domingo, 30 de agosto de 2015

KEYNES E A QUEDA DO PIB


Uma técnica nazista para explicar a queda de 1,9% do PIB no trimestre 

Por José Carlos de Assis

O mantra dos economistas neoliberais martelado pela grande mídia para explicar a queda de 1,9% do PIB no segundo trimestre em relação ao primeiro é a falta de “confiança” na economia. Isso é mais ou menos como dizer que a culpa pelo sentimento de culpa é a culpa. Se o PIB caiu, é óbvio que muitos empresários deixaram de investir; e se deixaram de investir, é óbvio que não tiveram confiança no desempenho futuro da economia. Mas por que não tiveram confiança? Os neoliberais e a mídia que lhes serve nada dizem a respeito.
Um garoto esperto da cadeira de Introdução à Economia poderia esclarecer isso com um comentário na ponta da língua: deixaram de investir porque não tem demanda; não tem demanda porque o investimento caiu; e o investimento caiu porque o único investidor que pode investir sem se preocupar com a demanda é o Estado, e os investimentos e gastos do Estado, em vez de aumentarem, foram cortados em função do arrocho de Joaquim Levy. O investimento público, eis a questão, é a chave da queda e da retomada.
O que disse acima é uma síntese da doutrina keynesiana. Por que, então, os neoliberais falam em “confiança” como o elemento mágico de empurrar a economia? Simplesmente porque querem um Estado mínimo, com medo de um Estado maior e mais eficaz que implicaria transferência de renda para os pobres através de impostos e do gasto público. Contudo, como a queda da economia é um fato, e não ideologia, eles são obrigados a arranjar um culpado, e o culpado passa a ser a repetição de um mantra, confiança, que não explica nada pois é pura empulhação.
Em outra oportunidade disse que a técnica nazista de controle da opinião pública era se apropriar de determinadas palavras e distorcer seu significado, fazendo uma lavagem cerebral nas pessoas pela repetição. Estamos vendo que não é necessário um Goebels para fazer a mesma coisa no Brasil contemporâneo. Temos um Goebbels coletivo na grande imprensa, que, curiosamente, não faz isso por um partido, mas exclusivamente em favor do sistema financeiro especulativo. Claro, não é de graça. A banca são seus maiores anunciantes. (Fonte: aqui).
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J. Carlos de Assis, jornalista, economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor do recém-lançado 'Os sete mandamentos do jornalismo investigativo'.

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A partir de tudo isso, conclui-se: nos últimos tempos, alguém está, dia a dia, recebendo as mais entusiásticas homenagens no cenário econômico-midiático brasileiro - e esse alguém não é Keynes.
Ao que consta, desistiu-se do 'projeto CPMF', face à resistência de 'n' instâncias. Ora, tal resistência seria mais do que previsível. 
Enquanto isso, no que tange à previsão constitucional do imposto sobre grandes fortunas - que pouparia os pobres e a classe média - nenhuma palavra...

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