quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

LEI SECA, GERAL E IRRESTRITA


Vasqs.

DO JORNALISMO FÓFIS


"Campos (...) esporeia com o ritmo acelerado de sua fluência verbal, (...); o dorso ainda atlético de 47 anos também assoma, enfático. Seus translúcidos olhos verdes são, surrupiando um autor contemporâneo, como pássaros querendo voar para fora da cara. Campos é, sobretudo, olhos. Na beleza variante da cor, que fisga a atenção, e, principalmente, na mirada, no manejo que lhes sabe dar, ora águia, ora cobra, focados na sedução."


(Jornalista Luiz Maklouf Carvalho, em matéria sobre Eduardo Campos, governador de Pernambuco, tema principal desta semana da revista Época. Observadores da cena política intitularam o estilo de Jornalismo "Fófis", assim mesmo, com aspas em Fófis. Outros, mais argutos, optaram por aspejar também a palavra "Jornalismo". Fonte: aqui).   

PARTIU NENÊ, DE OS INCRÍVEIS



No alto, o livro de memórias de Nenê, lançado em 2009. Acima, Os Incríveis, anos 60 (Nenê ao centro).

Morreu na manhã de quarta-feira, 30, aos 65 anos, de complicações decorrentes de um câncer no pulmão, o músico Lívio Benvenuti Júnior, mais conhecido como Nenê. Ele foi baixista da banda de rock Os Incríveis entre 1966 e 1972, quando a banda se desfez.

O músico começou a carreira aos 12 anos de idade como baterista da banda "The Rebels". Na década de 1960 chegou a montar um grupo cover dos Beatles até entrar na banda Os Incríveis, ícone da Jovem Guarda e que de início foi batizada The Clevers.

Nenê toca na gravação do maior sucesso da banda, Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones (Migliacci e Lusini em versão d'Os Incríveis), lançado em compacto em julho de 1967.

Chegou a atuar como ator na TV Tupi e tocou ao lado de Raul Seixas em uma apresentação em um garimpo do Pará, em 1985. Também tocou com Elis Regina e Roberto Carlos. Entre alguns projetos, nos últimos anos, atuava como produtor musical.

(Em outubro de 2011, morreu o saxofonista da banda Os Incríveis, Antônio Rosas Seixas, o Manito, que tratava desde 2006 de um câncer na laringe). Fontes: aqui e aqui.

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Lamentável. 
Nenê participou, também, do grupo The Originals, com integrantes de The Fevers e Renato e Seus Blue Caps.
Em 2009, lançou, pela editora Novo Século, de São Paulo, OS INCRÍVEIS ANOS 60-70... E EU ESTAVA LÁ, 138 páginas de memórias - a saga completa, e de brinde um cd com músicas inéditas. Ganhei um exemplar em 2010.
A marcação que Nenê fazia com o baixo era/é o máximo.
Palmas pra você, Nenê.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

TOLERÂNCIA ZERO


Ed Carlos.

O LOGO DA RECICLAGEM


Em 1970, Gary Anderson era um estudante universitário de 23 anos de idade na Universidade do Sul da Califórnia (USC), quando uma empresa de Chicago realizou um concurso para escolher o símbolo de uma campanha de conscientização sobre o meio ambiente.
 
O projeto de Anderson venceu o concurso e tornou-se internacionalmente conhecido como o logotipo da reciclagem. (Fonte: aqui).


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Logotipo simples, didático, claríssimo. Reciclagem - e moto contínuo.

ILUSÃO ECOLÓGICA


(Saeed Sadeghi. (Irã).

CONFRONTO ECOLÓGICO


Julio Angel Cueva. (Peru).

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

UM RIO QUE PASSA (MAL) NA VIDA DE TERESINA


Rio Poty tomado por aguapés, frutos da poluição despejada por milhares de pessoas, visto que apenas 17% (dezessete por cento) da cidade são contemplados por sistema de rede de coleta e tratamento de esgoto.

Na verdade, os aguapés são benéficos, desde que em pequenas quantidades, pois funcionam como filtro natural, eliminando poluentes circulantes na água. Quando se alastram e dominam a paisagem, esgotam os nutrientes do meio líquido - e ao morrerem liberam substâncias tóxicas.

Na foto acima, um pouco adiante há o encontro dos rios Poty e Parnaíba, este com fluxo mais forte, implicando represamento das águas do primeiro. Pode-se dizer, então, que o Poty é um rio represado (pelo Parnaíba) e esgotado (pela falta de esgotamento sanitário).

A paisagem é bonita, hein? Diante dela, porém, cumpre exclamar: verde que não te quero verde! 

ARTE URBANA


Orelhão - São Paulo-SP.

TRAGÉDIA EM SANTA MARIA


Aroeira.

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Entreouvido na redação global: "Tudo bem, ontem teve graça pro Chico Caruso!".

BOATE FORA DA LEI



A boate Kiss em Santa Maria (RS), onde 234 jovens morreram após um incêndio na madrugada de domingo, 27, não poderia funcionar, segundo as leis do Rio Grande do Sul.

Um decreto estadual de 1998, válido em todo o território gaúcho, obriga casas noturnas construídas em casas térreas a terem ao menos duas saídas, sendo uma de emergência, em lados opostos do imóvel.

O estabelecimento onde aconteceu a tragédia tinha apenas uma porta (...), o que dificultou a saída dos clientes quando o fogo começou e obrigou os bombeiros a abrirem um buraco na parede externa para auxiliar no salvamento.

Esta lei afirma que a resolução da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) sobre saídas de emergência deve ser cumprida. "A norma 9077 da ABNT prevê ao menos duas saídas para casas noturnas e boates", afirma José Carlos Tomina, superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndios da ABNT e pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). "Isso independe do tamanho da casa ou da capacidade."

Segundo o Corpo de Bombeiros, o alvará da casa estava vencido, mas, como os proprietários já tinham entrado com pedido de renovação, a Kiss continuou funcionando. (...) Fonte: aqui.

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Ou seja, a desídia administrativa, quem sabe até 'remunerada', foi a responsável pelas dezenas de mortes ocorridas, uma vez que preexistia lei determinando a disponibilização de ao menos duas saídas para as boates térreas. Que os responsáveis pela cretinice sejam exemplarmente punidos.

CHARGE DE DÁLCIO


Dálcio Machado.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A DOR DO BRASIL


Arcadio Esquivel. (Da Costa Rica). Fonte: aqui.

O EXEMPLO DOS HERMANOS

Memorial argentino: vítimas da boate República Cromanón.

Como a Argentina tratou uma tragédia parecida com a de Santa Maria

Por Kiko Nogueira


A tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, que deixou 231 mortos e pelo menos 106 feridos, tem um antecedente tristemente similar na Argentina. Em 30 de dezembro de 2004, a República Cromañón, em Buenos Aires, pegou fogo durante um show da banda Callejeros. Como no caso da Kiss, a causa foi um despropositado espetáculo de pirotecnia: um sinalizador atingiu o teto e o material inflamável se encarregou de realizar o estrago. Foram 194 mortos e ao menos 1432 feridos.

É cedo para apontar os culpados pelo que houve na Kiss. As tevês, no entanto, já estavam crucificando os seguranças, que teriam impedido os clientes de sair antes de pagar a comanda. Também culparam as comandas, aliás.

Vai ser uma longa batalha, mas o caso da Argentina é didático em relação à rapidez da justiça, principalmente para os nossos padrões, e à incansável mobilização dos familiares das vítimas. Tênis dos jovens foram pendurados nos fios de alta tensão do bairro Once, conferindo uma beleza prosaica e mórbida ao lugar. Protestos na Plaza de Mayo, passeatas, memoriais, atos, missas e sites como
quenoserepita.com.ar pressionaram as instituições sem cessar. As coisas não demoraram muito a acontecer: em 2006, o então prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, foi destituído. Dezenas de casas noturnas foram interditadas. A rua onde ficava a Cromañón, calle Bartolomé Mitre, ganhou um santuário e foi fechada (por causa de problemas no trânsito, ela foi reaberta há poucas semanas, mas o santuário continua em pé).

No começo deste ano, enfim, todos os condenados pelo incêndio foram presos, acusados do delito de incêndio culposo seguido de morte. Entre eles, o antigo líder da banda, Patricio Santos Fontanet, assim como o saxofonista, o baixista, os guitarristas e o cenógrafo. O diretor geral de fiscalização e controle da cidade, Gustavo Torres, também rodou. O empresário do grupo foi preso, bem como o gerente da boate e seu braço direito, além de diversas autoridades responsáveis pela fiscalização dos nightclubes portenhos. As penas variam entre 10 anos e 9 meses (para o gerente Omár Chaban) e 3 anos (para os músicos).

Levou oito anos para que fosse feita justiça na Argentina. No caso de Santa Maria, a luta dos pais e mães que perderam seus filhos está só começando. Mas, se eles querem que algo aconteça, vale dar uma olhada no que os vizinhos conquistaram com sangue, suor, lágrimas e panelaços.

OS MENINOS DE SANTA MARIA


Márcio Diemer.

DA INSENSATEZ MIDIÁTICA


Latuff.

IMPRESSÕES DE VERÍSSIMO

O escritor Luis Fernando Veríssimo.

O texto abaixo foi publicado na edição de 24 de janeiro do jornal Folha de S. Paulo:

A morte é uma sacanagem

Giuliana de Toledo


Há pouco mais de um mês de volta à sua casa, em Porto Alegre, o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, 76, não se recuperou totalmente do período de 24 dias de internação hospitalar --metade dele na UTI-- em função de uma gripe que evoluiu para um quadro de infecção generalizada em novembro de 2012.

Do hospital, além da mobilidade prejudicada, ele trouxe lembranças de devaneios provocados pela medicação recebida.

"Tenho quase certeza de que não dancei uma valsa com a enfermeira que me ajudou a sair da cama pela primeira vez", brinca.


No início deste mês, Verissimo voltou a publicar suas crônicas (nos jornais "O Globo", "O Estado de S. Paulo" e outros pelo país). Faz tratamento intensivo de fisioterapia e espera pelo dia em que possa voltar a tocar sax, instrumento que o acompanha desde a adolescência.

Leia a entrevista que o escritor deu à Folha, por e-mail.
*
Como está sendo o processo de recuperação? O sr. já recuperou a mobilidade ou ainda faz tratamento?
Verissimo - Faço fisioterapia quase todos os dias. Já reaprendi a levantar, andar e sentar. Correr na São Silvestre ainda vai levar algum tempo.

Como tem sido sua rotina desde então?
A maior mudança foi do computador, que trouxeram para a parte de cima. Assim eu não preciso descer a escada para a toca no porão [como chama o escritório no subsolo de sua casa] onde normalmente trabalho.

Existe algo de que o sr. esteja privado a contragosto depois desse susto?
As privações são mais decorrentes da diabetes, não têm nada a ver com o ataque viral. Pudim de laranja, nunca mais.

O sr. já voltou a tocar sax?
Ainda não peguei o sax, mas acho que o fôlego não vai faltar. Os pulmões estão bem. É só eu conseguir ficar de pé.

A doença afetou a sua percepção sobre a vida? Em reportagem da Folha de novembro de 2011, o sr. disse que a morte é "uma injustiça". Segue sendo essa a sua visão?
A morte é uma sacanagem. Sou cada vez mais contra.

Além dos delírios descritos na primeira crônica após a alta ("Desmoronando"), teve outros durante a internação? Foram sempre angustiantes?
O problema é que eu não conseguia distinguir alucinação de realidade. Ouvia conspirações à minha volta, meu espírito, ou coisa parecida, andou até em Pelotas, que fica a 200 quilômetros de Porto Alegre, e tenho quase certeza de que não dancei uma valsa com a enfermeira que me ajudou a sair da cama pela primeira vez, na UTI.

O sr. pretende contar mais sobre esse período de internação nos seus textos?
Não. Mas, estranhamente, comecei a apelar para reminiscências quando recomecei a escrever. Talvez por uma vontade inconsciente de começar de novo, do passado.

Sentiu alguma dificuldade especial para voltar a escrever?
Dificuldade, exatamente, não. Mas não vou dizer que fazer crônica é como andar de bicicleta, a gente não desaprende. A analogia é boba. Nem andar de bicicleta é como andar de bicicleta. Sempre é preciso recuperar o equilíbrio.

Em dezembro, o seu livro "Jazz" saiu apenas em versão digital pela editora Objetiva. Em 2011, o sr. disse que o livro eletrônico "não é nada do que a gente gosta num livro", porque lhe falta calor humano. O sr. gostou do resultado da publicação? Já adotou a leitura em dispositivos eletrônicos?
Ainda não aderi ao e-book, se é assim que se chama, e confesso que nem sabia que o "Jazz" eletrônico já tinha sido publicado. Mas não sou um bom exemplo. Ainda não aderi nem ao celular.

Há previsão de lançamentos para este ano?
A Objetiva quer republicar "A Mancha" [conto sobre a ditadura militar brasileira], que saiu há algum tempo pela Companhia das Letras com textos sobre o mesmo tema do Moacyr Scliar, do Zuenir Ventura e do [Carlos Heitor] Cony. A ideia é relançar "A Mancha" com mais três ou quatro contos meus. Ainda neste ano. Os contos adicionais são tão inéditos que ainda não foram escritos. Não tratarão do mesmo tema de "A Mancha". Ou tratarão, não sei. Talvez um deles seja uma espécie de paródia do "Lolita" do [Vladimir] Nabokov. Veremos.

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As boas tiradas e os projetos em curso demonstram a vitalidade de nosso velho parceiro. Exatamente como os gaúchos, e todos mais, devem ser. Bem ao contrário da tristeza que se abateu sobre o Rio Grande em face da tragédia de Santa Maria. 

domingo, 27 de janeiro de 2013

NOSSO ABRAÇO SOLIDÁRIO AO POVO GAÚCHO


Alpino.

ERUPÇÃO EGÍPCIA


Petar Pismestrovic.

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No subsolo, a Irmandade Muçulmana...

O QUE VEM POR AÍ


A partir de 8 de fevereiro entrará em circuito nacional o documentário A Luz do Tom, de Nelson Pereira dos Santos e Marco Altberg, destacando a trajetória do compositor Tom Jobim (1927-1994) segundo as mulheres de sua vida.

Entre os depoimentos estão os de Helena Jobim (irmã), Thereza Hermanny, primeira mulher, e Ana Lontra, a última.

Nota dez para a iniciativa, justa homenagem ao maestro, que estaria completando 86 anos no corrente mês. (Fonte: blog de Laura Macedo, pesquisadora da MPB).

APETITE


Angel Boligan.

sábado, 26 de janeiro de 2013

O QUE SE LEVA DO MUNDO DE CAPRA


DO MUNDO NADA SE LEVA

Por Marden Machado


Aos olhos de hoje, os filmes do ítalo-americano Frank Capra podem até parecer "bobinhos" demais. Para ele, não havia "tons de cinza". Os bons eram bons e os maus eram maus. O cineasta que ajudou a Columbia a se tornar um estúdio lucrativo acreditava na bondade do ser humano. O curioso é que ele fazia isso de forma tão sincera que ninguém achava piegas. Um bom exemplo do cinema capriano é Do Mundo Nada Se Leva, comédia que ele dirigiu em 1938. Aqui, somos apresentados aos Vanderhof, uma família, digamos assim, excêntrica. Tony Kirby (James Stewart) é filho de um rico e ganancioso empresário. Ele é apaixonado por Alice Sycamore (Jean Arthur), sua secretária, e decide se casar com ela. Para tanto, leva seus pais para conhecer a família dela. Para complicar ainda mais esse inusitado choque de classes, só mesmo o fato de o pai de Tony querer comprar de qualquer maneira a casa do avô de Alice. Baseada na peça teatral de George S. Kaufman e Moss Hart, o roteiro foi adaptado por Robert Riskin e forneceu ao diretor farto material para lidar com seu tema favorito: a crença no homem. Além das máximas "dinheiro não traz felicidade" e "o amor supera tudo". Pode até ser ingênuo, mas é tão charmoso e tão "prá cima" que no final o que vale mesmo é constatar que, no mundo de Capra, tudo se leva. 


DO MUNDO NADA SE LEVA (You Can't Take It With You - EUA 1938). Direção: Frank Capra. Elenco: Jean Arthur, Lionel Barrymore, James Stewart, Edward Arnold, Mischa Auer, Ann Miller, Spring Byington, Eddie Anderson, Donald Meek, Halliwell Hobbes, Dub Taylor, Samuel S. Hinds, Harry Davenport, Charles Lane, H. B. Warner, Mary Forbes e Lillian Yarbo. Duração: 126 minutos. Distribuição: Sony. (Fonte: aqui).

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Frank Capra é responsável por filmes antológicos que enobrecem a história do cinema, entre os quais se destacam "A Felicidade Não Se Compra", "Horizonte Perdido", "Aconteceu Naquela Noite" e "A Mulher Faz o Homem". Sempre que topo com filme dirigido por Capra, banco logo. Às vezes, até reprise. De fato, do mundo de Capra tudo se leva.

DA SÉRIE ELITES CRIATIVAS


Zop.

DIVERSÃO ADVERSA


Cazo.

ÁLCOOL, FLAGELO RELIGIOSO


(Não consegui localizar o nome do autor desta ilustração).

Alcoolismo é uma forma de religião, dizem psicanalistas

O que define o alcoólatra não é a dependência química, afirmam os psicanalistas Antônio Alves Xavier e Emir Tomazelli, autores de "Idealcoolismo" (Casa do Psicólogo, 282 págs., R$ 47).

Baseados em dez anos de pesquisa com mais de 5.000 pessoas em tratamento para alcoolismo, os autores chegaram à conclusão de que o alcoólatra é, antes de tudo, um fanático de uma religião individual e autocentrada.

Em entrevista à Folha, os dois explicam sua teoria e o tratamento para alcoolismo que criaram a partir dela.

Por que os srs. comparam o alcoólatra a um fanático religioso?
Antonio Alves Xavier - Porque ele transforma a bebida em uma substância divina. Ao beber o 'deus álcool', comunga com essa substância e acredita que vira deus, não tem que enfrentar as limitações e frustrações de ser humano. Vira todo-poderoso e se entrega a esse ídolo que o faz se sentir onipotente.

No livro, isso é definido como uma forma de religião degradada. O que significa?
Xavier - Não há uma distância entre o crente e seu deus. Quando alguém toma a si próprio ou a alguma coisa existente no mundo como deus, cria uma religião degradada: a pessoa adora falsos ídolos, que, no caso do alcoólatra, é a bebida. Então acaba sendo uma idolatria.

A medicina trata como dependência química...
Xavier - A forma segundo a qual vem sendo tratada a questão do álcool e das drogas tem sido muito útil, mas é uma maneira sobretudo biologicista e medicinal de abordar o problema. Aprendemos muito com a medicina e as pesquisas farmacológicas, mas a nossa proposta é entender o papel da cultura e do psiquismo na construção do vício.
Emir Tomazelli - Não adianta, para o tratamento, pensar apenas que o corpo se vicia num sistema químico. O que interessa, para nós, é o que a pessoa faz, do ponto de vista psíquico, com a substância química que ingeriu.

O que o alcoólatra faz?
Tomazelli - Deixa de ser humano, de se responsabilizar pelo que faz com sua vida -a culpa é do álcool, não dele. E acaba perdendo sua parte ética, porque fica submerso em sua individualidade, sem considerar o outro.
Xavier - Ele é um indivíduo extremamente narcisista, não entra em contato e, vamos falar português claro, é um chato. Mas nós gostamos muito de trabalhar com alcoólatras, porque encontramos uma técnica de tratamento fundamental para a doença.

Qual é essa técnica?
Xavier - Chamamos de choque de humanidade. Tentamos dar referências concretas para ele perceber que é humano, limitado, frágil.
Tomazelli - Nós queremos que ele tenha culpa, mas não aquela autocomiseração narcisista de quem acha que não precisa se tratar. É uma culpa responsável. Ele precisa sentir tristeza, isso torna as pessoas mais humanas.

Não há risco de ele entrar em depressão?
Tomazelli - É uma tarefa difícil, mas não estamos falando de uma tristeza insuportável. É fazer a pessoa entrar em contato com pequenas doses diárias da realidade, na qual a alegria é constituída por um pouco de tristeza, ao contrário da euforia produzida pela bebida ou outras drogas.
Xavier - O álcool é uma droga potentemente depressiva. No primeiro momento, é estimulante, causa euforia. A excitação é usada pelo alcoólatra como calmante. Ele não precisa enfrentar suas angústias. O alívio vindo pelo excesso de estímulo faz o sujeito pirar, leva à autopunição e à depressão.

A família é fundamental no tratamento?
Tomazelli - Pode ajudar, mas nossa técnica é uma grande chance de o sujeito tomar sua loucura em suas próprias mãos.
Xavier - Em muitos casos, o alcoólatra é o para-raios da família. Todas as angústias individuais estão projetadas nele. Na hora em que ele vai sarando, os familiares são obrigados a lidar com suas próprias angústias. Por isso, não é incomum a família sabotar o tratamento.

E qual o papel da sociedade?
Xavier - A sociedade que instiga o alcoolismo é a mesma que o reprime. O prestígio que dá às bebidas é uma forma de idolatria. Se prestarmos atenção, prateleiras de bar, muitas com estátuas de santos no meio, são parecidas com um altar.
Tomazelli - Outro problema é que a sociedade é muito complacente, trata o alcoólatra com tapinhas nas costas. A própria ideia da dependência química ajuda a tirar a responsabilidade pessoal, como se o vício fosse uma fatalidade da natureza. (Fonte: aqui).

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O livro merece atenção especial.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

DALI, TATUAGENS E TEMPO


Simanca.

O CARA DA BOSSA

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, Tom Jobim, por Zé Andrade.

Hoje é Dia da Bossa Nova, instituído em homenagem a Tom Jobim, que, vivo, estaria comemorando 86 anos. Palmas para o Maestro e sua obra!

(Zé Andrade, ceramista baiano, é famoso por criar pequenos bonecos de barro, através dos quais retrata personagens e personalidades na forma de caricatura. Gênios como Van Gogh, Fernando Pessoa, Villa-Lobos, diversas figuras políticas e as carências vividas pelo povo brasileiro estão presentes em sua obra. Também se destaca na confecção de máscaras feitas de barro).

TEMPO DE CORTAR


Amorim.

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Enquanto isso, setores midiáticos, altamente incomodados, dão tratos à bola em busca de argumentos para 'cortar' a repercussão positiva que as reduções de tarifas produziram. Mas, que fique claro: dissentir é um um direito líquido e certo: torcer contra é do jogo democrático. Como é virtuoso o Estado Democrático de Direito!

GRÃ BRETANHA FORA DA UNIÃO EUROPEIA


Tom Janssen.

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Acima: David Cameron em 2017, após o referendo que determinará a saída da Grã Bretanha da UE - supondo-se que o primeiro ministro seja reeleito e o referendo respalde a ameaça. O inglês só quer saber dos bônus - mas não é improvável que com o rompimento acabem restando unicamente ônus pra todo mundo.

SOBRE O IR E O NÃO IR

(A Tia Peregrina poderia ser assim?).

Tia Peregrina

Por Luis Fernando Veríssimo

Velha piada: qual é a diferença entre um visitante francês e um visitante judeu? O visitante francês vai embora sem se despedir, o judeu se despede mas não vai embora.

Nós tínhamos uma tia — a famosa tia Peregrina — que seguia o método judeu. Quando a tia Peregrina começava a se preparar para sair, sabíamos que aquilo era apenas o inicio de uma longa retirada, prolongada por assuntos que ainda não tinham sido tratados.

A tia Peregrina podia ficar em silêncio durante toda a visita, mas na sua saída começam a brotar assuntos e fofocas e revelações que tinham ficado esquecidas, todas lembradas pela tia Peregrina.

A migração da tia Peregrina da sua cadeira até a calçada, que era onde a conversa ficava mais animada, podia levar horas. E se alguém sugerisse que voltassem para a sala e sentassem-se de novo para continuar a conversa, a tia Peregrina era a primeira a protestar:

— Não, não. Estou indo embora. Já me despedi de todo o mundo.

E não ia embora.

Durante muitos anos a tia Peregrina fez parte do folclore da família. Quando alguém se atrasava para sair de casa, ouvia:

— Vamos, tia Peregrina!

Até amigos que nunca conheceram a tia Peregrina, mas conheciam sua fama, a evocavam para desculpar um atraso.

— Epa, desculpe. Dei uma de tia Peregrina.

Confesso que não sei qual era o parentesco dela conosco, nem que fim levou. Parte do seu habitat, a calçada onde todas as conversas terminavam, ficou inabitável. Mas duvido que assaltantes e balas perdidas fossem impedi-la de contar a última.

Sempre imagino a tia Peregrina sendo velada, e no momento em que vão tampar o caixão, levantando o dedo e dizendo:

— Esperem, tem uma que eu não contei.

ETERNAMENTE JOVEM


Maitena. (Argentina).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

OLD BOLACHÃO


O melhor disco cearense de todos os tempos

Belchior - Alucinação (1976)

01 Apenas um rapaz latino americano
02 Velha roupa colorida
03 Como nossos pais
04 Sujeito de sorte
05 Como o diabo gosta
06 Alucinação
07 Não leve flores
08 A palo seco
09 Fotografia 3 x 4
10 Antes do fim

No ano passado, leitores do jornal O Povo, de Fortaleza, elegeram "Alucinação", primeiro disco de Belchior, de 1976, o melhor disco cearense de todos os tempos. A escolha coincide com a opinião de um júri formado por dez profissionais da música do estado.

De fato, um senhor disco.

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Entreouvido no estúdio: "Hoje em dia, alucinação, mesmo, é o estado do Ceará pagar cachê de R$ 650 mil a Ivete Sangalo para o show de inauguração de um hospital...".

SECA INCLEMENTE


Edra.

SECA INCLEMENTE (II)


Bruno Lima.

SECA INCLEMENTE (III)


Belotarja.

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Em Alegrete do Piaui, cidade integrante da região de Picos, não chovia havia 3 anos (3 anos!). De repente, quatro horas de chuva, mais de 200 ml, levam o caos à população: casas destruídas, ruas alagadas, estradas vicinais inutilizadas, famílias desalojadas. Tragédia. Trocadilho à parte, a tristeza, lamentavelmente, persiste em Alegrete.

POEMA NORDESTINO



Umbuzeiros e Algarobas Sapiens


Umbuzeiros quando somos frutos, alimento e sustento para os que precisam de nosso existir.
Algarobas quando somos sombra, descanso e ração salvadora da criação.


(Ricardo Barros, no Bode Com Farinha - aqui).

PERSPECTIVAS BRASIL 2013


Ilustração: Bira.

A mídia e o pessimismo desmentido

Por Luciano Martins Costa


O leitor crítico e observador deve estranhar algumas reportagens publicadas nas edições de quarta-feira (23/1) do principais jornais brasileiros. Depois de semanas martelando na tecla do “pibinho” e repetindo projeções de piora no cenário econômico nacional, o Estado de S. Paulo, a Folha de S. Paulo e o Globo trazem um retrato contraditório com a tendência que vinham apontando.

“Empresário brasileiro está entre os mais otimistas”, diz a Folha de S. Paulo em chamada de primeira página, referindo-se a pesquisa feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) em 68 países. Segundo a reportagem, “a despeito das perspectivas pessimistas da economia, 44% dos empresários brasileiros estão confiantes no crescimento da receita das companhias”.

Também no Estadão e no Globo, a pesquisa da Price ganha espaço e rompe o ciclo de catastrofismo da imprensa. Segundo o estudo, feito por consultas a 1.330 líderes empresariais atuantes em 68 países, o otimismo dos homens de negócio no Brasil supera as expectativas dos seus consortes nas duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, e fica atrás apenas de russos, indianos e mexicanos.

Mercado importante

Ao contrário do que a imprensa nacional tem induzido, na visão de quem faz grandes negócios o Brasil se encontra na condição de “crescer e acelerar”, com uma perspectiva de incrementar sua economia em média 4% ao ano entre 2013 e 2015.

O ranço predominantemente negativista do noticiário econômico no Brasil, característica ainda mais visível na própria Folha, também é parcialmente desfeito pelo principal diário especializado em economia e negócios, o Valor Econômico.

Segundo o Valor, o Índice de Confiança da Indústria, sondagem feita periodicamente pela Fundação Getúlio Vargas, teve uma leve melhora, que, se confirmada, vai consolidar o maior patamar de otimismo do setor desde junho de 2011. O resultado final da pesquisa será divulgado na semana que vem, mas os primeiros números apontam para bons indicadores sobre a situação atual e o nível da capacidade instalada da indústria brasileira.

Não é a primeira vez que a realidade desmente a tendência da imprensa nacional, que costuma misturar política com economia ao avaliar os indicadores.

O estudo publicado pelos jornais na quarta-feira é divulgado anualmente pela PricewaterhouseCoopers no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, e costuma balizar os investimentos produtivos nos anos seguintes. Na pesquisa deste ano, o Brasil aparece como o terceiro mercado mais importante para empresários de todo o mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, na questão dirigida a todos os consultados.

Questionados sobre quais seriam os três principais mercados globais para se investir nos próximos doze meses fora do país onde têm sua principal atividade, 15% dos líderes empresariais citaram o Brasil, enquanto a China foi apontada por 31% e os EUA por 23%.

Crescem os investimentos

O Globo traz ainda outra reportagem, antecipando dados do Banco Central do Brasil sobre os números do Investimento Estrangeiro Direto, apontando para um aumento no ingresso de capitais para atividades produtivas na economia brasileira. Segundo essas informações preliminares, o Brasil atraiu em 2012 um volume de recursos próximo de US$ 64 bilhões, devendo figurar entre os maiores destinos de capital para negócios em todo o mundo.

Esse tipo de investimento, que tende a permanecer no mercado por períodos de cinco a até mais de quinze anos, é um dos fatores de confiança dos empresários no desenvolvimento de um país.

Paralelamente, a Folha de S. Paulo informa que o capital estrangeiro no Brasil teve uma redução em 2012, em relação ao ano anterior. Trata-se dos mesmos números citados pelo Globo, mas a Folha prefere usar como fonte o Instituto de Finanças Internacionais em vez do Banco Central, dando um viés negativo aos mesmos indicadores.

O Globo destaca os investimentos produtivos e a Folha inclui investimentos especulativos no mercado de ações e de renda fixa, que vêm sendo alvo de controle por parte do governo, para evitar a sobrevalorização do real.

Esse apanhado de indicadores demonstra que o noticiário econômico sofre infiltração de interesses políticos dos jornais, que parecem interessados em investir no pessimismo. Mas nem o mais talentoso editorialista ou colunista consegue driblar os fatos indefinidamente. (Fonte: aqui).

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

DA IGUALDADE

"Somos todos iguais!"................"Mas... a quem?"

J. Kalvellido. (Espanha).

O PANORAMA VISTO DA ESPANHA


J. Kalvellido. (Espanha).

O RESGATE DA DECOREBA


Neurocientista: mesmo desprezada, decoreba é a melhor opção


As crianças em idade escolar - e até mesmo os pais - podem não perceber, mas por trás do aprendizado do alfabeto ou da tabuada estão diferentes abordagens, por vezes opostas, que visam a consolidar ensinamentos básicos para o ser humano. A solução encontrada por muitos educadores para o ensino das letras e dos números aos pequenos é decorar: um método defendido por diversos especialistas que também é alvo de críticas, especialmente entre adeptos do construtivismo.

O neurocientista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e coordenador científico do Instituto do Cérebro do RS (InsCer), Ivan Izquierdo, afirma que não há como fugir da decoreba, pois alguns conteúdos só são possíveis de se aprender por meio desse método. Especialistas em educação defensores da teoria construtivista de Jean Piaget, contudo, dizem que nem toda informação se transforma em conhecimento, e que, por isso, os alunos precisam trilhar seus próprios caminhos de assimilação.

"Decorar é uma das técnicas mais usuais e uma das mais úteis", argumenta Izquierdo. Para o neurocientista, o uso da memória é a melhor maneira de fazer com que uma criança aprenda os números, as letras, a tabuada; na vida diária, afinal, ela decora nomes de pessoas e objetos, poesias ou letras de canções. Do ponto de vista neurobiológico, essa não seria apenas a melhor, mas a única opção. "Para aprender que flor se chama flor, não há como explicar. Só decorando. Alguém diz que é flor, depois a criança repete", frisa Izquierdo. A repetição e a absorção dessas informações pela visão e pela audição, segundo essa lógica, são a raiz de uma memória duradoura.

Na visão construtivista, contudo, o desenvolvimento do conhecimento ocorre por processos. Uma novidade ou algo desconhecido provoca um desequilíbrio. Para reordenar as ideias e criar hipóteses para atingir o aprendizado, o sujeito compreende e aprende a partir de relações com suas experiências e conteúdos previamente assimilados. "Esse é um ponto fundamental da concepção construtivista. Trata-se de um processo, uma construção permanente. A informação não necessariamente se transforma em conhecimento de forma imediata", explica o professor de psicologia do desenvolvimento da Faculdade de Ciências e Letras de Assis da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Mário Sérgio Vasconcelos. Diferentemente da decoreba, a teoria de Piaget prevê que as pessoas podem agir sobre as informações por meio de processos adaptativos que são a assimilação (incorporação de novos elementos) e acomodação (uma adaptação por influência do meio e do próprio ponto de vista do sujeito).

Pela lógica do construtivismo, as crianças dos primeiros anos da educação básica aprendem letras e números conforme o significado que eles têm em suas vidas. A percepção pessoal desses elementos entra em cena, por exemplo, na hora de conhecer o alfabeto. Inicialmente, os professores podem trabalhar o nome da criança e explorar as letras que o compõem, em vez de apenas expor todo o abecedário. Depois, conforme a evolução, dá para incluir outras palavras que fazem parte da vivência dos pequenos. Contudo, Vasconcelos garante que o construtivismo não nega que, se a pessoa exercitar determinada informação, ela pode compreender e conhecer. "Quando as pessoas decoram algumas coisas, elas também aprendem. Mas nem todo conhecimento pode ser assimilado dessa maneira", destaca o professor.

A importância do construtivismo, nesse sentido, é estabelecer as relações necessárias para que isso não seja esquecido. "Memória no construtivismo não é só gravar. Tem que relacionar as informações a outras aprendidas anteriormente", observa a professora de metodologia de ensino da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) Vânia Galindo Massabni. A especialista afirma que não se pode falar em aprendizagem se não há conservação do conhecimento absorvido - só quando há uma memória estável. O aluno pode simplesmente memorizar a data do descobrimento do Brasil, por exemplo, mas irá aprender de fato quando puder relacionar informações a esse acontecimento histórico. No caso dos conteúdos dos anos iniciais, entretanto, ela admite que muitas das informações vêm de acordos ou convenções sociais e não podem ser construídas, mas sim memorizadas - como é o caso do alfabeto e dos nomes. "Não tem como a criança elaborar por si só. Ela precisa guardar essa informação para que outras memórias sejam construídas dentro de um contexto", considera Vânia.

Decorar não pode ser única alternativa
Izquierdo acredita que o construtivismo é um método extremista que pretende eliminar a decoreba - a mesma que, em alguns casos, poderia ser útil. O neurocientista diz que diversos experimentos já constataram que os mecanismos do cérebro estão preparados para aprender a partir da memorização e da repetição. Mesmo assim, ele reconhece que há outras formas possíveis de ensino. "Se a decoreba é utilizada para aprender absolutamente tudo, claro que não é bom. Algumas coisas só se aprende com o raciocínio", pondera.

Já entre os construtivistas, há dois problemas reconhecidos mesmo por aqueles que defendem a teoria: a possibilidade de deixar de lado conteúdos relevantes e a distorção da aplicação dessas ideias nas escolas brasileiras. Vasconcelos entende que, se um assunto não tem significado ou sentido para os alunos, ou não é de interesse para a cultura ou a vida pessoal, ele pode ser deixado de lado. "Evidentemente ninguém domina todos os conhecimentos", ressalva. Vânia, por sua vez, questiona o que são esses conteúdos fundamentais para cada área. "O que é relevante? Datas históricas ou compreender a importância e o impacto desses fatos?", indaga. Em relação ao uso das ideias do construtivismo, a dificuldade está na preparação dos professores, que não conseguem desenvolver o aprendizado em um ambiente mais democrático como prevê a teoria. Além disso, a divulgação distorcida, na opinião da professora, contribuiu para que se formasse uma visão de que a educação construtivista deixa a criança livre para fazer o que quer, ou estudar só o que deseja.

Enquanto Izquierdo avalia que a decoreba vem sendo injustamente desprezada pelos professores em prol de uma dinâmica que facilita, mas peca na qualidade, os entusiastas do construtivismo apostam que o método proporciona um estudo mais aprofundado. "É um conhecimento mais saudável e duradouro, pois provê os conteúdos de sentido e significado", diz Vasconcelos. Para o professor da Unesp, ainda há o que evoluir, mas a teoria é considerada por ele como a mais completa do ponto de vista da compreensão de como o processo de construção de conhecimento funciona. (Fonte: Portal Terra - aqui).

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Face aos argumentos expostos, concluo que o título adequado do post é: O resgate da decoreba, preservadas as demais construções.

QUANDO CHOVE NA CAATINGA


Miguel.

O LABIRINTO


Boris Khenkin.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DESEMPREGO, FLAGELO MUNDIAL

(DESEMPREGO, O EXTERMINADOR).

Petar Pismestrovic. 

Desemprego mundial avançou em 2012

Depois de dois anos consecutivos em queda, o desemprego no mundo aumentou em 2012. No ano passado, cerca de 197,3 milhões de pessoas estavam sem trabalho, quase 5 milhões a mais do que em 2011, segundo o relatório Tendências Mundiais de Emprego 2013, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A expectativa da OIT para este ano é a de que o desemprego cresça ainda mais, chegando a atingir 202 milhões de pessoas até o final de 2013, 204,9 milhões até 2014 e 210 milhões até 2018. Segundo a OIT, a recuperação da economia mundial não será forte o suficiente para reduzir as taxas de desemprego rapidamente. (...)

As regiões onde foram registradas as taxas mais altas de desemprego foram o Norte da África (10,3%), o Oriente Médio (10%) e o grupo das chamadas "economias desenvolvidas" (8,6%) --que inclui os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão, a Espanha e Portugal.

Em contraponto, as três regiões com os índices mais baixos de desemprego estão na Ásia: no Sul da Ásia (3,8%), na Ásia Oriental (4,4%) e no Sudeste Asiático (4,5%). A região da América Latina e do Caribe, grupo em que está o Brasil, ficou com taxa de 6,6%. (...). Fonte: aqui.

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Na verdade, o Brasil fechou 2012 com taxa de desemprego em torno de 4,8%, situação de pleno emprego,  melhor condição ao longo de anos. Fruto da opção do governo Lula em fortalecer o mercado interno via expansão do crédito e dos programas sociais (inclusive elevação do valor real do salário mínimo). Eis o principal motivo por que as campanhas sistemáticas desenvolvidas por instâncias diversas contra o País não surtem os efeitos desejados.

SESSÃO CELULAR


Duke.

DIÁLOGOS TRANSCENDENTAIS


Portugal, terra de contrastes


-- Que tal o Sr. Salazar? (Antonio de Oliveira Salazar, ditador de Portugal de 1930 a 1970)

-- É...

-- Estas estradas... estas pousadas... tudo tão lindo...

-- Olha, eu estou vendo que a senhora é brasileira, que não é daqui, e vou lhe ser franco... a bem dizer só há seis pessoas que não gostam dele aqui em Portugal.

-- Seis? Quais?

-- Eu. Tu. Ele. Nós. Vós. Eles.

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(Diálogo entre Elsie Lessa, mãe do saudoso Ivan Lessa, e um taxista português, retirado de uma crônica dela de março de 1950, publicada na seleta "Pelos Caminhos do Mundo".)  - Fonte: aqui.

OBAMA II

(Tio Sam e União Europeia discutem Direitos Humanos).

Petar Dismestrovic.

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Desemprego nos EUA: em 2009: 10%; inicio 2013: 8%. Não obstante a redução, cerca de 12 milhões de americanos estão desempregados. Evolução PIB em torno de 2% ao ano, com viés de alta (ou ao menos de estabilização). Os EUA melhoraram economicamente. Em contrapartida, Guantánamo continua firme e forte, livre da Constituição Americana (e fora da jurisdição da Suprema Corte) e submetida tão somente ao Ato Patriótico, ou seja, livre e solta. Que Obama finalmente possa cumprir sua promessa de fechá-la.

EUA: AMEAÇAS MUNDIAIS


Jarbas.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

PRIORIDADE VERÍSSIMA


A serviço da Playboy, no meio de um terremoto

Por Luis Fernando Veríssimo


Engraçado como, de repente, por acidente, descobrimos nossas prioridades.

Eu tinha acabado de chegar à Cidade do México para minha primeira Copa, a de 86 (eu sei, eu sei, estou numa fase de reminiscências, talvez consequência de ter quase morrido recentemente). Estava, dizia eu, no México para cobrir a Copa. Como correspondente da revista “Playboy”.

Meu crachá atraía olhares espantados e sorrisos maliciosos. O que a revista “Playboy” estava fazendo numa Copa do Mundo de futebol? Era a pergunta que eu mesmo me fazia.

A “Playboy” era uma revista mensal. Quando eu mandasse minha matéria a Copa ainda não teria terminado. Eu seria obrigado a comentar o que ainda não tinha acontecido. Ou poderia escrever sobre generalidades, com ênfase no sexo (“O que realmente se passa nos vestiários de uma Copa do Mundo”) ou partir para a solução suicida: adivinhar o resultado e mandar um texto entusiasmado festejando o campeão — o Brasil, obviamente.

Como todos se lembram, em 86 ganhou a Argentina, pela mão do Maradona. Acabei, se me lembro bem, escrevendo sobre a possível origem do futebol entre os astecas. Enfatizando o sexo, claro.

Bom: estava eu recém-chegado na Cidade do México. Como havia algum problema a ser resolvido quanto à minha reserva num hotel na cidade, passei a primeira noite num hotel perto do aeroporto. Recém tinha me deitado quando o quarto começou a tremer. Terremoto!

Depois da dor de barriga, o terremoto era o segundo maior temor de quem chegava ao México. E eu estava no meio de um terremoto na minha primeira noite! Saltei da cama, botei as calças e olhei em volta, me perguntando “O que mais?” Corri para o banheiro e peguei um chumaço de lenços de papel. No meio do cataclismo, tinha instintivamente resolvido que nada era mais importante do que ter com que limpar os óculos.

O quarto parou de tremer antes que eu chegasse à porta. Me dei conta de que não tinha sido terremoto, mas um avião decolando do aeroporto ao lado. O episódio pelo menos valeu para que eu me conhecesse melhor. Ou para que minha autoestranheza aumentasse.

Ah, também tive dor de barriga. Mas isso todo o mundo teve.

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A dor de barriga a que se refere Veríssimo tem a ver com o excesso de pimenta e outros temperos, presentes em muitas iguarias mexicanas. As delícias provocam verdadeiros terremotos estomacais, intestinais e que tais. Tal flagelo é conhecido como A Vingança de Montezuma, imperador asteca que entregou todos os tesouros mexicanos aos invasores espanhóis - que para os astecas eram nada menos que os deuses ancestrais retornando após séculos e séculos.