Em 12 de fevereiro:
50 anos depois, agenda do Itaú ainda trata golpe como 'revolução de 1964'
Por Mário Magalhães
Não constitui novidade histórica a intensa participação dos banqueiros e seus bancos privados no golpe de Estado que depôs em 1964 o presidente constitucional João Goulart.
Nem o financiamento do aparato repressivo de tortura, morte e desaparecimentos forçados, por parcela expressiva de donos de instituições financeiras, nas décadas de 1960 e 70.
O que é incrível, a julgar pela agenda 2014 distribuída pelo Itaú a clientes, é que o tempo pareça ter congelado. No dia 31 de março, a agenda registra o “aniversário da revolução de 1964″.
Como reconhecem as consciências dignas, não houve uma “revolução'' meio século atrás, e sim um golpe desferido com as armas da sociedade golpista entre segmentos militares e civis, como os banqueiros (alguns viraram ministros).
“Revolução'', em referência à instauração da ditadura, é palavra consagrada na boca de marechais e generais como Castello Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo, os presidentes-ditadores do ciclo encerrado em 1985.
Quem falava “revolução'' eram torturadores como o delegado Fleury, o policial Borer e o então major Ustra - este, vivo, fala até hoje.
A agenda do Itaú também reproduz a data da versão golpista, 31 de março, mas Goulart ainda estava no Palácio Laranjeiras no começo da tarde de 1º de abril. O golpe foi mesmo em 1º de abril, o dia da mentira - os golpistas diziam salvar a democracia.
Pior ainda, o “aniversário da revolução de 1964″ está na agenda no mesmo contexto festivo de outras datas: deveria ser celebrado, feito o dia internacional do livro infantil (2 de abril) e o dia do obstetra (12 de abril).
Já se passaram 50 anos. Passaram mesmo?
Outro lado
Na tarde desta quinta-feira, a pedido do blog, o Itaú se pronunciou sobre o post acima, publicado ontem.
Eis a íntegra da manifestação, solicitada na quarta-feira:
“O Itaú Unibanco informa que a agenda distribuída aos clientes conta com informações sobre datas relevantes ao longo do ano. O banco é apartidário e, em hipótese alguma, pretende defender uma posição política no conteúdo entregue aos correntistas.” (Fonte: aqui).
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O banco pode tudo, como sempre. Pode enxugar custos mediante rotatividade de mão de obra, pode auferir mais receitas à custa de tarifas generalizadas etc. Pode até dizer, repetindo o velho mote: a opinião é minha, e eu faço dela o que quiser.
Mas... em 19 de fevereiro... Conforme se vê aqui, depois da polêmica e de protestos, o banco admitiu o erro e reconheceu que a
frase foi “equivocada”.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
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