domingo, 22 de setembro de 2019

NA ESTEIRA DE O RIO, O ASSASSINATO DA MENINA ÁGATHA FÉLIX E O ELOGIO DA BARBÁRIE

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Post referente a 'O Rio, o assassinato da menina Ágatha Félix e o elogio da barbárie' (Aqui)  -  “A garota inocente, inteligente, estudiosa, obediente e de futuro assassinado por Witzel, por Luís Nassif” 


Sobre a banalização dos assassinatos comandados por Witzel

Por Eduardo Ramos
Aprendemos muito quando uma experiência de vida radical nos é impingida através de uma realidade tornada dolorosa, sofrida, quase insuportável. Como é o caso das pessoas minimamente lúcidas, sensíveis e em cognição com essa trágica realidade, seus fatores e entornos. Das muitas lições que apreendi, provavelmente a mais nítida é a de que Hannah Arendt foi uma mulher absurdamente genial, e seu conceito da “BANALIZAÇÃO DO MAL” deveria ser estudado obrigatoriamente em todas as Escolas do mundo, ensinando às pessoas os conceitos básicos da civilidade, do que nos torna humanos, e seu oposto – a incivilidade absoluta e o que nos torna indiferentes, perversos, desumanos, cúmplices de misérias e sofrimentos inenarráveis de milhões de seres humanos.
Analisemos alguns pontos dessa sequência de eventos sórdida, covarde, e até agora sem qualquer resistência por quem de direito (leia-se, instituições e a própria sociedade).
Ponto um – A banalização da indiferença – Uma das coisas que se tornou óbvia para mim ao refletir sobre os escritos de Hannah Arendt, é como seu conceito é infinitamente amplo, o que implica em reconhecermos que O MAL TEM MUITAS FACES, muitas formas de se manifestar. Uma delas é a indiferença, que traz em si obrigatoriamente a consequente omissão da sociedade. Cabe uma pergunta bem simples aqui: “O que nos leva à indiferença e à omissão perversas em relação às injustiças e violências cometidas contra pessoas indefesas?”. É “a sensação narcísica de pertencimento a uma classe social superior”, uma espécie de narcisismo que ao mesmo tempo que produz o prazer arrogante dessa pretensa “superioridade” (em países miseráveis, muito ligado ao status financeiro dessas pessoas…), acarreta, igualmente, uma cegueira, um bloqueio, uma quase absoluta ausência de empatia em relação aos “seres inferiores”.
Essas sensações são absurdamente nítidas nas grandes capitais brasileiras, onde o clamor social é quase histérico quando alguém de classe média é brutalmente assassinado por um assaltante, por exemplo, e INEXISTENTE, se a polícia invade uma favela atirando e morrem cinco, seis jovens, MESMO QUANDO SE COMPROVA QUE A MAIORIA DELES ERA DE TRABALHADORES E NÃO CRIMINOSOS.
O narcisismo de classe é esse “juiz íntimo”, perverso, enfermo, desconstrutor de nossas humanidades, um juiz íntimo que “nos comunica quem tem e quem não tem valor, afinal”.
É certamente um dos fatores que não levam multidões aqui no Rio às ruas, exigindo a prisão do governador GENOCIDA. Os mortos, “não têm tanto valor assim” (por insana que possa parecer tal conclusão!).
Ponto dois – A banalização da indiferença dos nossos homens públicos – Como se trata de “um governador não petista” (como é trágica e miserável essa verdade) ou mesmo “de esquerda”, promotores, procuradores, desembargadores, ministros dos Tribunais Superiores, ficam meio “sem saber como agir”.
“Empurra-se com a barriga”, cada um esperando que “o colega ao lado” faça algo, o medo que tomou conta de nossas autoridades, por vivermos em um tempo em que “A LEI NÃO VALE NADA!”. Explico: quando um país, sua mídia e a própria sociedade ELEGEM EXCEÇÕES, para o bem e para o mal (pode-se massacrar “X” e “Y”, mas deve-se proteger “A” e “B” a qualquer custo), a lei perde seu valor, vira LIXO, passa a valer a vontade subjetiva de cada juiz ou promotor, que por sua vez, seguem o que intuem ser o “desejo da mídia” (cada vez mais confundido com o “desejo da Globo”), que nos últimos anos formou “O DESEJO DA SOCIEDADE NOS SEGMENTOS SOCIAIS MAIS ELEVADOS”, elites e classes médias – o que foi ensinado e aprendido subliminarmente por todos, através do processo social VICIANTE e perverso chamado Lava Jato.
O ódio destilado pela mídia, o desprezo ensinado por Moro, Janot e os procuradores, as “convicções”, os paradigmas carregados de preconceitos, fanatismos, tudo corroborou com esse clima, esse ambiente do “ESTADO DE EXCEÇÃO” – o famoso “aos inimigos, a dureza da lei, aos amigos as benevolências”.
O que assistimos hoje no Rio, que se tornará um dia na História Universal um caso raro de vergonha de todo um país, toda uma sociedade, podemos afirmar sem medo, é FRUTO DA ÁRVORE DA LAVA JATO e todas as perversidades, distorções, cegueiras, insanidades, cometidas pela mídia, PGR, STF e a parcela da sociedade que a tudo aplaudiu no meio de suas cegueiras e enfermidades – entre elas, o que chamo de “narcisismo de classe”.
Witzel é a “ponta de lança” do mesmo justiçamento praticado pela Lava Jato, as ilegalidades, as quebras das leis, das garantias, dos direitos – a perda, enfim, DO QUE NOS CIVILIZA. Witzel é apenas “um Moro ou um Dallagnol em estado bruto e selvagem”.
Os mesmos senhores juízes, procuradores, jornalistas e “cidadãos de bem” que se omitiram em relação às perversões da Lava Jato, na verdade, as buscaram como catarses de seus ódios, ideologias e pobreza existencial, são os que, COERENTEMENTE, calam-se diante da “solução final Witzel”. Há muita semelhança, afinal, psiquicamente falando, com o que vivemos hoje no Brasil e o que viveu a Alemanha nazista. O caldo fétido de nossas enfermidades sociais tem um fundo comum…
Ponto três – reagir a gente como Moro, Dallagnol, Bolsonaro e Witzel é LUTAR PELA VIDA HUMANA EM ESTADO CIVILIZADO! – Apesar do foco desse artigo ser Witzel, O GENOCIDA, é necessário aprendermos que tudo está interligado (se quisermos COMPREENDER o que aconteceu ao nosso país) no Brasil de hoje, no quesito: QUEBRA DAS LEIS, DOS DIREITOS, DA CIVILIDADE E DE NOSSA PRÓPRIA CONDIÇÃO HUMANA!

Um pensamento hebreu exposto em Provérbios expressa uma verdade certeira: “Um abismo, atrai outro abismo.” Se pensarmos na terrível pergunta: “Quando, como, todo esse horror começou?” – acabaremos por ver que é toda uma sequência de fatos, eventos, omissões, covardias, onde O PONTO EM COMUM sempre será uma violência contra o Direito, uma violência à Lei, uma violência às garantias fundamentais dos cidadãos, uma violência ao que é justo e digno…
De perversão em perversão, de doença social em doença social, de omissão covarde em omissão covarde, chegamos a Lula preso, à destruição de nossas maiores empresas, chegamos a milhões de desempregados, chegamos a Bolsonaro e as milícias e, para nossa humilhação e degradação, chegamos AO ASSASSINATO DOS NOSSOS POBRES, MORADORES NAS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO.
Não cabe mais omissão, dúvidas, medos, catatonias, depressões…
Como sociedade civil, temos que reagir.
Nossas instituições têm que reagir.
A mídia, tão ordinária nesses tempos, tem que colocar a mão na consciência e reagir (quando a Globo entrevista o genocida como se ele fosse “uma pessoa normal”, a Globo endossa os seus crimes e deles se torna CÚMPLICE.)
Para que nossa vergonha não alcance um nível tão rasteiro, tão dantesco.
Para que crianças inocentes, inteligentes, estudiosas, não mais sejam brutalmente assassinadas por um psicopata covarde, perverso e descontrolado.
É hora de lutarmos por nossa dignidade cidadã!  -  (Aqui).

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