sábado, 30 de junho de 2018

CRÍTICA DE CINEMA: SOBRE O FILME EXPERIMENTOS

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Enquanto meditamos sobre o fortalecimento da impressão de que é vão o empenho da defesa do ex-presidente Lula no sentido de alcançar a sua liberdade e o direito de concorrer à presidência da República, independentemente dos argumentos apresentados - especialmente o espelhado no inciso LVII do artigo 5º da Constituição da República -, cumpre abrir alas para a crueldade no âmbito da ficção, com o filme 'Experimentos'.
(Mas, antes, um lembrete: No próximo dia 5 de outubro, a Constituição da República, referida como Lei Maior, erga omnes, estará completando 30 anos de vigência...
E uma nota adicional: clique AQUI para conferir o que diz o jurista e ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo sobre a Constituição e o momento atual do Brasil).


O Mal está na crueldade cotidiana no filme "Experimentos"

Por Wilson Ferreira

A velha questão permanece: como são possíveis holocaustos e genocídios, sistemática e profissionalmente organizados seja na guerra ou em sistemas metódicos cotidianos? Quem são essas pessoas que executam as ordens? Burocratas que apenas obedecem superiores ou monstros frios e maus? No filme “Experimentos” (“Experimenter”, 2016), sobre os célebres experimentos relativos a autoridade e obediência realizados pelo psicólogo social Stanley Milgram em 1961, a resposta é paradoxal: nem uma coisa e nem outra, intuiu Milgram. Para entender o jogo da autoridade que cria ilusões, somente criando uma outra ilusão: uma experiência de simulação na qual o voluntário era colocado em um dilema moral – é possível obedecer ordens mesmo que confrontem convicções íntimas? “Experimentos” mostra como o insight gnóstico muitas vezes está presente na Ciência: a ilusão pode definir um cenário no qual a verdade pode ser revelada – a “banalidade do mal”, que é mais cotidiana do que podemos imaginar.

Um homem responde a um anúncio de jornal buscando voluntários para um experimento em Psicologia sobre o efeito das punições nos processos de aprendizagem. Os US$ 4,50 levam esse homem a um laboratório da Universidade de Yale. Ele se depara com um pesquisador sério vestindo um imponente jaleco cinza. Pacientemente ele explica para o homem e um outro participante o procedimento.  

Um sorteio definirá quem é o Professor e o Aluno. O Aluno ficará isolado em uma sala, enquanto o Professor fará uma série de perguntas pré-definidas e, a cada erro, apertará um botão que aplicará um choque elétrico inicial de 15 volts no Aluno. A cada erro, a voltagem vai aumentando até o limite de 450 volts – carga extremamente perigosa e potencialmente fatal.

Da sala anexa, o homem começa a ouvir os gritos do “Aluno” a cada eletrocução. Os gritos ficam mais altos, e o homem diz ao pesquisador que não se sente confortável em aplicar mais castigos. “É necessário que você continue o experimento”, diz secamente o pesquisador, com uma fisionomia grave.

Após 405 volts o “Aluno” deixa de responder. “Será que aconteceu alguma coisa com ele?”, o homem pergunta seriamente preocupado. Mas o pesquisador assegura de forma dúbia: “Asseguro-lhe que os choques não causam nenhum dano tecidual...”.

A máquina indica que o próximo choque será “extremamente severo”. Mas o homem pensa: “Poderia ser eu no lugar dele... um simples sorteio me livrou de estar preso em uma cadeira elétrica”. O compenetrado pesquisador assume a responsabilidade, e o “Professor” aciona os últimos choques potencialmente fatais.


Essa macabra experiência abre o filme Experimentos (Experimenter, 2015), sobre o famoso e controvertido “Experimento de Milgram” relativo a autoridade e obediência feita pelo psicólogo da Universidade de Yale Stanley Milgram em 1961.

 Apesar da dramaticidade e da angústia real dos “Professores” que deveriam aplicar as cargas elétricas como castigo, o voluntário ignorava que tudo não passava uma simulação. Nem os choques eram de verdade e muito menos o “Aluno” era outra cobaia remunerada pelo experimento: era um ator que acionava um gravador que disparava gritos no interior da sala onde supostamente estaria amarrado a uma cadeira.

A verdade através da ilusão


Pelos resultados, Milgram comprovaria o quão facilmente pessoas comuns seriam capazes de cometer as maiores atrocidades. Como numa situação de submissão à autoridade, pessoas comuns seriam capazes de abandonarem seus princípios morais passando toda a responsabilidade por atos bárbaros a alguém hierarquicamente superior. Essa pessoa veria a si própria como um mero instrumento neutro das ordens de uma autoridade.

Esse experimento mostrado diversas vezes no filme Experimentos até hoje sofre uma série de críticas éticas – seriam procedimentos que submeteriam os voluntários a situações constrangedoras, opressoras, nas quais os violentos dilemas morais poderiam resultar em experiências traumáticas. Segundo os parâmetros de comitês reguladores atuais, jamais essa experiência (e a sua repetição em décadas posteriores) seria realizada.


Mas o argumento de Milgram em sua defesa era surpreendentemente gnóstico, assim como todo o enfoque da questão da obediência à autoridade.

A certa altura do filme, Milgram (Peter Sarsgaard) se confronta com críticas de que seu experimento era apenas uma trapaça: uma situação artificialmente criada, muito longe de uma situação real. Não era uma prova científica.

“Eu gosto de pensar nisso como uma ilusão, e não uma trapaça”, dispara Milgram. “A ilusão tem uma função reveladora, como em um jogo. A ilusão pode definir o cenário para a revelação, para revelar as dificuldades para se chegar à verdade”, conclui o pesquisador.

Se o poder ideológico da autoridade é uma ilusão, nada melhor do que combater a ilusão com uma simulação. Se o mundo é uma ilusão, a única forma de encontrar a verdade por trás desse véu é através de um jogo de ilusões: a simulação.


O Filme e o contexto


Experimentos é mais do que uma biografia do psicólogo social Stanley Milgram: o filme inicia com os famosos experimentos cujos resultados Milgram acreditava que explicariam tragédias como a barbárie nazista – como compreender atos tão cruéis sob o álibi do “estou apenas obedecendo ordens”?

A narrativa deixa claro o contexto no qual os experimentos aconteceram. Em 1961 estavam em andamento os tribunais de Jerusalém, e estava sendo julgado Otto Adolf Eichmann, oficial nazista capturado pelo Mossad (agência de inteligência de Israel) em Buenos Aires. Ele era considerado “o arquiteto do Holocausto”. Suas declarações impressionaram pela frieza e pelo modo como seus subordinados seguiam cegamente suas ordens.

A virtude de Experimentos é mostrar como a pesquisa de Milgram se diferenciava da até então visão corrente sobre o tema da obediência: rígidas cadeias hierárquicas, lavagem cerebral militar etc. Mas para Milgram, qualquer situação persuasiva poderia levar alguém a abandonar seus preceitos morais.

O que é mais incrível nas situações apresentadas pelo filme é que não parecia haver qualquer causa aparente para os voluntários começarem a obedecer cegamente às ordens do pesquisador – nenhuma relação hierárquica, familiar, forma de poder, autoridade etc. Não, apenas um homem de jaleco cinza com uma voz asséptica dizendo “por favor, continue... é necessário dar continuidade para que possamos concluir o experimento...”.

Ficam explícitas as angústias e conflitos internos dos voluntários (morder os lábios, suar, tremer, cravar as unhas na pele etc.), mas seguiam em frente até a eletrocução fatal.


Onde está o Mal?


Didaticamente, a narrativa detalha a descoberta de Milgram que o diferenciava do senso comum corrente: o que ele chamou de “estado de agente” – é a própria “política do trabalho”: numa sociedade ou cadeia de trabalho na qual o indivíduo perde a noção do propósito do Todo. O indivíduo passa a se definir como instrumento de realização dos desejos do outro. “Apenas faço o meu trabalho”, é o mantra de organizações burocráticas, de trabalho superespecializado.

“Quando cheguei já estava assim!” é uma outra variável. Em outras palavras: a conclusão de Milgram ao final de Experimentos é que o problema não está na autoridade em si. E muito menos em uma natureza humana comportamental. Mas nas estruturas da própria sociedade moderna industrial de trabalhos pequenos e especializados nos quais não podemos agir sem um tipo de comando.

Os experimentos foram repetidos por décadas, sempre apresentando os mesmos resultados. Mesmo na sociedade pós-industrial em que vivemos – de serviços terceirizados e precarizados. 

Ou será que os resultados de Milgram apenas pioraram em uma organização econômica atual baseada na terceirização generalizada dos serviços e a “uberização” do chamado “capitalismo cognitivo”? – aplicativos passam a ser o intermediário entre prestação de serviço e consumidor, sem vínculos trabalhistas.

Organizações flexíveis nas quais jogamos a responsabilidade em organizações, aplicativos, sociedades anônimas ou em um sistema sem rosto.


A chave da ilusão


O que torna Experimentos interessante é como articula a noção de “ilusão” como a chave do insight de Milgram. Em gigantescos sistemas burocráticos sem rosto com relações mediadas por formas de comunicação vertical (do velho memorando aos aplicativos atuais), a autoridade se diluiu em uma máquina totalitária incompreensível. Em uma ilusão, na qual jogamos a responsabilidade como forma de sobrevivência.

Os dilemas morais nos quais eram jogados os voluntários eram tão reais na simulação criada por Milgram como na vida real de organizações. A chamada “vida real” é tão ilusória como o experimento de Milgram. Se a consciência de um Todo não existe para o indivíduo que obedece “as ordens”, de forma análoga também a consciência da simulação não existe para o voluntário.

Ilusão e simulação são os conceitos-chave do filme. Tanto que o próprio filme faz em muitos momentos um exercício metalinguístico de mostrar a si próprio como uma ilusão: em muitas cenas, propositalmente o filme tem um aspecto teatral, no qual percebemos o fundo das cenas como cenários ou projeção de imagens em movimento para criar a ilusão de movimentação do carro que Milgram dirige com sua esposa Alexandra (Winona Ryder).

Aliás, nem o próprio Milgram, tanto no filme como na vida real, negaram sua inspiração no incipiente gênero reality show que surgia na TV norte-americana naquele momento, como o programa precursor iniciado em 1948 chamado “Candid Camera” – câmeras escondidas flagravam reações engraçadas de anônimos em situações incomuns, algumas delas envolvendo “pegadinhas”.

Portanto, o filme Experimentos nos mostra um bom exemplo de como o viés da filosofia gnóstica pode perpassar em muitos momentos a Ciência: primeiro, no insight de Milgram procurar a verdade através da ilusão, partindo do princípio de que o que chamamos de “realidade” (no caso de Milgram, a “autoridade”) nada mais é do que um jogo de ilusões.


E segundo, a premissa de que a questão da obediência não é comportamental (individual), mas estrutural: na própria estrutura de trabalho (o “estado de agente”) burocrática, hierárquica, baseada na super-especialização (e hoje na radical terceirização e flexibilização do trabalho)  e a alienação do indivíduo em relação aos objetivos ou sentido.

Em essência, a origem da “banalidade do mal” (Hanna Arendt) está no próprio estranhamento do homem (alienação) nesse mundo. É a condição gnóstica humana: a banalidade do Mal não está no homem, mas no mundo que o aprisiona. 

Ficha Técnica 

Título:  Experimentos
Diretor: Michael Almereyda
Roteiro: Michael Almereyda
Elenco:  Peter Sarsgaard, Winona Ryder, Jim Gaffigan, John Palladino
Produção: BB Films Production, FJ Productions
Distribuição: Magnolia Pictures
Ano: 2016
País: EUA

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(Fonte: Blog Cinegnose - Aqui).

DA MODERNIZAÇÃO DO RETROCESSO


Duke.

XADREZ DE FACHIN E DA JBS

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É atribuída a Otto von Bismarck (1815-1898), maior estadista da Alemanha do século XIX, a seguinte reflexão: "Os cidadãos não poderiam dormir tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis." A palavra "leis" é amplamente  suscetível de substituição; tudo iria depender do contexto.
Vale lembrar que o articulista enfatiza, ao final, que as 'hipóteses em jogo' são, efetivamente, hipóteses em jogo. Até porque outros analistas poderiam 'ver' diferentemente o contexto.
Sugerimos ao leitor que leia os comentários que o post abaixo suscitou (clique no 'aqui', ao final).  


Xadrez de Fachin e da JBS

Por Luis Nassif

Peça 1 – as dúvidas sobre Fachin e a Lava Jato

No artigo “Fachin comete suicídio de reputação” mostro os incríveis malabarismos do Ministro Luiz Edson Fachin e a subordinação total à Lava Jato, despertando críticas generalizadas de políticos e jornalistas. 
1. O voto de Rosa Weber sobre prisão após sentença em segunda instância que julgava especificamente o caso Lula. Todos os juristas citados eram familiares a Fachin, e nenhum anteriormente havia sido citado nos votos de Weber.
2. A retirada de pauta do HC de Lula no julgamento da 2a Turma, de forma canhestramente combinada com o TRF4.
3. A remessa do novo julgamento de HC de Lula para plenário, evitando assim que entrasse na pauta da 2a Turma, quando tudo indicava que a tese da libertação seria vitoriosa, e postergando ainda mais o julgamento.
3. (...) no julgamento de José Dirceu, o pedido de vista depois que a libertação havia conquistado maioria. 
4. Votou a favor da decisão absurda de um juiz de 1a Instância, de ordenar busca e apreensão no apartamento funcional de uma Senadora da República.
É uma submissão tão ostensiva à Lava Jato que ensejou um conjunto de dúvidas. O artigo é inconclusivo: “Tem-se uma certeza e uma incógnita.  A certeza é quanto ao suicídio de reputação perpetrado por Fachin; a incógnita é quanto aos motivos”.
No artigo, mostramos vídeo de apoio de Fachin à candidatura Dilma Rousseff em 2014.

Peça 2 – Fachin em relação à JBS

Já em relação à JBS, as decisões do Ministro têm sido confusas.
  1. O PGR Rodrigo Janot acerta um acordo de delação com a JBS. O acordo é fechado em tempo recorde e aprovado por Fachin em decisão monocrática, sem submetê-lo ao pleno e sem se debruçar sobre as provas apresentadas.
  2. Fachin foi acusado de beneficiar a JBS indevidamente. Primeiro, por assumir a investigação na condição de relator da Lava Jato. O caso nada tinha a ver com a Lava Jato. Depois, pela rapidez com que homologou o acordo, sem aprofundar em nada a investigação. Finalmente, pela extensão dos benefícios concedidos, que incluiu até uma anistia geral aos delatores, benefício inédito na história da Lava Jato. Nem Alberto Yousseff nem Marcelo Odebrecht mereceram privilégio semelhante. E logo ele, que se notabilizaria como o mais contundente defensor do punitivismo no Supremo.
  3. A perícia da Polícia Federal expôs de forma contundente a pressa tanto do PGR Rodrigo Janot quanto de Fachin, ao identificar os trechos de conversas gravadas inadvertidamente entre os delatores. Fachin não teve outra alternativa que não a de decretar a prisão dos delatores, entre os quais, a do advogado Ricardo Saur.
  4. A nova PGR propõe a anulação do acordo com a JBS – sem perda das provas levantadas. Fachin atende ao pleito dos advogados da JBS e leva a questão da anulação ou não da delação ao pleno do Supremo.

Peça 3 – JBS e a indicação de Fachin

Fachin havia se notabilizado como advogado do MST (Movimento dos Sem Terra). Havia dúvidas se o Supremo aprovaria a indicação, devido à forte influência da bancada ruralista. Fachin tinha contra si o presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e o PSDB inteiro, além dos ruralistas.
Sua aprovação foi creditada à pressão do governo Dilma sobre os senadores. Curiosamente, na mesma sessão o Senado derrotou o governo rejeitando a indicação de um diplomata para ser embaixador na Organização dos Estados Americanos (OEA). Era óbvio que, se tivesse poder, o governo Dilma teria conseguido as duas indicações.
Com o tempo, vazou a informação de que a candidatura de Fachin foi bancada pela JBS. O advogado Ricardo Saud visitou diversos gabinetes de senadores acompanhado de Fachin.
Duas questões saltam à vista:
  1. Os métodos da JBS sempre incluíram financiamento de campanha aos políticos cooptados.
  2. Certamente o que motivou a JBS não foram os reconhecidos conhecimentos jurídicos de Fachin. É óbvio que havia uma promessa de contrapartida futura. Era questão de tempo para a JBS entrar no olho do furacão.

Peça 4 – as hipóteses em jogo

Juntando todas as peças, chega-se à seguinte teoria do fato, isto é, a uma narrativa que pode explicar esse conjunto de fatores. É o método com o qual a Lava Jato trabalha. Não se trata de uma versão definitiva, mas de uma hipótese de trabalho, que poderá ser confirmada ou desmentida na medida em que novos fatos apareçam.
  1. A suspeita é de que a JBS ofereceu apoio financeiro aos senadores, para obter seu apoio. Nos corredores do Supremo, fala-se que investiu até R$ 30 milhões na candidatura de Fachin.
  2. O acordo teria sido identificado pela Lava Jato e pela própria Procuradoria Geral da República.
  3. Fachin teria ficado refém de ambos, da Lava Jato e da JBS. Nos casos em que não houve conflito entre eles – no episódio da delação – tomou decisões rápidas e surpreendentes que atendiam às duas pontas. Na proposta de anulação da delação, comportou-se como Pilatos. Se ficasse a favor da anulação, se exporia às represálias da JBS. Se a favor da manutenção do acordo, reforçaria as hipóteses de subordinação à JBS. Por isso, remeteu a decisão ao plenário.
Em qualquer hipótese, tem-se um Ministro vulnerável, refém do seu passado recente.  -  (Aqui).

COPA 2018: SEGUE, IMPLACÁVEL, O BALÉ DO MATA-MATA


Cacinho.

COPA 2018: CARTUNS ACOPLADOS

Pelicano.


Luscar.

DA SÉRIE LEMBRANÇAS DA COPA 1974

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Sobre o notável craque Carlos Caszely e seu (não) gesto relativamente a Pinochet li em décadas passadas, mas não posso afirmar que tenha sido por intermédio d'O Pasquim, Movimento ou Opinião, entre outros que, rapazola, lia desde o início dos anos 70. Entre outras lembranças da Copa 1974, lembro-me de uma jogada perfeita (aqui) de Lato, da seleção polonesa, na disputa do terceiro lugar com o Brasil, e de uma charge antológica de Ziraldo sobre a coroa perdida naquele ano pela seleção canarinho.


Um gol de placa contra a ditadura em Copa do Mundo

Por Urariano Mota

As relações tortas entre Copa do Mundo e ditadores não foram exclusivas do Brasil. Da América Latina à Europa a utilização política do futebol foi a regra. Mas há pelo menos um caso que reúne coragem e brilho em um gol lindo, maior que o de todos atletas juntos até hoje. Recupero um texto sobre o tento do gênio a seguir.  
Entre as imagens que nos vêm a partir do 11 de setembro de 1973, do dia em que houve o golpe militar contra Salvador Allende, entre tantas imagens vivas, uma poderia ser, com razão, a do presidente Allende resistindo de capacete em ultimo recurso, com alguns fiéis militantes às portas do palácio La Moneda. A imagem de Allende fala de um socialista democrata, que pela força das urnas julgava ter o poder, que é destruído ao fim, derrotado com a eloquência de bombas, tiros e crimes.
Outra imagem do golpe chileno poderia ser também a que correu mundo, dos livros sendo queimados por soldados do exército nas ruas do Chile. Em um país de grandes poetas e tradição humanista, essa foto escapou do paradoxo, porque ela se fez coerente com o assassinato do poeta Pablo Neruda pela ditadura. E depois, essa imagem dos livros no fogo é tão simples e pornográfica, ao mesmo tempo de tamanho didatismo sobre a ideologia fascista no seu carbono Pinochet, que um comentário passaria pelo já visto, ao lembrar e repetir ações de Hitler a Franco, todos ótimos queimadores de escritores, livros e inteligência.
Então falo rápido sobre uma imagem e personagem que marcam também. Não são muito divulgados no Brasil um gesto, a pessoa e o valor de Carlos Caszely. Ele foi um craque do futebol chileno. A wikipédia informa que Carlos Caszely é o jogador mais popular e querido da história do Colo-Colo e do Chile. Até hoje é chamado de El Chino, El Rey del Metro Cuadrado, ou de El Gerente. Mas o seu maior feito é este: astro da seleção de futebol do Chile, em cerimônia oficial dentro do palácio, no vigor de mortes e fuzilamentos de opositores, Carlos Caszely se negou a apertar a mão do ditador Augusto Pinochet.
Ou como ele próprio falou desse momento raro e belo, anos depois:
“Eu ouvi passos. Foi pavoroso. De repente as portas se abriram. Apareceu uma figura vestindo uma capa, de óculos escuros e quepe. Tinha uma cara amarga, suja, dura. Ele foi cumprimentar cada um dos jogadores qualificados para a Copa. Quando ele se aproximou, eu botei minhas mãos atrás das costas. Ele estendeu sua mão, mas me recusei a apertar. Como ser humano aquela era minha obrigação. Tinha todo um povo sofrendo nas minhas costas”. Mas que coisa.
As razões do gesto, desse heroísmo, são anteriores. Não foi um impulso louco. Bem antes, o jogador havia sido ligado ao ex-presidente Salvador Allende. O craque era socialista como o presidente morto. Depois do golpe, Caszely se transferiu para o futebol espanhol. E o que fez a canalha do regime no Chile? Perto da Copa de 1974, os militares sequestraram, prenderam e torturaram a mãe do jogador. Supõe-se que isso foi uma tentativa de calar Caszely e obrigá-lo a jogar pela seleção chilena. Entre os perseguidos da ditadura, ele era o principal jogador do futebol chileno, estrela do Colo-Colo e da seleção. E Caszely achou o ato de tortura contra a mãe tão estúpido, que declarou recentemente:
“Ainda hoje não está claro por que fizeram aquilo. Eles a prenderam e torturaram selvagemente, e até hoje não sabemos de que ela era acusada. Recordo um país triste, calado, silencioso, sem risos. Uma nação que entrava nas trevas. Eu sabia o que viria de cima. Eu tinha medo. Não por mim, mas por meus amigos e por minha família. Eu sabia que eles estavam em perigo por minhas ideias”.
Então sua mãe foi presa, torturada e solta, sem qualquer acusação. E pouco depois o jogador se encontra cara a cara com o ditador, na despedida para a Copa de 1974 da Alemanha. Então ele põe as mãos para trás, enquanto Pinochet se aproxima a cumprimentar um a um. Ele foi o único a rejeitar o ditador.
Enquanto escrevo, ao lembrar esse ato, sinto um cheiro de perfume, daqueles inesquecíveis, cujo cheiro e composição química vêm apenas da lembrança que cerca um gesto. Naquele maldito e mágico ano de 1973, quando o mundo conhecido vinha abaixo no momento exato em que grandes eram as esperanças, houve esse gesto de Caszely tão pouco ou nada divulgado. Eu soube dele há pouco tempo. Mas que coragem, podíamos dizer. E aqui, se espaço houvesse, deveríamos discutir o quanto estão errados os que julgam ser a coragem um atributo de valentões, de homens que zombam do perigo. Não é. A coragem é a fidelidade ao sentimento de honra, dever ou amor. Por isso dizemos: que coragem!, isto é, que afeto e grandeza em ser fiel ao mais íntimo. Sentimos naqueles braços para trás de Caszely, enquanto avançava contra ele o ditador, um bravo bravíssimo. Com certeza, o jogador tremia, mas não podia ainda assim ceder à mão de Pinochet no cumprimento.
Não sei, mas esse me parece ter sido o maior gol de placa da história.  -  (Aqui).

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Um comentário oportuno (autor: Ernesto GMV):

"Tem um documentário de tv sobre futebol relativo aos anos de chumbo na América do Sul. Assisti só a um capítulo, que fala do Chile. 
O Estádio Nacional, que foi usado como campo de concentração, foi todo reformado, mas uma parte da arquibancada daquela época foi preservada, e está assim até hoje, cercada por tela de arame.
Pouco depois da reforma, Caszely conta que na comemoração de um gol, com o estádio meio vazio, correu até a parte antiga para comemorar. Não tinha ninguém por perto daquele setor da arquibancada, mas todo mundo entendeu. Chorando, ele fala dos amigos que se foram na ditadura."

UNIÃO EUROPEIA DECRETA SOLUÇÃO FINAL: ASILO ÁFRICA


Marian Kamensky. (Áustria).

sexta-feira, 29 de junho de 2018

NOTÍCIAS FALSAS: RESUMO DA ÓPERA

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Para aumentar a complicação: o Tribunal Superior Eleitoral tornou sigiloso o conteúdo das atas de todas as reuniões que ocorrerem no Conselho Consultivo sobre notícias falsas nas eleições 2018. O jornal Estadão, por exemplo, teve negado pedido ao TSE sobre o assunto mesmo invocando a Lei de Acesso à Informação.


Notícias falsas: Mais complicado do que parece

Por Carlos Orsi

Uma capacidade fantástica do ser humano é de pegar o que poderia ser um debate rico, complexo e produtivo e imediatamente reduzi-lo a meia-dúzia de clichês rasteiros. A questão das notícias falsas/fake news, por exemplo, que poderia ter dado margem a uma discussão séria sobre meios de comunicação, uso de fontes e credibilidade, virou basicamente uma estratégia de marketing da mídia corporativa -- "confie em nós", dizem os jornalões, as grandes redes de TV e rádio em suas campanhas de conscientização sobre fake news -- "e tudo vai ficar bem".

Mas aí a gente se lembra de que o Estadão engoliu a lorota do Jogo da Baleia Azul com isca, anzol e linha; que a Folha de S. Paulo endossou teorias de conspiração malucas sobre o 11 de setembro; que a CBN fez um programa cantando os loas da "medicina" ayurvédica; que a febre nacional da fosfoetanolamina começou com uma reportagem de afiliada da Globo,  e é compreensível que fiquemos desconfiados e desconsolados.

A questão torna-se ainda mais complexa porque a grande mídia corporativa não está de todo errada: jornalismo sério custa dinheiro, e a qualidade média, técnica e ética, do material produzido pelas grandes empresas do ramo é bem maior do que seus detratores, à direita e à esquerda, querem fazer crer. Para cada lorota maluca que sai sobre saúde ou ciência, há dezenas de outras matérias bem apuradas e escritas, produzidas por profissionais diligentes e conscienciosos.

Alguém poderia até me acusar de cherry picking -- de ter escolhido os exemplos acima a dedo, só para causar má impressão, ocultando o bom trabalho feito, rotineiramente, pela maior parte dos jornalistas brasileiros.

O problema é que os exemplos citados são, a meu ver, sintomas de vícios sistemáticos do meio jornalístico, vícios que, se não forem corrigidos, podem acabar destruindo até mesmo a credibilidade das campanhas por mais respeito à credibilidade. E me preocupa que o sequestro da questão das notícias falsas pelos departamentos de marketing tenha instaurado um senso de complacência no meio: a partir do momento em que você se vê como o herói que trava o Bom Combate, a autocrítica, um exercício nunca exatamente agradável,  deixa, de fato, de ser bem-vinda.

Falei em "vícios sistemáticos". Quais seriam eles? Cito quatro, que na verdade podem ser vistos como aspectos de um mesmo problema mais abrangente (e, daí, sistêmico):

Leniência com o meramente declaratório: tratar como notícia não um fato apurado e confirmado, mas algo que alguém diz que é um fato. Não que declarações não possam ser, em si, notícias, mas a imprensa brasileira adotou uma postura quase letárgica diante de acusações ou alegações bombásticas feitas por autoridades, celebridades e outras figuras públicas, reproduzindo-as de modo quase automático e acrítico.

Esconder-se na barra da saia da autoridade: quando a leniência com o declaratório leva à publicação de bobagens, em vez de reconhecer a falha do modelo, corre-se para a barra da saia da autoridade: "ah, mas foi o delegado quem disse"; "ah, mas foi o professor quem disse"; "ah, mas o documento dizia"; "não foi o jornal que errou, reproduzimos fielmente o que o entrevistado disse". Essa manobra, ao mesmo tempo em que terceiriza a responsabilidade de checar os próprios fatos para a fonte, confere a ela credibilidade intrínseca de ter "saído no jornal". Foi esse ponto cego quelançou o senador Joseph McCarthy à fama.

Personagismo: todo jornalismo busca ser, em alguma medida, dramático, e nada é mais dramático que a palavra e a luta de um indivíduo. Daí, a queda do jornalismo por personagens -- o atleta, a mãe desesperada, o pai amoroso, a grande empresária. O problema é que casos individuais podem não ser representativos, e geralmente carregam uma força retórica desproporcional. O leitor que encontra uma longa entrevista com um médico que acha que vacinas são perigosas pode não obter o esclarecimento necessário a partir do parágrafo solitário que diz que os pontos de vista expressados são "controversos" ou "não refletem a recomendação da maioria dos médicos".  

Controversismo: controvérsias reais -- questões que estão realmente em aberto, sobre as quais os melhores estudiosos não chegam a um acordo --  existem, mas muitas vezes o discurso jornalístico assume a forma de "esse cara diz isso, aquele cara diz aquilo, quem poderá saber quem está certo?" simplesmente porque é mais fácil e menos arriscado do que levantar os fatos e reconhecer que um lado é mais certo que o outro.

Um dado curioso é o de que os serviços de checagem de fatos geralmente atacam esses problemas, principalmente apontando erros e contradições em conteúdo declaratório. Mas essas checagens são band-aids -- cobrem feridas abertas. Por que o autor da declaração não foi contestado na matéria original? De todas as pessoas que viram a declaração errada, quantas terão acesso à coluna de checagem?

Também é importante notar que os vícios que cito acima podem ser vistos como perversões de preocupações legítimas -- em evitar arrogância, em fugir de simplificações exageradas, em demonstrar relevância, em dar voz a todas as partes interessadas na questão que está sendo abordada. Mas mecanismos criados para a defesa de princípios não podem se converter em fins em si mesmos, nem se transformar em pretexto para trabalhos que podem até ser tecnicamente impecáveis mas que, no fim, passam informação falsa.

Este é o outro front, aparentemente esquecido, da guerra pela credibilidade jornalística e contra as fake news.  -  (Blog de Carlos Orsi - AQUI).

COPA 2018: ALEMANHA TENTA DAR A VOLTA POR CIMA

                       - Felizmente, a vida não se resume a Futebol!

Robert Rousso. (França).

COPA 2018: ALEMANHA VIVE O PIOR DOS MUNDOS


Marian Kamensy. (Áustria).

LULA E A MALDIÇÃO DO ÓDIO


"O sistema tenta, tenta, mas não consegue disfarçar a sua permanente estratégia lafontainiana do Lobo e do Cordeiro com relação a Luís Inácio Lula da Silva.
Não que Lula seja - muito pelo contrário - um ovino.

Sem chegar a ser uma jararaca, sua força junto à população brasileira não pode ser subestimada ou não estaria - mesmo preso - à frente de todas as intenções de voto para a presidência da República.

Aliás, voltando à fábula lupina, não é por outra razão a não ser essa que o objetivo evidente da extrema-direita, de morolistas a intervencionistas, mbls e bolsonarianos, é conservar o ex-presidente preso, seja por quantos ou quais motivos forem desde que um deles se preste a mantê-lo afastado das urnas, da vontade popular e das eleições presidenciais deste ano.

Da mesma forma que o imparcial vice-rei de Curitiba, retornado de mais um périplo pela Metrópole, apressa a repetição da condenação furada do tríplex no caso do sítio de Atibaia, calculando seu desfecho para uma data próxima da véspera do pleito eleitoral, só os ingênuos acreditam que a homologação da delação premiada de Palocci foi aprovada justamente agora pelo desembargador  João Pedro Gebran Neto, um dos cavaleiros do apocalipse do TRF-4, porque o STF acaba de aceitar a possibilidade da negociação de delações premiadas pela Polícia Federal e que isso não teve nada a ver com o julgamento dos recursos da defesa de Lula que estava marcado para daqui a quatro dias na Suprema Corte.

A delação de Palocci não acrescentará nada à narrativa e à estratégia conhecida por todos, desde que a tese do suposto mensalão foi inventada para tirar o traseiro de um pilantra da reta da seringa e inaugurou quase que oficialmente a abjeta prática da utilização maciça da justiça como arma política no Brasil.

É o mesmo "bom" e velho golpe dos prejuízos da ordem de dezenas de bilhões de reais da Petrobras, que nunca existiram a não ser por delações de conveniência, como provado pela AEPET recentemente, e da criminalização retroativa do presidencialismo de coalizão, do Caixa Dois e do financiamento privado de campanha, com o já cansino objetivo de, sem provas que o justifiquem, atingir Lula e Dilma.

Uma meta já perseguida antes, por tantas vezes, com dezenas de delatores "premiados" de todas as espécies e matizes, que aceitaram corroborar a história da carochinha oficial, como quase que única, exclusiva forma, de se livrarem das respectivas grades, mesmo que apenas para conquistar o direito a prisão domiciliar ou ao uso de uma tornozeleira eletrônica.

No inesgotável cinturão das mentiras e das manobras as balas de ouro, aço e prata se reproduzem, como em um passe de mágica, como fungos na superfície do esgoto ou um bando de roedores escondidos entre os caixotes do Ceasa.

Todas as vezes que o destino de Lula está prestes a ser decidido mais uma vez pelo STF, o "sistema" saca, como uma pistola com o pente sempre lotado,  mais um factoide contra o ex-presidente da República, voltado, quando necessário, não apenas para constranger os membros da Suprema Corte mas também para intoxicar a opinião pública.

Ou um novo casuísmo destinado a cercar e combater, por todos os lados, a mais remota chance que ele tenha de sair do lugar em que se encontra.

No impedimento de - mesmo com a delação de Palocci - se assegurar um julgamento que prejudicasse Lula no âmbito da Segunda Turma do STF, uma vice-presidente do mesmo TRF-4, alegando que as provas - absolutamente inexistentes - não poderão mais ser revistas, negou - na undécima hora - a possibilidade do recurso extraordinário ser analisado pelo STF, dando ao Ministro Fachin a oportunidade de suspender o julgamento e arquivar o pedido da defesa.

Iludem-se aqueles que acham que, quando forem registrados no livro de História os anais dos vergonhosos dias que este país está vivendo agora, não estarão lá, boi a boi, os nomes daqueles que estão fazendo, com uma descarada guerra jurídica, tudo que é preciso para entregar o país ao fascismo no final de 2018.

Assim como se equivocam dentro do próprio PT aqueles que acham que Lula tem alguma chance de voltar ao embate eleitoral com alguma estabilidade em sua situação ou um mínimo de segurança jurídica.

Além de mantê-lo como candidato até quando for possível, urge providenciar a costura de uma aliança nacional antifascista, porque novos processos - e campanhas midiáticas - serão fabricados e movidos, em sequencia e sucessivamente, sempre que for necessário, contra ele, até que surja um novo golpe jurídico destinado a impedi-lo definitivamente de concorrer às eleições.

A desavergonhada lawfare vai continuar, apesar da posição de certos membros do Supremo.

Afinal, é preciso castigar, exemplarmente, independentemente da simpatia da maioria da população estar com ele, o cabeça chata suspeito de sua mulher - que já morreu - ter tentado comprar um triplex xexelento ou de tentar ajudar a dar uma melhoradinha num sitiozinho mambembe de um amigo, para se esconder nele nos fins de semana, justamente da exposição e do tipo de vizinhança incômoda que teria infernizado a vida da família mais caluniada do Brasil caso ela tivesse insistido em se mudar pro Guarujá.

Um sem-dedo, um sem-pescoço atrevido, culpado de ter caído ainda criança de um pau de arara na periferia da maior cidade do país, para transformar o Brasil em um país capaz de fabricar caças supersônicos e submarinos a propulsão nuclear e na sexta maior economia do mundo.

Enquanto outros políticos e homens públicos que fizeram de papel passado excelentes negócios com imóveis nos últimos anos passam suavemente, pelo céu azul de Brasília, como Zeppelins prateados, montados em brancas nuvens de cúmulus, acariciadas pelo sopro  leve , quase brisa - dos ensolarados ventos do Planalto, embalados nos seus sonhos de poder e de grandeza - agora cada vez mais próximos, graças à perseguição e a condenação de Lula.

O objetivo está claro e é solerte, desprezível.

Não apenas impedir o outsider que veio de Garanhuns de voltar a fazer política.
Mas mantê-lo aprisionado - com base em uma condenação que até mesmo as pedras do calçadão de Copacabana sabem que é mentirosa e fuleira, baseada em uma escritura inexistente e em nenhuma ligação com o suspeitosíssimo escândalo da Petrobras - até mesmo depois de sua eventual morte institucional, com novas e numerosas acusações e sentenças, baseadas em delações premiadas, que pesem sobre sua cabeça como as gigantescas lápides que cobrem, nos filmes de terror, os sarcófagos dos faraós amaldiçoados, para que eles não possam ser despertados nem voltar jamais à vida.
Neste país de hipócritas, covardes e calhordas,  ninguém sabe o que é maior e mais absoluto.

Se o medo de ver de novo um governo nacionalista e desenvolvimentista no Palácio do Planalto, capaz de pagar a dívida com o FMI e economizar - sem aumentar a dívida-PIB com relação a 2002 - 380 bilhões de dólares em reservas internacionais.

Se o ódio irracional, rasteiro, ascaridiano, parasitário, que aqueles que desprezam o Brasil - mas não renunciam a dominá-lo - nutrem, como o veneno que lhes escorre como baba do canto da boca, pelo ex-presidente Lula."





(De Mauro Santayana, post intitulado "Lula e a maldição do ódio", publicado no blog do articulista - Aqui).