sexta-feira, 4 de setembro de 2015
O PROTETOR DOS REFUGIADOS
Ecologista e protetor dos refugiados, Francisco falará ao mundo de Cuba e da ONU
Por Leneide Duarte Plon
O papa Francisco vai recomeçar sua peregrinação pelo mundo. Este mês ele visita Cuba (de 19 a 22 de setembro) e depois parte para Nova York para a Assembleia Geral da ONU (de 22 a 28 de setembro), levando a mensagem de um chefe de Estado, o Vaticano, mas também de chefe da Igreja católica, que congrega mais de um bilhão e duzentos milhões de pessoas no mundo. Considerado pelo diretor de redação do jornal Libération, Laurent Joffrin, como « o chefe de Estado mais à esquerda de todo o planeta », o papa surpreende a cada nova fala ou entrevista.
A chegada aos Estados Unidos procedente de Cuba é por si só um acontecimento político, que se insere na nova fase de degelo das relações cubano-americanas. Não se deve esquecer que o Vaticano foi um importante intermediário nas negociações de aproximação entre Washington e Havana.
Na capital americana, Francisco será o primeiro papa a falar no Congresso Americano. Esse discurso é muito aguardado por analistas politicos pois as posições « esquerdistas » do ex-cardeal Jorge Bergoglio têm irritado profundamente a direita republicana dos EUA. No memorial onde ficavam as torres gêmeas que desabaram no 11 de setembro, o papa terá um encontro interreligioso sumamente importante no qual denunciará o uso de Deus para a violência e as guerras.
Em Lampeduza, apelo pelos refugiados
Francisco deu a primeira prova de que estava sintonizado com seu tempo e com a mensagem do Evangelho, que prega o amor ao próximo, ao escolher como destino da primeira viagem de seu pontificado a Ilha italiana de Lampeduza. Essa ilha atraía a atenção mundial naquele mês de julho de 2013 pelo grande afluxo de imigrantes vindos da África e do Oriente Médio em embarcações precárias. Muitos já haviam perecido no Mediterrâneo, que se tornou um grande cemitério para os que fugiam às guerras ou à fome tentando alcançar a costa da Sicília ou de Lampeduza para entrar na Europa.
Na ocasião, o papa jogou ao mar uma coroa de flores lembrando os migrantes mortos naquele que os antigos chamavam Mare Nostrum. Em seguida falou da responsabilidade de todos « pela vida dos mortos no mar, nesses barcos que em vez de ser um caminho de esperança são um caminho de morte ». Francisco rogou a todos que agissem para que aquilo não se repetisse.
Começava em grande estilo o pontificado daquele que se chamou Francisco em homenagem ao « poverello » de Assis, precursor da ecologia que reconhece os seres humanos como parte integrante da mãe natureza a ser respeitada e protegida.
O pedido do papa não impediu, no entanto, que a maior catástrofe humanitária dos últimos anos continuasse a acontecer diante de uma Europa que se mostra incapaz, por falta de determinação e vontade política, de acolher dignamente tantos exilados.
(Para continuar, clique aqui).
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Sobre o assunto e suas causas, convém ler "As 'revoluções made in CIA' e as mortes de migrantes" - aqui.
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