"O governo finalmente apresentou uma proposta de ajuste. Levará alguns dias para se analisar todos seus desdobramentos. Serão encontrados furos, opções melhores, saídas mais adequadas.
Mas, nas condições em que foi montado, o pacote tem méritos.
Rompe com a inércia e trata a crise como tem que ser tratada, com medidas pontuais, sem enveredar por quebras de direitos assegurados na Constituição de 1988 ou por medidas que possam se tornar permanentes, como a elevação de tributos.
Corta na carne e busca apoio no Congresso para que as emendas parlamentares atendam às políticas prioritárias na saúde e educação.
Retira subsídios de outros tempos, selecionando os setores beneficiados pela desvalorização cambial. E propõe um imposto provisório, com prazo de duração definido em lei.
O pacote tem custos mas poderá significar uma pausa nessa guerra interminável que paralisa a economia. Empresários, base aliada, movimentos sociais e parlamentares de boa vontade terão desde agora uma pauta para discussão.
Como se trata de um braço de guerra em torno de expectativas, haverá uma guerra de argumentos visando desqualificá-lo. E a desqualificação consistirá em comparar as circunstâncias do pacote com aquele que poderia ter sido montado em condições ideais de visibilidade e temperatura.
Dirão que Dilma deixou de consultar Lula, movimentos sociais, presidentes da Câmara e Senado. Dirão que o país não suporta mais aumento de carga. Apontarão injustiças nos cortes, compararão setores que perdem com setores que serão poupados.
Antes mesmo de conhecer o pacote, as duas figuras públicas mais polêmicas da República – Eduardo Cunha e Gilmar Mendes – trataram de desqualifica-lo. E os políticos que incorporaram a cara do novo PSDB – Carlos Sampaio, Aécio Neves e outros – anunciaram que queimarão as pontes do pacote fiscal.
É possível que estejam dando um tiro no pé.
O PMDB de Michel Temer e Renan Calheiros não pretende pular fora do barco de Dilma. Precisa apenas de um sinal de vida – que foi dado pelo pacote. O meio empresarial está exausto de pagar a conta dessa guerra política interminável.
Se a reforma ministerial foi (penso que o articulista pretendeu usar o termo 'for') relativamente bem-sucedida, é possível que finalmente se tenha um pouco de paz para desenhar o futuro."
(De Luis Nassif, jornalista e analista econômico, no Jornal GGN, post intitulado "Com pacote fiscal, há chance de Dilma voltar ao jogo" - aqui.
A iniciativa governamental nos parece meritória, notadamente pelo fato de preservar programas sociais de extrema importância. Torcemos para que as negociações dos próximos dias cheguem a alternativas que atenuem de alguma forma os impactos sobre as classes médias, de preferência estendendo ditos impactos aos detentores de grandes fortunas.
Lamentamos a suspensão da realização de concursos públicos, por motivos mais do que óbvios).
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