sábado, 15 de agosto de 2015

INTERNET, CLIMA ATUAL E PERSPECTIVAS


A vitória do homem massa

Por Luis Nassif

Encontro um velho conhecido, neurologista célebre e retomamos conversa de quase uma década atrás.
A Internet começava a voar e, com ela, as redes sociais. Conversávamos sobre o tema e eu era o lado otimista. Achava que, ao abrir as comportas da informação, a Internet exerceria um papel libertário e pedagógico. Ele, o pessimista, julgava que seria dominada pelos baixos instintos, pelos grupos de pedófilos e de rancorosos da pior espécie.
Recentemente, ele atendeu a uma professorinha de colégio de segundo grau. Estava em depressão. Dois pais de alunos não se conformaram com observações colocadas por ela em provas dos filhos e fizeram um BO (Boletim de Ocorrência) na delegacia, acusando-a de destruir a autoestima dos filhos.
Ele lembrava seus tempos de Itália, em um pós-guerra em que se reconstruíam os ideais humanistas destroçados pelo fascismo. A escola era o local para se formarem alunos integrais, com conhecimento, formação e valores. E a autoridade do professor um pressuposto da boa educação.
Hoje em dia, diz ele, o opinionismo mais desvairado tomou conta de todos os poros da sociedade. Os economistas que escrevem em jornais são oraculares, diz ele, comportam-se como o Oráculo de Delfos. Não trazem ideias, mas certezas.
Em outros campos, a celebração do individualismo exacerbado criou um exército de individualistas perdidos e, sem saber como se colocar, tornando-se manada conduzida facilmente pelas manchetes do dia.
Lembro as fotos dos deputados BBBs (Bíblia, Bala e Boi) saindo aos berros do plenário da Câmara, como um bando de bêbados que deixa o bordel celebrando a surra dada no grupo contrário.
Para animá-lo, conto as conversas com minhas caçulas contando que, na sua escola, há preconceituosos, mas que se escondem porque não são bem vistos pela maioria. Diz ele que esses ambientes são minoritários, que na maioria massacrante dos ambientes vigora o primado do homem-besta.
São tempos bicudos, concordo, mas ainda tenho fé de que a luz vencerá a escuridão, a solidariedade derrotará a intolerância. Em que me baseio, me indaga ele. Na fé apenas, nas diversas fases de intolerância que foram superadas, nas crises profundas trazendo o novo.
Mas é tudo questão de fé. Por enquanto, é tourear a besta que está à solta. (Fonte: aqui).

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