domingo, 17 de abril de 2022

PAIXÃO DE CRISTO: DO CINE ROXY AO 'CRISTO OSTENTAÇÃO'


Dez, onze anos de idade. Tocado pelas cenas em preto&branco do filme Paixão de Cristo, para lá de sombrio, trilha sonora dramática na expressão da palavra, saía do Cine Roxy em Piracuruca-PI me perguntando por que os verdugos que afligiram Cristo saíam impunes. Depois lembrava que o próprio Cristo pedira ao Pai que os perdoasse, visto que não tinham consciência do que estavam fazendo. Era batata: dentro de um ano estaria novamente a pensar naquela barbárie, para em seguida lembrar o pedido do Senhor.

Corte para 22. Vi um trecho da Paixão de Cristo encenada pelo grupo de teatro do Monte Castelo, em Teresina, e exibida ao vivo pela TV Assembleia. Produção modesta, porém esmerada, em cores vivas e com uma esforçada carga dramática, a despeito das limitações naturalmente esperáveis, a exemplo da 'esqualidez' (ou, mais amplamente, ausência de physique du rôle) dos 'soldados romanos' convocados para a sórdida missão. Nada obstante, ao fim e ao cabo, a performance do grupo teatral do Monte Castelo merece ser louvada. 

E a lembrança da Paixão-De-Cristo-Do-Cine-Roxy sempre presente - e imbatível.
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Permitimo-nos aproveitar a oportunidade para reproduzir a crônica a seguir, de autoria de Antonio Mello (Aqui), titular do incisivo Blog do Mello:

O Cristo que conheci e o Cristo Ostentação

Estudei em colégio interno católico. Mas os ensinamentos que me ficaram do Cristo não me vieram tanto do que aprendi nas aulas, mas no filme que passavam na Semana Santa narrando a Via Crucis.

Naquela época, não se mostrava o rosto de Cristo nos filmes, Ele só nos era mostrado de costas ou à distância, e só ouvíamos Suas palavras e ensinamentos.

Por Elas, aprendi que somos todos iguais, que devemos nos amar e amarmos uns aos outros. Que devemos ser solidários, dividir e acolher os mais necessitados. Sem preconceitos de qualquer tipo, pois somos todos irmãos, filhos de um único e mesmo Deus.

Que a fome não é só de pão.

E que devemos condenar veementemente os que se aproveitam dos templos para explorar os outros, como Ele mostrou ao expulsar os vendilhões do templo.

Já o Cristo Ostentação de hoje é o oposto: discrimina, prega o enriquecimento. Seus pastores têm aviões, mansões e vivem nababescamente, enquanto seus fiéis vivem pobres e ainda têm que sustentá-los com dízimos ou rachadinhas, muitas vezes tirando da própria mesa.

Esses pastores do Cristo Ostentação têm seus representantes no Calvário, nas cruzes ao lado de Cristo.

Como sabemos, Ele os perdoou.

Eu, que sou apenas humano, não.

Feliz Páscoa.

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