sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014: UM DEBATE EXTRAPOLADO


"O debate de hoje, no SBT, é um marco do horror na política. Ninguém ganhou, nem Aécio, nem Dilma, menos ainda o eleitor.

Há vários debates Aécio vinha insistindo na questão da Petrobras, acusando Dilma de conivência com as irregularidades. Com o telhado de vidro que tem, é evidente que o contra-ataque viria sobre seu histórico.

Hoje, Dilma conseguiu expor a falsa indignação de Aécio, sua insistência em se apresentar como o homem de “vida digna” – frase repetida ad nausean -, sua falsa esperteza em tratar as críticas contra ele como se fossem contra Minas, sua resposta recorrente a todas as críticas, taxando Dilma de leviana.

Esse tipo de retórica é manjada. Lembra o ex-governador Luiz Antônio Fleury, quando se dirigia ao crítico e dizia “exijo respeito”.

A maneira de desarmar esse jogo retórico é pela insistência: o uso em excesso do recurso desgasta.

Mas a que preço?

Nada disso compensa o rebaixamento a que Dilma foi submetida, entrando nesse jogo de ataques pessoais. Se ataques pessoais resolvessem a eleição, Serra teria sido eleito em 2010. Um presidente precisa ficar acima dessas baixarias.

Ao entrar nesse jogo, Dilma abriu uma caixa de pandora indescritível. Todos os bêbados virtuais, os piores elementos, vigaristas, cafajestes, ganharam liberdade para jogar na rede sua sujeira mais fétida. É só conferir os perfis de cafajestes renomados, como Romeu Tuma Jr e outros.

Dilma vai perder com o desempenho? Não. E é até curioso acompanhar a falsa indignação de colunistas que vinham estimulando o comportamento agressivo de Aécio. Mas não ganha nada. No máximo, se igualou a Aécio.

Nas eleições de 2010, o único esquema virtual montado era o de Serra, jogando lixo na Internet. Hoje, os dois lados se igualam nas baixarias."




(De Luis Nassif, aqui, sobre o debate de ontem entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. Penso que a presidente não foi feliz ao entrar no jogo e, por exemplo, tocar na questão do bafômetro. Aécio agiu com uma incivilidade espantosa, classificando várias vezes a presidente como mentirosa)

Fernando Brito, em seu BLOG, manifestou impressão diferente:

"Debate no SBT incendeia campanha eleitoral

Claro que os comentaristas da imprensa vão dizer que o debate foi ruim para os dois candidatos, tamanha foi a troca de acusações entre Dilma e Aécio.

Mas ele teve um grave problema para Aécio Neves, agravado pelo horário em que foi ao ar, fora das maratonas madrugadoras dos encontros anteriores.

Foi o de colocar “na rua” os fatos que pouco ou nada estavam na boca do povo.

O nepotismo.

A propaganda oficial nas rádios de propriedade dele.

O sumiço do dinheiro da Saúde e da Educação em Minas.

A corrupção engavetada do tucanato.

E, claro, o aeroporto do titio, este já de maior conhecimento público.

Mesma situação do episódio da recusa de Aécio ao teste do bafômetro.

Além de tocar na acusação de Paulo Roberto Costa ao então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, ter levado algum para parar – como parou – a CPI da Petrobras em 2009, colocando o tema em pauta e impedindo que a mídia em geral “engavete” a reportagem da Folha.

Depois de um começo mais tenso, Dilma se soltou.

Politizou a falta d’água em São Paulo.

Ao ponto de um impagável “Aécio, isso é feio…”

Aécio estava visivelmente nervoso, até porque sabe, nos levantamentos que tem, que já estava em situação mais desvantajosa do que aquela que as pesquisas apontam.

Foi-lhe cobrado ser mais agressivo – inclusive publicamente por Ricardo Noblat, que escreveu um post em seu blog intitulado “Ou Aécio parte para cima de Dilma ou morrerá na praia” – e foi.

Mas talvez não contasse com que Dilma fosse também e repisasse o que saiu só lá pela meia-noite no debate da Band.

E Dilma foi muito mais dura.

E colhe daí um benefício extra-debate.

Incendiou seus apoiadores e mostrou-lhes que é hora de partir para cima, sem os punhos de renda que marcam boa parte da esquerda.

Pode ser que tenha sido, até, um pouco mais agressiva do que recomendariam as boas técnicas de marketing, mas como Aécio foi também, isso não é um prejuízo.

Porque até agora, a “guerra” era, na verdade, um massacre unilateral da  aliança mídia-tucanato.

E já não é mais."

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