mecanismos mais rígidos de controle sobre o mercado. Sobre o passado, ah, o que passou é coisa de saudosista. E mais: a tradição americana é a do Livre Mercado, do mocinho destemido, do self made man. Se o mocinho chegou numa boa ao the end, tudo bem. Usou de algum artifício ilegal? Se usou é porque houve frouxidão. Apertem o controle, ou, mais modernamente, arrochem o nó! No mais, o que foi auferido num passado de fraudes garante o way of life dos bem-aventurados neoliberais.

Já Israel, continua fora de controle, mandando e desmandando, quero dizer, mais mandando que desmandando, que, de fato, o que Israel faz com maestria é mandar bombas de fragmentação.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

DE OLHO NO UNIVERSO


"O UNIVERSO NÃO É APENAS MAIS ESTRANHO DO QUE IMAGINAMOS; ELE É MAIS ESTRANHO DO QUE PODEMOS IMAGINAR".


(J. B. S. HALDANE - 1892/1964 -; biólogo e geneticista inglês, que, certamente, jamais sequer suspeitou de que há, no universo, mais de 500 bilhões de galáxias, de que a cada trilhão de anos há um big bang e de que o planeta terra tem mais 500 milhões de anos pela frente, quando o sol morrerá, extinguindo o sistema solar - o qual, aliás, está na periferia da via láctea, composta de milhões de estrelas e que, por sua vez, é uma das mais de 500 bilhões de galáxias do universo. É possível, porém, que Haldane suspeitasse da consistência de certos números relacionados ao universo, como os ora expostos).

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

PICLES RIDES AGAIN


A ONÇA VAI CHEGAR, VAI BEBER A ÁGUA, VAI VOLTAR PARA AS BRENHAS - ONDE SÓ ENTÃO A IMPUNIDADE A TOCARÁ COM VARA CURTA.


EU NÃO ACREDITO EM CÉTICOS - MAS, QUE ELES EXISTEM, EXISTEM.


DEU A CARA A BOFETE E DEPOIS DESCONTOU TUDO NO CIRURGIÃO PLÁSTICO.


A PRESSA É AMIGA DO AÇODAMENTO.


O MULHERENGO INVETERADO SABE QUE A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS, MAS TEM CIÊNCIA, TAMBÉM, DE QUE AS BEM CANTADAS, DIGO, AS BEM CONTADAS ADQUIREM PERNAS BEM TORNEADAS.


QUEM CANTA SEUS MALES ESPANTA A COERÊNCIA.


A GULA É UM PECADO CAPITAL QUE MUITAS VEZES É EVITADO EXATAMENTE PELA FALTA DE CAPITAL.


ENTREOUVIDO EM NOVE ENTRE DEZ LUGARES: "BOMBAS DE URÂNIO EMPOBRECIDO, BOMBAS DE FRAGMENTAÇÃO, MORTE DE CRIANÇAS, MULHERES E IDOSOS... SE TUDO ISSO ESTÁ SENDO FEITO POR ISRAEL EM NOME DE YAHWEH, E SE YAHWEH ENDOSSA ISSO, ENTÃO QUE CRISTO, INDIGNADO, EXPULSE YAHWEH DO TEMPLO!"

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O EDITORIAL DE HOJE DO MEIONORTE


Leio diariamente o jornal MeioNorte, desta Capital, e sempre deparo com editoriais precisos e bem redigidos. O de hoje, 05, aborda o desempenho do Brasil no comércio exterior em 2008, quando o país alcançou o maior nível de exportações da história (US$ 197 bilhões), resultado, sobretudo, da venda de commodities, e especialmente da "diversificação da pauta e dos destinos das exportações brasileiras, que agora contemplam com maior força mercados emergentes e países de economias menores" - ressalvando, porém, o fato de que no ano de 2008 a balança comercial registrou o menor saldo (US$ 24,7 bilhões) desde 2002 (o que, digo eu, não surpreendeu o governo, face ao estímulo às importações - presente o nível das reservas do país). Passa então o editorial a informar sobre as expectativas do governo para 2009, um olho no dólar, cotação ascendente, outro nos efeitos do tsunami financeiro sobre a economia dos mercados do mundo e a incerteza daí resultante. Muito objetiva a análise procedida pelo jornal.

Nos anos 30, algo como 70% das exportações do Brasil (café quase absoluto) seguiam para os Estados Unidos. Em 2008 esse percentual ficará perto de 16%. Os reflexos da crise financeira sobre os mercados alcançarão o mundo inteiro, mas a intensidade certamente variará de bloco para bloco e de país para país.

Indagação aterradora: quais seriam as perspectivas do Brasil se ele tivesse aderido à ALCA - Acordo de Livre Comércio das Américas, cujo comando supremo seria dos Estados Unidos, e deixado de diversificar, como fez o governo Lula, sua pauta e parceiros?

domingo, 4 de janeiro de 2009

OS GOLS DE GILMAR


"JUIZ NENHUM TEM QUE CRITICAR DECISÃO DE OUTRO. INSTÂNCIAS SUPERIORES CONFIRMAM OU REFORMAM DECISÕES DAS INSTÂNCIAS INFERIORES".

(Ministro Gilson Dipp, corregedor do CNJ - Conselho Nacional de Justiça, em entrevista ao jornal O Globo de 04.01.09, quando indagado acerca da rixa entre Gilmar Mendes, presidente do STF e do CNJ, e o juiz federal Fausto Martin de Sanctis, da 6ª vara federal criminal de São Paulo, que, entre outros feitos notáveis envolvendo casos notórios de corrupção, condenou a prisão e multa o ao-que-consta-banqueiro Daniel Dantas, o qual, antes, tivera duas prisões - uma temporária, outra preventiva - decretadas pelo citado juiz e liminarmente relaxadas por Gilmar Dantas, mediante acatamento de dois habeas corpus em menos de 48 horas).


E la nave va. A Folha de São Paulo de hoje, 04.01, informa que Gilmar Mendes após o recesso retomará a negociação, com os demais poderes, de "um novo pacto republicano". Pontos: a) aprovação de lei contra o abuso de autoridade; b) controle externo da ABIN Agência Brasileira de Inteligência; c) estabelecimento de regras para a instrução de ações penais, "uma delas sendo a proibição de que o mesmo juiz instrua o processo e seja responsável pelo julgamento", sendo que a principal bandeira é "o fim do consórcio entre Ministério Público, polícia e judiciário. O necessário, argumenta Gilmar, é o contrário: que um atue como crítico do outro".

Abuso de autoridade. Exemplo: uso de algemas. Graúdos foram algemados à época da prisão temporária de Daniel Dantas. Foi um Deus-nos-acuda, a espetacularização da atividade policial. Baixaram normas rigorosas sobre o uso das tais algemas - que logo o dia-a-dia se encarregou de desmoralizar. Enquanto isso, nos Estados Unidos os graúdos (ou miúdos) pilhados em corrupção, fraudes e que-tais são algemados de cara (alguns até nos pés) e mostrados pelas tevês, sem que isso seja visto como abuso (diria até que John Roberts, presidente da Suprema Corte dos EUA, enxerga um baita efeito pedagógico nessa prática - mas não dá para saber ao certo se ele pensa assim, pois o presidente Roberts não costuma emitir opiniões a torto e a direito pela imprensa, como se observa em outras paragens).

Controle externo da ABIN. Tem a ver com denúncia (ao que tudo indica infundada) de escuta telefônica clandestina. Acusou-se a ABIN, e estamos conversados: ela é culpada. Se não houver as punições devidas, então que se decrete o controle externo. Típica birra pessoal. É como se a CIA Central Intelligence Agency tivesse de passar a prestar contas de todos os seus passos. Cada agente usando crachá, e tendo de apresentar nota fiscal de tudo.

Proibição de que o mesmo juiz instrua o processo e seja responsável pelo julgamento. Só pessoas não afeitas ao processo e/ou que não se detiveram na análise do Código de Processo Penal ou da própria dinâmica processual se disporiam a sugerir iniciativas da espécie. Fico pensando nas pilhas de processos se arrastando penosamente, o número de dossiês aumentando, o juiz tendo de cuidar da parte dele e aguardando o que virá de outro... E mais: sem "consórcio" (quando Gilmar Mendes fala em "consórcio", está dizendo "conluio" - tudo em decorrência de sua inconformidade com a operação Satiagraha). MP, polícia e juízes têm mais é que acompanhar os atos praticados por todos e criticá-los veementemente. E o combate ao crime organizado, como ficaria? E as leis 9.034/95 e 9.883/99, que prevêem a ação articulada entre instituições/órgãos na guerra contra as organizações criminosas? Se todos os que operam em defesa da lei atuam em nome da sociedade e do Estado, não é sensato que desenvolvam suas ações de modo articulado? Ou isso seria um abjeto "consórcio"?

Quantos gols contra virão, ainda?

sábado, 3 de janeiro de 2009

ECOS DA CARNE SECA


Em 02.01.09, às 21:18 h, o blog http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ publicou o "Torquato Neto, o cara..." (para ver o texto é preciso clicar no título da matéria). Entre os comentários, destaco:

1. João Batista Linhares - "Nós, daqui de Paupéria, estamos bem longe dos últimos dias (...), aposentando as velhas idéias, abrindo as portas à nova geração do conhecimento livre", estudando, "queimando pestanas" rumo a uma nova era. "Pena que Torquato não possa reescrever nossa odisséia". É isso aí, caro João. Fico imaginando o grande Torquato dispondo da web...

2. Antonio Francisco relembra o tempo em que, em Rio Branco, Acre, os amigos dançavam ao som de "Cajuína", de Caetano: "misteriosa porque a melodia é supersimples, popular, mas a letra é de alta sofisticação vernacular, e filosófica. (...) eu me espantava a cada vez que essa Cajuína era tocada, porque todo mundo ia dançar, e eu me perguntando: será que alguém aí deu uma paradinha para tentar entender a letra?", e diz: "contam que Caetano esteve na terra de Torquato depois que ele morreu", e que Caetano encontrou-se com o pai de Torquato, "e este entregou a ele uma rosa"," não trocaram palavra. Só emoção", concluindo: "Depois desse encontro é que Caetano teria feito Cajuína".
.Informei-o de que o livro de Kenard Kruel confirma tudo o que lhe contaram sobre o advento de "Cajuína".

3. Weden diz que Torquato Neto "foi a face política do movimento tropicalista, desde que não se entenda essa expressão como sinônima de político-partidária", e que "(...) a Geléia Geral era um fundamento, uma 'geléia primordial', que serviria de base para uma nova percepção de mundo, brasileiríssima, ainda que não pelos mecanismos instituicionais comuns". E fecha sua abordagem cuidando da questão do suicídio, de que "Pra dizer adeus" teria sido prenúncio, concluindo: "(...) Torquato coloca uma questão delicada em discussão: alguém tem o direito de se suicidar? (...) É possível discutir isso sem apelar para as categorias religiosas ou morais? (...) o suicídio de Torquato Neto foi, mais do que um acontecimento fruto de sua incrível melancolia, um lance estético (se observarmos a letra da música citada) e político-existencial".
.Weden foi igualmente informado de que "Torquato Neto ou a carne seca é servida" discute a metafísica questão - cumprindo destacar a análise feita por Waly Salomão e a referência, mesmo en passant, ao filósofo Emil Michel Cioran, "rei dos pessimistas", que observou: "Só vivo porque está em meu poder morrer quando me for conveniente". Cioran, aliás, morreu em 1995, aos 84 anos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O DIREITO, ORA, O DIREITO!


Israel prossegue a matança de civis (crianças, idosos, mulheres...) palestinos, que, atabalhoados, tentam responder com "foguetes cegos", sem rumo. Tio Sam faz escola, e seu aluno mais aplicado é justamente Israel. Não ligam a mínima para a ONU. Israel ignora a resolução que confere aos árabes o domínio sobre o território por ele ocupado, ou seja, Israel está incorrendo em crime de esbulho, e uma das "regras gerais" de Direito é que o esbulhado, para reaver sua terra, pode fazer uso de violência.

Convém não confundir israelense com sionista. Há uma expressiva parcela de israelenses a favor da devolução imediata - e pacífica - dos territórios ocupados, como Uri Avnery, 85 anos, ex-deputado do Knesset, editor de revista noticiosa e que participou na criação do Estado de Israel em 1948. Uri, por sinal, acaba de enviar carta (aberta) a Barack Obama, deplorando o massacre do povo palestino.

Enquanto isso, os sionistas dão curso à sanha sanguinária, certos de serem o povo eleito - à prova de cassação.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

P.S. ADICIONAL SOBRE TORQUATO NETO...

O texto "Cave, Canem, Cuidado Com o Cão", de Waly Salomão, publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo de 05.11.95, está exposto nas páginas 473 a 477 do livro de Kenard Kruel. Waly diz: "(...) Torquato me contou, num bar que existia na avenida Ataulfo de Paiva, (...) que queria fazer um filme chamado 'Os Últimos Dias de Paupéria'. Nada restou deste anteprojeto. Não foi encontrado nenhum resquício de roteiro, nenhum fiapo de argumento ou diálogo". Passa então a descrever o processo que resultou na organização/publicação do livro "Os Últimos Dias de Paupéria" (1973), sendo Paupéria "uma região de parcas pecúnias de Pindorama, isto é, a terra das juçaras, das íris, das pupunhas, dos licuris e dos babaçus. (...) onde tudo não é senão desordem, feiúra, pobreza, inquietação e antivolúpia: tristeresina total".
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O autor comenta sobre a "Navilouca, título que pesquei da 'Stultifera Navis' que Michel Foucault escrutinou na 'História da Loucura na Época Clássica' (...)" e conta a "ginástica" que teve de fazer para que a revista-deliberadamente-de-um-número-só viesse finalmente a ser publicada (1975), para em seguida passar a refletir acerca do gesto final de Torquato.

Em certas "palavras de Cioran", a propósito de outro suicida, Waly encontra melhor adequação para o caso Torquato Neto: é que os textos mais densos do poeta só foram divulgados após sua morte, como "os apontamentos de sanatório que intitulei 'D'Engenho de Dentro', para deixar marcado o lugar de origem e o motor autodestrutivo".

Cioran = Emil Michel Cioran, filósofo romeno, 1911-1995, conhecido como "o rei dos pessimistas". São dele:

.FALAR DE DEUS É OLHÁ-LO DO ALTO.

.MAIS QUE UM ERRO DE FUNDO, A VIDA É UMA FALTA DE GOSTO QUE NEM A MORTE, NEM MESMO A POESIA, CONSEGUEM CORRIGIR.

.SÓ VIVO PORQUE ESTÁ EM MEU PODER MORRER QUANDO ME FOR CONVENIENTE.