Entreouvido nos bastidores: 'Deixaram correr frouxo, prepararam o terreno, agora vêm...'.
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Fernando Brito: "Vai custar muito aos senhores reafirmar sua autoridade, não apenas diante do clã presidencial, mas diante da Nação. Ainda que tarde, comecem a fazer isso".
Celso de Mello: Bolsonaro não tem estatura para ser presidente
Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, soltou uma dura nota em resposta à veiculação de um vídeo na conta de Twitter de Jair Bolsonaro – ao que tudo indica pelo filho Carlos – onde, numa montagem tosca, o presidente é comparado a um leão atacado por hienas, uma delas o STF.
Leia, com o que grifei, e comento a seguir: Celso de Mello:
A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no “Twitter”, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma “hiena” culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores.
Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de “gravitas” e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República.
É imperioso que o Senhor Presidente da República —que não é um “monarca presidencial”, como se o nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados— saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil.
Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de “gravitas” e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República.
É imperioso que o Senhor Presidente da República —que não é um “monarca presidencial”, como se o nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados— saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil.
O ministro Celso tem absoluta razão, mas é impossível deixar de ver que, neste processo, também há uma imensa responsabilidade de uma Corte Suprema que acovardou-se diante de todo o processo de judicialização da política que levou a anomalia a chegar ao poder.
E que, ironicamente, a corte suprema brasileira talvez tenha sido o leão que se deixou acovardar pelo alarido das hienas, inclusive as que envergonham a farda do Exército Brasileiro e que docilmente permitiram a deformidade que são as estruturas de poder no país.
Vai custar muito aos senhores reafirmar sua autoridade, não apenas diante do clã presidencial, mas diante da Nação.
Ainda que tarde, que comecem a fazer isso. - (Aqui).
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