"É hora de defender vigorosamente a permanência de Dilma até o final de seu mandato.
Sobretudo nas ruas, mas não só nelas: as redes sociais são hoje um importante polo formador de opiniões.
Não se trata de defender Dilma em si e muito menos o PT: é a defesa da democracia, da justiça, da Constituição.
E, mais que tudo, é a defesa da decência.
O pequeno grupo que fez o Brasil ser a sociedade abjetamente desigual que é tenta, com métodos grotescos e argumentos sórdidos, cassar 54 milhões de votos.
Desde o momento em que a derrota de Aécio foi confirmada, iniciou-se uma louca cavalgada pelo golpe.
Da suspeição absurda sobre as urnas eletrônicas até o dinheiro de doações que irrigaram tanto a campanha de Dilma quanto a de Aécio, sucedem-se argumentos aos quais cabe um adjetivo: criminosos.
A direita brasileira, inflada pela imprensa, já provou que não é mais civilizada que a direita venezuelana, ou a equatoriana, ou a argentina.
Todas essas direitas fazem, neste momento, a mesma coisa: sabotam a democracia. Tratam seus países como republiquetas, passíveis de serem ludibriadas para a perpetuação de privilégios e mamatas ancestrais. E para a manutenção e ampliação do maior câncer da região: a desigualdade social.
O país seria atirado a um abismo com um impeachment, a uma noite longa e escura.
O maior erro é confundir Dilma com Collor. Collor não tinha sustentação nenhuma. Ninguém iria chorar a morte de sua presidência, sabia-se, e ninguém chorou exceto ele mesmo.
Mesmo com o desgaste de todos estes anos de poder, o PT tem uma base forte, a começar pela CUT e pelo MST.
Outros movimentos sociais haveriam certamente de se insurgir contra um golpe. Guilherme Boulos, do MST, já disse que é vital a união dos progressistas contra as manobras dos golpistas.
O Brasil, num caso de impeachment claramente forçado como este ora tramado, ficaria simplesmente ingovernável.
Para reprimir os que se manifestarem contra o golpe, a polícia vai ter que bater pesado. Seremos um enorme Paraná.
Ecos da ditadura ressurgirão na repressão aos protestos. Sangue de brasileiros correrá, como aconteceu num passado ainda recente.
É uma distopia, e é também um cenário altamente provável no caso de um golpe.
Tenho para mim que, no fundo, os sabotadores sabem disso. E estão, essencialmente, promovendo um terror contínuo para manter Dilma imobilizada e para sangrar o PT até 2018.
A hipótese de que eles acham mesmo que poderiam roubar a presidência é simplesmente tétrica.
Eles teriam que ser muito cegos e muito canalhas para imaginar que um golpe seria engolido com docilidade pelos brasileiros."
(Do jornalista Paulo Nogueira, em seu blog 'Diário do Centro do Mundo', post intitulado "O erro colossal de confundir Dilma com Collor" - aqui.
Collor incorreu em corrupção comprovada; Dilma, não, convindo observar que a grande mídia e a oposição desenvolveram esforços hercúleos no sentido de detectar ao menos um fiat de brinquedo para ostentar como bezerro sagrado, dando com os burros n'água. Os opositores têm o direito de ser do contra e de espumar de indignação; os ofendidos, por sua vez, têm o direito de recorrer às alternativas legais em defesa de sua dignidade, como se está a ver relativamente ao ex-ministro Guido Mantega - aqui - e poderá ocorrer em face da própria presidente da República em sua recente visita ao Piauí - aqui. Nenhum ato de desrespeito às diretrizes estabelecidas na Constituição Federal pode ter a pretensão de revestir-se de legalidade e muito menos de legitimidade).
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