quarta-feira, 30 de outubro de 2019

AS AGÊNCIAS DE RATING NÃO CONFIAM NA POLÍTICA ECONÔMICA

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"Vejam só, o Brasil INDICA uma política econômica ultraneoliberal tipo VAMOS PRIVATIZAR TUDO, cortar as migalhas para a 'pobrada', ELIMINAR TARIFAS DE IMPORTAÇÃO, algo que os EUA nunca fizeram e jamais farão, muito menos União Europeia, China, Japão, Índia, Rússia e nenhum País com política econômica racional abre a importação sem contrapartidas, e com tudo isso as agências não se comovem. O que está acontecendo?"
.Certamente, o que está acontecendo é que as agências de risco continuam sem palavras diante do vexame do neoliberalismo chileno, tão incensado por elas ao longo dos anos a despeito do massacre infligido ao povo em todos os fronts, realidade a que o mundo finalmente teve acesso.


As Agências de Rating não confiam na política econômica 

Por André Araújo 

Fazendo tudo certinho pela cartilha velha da Universidade de Chicago não foi suficiente para as agências de rating Moody´s, Standard & Poor´s e Fitch melhorarem as perspectivas para o Brasil. Que maldade! Como assim, fazemos a famosa “lição de casa” da Miriam Leitão e elas não reconhecem?
Não, não reconhecem. ELAS QUEREM CRESCIMENTO para dar alguma esperança de melhorar a nota do Brasil, hoje TRÊS GRAUS abaixo do grau de investimento, enquanto que o México, segundo maior país da América Latina, está TRÊS GRAUS ACIMA  do rating de investimento, agora ameaçado de perecer um grau, mas mesmo assim seriam CINCO GRAUS acima do Brasil. O México tem há décadas uma gestão econômica de melhor qualidade que a do Brasil, não só de operação técnica, é de liderança, estatura e presença internacional, a ponto de um ex-Ministro da Fazenda ser hoje o diretor-geral da OCDE.
É realmente um espanto. Vejam só, o Brasil INDICA uma política econômica ultraneoliberal tipo VAMOS PRIVATIZAR TUDO, cortar as migalhas para a pobrada, ELIMINAR TARIFAS DE IMPORTAÇÃO, algo que os EUA nunca fizeram e jamais farão, muito menos União Europeia, China, Japão, Índia, Rússia e nenhum País com política econômica racional abre a importação sem contrapartidas, e com tudo isso as agências não se comovem. O que está acontecendo?
AS AGÊNCIAS (E OS INVESTIDORES) QUEREM CRESCIMENTO
E crescimento não virá com essa política de AJUSTES e REFORMAS, é preciso muito mais trabalho, cérebro e audácia da equipe econômica.
É preciso jogar DINHEIRO DE HELICÓPTERO, na feliz expressão do papa do monetarismo Milton Friedman, se referindo a CERTOS CONTEXTOS DE PARALISIA ONDE É PRECISO IRRIGAR A ECONOMIA. O problema é que o entendimento dessa situação e solução exige a inteligência de um Delfim Neto, não é suficiente a cartilha da Universidade de Chicago, onde Friedman era o papa. Equipe econômica de mantras e bordões não gera uma grande economia.
A Moody´s em 1º de outubro divulgou release com seu ceticismo com o Brasil, a Standad and Poor´s e a Fitch geralmente seguem na mesma linha com variação de detalhes, e não adianta tentar desqualificar as agências, elas são um fator da realidade do mercado financeiro. É fato que muitos fundos e bancos não seguem religiosamente as agências, mas elas influenciam a cultura do mercado global, refletem uma “média” de percepções sobre os países, mesmo que hoje muitos fundos, como a CPP, o fundo de pensão dos funcionários públicos do Canadá, grande investidor no Brasil, façam sua própria análise por seu grande departamento de pesquisa; conheço  porque já trabalhei para eles MAS mesmo assim as agências ainda têm peso.
PARA CRESCER NÃO É PRECISO ESTABILIDADE, É O CONTRÁRIO
Estabilidade per si não é um valor econômico; do que adianta estabilidade na miséria, como Portugal de Salazar teve por 40 anos? O crescimento é um valor maior porque tende (não necessariamente) a beneficiar maior número de pessoas.  Uma estabilidade congelada, como o Brasil tem com essa política de “metas de inflação”, não trouxe prosperidade e muito menos paz social para a grande maioria da população brasileira, cada vez mais pobre.
As agências de rating avaliam essa realidade quando têm visão pessimista com o Brasil porque NÃO HÁ CRESCIMENTO e tampouco se vê qualquer projeto político em favor do crescimento. Acreditar que com reformas virão investidores que farão o País crescer é uma fantasia idiota. Os investidores SÓ VIRÃO COM O PAÍS CRESCENDO, eles são a resultante e não a razão do crescimento, ninguém vai investir em um mercado onde as pessoas estão cada vez mais pobres e com menos renda. É essa a perspectiva que as agências percebem, do alto de seus mais de um século de experiência.
A TRANSIÇÃO ARGENTINA, CIVILIZADA E ORGANIZADA
O Presidente cessante Mauricio Macri convidou o Presidente eleito Alberto Fernández para um café da manhã nesta terça-feira, para dar início à transição para a posse do novo Presidente em 10 de dezembro. Sinal de país civilizado, de gente educada, de uma boa cultura política. Dentro dos piores contextos, de crises, conflitos e guerras é preciso manter a civilização de pé e funcionando para que dos escombros se encontre a semente da sobrevivência.
Parabéns a Mauricio Macri e Alberto Fernández, são cavalheiros da política verdadeira onde é possível sentar-se à mesa depois das batalhas.
Quanto à política econômica de Alberto Fernández vejo dois ativos: a longa experiência, Fernández foi importante assessor de Carlos Menem e Domingo Cavallo e é um POLÍTICO DAS CIRCUNSTÂNCIAS, opera dentro da realidade e não por ideologia, essa é a característica dos grandes políticos.  -  (Fonte: Aqui).

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