segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

CRIACIONISMO EM SALA DE AULA

"Abram seu livro de texto...".

MEC: criacionismo não é tema para aula de ciências

Por Fábio Takahashi

O Ministério da Educação tomou posição no debate relativo ao ensino do criacionismo nas escolas do país. Para o MEC, o modelo não deve ser apresentado em aulas de ciências, como fazem alguns colégios privados, em geral confessionais (ligados a uma crença religiosa).

"A nossa posição é objetiva: criacionismo pode e deve ser discutido nas aulas de religião, como visão teológica, nunca nas aulas de ciências", afirmou à Folha a secretária da Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar.
 
Apesar do posicionamento, o MEC diz não poder interferir no conteúdo ensinado pelas escolas, pois elas têm autonomia.
 
Conforme informou o colunista da Folha Marcelo Leite no último dia 30, o colégio Mackenzie (presbiteriano) adotou neste ano apostilas que apresentam o criacionismo nas aulas de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental.
 
Outras escolas, como as adventistas, por exemplo, praticam opção semelhante.
 
Teorias
Os criacionistas dizem que o Universo foi criado por um ser superior, assim como os seres vivos. Para eles, a vida é muito complexa para ter surgido sem intervenção sobrenatural.
Essa crença se opõe à teoria da evolução desenvolvida por Charles Darwin, presente nas diretrizes curriculares nacionais, segundo a qual todas as espécies provêm de um ancestral único --e, a partir dele, se diferenciaram, chegando à diversidade atual de seres vivos.
 
O entendimento do MEC é semelhante ao dos pesquisadores contrários ao criacionismo: o modelo não pode ser considerado teoria científica por não estar baseado em evidências (preceito tido como básico para se definir o que é ciência).
 
"[O ensino do criacionismo como ciência] é uma posição que consideramos incoerente com o ambiente de uma escola em que se busca o conhecimento científico e se incentiva a pesquisa", afirmou Pilar.
 
O presidente da Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, Christiano da Silva Neto, tem entendimento diferente.
 
Para ele, como não há consenso sobre qual teoria está correta, "a maneira mais justa e honesta de lidar com a questão é apresentar ambos os modelos nas aulas de ciências, dando-se destaque aos pontos fortes e fracos de cada um".
 
Escolas
O criacionismo é ensinado no Colégio Presbiteriano Mackenzie desde 1870, quando a instituição foi fundada.
 
O conteúdo é abordado no sexto ano do fundamental --para crianças com idade por volta dos 11 anos--, assim como a teoria evolucionista.
 
Neste ano, no entanto, o colégio passou a adotar um novo material nos três primeiros anos do ensino fundamental. São apostilas com conteúdos didáticos convencionais, onde há a explicação criacionista, mas sem a teoria evolucionista.
 
Segundo o colégio, nessa idade (por volta dos oito anos) os alunos não estão preparados para aprender o darwinismo. O colégio anunciou que alterará o conteúdo das apostilas, abrandando o caráter religioso, mas manterá o criacionismo.
 
O Pueri Domus Escolas Associadas, uma rede laica que reúne 160 escolas no Brasil inteiro, algumas com orientação católica ou protestante, também apresenta o criacionismo nas aulas de ciências.
 
O conteúdo é exposto com o evolucionismo no oitavo ano do ensino fundamental das escolas. Para Lilio Alonso Paoliello Júnior, diretor de conteúdo da rede associada, o objetivo é promover o debate.
 
"Negativo seria não deixar que a discussão acontecesse. É uma questão de posição pedagógica. O conteúdo é aceito por pais das escolas laicas e das religiosas", diz o diretor.
 
A visão também é defendida por Maria Lúcia Callegari, orientadora do colégio Santa Maria (zona sul de SP). "Quando falamos sobre o surgimento da vida, abordamos o criacionismo e o evolucionismo. Trabalhamos com pluralidade na ciência, para romper a ideia de uma verdade absoluta."
 
Na escola, o conteúdo é ensinado para os alunos do quinto ano do ensino fundamental e, segundo ela, não há reclamação de pais por causa do conteúdo. (Fonte: aqui).
 
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O criacionismo não é ministrado em escolas públicas no mundo ocidental, salvo, acho, no estado da Carolina do Sul, EUA (uma vez que os estados são autônomos para legislar sobre certos temas).
As aulas de religião foram instituídas para isso mesmo. 

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