Por Kiko Nogueira
O programa Estúdio I, da GloboNews, fez uma cobertura aviltante da morte de Maradona.
A comoção que tomou o mundo passou ao largo da turma, que achava graça em idiotices.
Beltrão gargalhava sem razão, dando o tom para os puxa-sacos que a cercam.
Jornalistas e ex-jogadores foram convocados a relatar sua experiência com Maradona.
Júnior, ex-Flamengo, foi instado a responder se, no jogo contra o Boca Juniors, em 1981, notou que o argentino estava drogado.
Saiu-se como deu diante da pegadinha.
Só faltava revelar que testemunhou Maradona se picar atrás do gol e voltar para o campo.
Sidney Garambone lembrou que viu Maradona no Carnaval do Rio e ele foi ao banheiro porque tomou “muito guaraná e tinha que fazer xixi”.
É uma maneira sutil e supostamente divertida de sugerir que Maradona foi cheirar cocaína.
Momentos antes, Casagrande estava dando um depoimento grave e tocante sobre a dependência de drogas.
Coube ao mesmo sujeito lembrar a militância política de Diego.
Ele foi, nas palavras de “Garamba”, o “primeiro jogador populista” por sua convivência com Chávez, Fidel Castro e Evo Morales.
Era um “gauche na vida”. Era parte de sua rebeldia.
Ou seja, a regra é ser um Pelé ou um Neymar, calar a boca, jogar bola e morrer.
Se tivesse VAR do jornalismo e da vergonha na cara, daria impedimento. - (DCM - Aqui).
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Em 'haicai' desta data (Aqui) este Blog utilizou o termo "gauche" para destacar, entre outros, o fato de que Diego Armando Maradona, em vez de aderir à elite escravocrata latino-americana, como fazem tantas celebridades, agiu em defesa dos pobres e oprimidos - o que está claro no texto "O Dia em Que Maradona Falou Com Orgulho Para Uma Revista De Favelados Da Argentina" (Aqui), reproduzido por este Blog em 30 de outubro, quando da celebração dos 60 anos do craque. Quanto ao fato de Diego ser amigo de Cuba, Venezuela e Bolívia, por exemplo, louvamos a sua coragem de exercitar o seu direito democrático. Partir para o deboche, como o Estúdio I procedeu, soou como se os debochadores resolvessem, se isso estivesse a seu alcance, 'manchar' o Nobel de Literatura concedido ao colombiano Gabriel García Márquez, autor, entre outras preciosidades, de 'Cem Anos De solidão' e 'Ninguém Escreve Ao Coronel', pelo fato de 'Gabo' fazer questão de apoiar Fidel, de quem era amigo fraterno. Nenhuma estranheza, pois. Faz parte.
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