domingo, 23 de fevereiro de 2014

SOBRE O PATRIMÔNIO DE PIZZOLATO

Uber.

A propósito da informação sobre aquisição de imóveis por Henrique Pizzolato na Espanha, de que tratam os jornais Folha de São Paulo, edição de ontem, 22, e Correio Braziliense, de dias atrás, transcrevo mais abaixo post de autoria de Miguel do Rosário, em que o autor tece considerações pessoais e reproduz as matérias dos citados veículos.

(Antes, reafirmo o entendimento manifestado dia 7, neste blog - aqui - acerca da fuga do ex-diretor: "A revisão criminal é procedimento legal e legítimo que permite esclarecer matérias controversas. Até mesmo em face de tal particularidade, Pizzolato poderia, a exemplo dos demais réus, ter acatado a decisão do STF.".

O que não implica dizer que eventuais argumentos em defesa do réu tenham de ser rechaçados).

Os imóveis de Pizzolato na Espanha

Por Miguel do Rosário

Bem, como estou meio que colecionando as histórias de Pizzolato, que se tornou um personagem constante nesse blog, comento a matéria da Folha publicada hoje, com destaque na primeira página, sobre a compra, pelo ex-diretor de marketing do BB, de três imóveis na Espanha.

Os adversários de sempre logo passaram a usar a informação para atacar o Pizzolato e o partido dos trabalhadores. Só que, até agora, não se encontrou nada demais. A compra dos imóveis é compatível com o patrimônio de Pizzolato, até porque ele havia, nessa mesma época, vendido seus bens no Brasil.

Reproduzo abaixo matérias da Folha, de hoje, e do Correio Braziliense, publicada há mais ou menos 30 dias, que se complementam e ajudam a explicar a vida “imobiliária” de Pizzolato.

Vou resumir o que eu penso e o que descobri, lendo essas matérias, acrescentando-lhes algumas coisas que sei por outras fontes.

Pizzolato e sua esposa, Andrea Haas, praticamente viveram na Espanha, entre 2006 e 2012, numa região litorânea onde mora, ou morava, uma parente, que enfrentou sérios problemas de saúde nesse período, tendo sido esse um dos motivos  que levou Pizzolato a passar um tempo por lá.

A repórter do Correio Braziliense, Ana D’angelo, sabe-se lá como, teve acesso ao histórico fiscal de Pizzolato, cuja vida foi devassada em quase 20 anos pelas várias CPIs do mensalão. Pesquisando em cartórios do Rio de Janeiro e do sul do país, ela descobriu que dos 11 imóveis que ele possuía em 2005, adquiridos antes de assumir o cargo de diretor de marketing do Banco do Brasil, ele começou a vender todos a partir de 2006, com exceção de três.

Enquanto esteve na Espanha, escreve a repórter, de 2006 a 2012, Pizzolato continuou o processo de desalienação de seus imóveis. Nessa época, comprou os três imóveis no país, que na verdade são dois. Dois imóveis são colados, formando uma só casa, onde ele efetivamente morou com sua esposa. Ambos estavam devidamente registrados nos cartórios da cidade. O terceiro é um apartamento mais simples, que Pizzolato provavelmente adquiriu para sua parente.

 A reportagem do Correio informa que, segundo a Receita, Pizzolato tinha R$ 2,2 milhões em imóveis até julho de 2005, em valores não atualizados. O valor real de venda deve ter sido três vezes superior. A Folha, por sua vez, diz que o imóvel mais caro adquirido por Pizzolato na Espanha, conforme avaliação de corretores consultados, custaria 450 mil euros. Em valor do câmbio de ontem, isso corresponderia a R$ 1,5 milhão. Mas no valor do câmbio de 2010, talvez custasse bem menos. A compra dos imóveis na Espanha me parece perfeitamente compatível com o patrimônio de Pizzolato, acumulado ao longo de 40 anos como executivo graduado no Banco do Brasil, em conjunto com Andrea, arquiteta talentosa que sempre exerceu a profissão.

Não há crime nenhum aqui. Pizzolato e sua esposa tinham um bom patrimônio, sim, mas adquirido – até onde consta – com trabalho, visto que jamais sofreu qualquer processo na Justiça ou na Receita e seus sigilos fiscal e bancário foram devassados com pente fino por autoridades sedentas de sangue.

Naturalmente, os detratores de sempre querem fazer de tudo para ridicularizar as campanhas de solidariedade aos outros petistas, e entendem que a melhor forma é usar as desinformações sobre Pizzolato. Só que vão se lascar.

Pizzolato é a peça chave para derrubar a Ação Penal 470. Essa é a razão, como já expliquei em outro post, pela qual a mídia fará de tudo para desacreditá-lo. Todos os seus atos são criminalizados. Vendeu um imóvel? É ladrão. Comprou outro imóvel? É ladrão. Na verdade, hoje em dia, a mídia nem precisa fazê-lo. Basta dar a notícia que Pizzolato comprou um imóvel em algum lugar, que o senso comum, envenenadíssimo, dá conta do resto.

Pizzolato era livre durante o período em que morou na Espanha, e podia abrir contas e comprar imóveis. Os preços na Espanha, em função da crise vivida pelo país, talvez estivessem interessantes. Talvez fosse um bom negócio.

Ciente da tempestade que se aproximava, e não percebendo apoio em nenhuma parte a seu caso, acho que é compreensível que tenha decidido vender seus imóveis no Brasil. É isso o que eu acho, mas posso estar enganado.

As informações de que dispomos até agora ainda me permitem manter a teoria de que Pizzolato é inocente, um perseguido político, talvez até mesmo uma ótima pessoa, honesta e pacata, que se viu, à sua revelia, no meio da maior tempestade política do século. Espero não me decepcionar. Mas prefiro correr esse risco a entrar no jogo medíocre e sujo da nossa mídia, que julga, acusa e lincha, sem provas. Abaixo as matérias mencionadas, da Folha e do Correio Braziliense, que estão até razoáveis, com doses controladas e inevitáveis de veneno. (Para continuar, clique AQUI).

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