sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

TEORI FOI MEU AMIGO


Teori foi meu amigo

Por Eugênio Aragão

Em tempos de polarização, em tempos em que quem não esteve conosco na hora difícil foi golpista, em tempos em que muitos de nós se tornaram intolerantes e incapazes de viver com a contrariedade, em tempos em que perdemos não só a humanidade, mas também as papas na língua, venho afirmar: Teori foi meu amigo. Ontem perdi um amigo muito querido, um amigo que nem sempre fez as coisas do modo que gostaria que tivesse feito, mas fez com dignidade de seu jeito. Sempre foi autêntico, sempre foi cívico e não se deixou levar pela hipocrisia ou pela vaidade. Foi querido, tinha um coração enorme e foi incapaz de ofender, de se exaltar ou de menosprezar seus semelhantes. Não podemos esperar do outro o que não tem para dar, mas, também não podemos recusar-lhe o reconhecimento de virtudes mil que tenha. E Teori tinha para dar de sobra. Era um magistrado exemplar, que fazia da discrição sua marca maior e era uma pessoa gigante, com uma alma doce que Deus lhe deu e soube preservar ao longo de toda sua vida. Hoje eu choro por Teori. Choro sua falta e a falta que fará neste Brasil cheio de ódio e de gente que diferentemente dele perdeu todo escrúpulo e toda compostura. (Aqui).

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Ontem, meu comentário, sucinto, resumiu-se a enfatizar que Teori Zavascki foi um digno magistrado que se comportou como magistrado, coisa de certo modo singular em nosso País nesses tempos bicudos. Mas convém lembrar que pelo Brasil afora há juízes igualmente equilibrados, sensatos, discretos e que jamais se deixaram encantar pelos holofotes, somente se manifestando nos autos, como rezam os princípios mais elementares. 

Há quem questione o fato de o ministro haver demorado em defenestrar do cargo/condição o senhor Eduardo Cunha, agente do impeachment da presidente da República, não obstante suas ostensivas tentativas de barganhar posicionamentos no Conselho de Ética da Câmara. Faz certo sentido. Porém, cumpre lembrar que o ineditismo da situação - um deputado eleito e presidente da Câmara! - certamente exigiu longa meditação do magistrado.

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