Lista de Livros - Guerra sem fim - John Haldeman
“As criaturas eram tão altas quanto os humanos, mas mais largas na cintura. Eram recobertas por uma pele de cor verde-escura, quase preta... viam-se ondulações brancas onde o laser a chamuscara. Pareciam ter três pernas e um braço. O único ornamento em suas cabeças peludas era uma boca, um orifício preto e úmido preenchido com dentes negros e lisos. Eram realmente repulsivas, mas sua pior característica não era algo que as diferia dos seres humanos, mas uma similaridade...”
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“Nos poucos momentos em que fiquei acordado após, finalmente, me deitar, o pensamento de que a próxima vez que eu fechasse os olhos pudesse ser a última veio à minha mente. E, em parte por conta da ressaca da droga, mas sobretudo por causa dos horrores do dia anterior, eu me dei conta de que não estava nem aí.”
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“Mal o ouvi, tentando entender o que estava acontecendo com meu crânio. Eu sabia que era apenas sugestão pós-hipnótica. Até lembrei-me da sessão em Missouri, quando eles a implementaram, mas isto não a tornava menos avassaladora. Minha mente girava sob pesadas pseudomemórias: os alienígenas taurianos corpulentos e peludos (nada a ver com os que agora conhecíamos) entrando em uma embarcação de colonizadores, devorando bebês enquanto as mães gritavam horrorizadas (os colonizadores nunca viajaram com bebês; não aguentariam a aceleração), estuprando as mulheres até a morte com enormes membros roxos e cheios de veias (ridículo pensar que sentiriam desejo por humanos), segurando os homens enquanto lhes arrancavam a carne dos corpos vivos e devoravam logo em seguida (como se pudessem assimilar proteína alienígena)... Uma centena de pavorosos detalhes tão perfeitamente relembrada como se fossem acontecimentos ocorridos minutos atrás, ridiculamente exagerados e logicamente absurdos. Mas enquanto minha mente consciente rejeitava aquela bobagem, em algum lugar mais profundo, no fundo daquele animal adormecido onde guardamos nossos reais motivos e moralidades, algo estava sedento por sangue alienígena, convicto de que a coisa mais enobrecedora que um homem poderia fazer seria dar a vida para matar aqueles terríveis monstros...
Eu sabia que tudo aquilo era a mais pura mentira e odiava os homens que haviam feito tais obscenidades com a minha mente, mas podia até ouvir meus dentes rangendo, sentir minhas bochechas congeladas em um sorriso espasmódico, desejo de sangue... Um ursinho andou na minha frente, parecia confuso. Comecei a erguer meu laser de dedo, mas alguém foi mais rápido, e a cabeça da criatura explodiu em uma nuvem de fragmentos acinzentados e sangue.”
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“– A vida – disse Marygay lamuriosa –, a vida é...
– A vida é um monte de células que andam por aí com um propósito em comum. Se este propósito em comum for me ferrar...”
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“Estávamos saboreando um almoço leve (...) quando um mensageiro chegou alvoroçado e entregou-nos dois envelopes: nossas ordens.
(Nomearam-me) comandante e ela subcomandante, mas as companhias não eram as mesmas. Ela faria parte de uma nova companhia que seria formada aqui mesmo em Paraíso. Eu voltaria para o Portal Estelar para “doutrinação e educação” antes de assumir o comando.
Por um longo período, ficamos mudos. (...)
Ela continuava entorpecida. Aquilo não era apenas uma separação. Mesmo que a guerra terminasse e voltássemos para a Terra com apenas alguns minutos de diferença, em naves diferentes, a geometria dos saltos colapsares acumularia anos entre nós. Quando o outro chegasse à Terra, seu parceiro seria, provavelmente, meio século mais velho; e, mais provavelmente, estaria morto.
Ficamos ali sentados por algum tempo, sem tocar na deliciosa comida, ignorando a beleza à nossa volta, conscientes somente um do outro e das folhas de papel que nos separavam com um abismo tão imenso e real quanto a morte.
(...) Tínhamos um dia e uma noite juntos. Quanto menos disséssemos, melhor. Não se tratava apenas de perder um amante. Marygay e eu éramos, um para o outro, a única ligação com o mundo real, a terra dos anos 80 e 90. Não o mundo grotesco e perverso que estávamos supostamente lutando para preservar. Quando a nave dela foi lançada, foi como se um caixão tivesse sido lançado no interior de uma cova.
Requisitei um computador e descobri os elementos orbitais de sua nave e a hora da partida. Descobri que poderia vê-la partir do “nosso” deserto.
Pousei no cume do monte onde havíamos jejuado juntos e, algumas horas antes de o sol nascer, vi uma nova estrela surgir a oeste no horizonte, observei o brilho intensificar-se e diminuir à medida que se afastava, tornando-se apenas mais uma estrela, depois uma estrela quase apagada, e então nada. Caminhei até a beirada e olhei para a base da face rochosa e escarpada, as ondulações das dunas obscuras e congeladas estendiam-se por meio quilômetro. Sentei-me com os pés balançando na beirada, pensando em nada, até os raios oblíquos do sol iluminarem as dunas em um suave e tentador “claro-escuro” de baixo relevo. Duas vezes joguei meu peso para frente, ameaçando pular. Não o fiz não por medo da dor ou da perda: a dor seria breve e a perda seria do exército, e seria a vitória final deles sobre mim... tendo comandado minha vida por tanto tempo, forçaram-na a um fim.
Aquilo eu devia ao inimigo.”
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Lista de Livros: Guerra sem fim - John Haldeman
Editora: Landscape
304 páginas - Seleção de Doney - Aqui.
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