terça-feira, 24 de setembro de 2019

DISCURSO DE BOLSONARO NA ONU, A REPERCUSSÃO


Considerando que a tevê aberta - a exemplo do Jornal Hoje global - ofereceu (ou tentou oferecer) uma versão um tanto 'edulcorada' do discurso do senhor Bolsonaro na abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, este Blog resolve reproduzir twitters de opositores internos do regime e impressões manifestadas por alguns órgãos da imprensa internacional, conforme material disponibilizado pelo site PT no Senadoreproduzido pelo Conversa Afiada. (A avaliação do discurso por este Blog será objeto de postagem[ns] específica[s]).

Inicialmente, pois, a abordagem - aqui - do Jornal GGN:

Bolsonaro recicla, na ONU, discurso de sua posse como presidente e gera críticas da oposição


Jair Bolsonaro reproduziu na sua primeira aparição na Assembleia Geral da ONU a mesma fórmula que empregou no discurso de posse, em 1º de janeiro de 2019: falar para convertidos.
O líder brasileiro passou cerca de 20% de seu tempo diante da comunidade internacional falando sobre sua fantasia favorita: a vitória eleitoral que resgatou o Brasil do socialismo implantado pelo PT nas últimas décadas, com ajuda de guerrilheiros cubanos.
Falou (pasmem) do Foro de São Paulo. Fez defesa do regime militar, da “família tradicional” e dos “valores cristãos”. Citou a passagem da Bíblia que virou seu slogan de campanha (Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará). Disse que identidade de gênero se define a partir do sexo biológico. Defendeu os policiais e se gabou da queda da redução de homicídios no Brasil. Celebrou ter em seu governo o ex-juiz Sergio Moro, cujo único feito citado foi ter colocado Lula na prisão (e, consequentemente, viabilizar a vitória eleitoral da extrema-direita). Os desatinos foram tantos que o ministro de Relações Exteriores de Cuba respondeu que Bolsonaro estava “delirando”.
No Twitter, as hashtags #BolsonaroVergonhaInternacional e “#BolsonaroNaONU” reuniram duras críticas de diversos brasileiros e analistas e jornalistas estrangeiros sobre o episódio.
Do lado da oposição, as críticas convergiram para a falta de bom senso de Bolsonaro, que não se comportou como um presidente diante de outros, mas como um líder de extrema-direita falando para sua claque de ultraconservadores e autoproclamados patriotas.
Veja, abaixo, algumas críticas da oposição:
Ivan Valente (PSOL): “Aí ele chega na tribuna da ONU e fala não pra chefes de estado e como tal, mas como candidato para seu eleitorado ruralista, retrógrado, sem qq proposta afirmativa. Pequenez, distopia e estupidez. Vergonha internacional.”
Sâmia Bonfim (PSOL): “Deplorável o discurso de Jair Bolsonaro na ONU. Defende a ditadura militar, ataca os povos indígenas e mente sobre a preservação ambiental no Brasil. Fala grosso contra ONGs e sequer cita os desmatadores que o apoiam. É um bandido. Vexame internacional. #BolsonaroNaONU
Marcelo Freixo (PSOL): “Bolsonaro não se comporta como presidente de uma nação, mas como um líder fanático que só fala para os seus. É um falso patriota. Mentiu no discurso da ONU, ofendeu o cacique Raoni e os indígenas, atacou a imprensa. Confirmou ao mundo que é inimigo da democracia.” #BolsonaronaOnu
Margarida Salomão (PT): “Mais uma vergonha. Bolsonaro diz na ONU que o Brasil trouxe médicos cubanos “sem comprovação de que eram médicos”. O ponto é que são médicos reconhecidos pela OPAS, Organização Panamericana de Atenção a Saúde. Reconhecida pela própria ONU. Idiota.” #BolsonaroNaONU
Jandira Feghali (PCdoB): “Bolsonaro repudia tanto a questão ideológica que se limitou a fazer um discurso puramente ideológico, raso, repleto de mentiras e fake news em plena ONU. Levou sua ignorância para o palco do mundo. Que vergonha! Uma vergonha histórica.” #BolsonaronaOnu
Orlando Silva (PCdoB): “Bolsonaro está utilizando a tribuna da ONU para fazer um discurso para a sua bolha nas redes: não há fogo na Amazônia, os problemas são de governos anteriores, ONGs, socialismo, Lula, Cuba, Venezuela e blábláblá. Só groselha!” #BolsonaroEnvergonhaOBrasil #BolsonaroVergonhaMundial
Paulo Teixeira (PT): “PARANOIA: Não há outro nome para esse bla-bla-bla conspiracionista sobre Foro de São Paulo e comunismo. Se @jairbolsonaro se preocupasse em GERAR EMPREGOS como se preocupa com os devaneios de Olavo de Carvalho, a situação do Brasil seria diferente.” #BolsonaroEnvergonhaOBrasil
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Aroeira.

"Arrogante e calamitoso": imprensa internacional reage a Bolsonaro na ONU
O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas provocou reações de correspondentes estrangeiros e recebeu cobertura reativa da imprensa internacional, chamada de mentirosa pelo líder brasileiro, apresentado como de extrema-direita por vários veículos. As negativas de Bolsonaro sobre a crise amazônica  receberam amplo destaque, por conta das fotos de satélite, inclusive da Nasa, que registraram o aumento dos incêndios e desmatamento nos últimos dois meses no Brasil.
O jornal espanhol El País ressaltou o “discurso ultranacionalista” de Bolsonaro. O diário francês Le Monde destacou o ataque dele ao líder indígena Raoni, acusado de ser “manipulado por estrangeiros”. Washington Post destacou as negativas dele sobre os incêndios na Amazônia, apesar das evidências que levaram à sua “condenação internacional” no mês passado
O correspondente do jornal britânico The Guardian, Tom Phillips, mostrou surpresa no Twitter com o tom beligerante adotado pelo presidente do Brasil. “Mesmo nos piores pesadelos, não tenho certeza de que diplomatas brasileiros tenham imaginado um discurso de Bolsonaro na #UNGA [Assembleia Geral das Nações Unidas] tão arrogante, tão cheio de bílis e tão verdadeiramente calamitoso para o lugar do Brasil no mundo. #MeDaPenaPorBrasil”, escreveu.
Outro repórter do Guardian, estabelecido no Rio de Janeiro, o jornalista Dom Phillips, também destacou uma linha do discurso do líder brasileiro. “Os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia internacional devido aos incêndios na Amazônia despertaram nosso sentimento patriótico”, escreveu no Twitter, reproduzindo link da Folha.
O jornalista Vincent Beavis, correspondente do Washington Post na Ásia e que atuou no Brasil pelo jornal americano Los Angeles Times, também acompanhou o pronunciamento do presidente. E escreveu no Twitter“Agora, o mundo certamente está prestando atenção ao Brasil como um país, talvez mais do que nunca. Mas acho que poucos membros importantes das comunidades liberais e pró-democráticas globais gostarão de Bolsonaro menos hoje do que ontem. Já estava muito claro quem ele é”.
Reuters distribuiu material destacando que Bolsonaro acusou a mídia de mentir sobre incêndios e que exige “respeito pela soberania do Brasil”. O despacho repercutiu na imprensa europeiaasiática e do oriente médio. O jornal americano The Wall Street Journal ressaltou o tom “desafiador” adotado pelo presidente, que “acusa líderes globais e a mídia de espalhar mentiras sobre a floresta tropical”.
O influente site americano The Huffington Post apontou que Bolsonaro defendeu o desmatamento ao declarar que “a Amazônia não está sendo devastada”.  A reportagem destaca que “o presidente de extrema-direita do Brasil (…) culpou as organizações internacionais de mídia e ambientais por espalharem “mentiras” sobre os incêndios que assolam a floresta amazônica durante um discurso nacionalista que abriu a Assembléia Geral das Nações Unidas na manhã desta terça-feira”.
Associated Press também destacou as acusações do chefe de Estado brasileiro de que a “mídia está mentindo sobre os incêndios na Amazônia”. O material foi replicado em mais de 2,2 mil veículos globais nos cinco continentes. Já a France Press deu na manchete que o presidente do Brasil “rejeitou a falácia” de que “a Amazônia pertence à humanidade”. O texto ganhou repercussão na Ásia e Europa, sendo reproduzido amplamente em veículos da França, como France 24Radio France InternationaleLe Figaro e News 24. O argentino Clarín também destacou a denúncia da “falácia” da Amazônia, assim como o La Nación.
Reportagem da Bloomberg, com o título “Mundo deve respeitar a soberania do Brasil na Amazônia, diz Bolsonaro”, relata que no discurso de 30 minutos, o presidente brasileiro enfatizou que “o Brasil está se movendo em nova direção depois de chegar à ‘beira’ do socialismo”.
A agência inglesa BBC destacou a declaração do presidente de que a “floresta amazônica pertence ao Brasil“. No material distribuído logo após o pronunciamento de Bolsonaro, o serviço noticioso britânico relatou que ele adotou um tom “desafiador” perante o parlamento mundial: “É uma falácia dizer que a Amazônia é a herança da humanidade, e um equívoco confirmado pelos cientistas de dizer que nossas florestas amazônicas são os pulmões do mundo”.
Entre diplomatas estrangeiros, também houve estupor com as ameaças de Bolsonaro. O chanceler cubano Bruno Rodriguez rechaçou os ataques do líder brasileiro no Twitter“Eu rejeito categoricamente as calúnias de Bolsonaro a Cuba. Ele está delirando e anseia pelos tempos da ditadura militar. Deveria cuidar da corrupção de seu sistema de Justiça, governo e família. É o campeão do aumento da desigualdade no Brasil”, disse.  -  (Aqui).

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