Nesta data, a justiça federal dos EUA determinou a órgãos do governo Trump que disponibilizem à Câmara dos Deputados documentos que cuidem das relações dos Estados Unidos com a Ucrânia, exatamente o foco do pedido de impeachment objeto de exame pela citada Câmara. Trump, até então, se vinha recusando a liberar os tais documentos.
Trump derrete
Por André Araújo
O processo de impeachment aberto ainda em forma preliminar na Câmara dos Representantes contra o Donald Trump está velozmente criando uma onda negativa para o presidente, algo não previsto pelos Republicanos que o apoiam no Senado, que não são todos, mas ainda são a maioria na Casa.
O balanço até agora mostra que o impeachment pode ser aprovado na Câmara, mas será barrado no Senado. Não há no horizonte sinal de mudança nesse balanço, parece ser muito difícil Trump perder sua folgada maioria no Senado, apesar de lá sentarem alguns de seus mega inimigos.
Mas o processo sendo vitorioso na Câmara pode afetar as chances de reeleição de Trump. O simples início do processo já afetou a opinião pública contra ele. A cobertura só pode ser negativa e há o risco presente de novas revelações sobre a biografia tumultuada do Presidente.
O ENIGMA DO PARTIDO REPUBLICANO
O perfil histórico do Partido Republicano jamais permitiria, dez anos atrás, pensar que o partido de Lincoln apoiaria um tipo como Trump, que nunca foi Republicano de raiz. Os Republicanos têm seu núcleo duro na elite empresarial e financeira americana e Trump jamais foi dessa elite, como grupo social.
Trump é e sempre foi visto como um aventureiro sem escrúpulos operando individualmente e não como parte de um sistema corporativo. O currículo e o cadastro de Trump mostram um pirata do sistema político, que invadiu e tomou a cidadela na mão grande e como conquistador é temido pelos dominados.
Há décadas conheço muitos Republicanos, alguns amigos até hoje. Fui consultor do Partido Republicano para o Brasil na década de 90 e promovi o primeiro encontro entre a cúpula do PT, representada pelo seu presidente José Dirceu, e o governo Republicano dos Bush, representado por Otto Reich, então Subsecretario de Estado, em almoço na minha casa, que só foi revelado recentemente pelo Wikileaks.
Esses Republicanos da Era Bush NÃO são os Republicanos de Trump, são tribos completamente diferentes, a ponto dos Bush, pai e filho, terem votado na última eleição em Hillary Clinton, super inimiga do Partido Republicano mas, para eles, melhor solução para a Presidência do que Trump. Isso mostra a diferença de escala e de grupo
no Partido.
no Partido.
DOIS CASOS DE TRUMP
Apenas dois exemplos, entre muitos, do “modus operandi” de Trump.
A compra do iate NABILA, de 281 pés, construído a um custo de US$100 milhões (hoje equivalente a US$ 304 milhões), em 1980, pelo estaleiro Benetti para Adnan Kashoggi, bilionário saudita lobista de armamentos, depois vendido ao Sultão de Brunei que revendeu a Donald Trump em 1987.
Trump rebatizou como Trump Princess MAS só pagou a entrada de US$ 19 milhões, depois não pagou mais nada, MAS não devolveu o barco, ao contrário, continuou a usá-lo. O vendedor conseguiu a ordem de retomada judicial mas Trump levava o iate de porto em porto com toda a artimanha de malabarista experiente, nunca devolveu mas conseguiu revendê-lo para o Principe Al-Waled bin Talal, recuperando o dinheiro pago na entrada, deu um cano no Sultão de Brunei e usou de graça o iate por dois anos e meio.
Al-Waled esteve em São Paulo na década de 90 para ver um terreno da CESP na região da Av. Paulista, oferecido à rede de hotéis Four Seasons, que ele controla até hoje.
Na ocasião eu era consultor da Four Seasons e recebi o Príncipe, hoje preso na Arabia Saudita pelo seu primo, o herdeiro do trono.
O outro caso foi o edifício Trump Tower de San Diego, Califórnia. Os investidores puseram todo o dinheiro para construir a torre e Trump ficou com US$ 30 milhões como cachê pela cessão do nome Trump, quando os investidores tentaram processá-lo viram que era impossível. O empreendimento era de Trump mas ele não era responsável pela entrega do prédio, só emprestava o nome e não respondia por nada. Esse golpe foi aplicado várias vezes até o esquema ficar queimado.
Até ser eleito Presidente dos EUA, algo que ele pensou nunca ser possível até o ultimo instante, Trump já não tinha crédito em bancos americanos há 20 anos. Se financiou no Deusche Bank em Frankfurt, depois se queimou nesse banco e passou a operar com bancos de 3ª linha em Chipre, controlados pelos oligarcas russos amigos de Putin. Ninguém até hoje sabe quanto ele deve nesse paraíso fiscal, visto que a Organização Trump não publica balanços e suas declarações de renda nunca foram exibidas. Talvez agora sejam com o inquérito do impeachment na Câmara.
O IMPONDERÁVEL NO INQUÉRITO DO IMPEACHMENT
Trump está visivelmente incomodado pelo inquérito de impeachment na Câmara e demonstra isso em seus contatos com a imprensa. O problema não é o desfecho e sim o poder estendido de investigação que o processo permite. Espera-se muita coisa desse inquérito e é isso que perturba Trump. - (Aqui).
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