sexta-feira, 17 de junho de 2016

O RETORNO TRIUNFAL DA CENSURA POLÍTICA


"IMPRENSA - Como você classifica esse corte de verba publicitária do governo interino a sites considerados pró-PT?
LUIS NASSIF - Censura política. Meus contratos com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica atravessaram os governos FHC, Lula e Dilma, sem nenhuma pressão política. No GGN e no meu Blog tenho sido crítico de Dilma desde 2013, sem nunca ter sofrido nenhuma espécie de sanção publicitária. O governo Temer veio para impor a censura. 
Ao anunciar o corte de verbas, o Planalto afirma que busca uma "multiplicidade de opiniões". Você acredita nesta intenção ou vê este ato como uma forma de calar esses sites? 
Claro que não. Pelo contrário, ele combate a multiplicidade de opiniões que advém dos blogs e das redes sociais. Fora eles, o que resta: a única visão dos grupos de mídia. Como o dinheiro aplicado nos blogs era ínfimo, perto da verba geral, fica nítido que a intenção foi mesmo calar qualquer crítica.
Acredita que esses veículos apontados como pró-PT, entre eles o seu, poderão encerrar suas atividades caso não seja revertido o corte dessas verbas publicitárias?
Haverá redução drástica da estrutura, sim. Principalmente porque as agências de publicidade estão focadas exclusivamente nos grandes grupos de mídia.
Na sua opinião, qual será o grau da liberdade de imprensa durante a gestão Michel Temer?
Ele veio para liquidar com as vozes divergentes. Sua posição é muito vulnerável, tanto pela forma como conquistou o poder como por sua vida política pregressa. A maneira de se tentar legitimar é criar inimigos imaginários e atacá-los com todas as armas.
Você foi um dos jornalistas cujo contrato foi encerrado com a chegada de Laerte Rimoli à presidência da EBC. Sentiu-se perseguido com essa medida?
Claro. Estava há mais de cinco anos na EBC, jamais houve interferência de governos nos meus programas e nos jornais da casa. De repente, um sujeito cuja carreira, nas últimas décadas, esteve ligada exclusivamente ao pior do jogo político - Aécio Neves e Eduardo Cunha - chega com um discurso de despolitizar a EBC investindo contra jornalistas que têm história - Tereza Cruvinel, Paulo Moreira Leite, eu. E encerra liminarmente o programa. Não apenas isso, ele e o pessoal da Secom passam a divulgar informações inverídicas sobre a publicidade oficial deste ano. Praticamente não houve liberação de recursos das empresas públicas este ano. 
Na sua opinião, por que a EBC se transformou em objeto de disputa do governo interino e do governo anterior?
Porque era o único contraponto à campanha do impeachment feita pelos grupos de mídia. Aliás, o governo anterior dava tão pouca atenção à EBC que a primeira entrevista concedida por Dilma foi depois de ter sido licenciada do cargo de presidente. Aliás, só vim para a EBC depois do meu contrato com a TV Cultura ter sido encerrado devido a críticas que fiz, no meu blog, ao governo Serra."



(Do jornalista Luis Nassif, ao Portal Imprensa - aqui -, entrevista publicada nesta data, reproduzida no Jornal GGN - AQUI.
Limito-me a dizer: Nenhuma estranheza; isso era esperado.
Por oportuno, registro o comentário de Rui Daher: 
"Desde que se iniciou o processo golpista contra o governo de Dilma Rousseff, sabia-se que folhas e telas críticas ao conluio entre Congresso, Judiciário e teclados na sala-de-estar da casa-grande seriam perseguidas e eventualmente extintas. Bastasse um mínimo viés de esquerda ou que pudesse ser identificada ao "lulo-petismo". Primeiramente, seriam visadas as públicas, mais tarde as privadas. A vendetta logo chegará a "CartaCapital", "Caros Amigos", PHA, DCM.
Golpes de Estado são sempre ditatoriais, censores, dispensam a participação militar, mas não conseguem conviver com a diversidade de opiniões e impor suas mentiras. Temer, o medíocre, e seu corrupto grupo amarelo-patológico, a propósito do corte de despesas, se divertirá perseguindo os desafetos de ontem pelos delatores de hoje. Ou o amigo Nassif já não percebeu José Serra assoprando, sob risco de inalação de gás venenoso, seu nome aos ouvidos de Temer et caterva?
Da mesma forma, não teria percebido o gozo solto de como a notícia sobre EBC e TV Brasil foi publicada na Folha de São Paulo? Tenho certeza de que atrás do redator, por cima de seu ombro, Otávio Frias Filho babava indisfarçadamente: "Cita o Nassi, cita!" Lembremo-nos de como o abandono de Lula a um almoço no jornal repercutiu no fígado do herdeiro da ditabranda e das vans a serviço da ditadura.
Golpistas precisam ser repelidos em todos os seus atos antes que nos tirem a liberdade em nome da liberdade deles de conspirarem. (...)."
Quanto ao "gozo solto de como a notícia sobre EBC e TV Brasil foi publicada na Folha de São Paulo", a que alude Daher, clique AQUI para ler "A reportagem da Folha sobre o Brasilianas na TV Brasil").

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