terça-feira, 29 de setembro de 2015
ENQUANTO ISSO, NO MÉXICO...
Ayotzinapa: mais de 43 razões para não esquecer e continuar exigindo justiça
Mais de 26 mil pessoas foram declaradas desaparecidas no país, nos últimos sete anos. Como um país democrático pode registrar uma cifra como essa?
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No dia 26 de setembro de 2015, a desaparição dos 43 estudantes de uma escola rural em Ayotzinapa, na região de Iguala – Estado de Guerrero, no México –, completou um ano. Um informe recente feito por um grupo internacional de investigadores independentes (GIEI, em sua sigla em espanhol) desmontou a versão oficial, e ainda assim, o governo mexicano continua obstaculizando o esclarecimento dos fatos.
Durante seis meses, o GIEI, formado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), realizou estudos sobre os eventos de 26 de setembro de 2014, em Iguala, buscando o paradeiro dos 43 estudantes da escola rural de Ayotzinapa.
O informe acusa as autoridades federais e militares por não terem atuado, apesar de saber que os estudantes foram atacados pelos policiais municipais em nove lugares diferentes, provocando muitas vítimas além dos seis mortos e quarenta feridos e os 43 desaparecidos descritos pela versão oficial.
“Deste modo, a versão histórica se torna uma mentira histórica, porque o GIEI, em seu relatório, demostrou cientificamente que é impossível que os estudantes tenham sido queimados no depósito de lixo de Cocula”, segundo denúncia do Comitê pelos Direitos Humanos na América Latina (CDHAL).
Entretanto, o governo do México não autorizou os especialistas a interrogar o Exército ou a ter acesso às várias câmeras de segurança – o que foi impedido por ação do Ministério da Defesa. A CIDH enviou ao governo vinte recomendações. Entre elas, a recomendação da abertura de uma investigação sobre as responsabilidades e omissões da Polícia Federal e do Exército.
As organizações de direitos humanos se mostram céticas. A Anistia Internacional denunciou “a falta de vontade das autoridades para encontrar os estudantes e enviar os responsáveis à Justiça”.
Muito crítico, esse informe reavivou a indignação dos pais e das mães dos desaparecidos, e denunciam o encobrimento de um “crime de Estado” por parte de um governo que mantém a versão oficial.
“É o Estado que deve pagar pelas consequências de suas mentiras, de seus erros, e continuar com a investigação”, declarou Hilda Legideño Vargas, mãe de um dos estudantes desaparecidos.
“Segundo as estatísticas do governo mexicano, mais de 26 mil pessoas foram declaradas desaparecidas no país nos últimos sete anos. Como um país democrático pode registrar uma cifra como essa, que supera a de ditaduras militares duríssimas vividas na América Latina, como as do Chile e da Argentina, no Anos 70 e 80?”, indicou Marie-Eve Marleau, coordenadora do CDHAL.
“Apesar de tudo, o Canadá continua reconhecendo o México como um país seguro. O México é um dos países que assinaram o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN), e se encontra em terceiro lugar na lista dos principais destinos das exportações canadenses – o investimento do Canadá neste país superou os 12,3 bilhões de dólares em 2013. Não sabemos qual será a posição do novo governo canadense, que será eleito em outubro”, indicou Inti Barrios, membro da organização Mexicanos Unidos pela Regularização (MUR). (Fonte: Carta Maior - aqui).
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Um ano depois, o massacre mexicano continua em pauta, com a indignada e indispensável cobrança da adoção das devidas providências governamentais. No Brasil, igualmente no rol dos campeões em violência, dificilmente o mesmo se verificaria. Basta ver o que acontece com a apuração da recente chacina de 18 cidadãos nos arredores de São Paulo...
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