quinta-feira, 19 de novembro de 2020

DEPOIS DE CHAMÁ-LO DE 'O CARA', OBAMA FAZ ATAQUE A LULA EM LIVRO DE MEMÓRIAS

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Em entrevista a Pedro Bial, ex-presidente dos EUA fala sobre o recém lançado livro de memórias “Uma Terra Prometida”, no qual descreve Lula como um chefão mafioso, cujo governo é marcado por clientelismo e "propina na casa dos bilhões”

No 247: O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama concedeu entrevista ao apresentador Pedro Bial, da TV Globo, para divulgar seu recém lançado livro de memórias, “Uma Terra Prometida”, que no Brasil recebeu o selo da Companhia das Letras.

Na obra, Obama faz um ataque ao ex-presidente Lula e o descreve de maneira bem diferente daquela de 2009, quando o chamou de “o cara”, e de “o político mais popular da Terra”.

No trecho do livro lido por Pedro Bial, Lula é descrito por Obama da seguinte maneira: “Ex-líder sindical grisalho e cativante, com uma passagem pela prisão por protestar contra o governo militar e eleito em 2002, tinha iniciado uma série de reformas pragmáticas que fez as taxas de crescimento do Brasil dispararem, ampliando sua classe média e assegurando moradia e educação para milhões de cidadãos mais pobres. Constava também que ele tinha os escrúpulos de um chefão de Tammany Hall e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões”, leu Bial. 

Tammany Hall era uma organização política ligada à máfia que explorava Nova York, sinônimo de corrupção, comparável hoje às milícias no Rio de Janeiro.

Na entrevista, Pedro Bial pergunta a Obama se ele ainda chamaria Lula de “o cara”. Obama não responde, e volta a fazer uma descrição de Lula como um político ambíguo. 

"Com os relatos de corrupção que surgiram, que afetaram o sistema brasileiro, na época eu não sabia de todos eles. Acho que o dom que o Lula tinha ao se conectar com o povo brasileiro e o progresso econômico que realmente aconteceu, quando ele tirou as pessoas da pobreza naquela época são coisas que não podem ser negadas", disse Obama na entrevista. 

"Uma das coisas que eu tento fazer no livro é descrever as complexidades de todas estas figuras. Falo de Putin, falo de Merkel, falo de Singh, da Índia, você acaba percebendo quando está no palco do mundo é que a maioria dos líderes são um reflexo das contradições e das tensões dos seus países", disse Obama.  -  (Aqui).

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'Memórias' são memórias, algo personalíssimo. História é História: se for fiel aos fatos concretos verificados, ou seja, autêntica (louvemos o Jornalismo Investigativo! Intercept, p. ex.), poderá fazer aflorar as circunstâncias que, em 2009, marcaram o ex-presidente Obama e o motivaram a fazer as observações elogiosas sobre Lula, e posteriormente, quando da organização do livro, bem como agora, ao falar sobre o tema com jornalista da maior emissora do País, emissora que funcionou como verdadeiro 'tambor' de ressonância das acusações* (depois 'tranquilamente' convertidas em condenações) direta ou indiretamente dirigidas a Lula e outros cidadãos pela Lava Jato, operação que, ao que tudo indica, teve seus bastidores 'frequentados' justamente pelos Departamentos de Justiça e de Estado dos Estados Unidos, e cujos detalhes têm a chance de agora serem disponibilizados ao ex-dirigente brasileiro em face de decisão em tal sentido proferida por tribunal superior do Brasil**. Como observado por este Blog em postagem de dias atrás, há certas "decisões de Estado" que extrapolam o próprio presidente da potência do Norte, a exemplo da fixação de verbas orçamentárias para "iniciativas de informação e contra-informação", as quais, ao que consta, já chegam 'empacotadas', enviadas pelas famosas 'agências de setores cruciais'. Convém aguardar o pronunciamento da História autêntica - mas não há negar que o desconforto de amplos setores tupiniquins em face do comportamento de Barack Obama relativamente ao ex-presidente Lula repercutiu.

*  =  sim, acusações, ou, em linguagem mais direta, 'acusações condenatórias'. Afinal, no Brasil da Lava Jato, a acusação dirigida a quem quer que fosse era automaticamente convertida em condenação.  Foi acusado? É culpado!! Mesmo que a condenação não ocorra!

**  =  sobre a (eventual) 'articulação' Lava Jato x EUA visando à derrubada do governo Lula, vale repetir o que afirma a ex-presidente Dilma Rousseff nesta data: "Eu achei muito suspeito por parte do Obama ter dito aquilo (sobre Lula), porque parece que ele está tentando encobrir alguma coisa" (Aqui).

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