sábado, 24 de abril de 2021

MINISTÉRIO PREPARA PROTOCOLO PARA USO DE CLOROQUINA CONTRA COVID-19 E QUEIROGA AVISA: VAI VIRAR POLÍTICA PÚBLICA


No 247:
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a pasta está elaborando um protocolo autorizando médicos a receitarem medicamentos sem eficácia científica comprovada, como ivermectina e cloroquina, no tratamento contra  a Covid-19. “Esse protocolo é um guia. Uma recomendação. E quando aprovado pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia) no SUS, vai ser publicado no Diário Oficial e virar uma política pública”, disse Queiroga ao jornal O Globo

Segundo o ministro, o protocolo atende a um desejo de Jair Bolsonaro. “É o desejo do presidente da República de que os médicos tenham a autonomia de tomar as melhores decisões para seus pacientes”, destacou Queiroga. Bolsonaro defende o chamado tratamento precoce – com o uso de um coquetel de drogas sem eficácia comprovada - no combate à covid-19. O uso desses medicamentos, porém, é desaconselhado pelas autoridades internacionais de saúde, como A Organização Mundial da Saúde (OMS), em função dos riscos de reações adversas que podem, em casos graves, levar à morte dos pacientes. 

“Sabemos que a Covid foi descoberta no final de 2019 e, àquela época, não havia tratamento específico e ainda hoje não há tratamento específico. Várias medicações foram aventadas entre elas essas que você citou (cloroquina e ivermectina). Hoje há consenso amplo de que essa medicação em pacientes com Covid grave, em grau avançado, não tem ação, embora em pacientes no estágio inicial, existam alguns estudos observacionais que mostram alguns benefícios desses dois fármacos que você citou. É uma questão técnica que médicos avaliam e, aí, tomam a decisão em relação à prescrição”, justificou o ministro. 

“Existem níveis de evidência científica. Níveis. Nível A: evidência construída com estudos randomizados. Então você tem vários estudos randomizados testando aquela conduta. Quando você tem vários estudos, e esses vários estudos são incluídos no que chamamos de meta-análise, isso gera evidência uma A, que é a melhor evidência científica que nós temos. Mas, na nossa prática médica, nem tudo é feito com base em evidência nível A. Na evidência Nível B, tem estudo randomizado metodologicamente bem feito. Isso é uma evidência Nível B. Evidência Nível C: é a opinião pessoal do médico. Você diz “doutor, o que você acha?”. Estudos observacionais são evidências mais fracas, nível C. Mas não quer dizer que não possam ser empregadas”, completou.  -  (Aqui).

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"...o protocolo atende a um desejo de Jair Bolsonaro. 'É o desejo do presidente da República de que os médicos tenham a autonomia de tomar as melhores decisões para seus pacientes'”.

Nada mais 'natural' que o governo insista com a cloroquina. Afinal, a droga está cotada para ser uma das estrelas da CPI da Pandemia, e com certeza os parlamentares vão querer passar a limpo, p. ex., o fato de as autoridades terem bancado a distribuição de cloroquina em Manaus, quando lá reinava o desespero da população ante a falta de oxigênio. No mesmo sentido, outra questão que está pendente é a apuração, pelo TCU, do episódio referente à fabricação, pelo Exército, a um custo certamente expressivo, de quantidade monumental da droga para ampla distribuição Brasil afora, mesmo à revelia da Ciência. 
Diante do quê, nada mais 'natural' que se insista com a cloroquina. É imperioso dar sustentação a uma narrativa, entende?

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