sábado, 28 de abril de 2018

ABRAM ALAS PARA O BAMBA GERALDO PEREIRA

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O sambista Martinho da Vila não obteve autorização para realizar visita a seu amigo Lula, Chico Buarque de Holanda continua pairando sobre o cenário político-musical brasileiro, Caetano comandou dias atrás um monumental coro em defesa do preso político. O genial Geraldo Pereira partiu em 1955, mas se mantém em posição de destaque no cancioneiro do Samba, merecendo a louvação de quem manja de MPB, como Carlos Motta, e nos dias de hoje certamente daria o seu pitaco relativamente ao ex-presidente. Ah, e a papisa Beth Carvalho lançou um samba caprichado sobre o 'Lula Livre' (clique AQUI para conferir o vídeo). Voltando a Geraldo Pereira...


Geraldo Pereira, um exemplo da criatividade do povo brasileiro

Por Carlos Motta

Uma lembrança obrigatória para quem gosta da música popular brasileira: Geraldo Pereira, nascido em 23 de abril de 1918, há um século, portanto.


Geraldo Pereira morreu jovem, aos 37 anos, em 1955, mas marcou a cultura nacional com obras-primas perenes, como "Falsa Baiana", "Sem Compromisso", "Escurinho", "Escurinha", "Acertei no Milhar", "Bolinha de Papel" e várias outras, regravadas dezenas de vezes.
Geraldo Pereira é um claro exemplo da imensa força e criatividade do povo brasileiro. 
É incrível que gênios como ele tenham prosperado em ambientes absolutamente inadequados a qualquer manifestação civilizatória.
Dá o que pensar... 
Que maravilha seria do Brasil se a todos fossem oferecidas condições aceitáveis de moradia, saúde e educação!
Os sambas de Geraldo Pereira podem ser ouvidos como crônicas do seu tempo, de um Rio de Janeiro que não existe mais. 
Sua obra também ajudou a fixar um subgênero do samba, o sincopado.
E, acima de tudo, serve até hoje como lição sobre como deve ser a arte popular.
"Ministério da Economia" é uma desses sambas imorredouros, um retrato de um país que, incapaz de reagir aos suplícios provocados pelos seus donos, utiliza o humor, a zombaria, para se vingar dos poderosos. (Confira o vídeo na fonte, abaixo).
Seu Presidente,
Sua Excelência mostrou que é de fato
Agora tudo vai ficar barato
Agora o pobre já pode comer
Seu Presidente,
Pois era isso que o povo queria
O Ministério da Economia
Parece que vai resolver
Seu Presidente
Graças a Deus não vou comer mais gato
Carne de vaca no açougue é mato
Com meu amor eu já posso viver
Eu vou buscar
A minha nega pra morar comigo
Porque já vi que não há mais perigo
Ela de fome já não vai morrer
A vida estava tão difícil
Que eu mandei a minha nega bacana
Meter os peitos na cozinha da madame
Em Copacabana
Agora vou buscar a nega
Porque gosto dela pra cachorro
Os gatos é que vão dar gargalhada
De alegria lá no morro
(Aqui).

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