quarta-feira, 20 de outubro de 2021

EXTENSÕES E LIMITES DO ÓDIO

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(O filme...) "toca com cuidado em várias feridas de uma Itália ainda assombrada por heranças do fascismo, que hoje se consubstanciam na estigmatização de imigrantes."


Por Carlos Alberto Mattos

Um simples acidente de estrada detona um drama pessoal sobre a intolerância e suas consequências. Ao socorrer um homem num carro abalroado, o cirurgião judeu Simone Segre percebe que a vítima era um entusiasta do nazismo e suspende o atendimento, deixando-o morrer. O sentimento de culpa, porém, o persegue a ponto de empregar em sua casa a filha do morto e procurar ajudá-la como uma forma de compensação. A moça tem um irmão neonazista psicopata que não aceita o vínculo da irmã com alguém de sangue judeu – sangue, aliás, que terá um papel crucial e profundamente irônico mais adiante.

Não Odeie (Non Odiare), primeiro longa de Mauro Mancini, toca com cuidado em várias feridas de uma Itália ainda assombrada por heranças do fascismo, que hoje se consubstanciam na estigmatização de imigrantes. O próprio Simone tivera uma relação difícil com o pai (exposta já no prólogo do filme), cujo papel na II Guerra havia sido bastante delicado. Agora, a missão de se desfazer da velha casa do pai – e de um cachorro ferozmente simbólico – representa o abandono de um passado indesejável.

Como fica claro desde o tal prólogo, trata-se de um filme sobre escolhas e atavismos. As decisões de Simone se somam ao acaso para que ele se veja envolvido com a família empobrecida do nazista, numa espécie de teste para sua tolerância e sua capacidade de compaixão. A noção de que todos são humanos por trás de suas peles ideológicas, por mais hediondas que sejam, pode soar um pouco idealizada. Ainda assim, o filme desvia-se do melodrama para encontrar um sóbrio caminho realista.

No papel do médico, com sua expressão patibular, Alessandro Gassmann (filho de Vittorio Gassmann e da atriz Juliette Mayniel) tem uma atuação minimalista que levou um prêmio secundário no Festival de Veneza de 2020. Alessandro é bem coadjuvado por Sara Serraiocco como a jovem Márica e Luka Zunic como seu irmão supremacista. A direção de Mancini é discreta e eficaz no tratamento de grandes dilemas com poucas palavras.  -  (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).

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Uma sucinta, objetiva abordagem do competente Carlos Alberto Mattos, enquanto aguardamos a leitura, pelo relator Calheiros, do relatório final da CPI da Pandemia. 
Olga Curado, colunista do UOL, afirmaAqui - que "...Bolsonaro conta com esquecimento da tragédia da Covid-19". O Brasil e o Mundo esperam que não.

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